Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 13
Caça ao tesouro




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Ches

  O segundo andar da casa da duquesa sempre foi verdadeiramente louco, o corredor tinha varias portas e quanto mais você caminhava mais delas poderiam aparecer... Ou o completo oposto.

  Tudo dependia de como você caminhava por ele, se fosse um estranho poderia se perder facilmente, se possuísse uma intenção maligna não encontraria porta alguma, apenas um infinito corredor vazio; se não possuísse intenções, se estivesse simplesmente vagando, veria portas e mais portas até decidir um rumo, então tudo voltaria ao normal.

 Por conta disso as nossas visitas não andavam sozinhas por aqui, o verdadeiro corredor era iluminado por um belo lustre de cristal, cinco portas o preenchiam, duas delas davam para mais um pequeno corredor com quatro quartos cada, as outras duas davam para o quarto da duquesa e para a nossa sala de estudos.

 Como eu já estava habituado a focar em minha mente o quarto que queria apenas segui em frente sem olhar em volta. Eu amava esse encantamento, por mais que ele me confundisse muito quando eu era menor.

—Como vamos fazer isso? – Alice murmurou me lembrando da sua presença, ela parecia estar pensando alto e seu olhar estava voltado ao chão, estávamos quase chegando perto do fim real do corredor. —Foi até fácil recuperar o meu pai... – Ela ainda resmungava. —Mas e o resto? Eu ainda não possuo poder suficiente para resgatá-los e não sei o que fazer!

—Se você se tornar como uma de nós... Se tornar uma das pessoas que luta por algo maior que nós mesmos, então pode se tornar tão forte quanto jamais imaginou! – Respondi parando e sorrindo, ela me olhou nos olhos e retribuiu o sorriso.  —Nada é mais poderoso que o desejo de proteger o próximo! Sem parcialidades, nada é mais poderoso que amar a todos... E é por todos que lutamos!

—Algo maior que nós? Como...

—Por liberdade, por um futuro... – Completei, de cabeça baixa. —Sabe... Por essas coisas assim, coisas que... – Sorri e balancei a cabeça, de relance vi White se aproximar de nós. —Enfim... Estamos todos do mesmo lado! – Conclui e encarei a grande porta branca a nossa frente, aquela porta era do quarto da duquesa.

—Entrem logo! – White resmungou, abrindo a porta. — Não temos o dia todo!

—Na verdade temos sim! – Retruquei e ele me lançou um olhar furioso. Alice riu, mas parou ao olhar para o quarto, entrando nele com passos lentos e receosos, ela parecia demais encantada com tudo para se lembrar de nós.

—Você fala bem dessas coisas... – White murmurou emburrado. —Dessas coisas que nos foram tiradas!

  Eu sorri e dei de ombros, o que eu deveria dizer além das nossas causas? É o motivo da nossa luta, é o motivo que me permite continuar sorrindo e não simplesmente me deixar levar pela dor.

 —Acho que realmente não temos o dia todo! – Desconversei, entrando no quarto.  

—Isso é muito legal! – Alice murmurou baixinho, com um sorriso bobo no rosto.

  O quarto da duquesa era grande e todo rosa, hoje uma grande mesa branca estava no meio dele, geralmente se tinha uma cama, ou poltronas, algumas estantes ocupavam duas paredes inteiras e estavam cheias de coisas abstratas como: Livros, jarros, bonecos, biscoitos, roupas, pedras coloridas e também reparei em alguns pacotinhos de doces.

   Alguns brinquedos e algumas joias flutuavam no ar, pelo menos dessa vez não foram armas ou garfos assassinos, tudo dependia do humor da Duquesa, quando ela estava feliz ou cuidando do Let tudo ficava lindo assim, quando ela estava triste ou com raiva... Era considerável manter distância, aprendi isso sendo perseguido por um garfo pela casa toda. 

