CAPÍTULO 23 – BELÉM, BELÉM... PRA NUNCA MAIS FICAR DE BEM

(POV NESSIE)

Era como se tivessem tirado um peso de meus ombros. Minha vida finalmente estava perfeita. Meu pai tinha parado de pegar no nosso pé, eu não estava grávida, fazia amor com o homem mais gostoso e mais maravilhoso do mundo (usando preservativo, é claro) e meu desenvolvimento estava praticamente se completando, logo poderia freqüentar uma universidade. É claro que Jake iria comigo. Eu era a pessoa mais feliz do mundo. Nada mais poderia dar errado...

Depois de uma rápida caçada com minha mãe, fui à cabana de Jake para vê-lo. Reparei que uma caminhonete diferente estava estacionada na frente.

Assim que entrei, dei de cara com uma cena que me deixou estarrecida.

Jake estava com as mãos na cintura de uma garota e os dois se divertiam muito, dando risadas de algo que não fazia idéia do que era.

A garota era morena como Jake e aparentava ter uns vinte anos. Por mais que eu não quisesse, tinha de admitir que ela era muito bonita.

Fiquei parada na porta, olhando para os dois sem conseguir dizer nada.

- Nessie!! – Jake parou de rir e parecia surpreso – Não percebi que havia chegado. - Sophia, esta é Nessie, minha vizinha – nos apresentou.

Vizinha???? Será que eu tinha escutado bem.

- Oi Nessie – a garota me estendeu a mão – prazer, sou Sophia, amiga de Jacob.

Tive de fazer muito esforça para conseguir falar. As palavras de Jake ainda soavam em minha cabeça, me deixando atordoada.

- Prazer, Sophia. – Eu precisaria usar apenas um décimo da minha força para destroncar o seu pescoço, pensei, enquanto a cumprimentava.

Precisava sair o mais rápido possível dali antes que as lágrimas despencassem dos meus olhos ou eu fizesse alguma loucura.

- Só vim dar um olá para o meu “vizinho”, não quero atrapalhar o momento de vocês – dei um tom sarcástico à palavra vizinho. – Tchau, Jake... Tchau, Sophia.

- Nessie, espera, vem aqui no quarto que quero te entregar o dinheiro para você levar para seu pai. – Se o FDP do Jake estava pensando que eu ia entrar no joguinho dele, estava enganado.

- Leva você mesmo. Não vou pra casa agora – falei rispidamente e saí.

Nem bem tinha entrado na floresta, já estava soluçando de tanto chorar.

Então não poderiam saber que eu era sua namorada? Ou ele não queria que a amiguinha gostosinha soubesse que era comprometido?

Entrei em casa chorando, o que não passou despercebido por nenhum dos meus parentes.

- Nessie, querida o que aconteceu? – Minha vó perguntou, com seu jeito doce de sempre.

- Nada vó, só me deixem ficar sozinha, por favor! – Subi as escadas correndo e me tranquei em meu quarto.

Podia escutar a voz do meu pai lá embaixo, o que significava que todos já estavam sabendo o que tinha se passado. Minha mente já devia ter sido “arrombada” por ele.

“Capítulo Inédito de Reality Show da Nessie”, pensei.

Nunca tinha visto Jake abraçando outra garota. Ele sempre foi extremamente discreto em relação a suas aventuras sexuais. Na verdade nunca me passou pela cabeça, antes de namorarmos, que ele se relacionasse com mulheres. Para mim meu amigo era um ser assexuado.

Sentia como se uma lança atravessasse meu peito, me impedindo de respirar. Se era ciúme, não sei... Só sei que doía muito tê-lo visto com aquela garota.

Não que eu achasse que Jake tinha um “caso” com Sophie... Sophia, ou seja lá qual fosse o nome daquela baranga, mas o fato de ter apresentado como sua vizinha é que me deixava triste.

Por que ele nunca tinha me falado dessa amiga? E por que não me contou que ela viria visitá-lo? De repente me dei conta de que Jake tinha uma vida que ia além de mim. Ele tinha tido experiências que não me incluíam, ao contrário de mim, que tinha toda minha breve vida atrelada à dele.

Cada pergunta que me surgia e cada constatação a que chegava me deixavam mais infeliz.

Meu celular tocou e vi que tinha uma mensagem.

“PERDOE-ME, DEPOIS EXPLICO TUDO. TE AMO, JAKE”

Aquele lobisomem teria muito o que explicar mesmo...

Mesmo depois da mensagem, meu coração ainda estava apertado.

Chorei quase a noite toda. Jake não ligou mais nem mandou outra mensagem.

Desci para tomar café com o rosto todo inchado. Assim que entrei na cozinha, dei de cara com ele, encostado na bancada, me esperando. Mamãe e minha vó também estavam lá.

- Veio pedir açúcar emprestado para a vizinha? – Perguntei, ciente que estava sendo sarcástica.

- Nessie, coma e depois vamos dar uma volta. Preciso te explicar o que aconteceu. Não precisa ficar sofrendo à toa, meu amor. – Ele se aproximou para me abraçar, mas me esquivei, deixando claro que não queria ser tocada por ele.