  O chão estava coberto por um tapete branco com estrelas azuis desenhadas em todo o canto possível dele, vez ou outra tive a impressão de vê-las girar. Algumas almofadas coloridas estavam jogadas por toda a parte e o grande guarda-roupa da Duquesa, hoje, estava branco e, como sempre, coberto por desenhos infantis feitos em papéis coloridos. Senti-me enrubescer um tanto quando notei um desenho de uma bola colorida e algumas coisas quadradas e marrons ao seu redor, no topo, com uma caligrafia até razoável, vinha um titulo: CHOCOLATE VOADOR!

   Desviei o olhar rapidamente, para que ninguém mais reparasse, o desenho havia sido feito por mim quando era criança, e havia mais vários desenhos aleatórios colados nele.

  Na mesa, a Duquesa e o Chapeleiro jogavam baralho, as cartas se moviam sozinhas a seu comando e se colocavam posicionadas a sua frente, eles não usavam as mãos para nada nesse jogo.

—Olá! Que bom que chegaram! – A duquesa não tirou os olhos das cartas, em um de seus dedos ela enrolava uma fitinha rosa. —Ches, querido ajude Let a sair de dentro do guarda-roupa, acho que ele dormiu quando sentiu o calor dos casacos.

  Eu sorri ao pedido dela, a duquesa era como uma mãe para mim, por essa razão eu sempre pude alegar quão desnaturada ela é, e disso eu tenho certeza desde criança, de fato ser perseguido por um garfo enquanto ela jogava cartas não foi divertido.

—O que o Let faz lá? – Alice perguntou preocupada, mas não houve respostas, eu comecei a rir quando os adultos voltaram a dar ordens às cartas e White se sentou no chão, sendo recebido por um urso de pelúcia gigante que desceu do teto e grudou em seu pescoço, o abraçando carinhosamente. —Ou me ignorem!  - Alice resmungou, mas logo se esqueceu de sua revolta quando um colar prateado desceu até seu pescoço e rodeou-o.

—Não dê ideia as joias... – A duquesa murmurou vagamente, olhando de relance para o ursinho gigante que atacava White com abraços enquanto o mesmo tentava se soltar. —Elas querem outro dono, parece que gostou de você, se quiser leve-a, não consigo fazê-la ficar dentro do porta-joias mesmo.

—Mas e o Let? – Alice era persistente e parecia emburrada.

—Ele dorme em qualquer canto! – Respondi rapidamente. —E com o tempo você se acostuma! – Eu sorri e abri a porta do guarda-roupa, constatando a coisinha de cabelos acinzentados e pele pálida, vulgo Let, deitado sobre alguns casacos. Passei a mão pelo cabelo dele e sorri, estava tão calminho que era até difícil imaginar. Eu o puxei calmamente para o meu colo e o tirei de lá, o ajeitando em meus braços. —Bagunceiro! – Murmurei sorrindo e ele se mexeu sem acordar. —É você mesmo!

  Olhei para frente, Alice havia se sentado no chão ao lado de White, o urso gigante de pelúcia havia se alojado no colo dela agora e recebia, imagino eu que feliz, um abraço bastante apertado, eu me encostei à parede e peguei uma almofada no chão, me sentando sobre ela em seguida.

 Let podia ser implicante, mas quando ficava quieto era até fofo, comecei a fazer um cafuné nele e o deixei em meu colo dormindo calmamente.

—Ele é tão fofo! – Alice comentou, sorrindo.

—Fofo... – White montou um bico e olhou torto para o lado, ele tinha uma seria fobia a essa palavra. —Tudo nesse mundo é fofo na sua concepção?

Ela parecia revoltada e se emburrou novamente:

—O Let é! Seu... – Ela mordeu os lábios, certamente se contendo, eu não sei como, de insultar White.

—O que queria tratar de tão urgente? – Me adiantei, prevendo a futura discussão.  

—Ah! Verdade... – Minha mãe desnaturada não parecia muito disposta a parar seu jogo, mas depois do sorriso de consolo do Chapeleiro as cartas se juntaram no ar e voltaram ao seu local na estante. —Certo, vamos ao que interessa!

O chapeleiro se levantou e caminhou até mim, voltando seu foco a Let.

—Acho que é bom acordá-lo. – Ele sussurrou, apertando a bochecha do menino, Let resmungou e abriu os olhinhos devagar. O Chapeleiro tinha suas manias de acordar Let de jeitos diferentes, mas sempre compensava e dessa vez foi com um beijinho na testa. —Vem comigo?

O pequenino se esticou até o mais velho e se mudou para o colo dele, encarando todo mundo com duvidas, mas até que bem acordado.

—Vocês entendem o que está próximo não é? – A duquesa olhou para nós e eu demorei um pouco para assimilar a pergunta.

—O teste? – White lançou um olhar nervoso. —Mas pensei que não tivéssemos que provar nada a rainha!

—Rainha? Teste? – Alice agora apertava a grande orelha do urso. —Que?

—Não para a rainha, mas para nós mesmos! – O Chapeleiro havia se sentado novamente em sua cadeira e colocado Let em cima da mesa, o pequeno agora mordia o próprio dedo. — O teste não vai ser como antes, farei um novo, só para os eu quero ver.

—O que é esse teste? – Alice parecia interessada, embora tivesse montado um bico.

—Algo que fazemos para testar os jovens magos em treinamento, muitas vezes esse teste foi aplicado por soldados da rainha, mas agora será diferente. Esse teste envolverá poucos magos com idades próximas a de vocês e os avaliadores serão os que eu confio. Espero que se saiam bem, Alice, White e Ches, vocês formarão uma equipe, serão avaliados em conjunto.

—Como vai ser o teste desse ano? – Perguntei ansioso.

—Uma caça ao tesouro!       

 — E eu vou junto! - Exclamou Let, parecendo finalmente se realocar no mundo e nós encaramos a duquesa em duvida.

— Isso mesmo! Vocês vão leva-lo e trazê-lo em segurança, isso também é um teste de responsabilidade! – Ela respondeu seriamente, abraçando Let. —Entendam o que vou dizer: Sei que cada um aqui tem seu objetivo próprio, mas se o unirmos teremos uma causa maior.  - Ela olhou Alice e sorriu.  —Quer encontrar sua família, mas só a recuperaremos completamente se derrotarmos a rainha e para isso precisamos de apoio.

“Os magos que estarão conosco nesse teste são muito poderosos, não só em magia como em poder político! Vocês, meninos...” Ela olhou para nós “Sabem que eles são necessários, as coisas estão se encaminhando para a mudança, mas para isso precisamos que vocês tomem sua parte!”.

—Como assim? – Alice parecia perdida e eu não a culpava.

—Nós vivemos em um país terrível Alice! – Comentei, chamando a atenção dela. —Você deve ter notado que as coisas não são justas por aqui! Não vamos conseguir resolver isso com conversas. Precisamos ficar fortes e ter apoio para ir contra a rainha, como eu disse antes: Lutamos por coisas como a nossa liberdade. - Coisas que nos foram tiradas. —É necessário!

—Entendo!  - Ela murmurou e sorriu, parecendo pensativa. —Então essa caça ao tesouro vai nos ajudar?  Creio que compreendi ao menos um pouco. Quando começa?

—Vocês devem ir ao encontro do local hoje! Não poderei ir agora, me encontrarão apenas no final. Ches e White, eu peço que cuidem bem de Alice, ela não teve muito treinamento ainda.

—Claro! – garanti e ele sorriu, afagando o cabelo de Let.

—Espero que se divirtam! – A duquesa se levantou subitamente. —Preparem-se para sairmos, pois o dia vai ser agitado!

~ # ~

   A duquesa caminhava com calma, antes de sairmos havíamos recebido uma capa branca para usar, já Let vestiu uma roupa toda branca e carregava uma coroa simples de cristal na mão.  Imediatamente já compreendi como funcionaria, mas os outros ainda pareciam confusos então optei por me manter em silêncio.

 O caminho que seguiríamos era uma estrada de terra esquecida, segundo o chapeleiro não era muito distante o local, mas precisávamos nos cuidar mesmo assim. Seguíamos em silencio, apenas com o som dos nossos passos e de alguns pássaros no céu.

 Algumas poucas casas pequenas e quase inabitadas apareciam em nosso caminho, ás vezes eu via alguém pensando na vida ou crianças sujas e mal arrumadas correndo por algum quintal.

—Quem são essas pessoas? – Alice perguntou quando uma moça ruiva, de vestes simples e expressão cansada, passava por nós, seu se mantinha olhar baixo, ela carregava sacolas em uma das mãos e uma menininha menor que Let nos braços.

—Pessoas do país! De copas! Cidadãos comuns! – A duquesa respondeu, sem sorrir, segurando a mãozinha de Let e o puxando para andar mais rápido. —Pessoas que não aprovam guerras e que não têm a mínima culpa de não terem nascidos nobres e cheios de regalias. – Ela parecia realmente irritada, seu punho livre estava cerrado e sua voz soava cortante. —Mas são os únicos que sofrem diretamente os efeitos da guerra.

—Guerra? – Alice olhava para os lados com mais atenção, andando um pouco mais devagar e parecendo ter entrado em choque. Uma criança vinha agora pela rua, um menino ruivo com uma boina e roupas surradas e largas, ele vinha puxando um carrinho de mão carregado de espigas de milho e outras verduras naturais. Ele arfava um pouco, o sol estava quente, seus pés estavam descalços, ele cambaleava um pouco e não ousou nos encarar ao passar por nós.

   Mas Alice manteve os olhos focados na visão do menino por um bom tempo.

—Querida? – A duquesa a chamou, havíamos parado, Let tinha o dedinho na boca e os olhos em Alice, White olhava desconfortavelmente para todas as direções que não a do menino.

—Eu nunca... – Alice respirou fundo, desviando o olhar para o chão, ela deu alguns passos a frente e vi White olhar de relance para ela, cerrando os punhos. —Nunca vi a pobreza!  Não... Tão visível assim!

  Arregalei os olhos um segundo, Alice parecia tentar não chorar, ela tremia um pouco e foi amparada pela duquesa.

—Tudo bem querida! Não se sinta mal, vamos seguir em frente. Não se esqueça dessas pessoas! – Alice a encarava de um modo curioso e eu me sentia mal, enjoado e ao mesmo tempo nervoso, aquele menino... —Quando for lutar pense nelas! O que essas pessoas precisam é de algo maior do que nós mesmos: Justiça, liberdade, paz... Pense nessas coisas quando formos lutar!

Sim, sempre pensamos nesse tipo de coisas! Coisas que nos foram tiradas! Coisas que perdemos sem poder ter direito de escolha, sem conhecer de fato seu sentido! Coisas como nossa liberdade!

—Já devemos estar perto do local! – White lembrou-nos, estava um pouco mais pálido que o normal, seus olhos se encontraram com os meus e eu entendi o recado.

Certo! Vamos! – Segurei a mão de Let e comecei a caminhar lado a lado de White, a duquesa vinha conversando com Alice mais atrás. —É em um bar não é mesmo?

—Sim! – White resmungou e eu sorri.

—Espero um dia... Poder voltar a ser eu!  - Disse por fim, em voz alta, o que eu queria dizer, não para ele, mas para mim mesmo.  White me olhou meio de relance e um reflexo de um sorriso apareceu em seu rosto, ele parecia se impedir de começar a tremer. —É triste não é? Ver aquele menino?

—Eu não compreendo! Por que me sinto tão abalado?

Eu suspirei e olhei para frente, porque sempre fomos como aquele menino!

Talvez pelas coisas que nos foram tiradas, Allister! - Respondi e ele nada mais disse pelo resto do caminho.

 ~ # ~

   O som das risadas dos homens, dos copos de bebidas sendo batidos nas mesas e as exclamações que volta e meia se sobressaiam em meio às risadas; isso parecia definir aquele ambiente, aquele bar estava lotado e barulhento, Let rapidamente se alojou no colo da duquesa e ela sorriu, nos apressando até o outro lado, onde uma porta cinza nos esperava. Passamos pela porta rapidamente, do outro lado o silencio só não era absoluto por causa dos ruídos do bar, uma mulher ruiva estava sentada em uma das varias mesas daquele lugar, em sua maioria vazias.

  Ela olhou para a Duquesa e acenou positivamente, indicando outra porta no fundo e nós seguimos até ela.

—Onde estamos? – Alice parecia nervosa, certamente pelo comportamento brusco dos homens do bar.

—Estamos quase lá! – A Duquesa anunciou, passando pela porta e nós rapidamente seguimos seu exemplo. Um grande quintal se estendia a minha frente, no meio dele, estranhamente, duas grandes árvores se colocavam lado a lado. Seguimos até elas e a duquesa novamente sorriu, falando em alto e bom som: “JRC, Annaih Viena”. Então as folhas das árvores se agitaram, como se uma ventania houvesse passado por ela, mesmo que o tempo estivesse calmo. —Vão! Rápido!

  Puxei Let e dei um passo à frente. Vi de relance Alice travar, White a puxou pelo braço e nós passamos entre as arvores. Esperei ver o outro lado do quintal, mas o que vi estava longe disso, a minha frente uma grande floresta se encontrava, algumas pessoas estavam paradas olhando para frente, uma grande bandeira se encontrava no meio, era branca, com um circulo e uma sigla no meio: J. R. C!

  Já ouvi falar desse grupo, JRC, ou Junta Rebelde em Copas, o grupo de resistência à tirania da rainha.

—Vamos! – A Duquesa sorriu e nos empurrou levemente, caminhamos até o meio, parando ao lado de três jovens. —Aqui está bom! Já volto!

  Enquanto ela se distanciava na direção de alguns homens mais velhos, levando Let junto, notei que uma menina ao meu lado ria sem parar, em suas mãos uma bola de gelo se formava e ela parecia gostar de brincar com a bolinha.

—OI! – Senti um arrepio de susto quando alguém exclamou ao meu lado e se agarrou ao pescoço de White, tentando me puxar junto para o abraço. —OI! OI! OI!

 —Oi Mitch! – Cumprimentei o menino, tentando não morrer do coração pelo susto. O encarei bem, ele estava realmente grudado no pescoço de White, Mitch fazia parte do seleto, raro e pequeno grupo de pessoas do mundo que podiam grudar em White sem levar uma patada, um soco, um tapa, um insulto. Muito pelo contrario, White sorriu de lado e se deixou ser abraçado.  —Quanto tempo! – Tentei soar normal, o cabelo dele era azul claro, seus olhos tinham o mesmo tom, quase cristalinos.

—Estão nos chamando! – Outra menina apareceu, seu cabelo curto e castanho, a pele um pouco morena, não vi seus olhos, pois ela logo se virou e voltou a se afastar, resmungando algo para a menina com a bolinha de gelo.

 Todos nós olhamos para frente, e um homem de cabelo castanho e pele incrivelmente negra, tom de pele que é típico em Copas, nos encarava sorrindo, ele tinha os seus fortes braços cruzados. Ao seu lado uma mulher de cabelos ruivos e curtos olhava cada um de nós como se nos estudasse e no meio havia um jovem de cabelos azuis, sorridente e ansioso.

—É aquele jardineiro? – Alice indagou e eu sorri.

—Sim, é o Loke! – White respondeu se afastando de Mitch finalmente.

—É incrível tudo isso não é? – A menina com a bolinha de gelo murmurou, eu assenti sem olhar para ela. —Aquele menino pequeno que veio com vocês...  – Ela parou de falar e respirou fundo, balançando a cabeça como se quisesse espantar uma ideia. —Esquece! É loucura!

—O que? – Pela primeira vez a encarei, ela tinha o cabelo em um tom quase ruivo e olhava para frente. —Vá por mim, loucura é algo que não me falta! – Brinquei e ela sorriu de lado.

—Bem vindos todos! – Loke exclamou, sorrindo, seus olhos passando por nós sem se demorar. —Imagino que saibam por que estão aqui...

—É sua primeira reunião com a JRC? – Ela mudou de assunto rapidamente, sem disfarçar e nem nada, a encarei bem e diferente das outras meninas ela não usava um vestido e sim uma saia vermelha, uma meia calça branca e uma jaqueta fechada vermelha, novamente compreendi que aquelas roupas eram um símbolo. Encarei Mitch, ele não usava sua típica roupa de soldado, mas usava uma jaqueta parecida com a da menina e calças vermelhas com detalhes brancos.

—Sim! – Respondi, amava observar os detalhes de todos, me ajudava a compreender tudo rapidamente.

—Isso mesmo, se apresente! – Mitch pediu e ela sorriu abertamente, se virando para nós com uma breve reverencia, seus olhos, vermelhos de um tom escuro como o sangue, pareciam um mar de poder e de escuridão, Alice deu um passo atrás ao olhar para eles, com um gesto rápido a menina fez a bolinha de gelo em sua mão se desfragmentar em floquinhos de neve que voaram ao redor de todas as pessoas do lugar até sumirem.

—Bem vindos! – Ela exclamou em um tom não muito alto, mas confiante. —Sou a dama de gelo de Neal, Isis K’ Aimink!

   Sorri de lado, o que mais me intrigou nela foram seus olhos, eles pareciam assustar algumas pessoas, mas em nenhum momento isso pareceu incomodá-la, muito pelo contrário, ela fazia questão de olhar todos nos olhos, inclusive nos meus.

  Todos temiam ao olhar meus olhos a primeira vez, porém Isis não tremeu nem um pouco, não se arrepiou, não deu um passo atrás, ela sorriu e isso foi como um choque absurdo.

—Parece que ele vai começar a dar as instruções! – Mitch murmurou, caminho para mais perto de Loke e todos fizeram o mesmo. Eu me demorei um pouco mais, me recuperando do choque... Ninguém jamais olhava para meus olhos sem se afetar, ninguém jamais olhou para mim sem medo, não como ela.

—Vamos logo! – Alice me chamou, me puxando para a realidade, eu a segui e fiquei bem perto de Loke, assim como outros jovens.

—Lembrem-se, não é uma competição, não há vencedores, nós apenas queremos conhecê-los e dá-lhes um presente. – Loke começou a falar, sorrindo. —Alguns já nos conhecem, mas outros ainda não. Demorou anos para nos prepararmos, lutamos verdadeiramente contra o tempo, mesmo que, ironicamente, ele pareça não passar. – Algumas pessoas riram baixinho. —Mas agora temos todos os fatores a nosso favor, vocês foram escolhidos e no fim terão um patrono e um grande presente, além de nosso total apoio às suas causas. A Junta Rebelde em Copas tem a honra de convidá-los para o primeiro Teste Internacional de Magia e Lutas Voltadas para Alto-defesa e para Táticas de Guerra, dessa vez feita através de um dos nossos jogos preferidos. É com muita esperança que anuncio o inicio da caça ao tesouro! Peço que reúnam suas equipes e preparem-se para começar. Depois desse teste saibam que já não serão mais os mesmos!  


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