- Vou esperar lá fora, Nessie – falou, meio irritado.

Tentei comer mais nada descia por minha garganta.

- Querida, ouça o que Jake tem a dizer. Ele te ama muito e com certeza terá uma explicação para o que aconteceu. – Minha mãe falou.

- Mãe, tem coisas que são tão explícitas que dispensam explicações.

- Não seja cabeça dura, Nessie. Jake nunca te trairia. Ele já provou o quanto você é importante para ele. Vá lá fora ouvir o que ele tem a dizer. – Nunca tinha visto minha vó ser tão autoritária.

- Ei, a Cullen aqui sou eu!! Vocês não deveriam estar do meu lado? – Perguntei, nervosa com tanta puxação de saco pro lado de Jake.

- Não estamos defendendo ele, filha, apenas pedindo que não seja intransigente.

Tudo bem, pensei, se era para o bem geral da nação vampírica, iria ouvir a explicação de Jake.

Saí lá fora e o encontrei na varanda, com cara de poucos amigos.

- E aí, Jake, o que quer falar comigo? – Fiquei longe dele.

- Nessie – ele começou a falar – Desculpe não ter te ligado ou vindo aqui ontem, mas queria te dar um tempo para se acalmar. Achei melhor enviar apenas a mensagem.

- Jake, não se sinta culpado por conhecer e se relacionar com outras pessoas que não sejam nós. É normal ter amigas. Não se preocupe comigo, eu também teria, se pudesse... se não fosse uma aberração da natureza. – Aquele desabafo saiu de mim envolto a muita dor. Minha vontade era chorar, chorar muito.

 - Não fale assim, Nessie. Não gosto de te ver triste. A Sophia só veio me trazer uma peça que eu tinha encomendado por telefone, em Olimpya. Sempre quem trás é o pai dela, o dono da loja, o Sr. Mackenzie, mas ele está doente e ela está dando uma mão na empresa. Nós nos conhecemos há muito tempo, desde que ela era praticamente uma menina, mas é uma relação puramente comercial. Nunca tivemos nada um com outro. – Agora ele já estava mais calmo, com seu jeitinho carinhoso de sempre.

- Puramente comercial? Jake, vocês estavam praticamente abraçados quando eu cheguei e pareciam bem íntimos, pelo modo como se divertiam. – Tive de interrompê-lo, pois não me agüentei.

- Ela estava me contando que o Sr. Hommer, um velhinho de noventa anos que mora numa fazenda aqui perto, tinha pedido ela em namoro – falou rindo – e achamos graça, foi só isso. Ela se desequilibrou quando começou a rir e eu estava segurando-a para não cair, então você chegou.

- Por que você está se preocupando em me dar explicações, Jake? Afinal, sou só sua vizinha.  

- Tudo bem, Nessie, mesmo sabendo que está sendo cínica, vou continuar me explicando. Eu não falei que era minha namorada, porque não queria que ela ficasse fazendo perguntas sobre você. Ela poderia falar de nós, do nosso namoro, nas fazendas vizinhas. Não é bom que chamemos atenção para o nosso lado. Você ainda se desenvolve mais rápido que o normal.

As explicações dele bem que eram pertinentes, mas ainda me incomodava aquele abraço que vi ele dando na tal da Sophia. Na verdade o que me incomodava era saber que Jake tinha amigas.

- Por que não deixou aquela baranga esborrachar no chão? – Perguntei, sem encará-lo.

Jake começou a rir.

- Sei que está nervosa e tenho certeza que o que vou dizer vai piorar as coisas, mas você fica mais linda ainda quando está com ciúmes de mim – falou, me puxando para que aproximasse dele.

Minha vontade era esganá-lo, mas resistir a seu toque era quase impossível.

- Não estou com ciúmes, seu convencido, só não gosto de ser feita de besta. – Ainda tentava manter irredutível, mas estava tão difícil...

- Não fique brava comigo, Nessie, não sabia que era ela quem viria trazer a peça. Ela só entrou em casa porque me pediu água. Eu realmente não tenho intimidade nenhuma com Sophia. Só nos vemos quando vou à loja do pai dela.

Jake passou os braços em volta da minha cintura e beijou minha testa. Desta vez não tive força para afastá-lo.

- Como pode achar que eu a estava abraçando, Nessie? Eu jamais te trairia, minha menina. Você me satisfaz plenamente, em todos os sentidos. – Jake sussurrou aquelas palavras carinhosas no meu ouvido, me fazendo esquecer completamente que tinha ficado chateada com ele.

- Promete que toda vez que for na loja dela vai me levar? – Perguntei, já me rendendo a seus carinhos.

- Nessie, sua bobinha, se isso te deixa feliz, então eu prometo.

Beijamos-nos apaixonadamente. Brigar era ruim, mas fazer as pazes era maravilhoso.

- Se seu pai ouvir o que e está se passando na minha mente agora, a trégua entre nós já era – Jake falou rindo.

- Ele já deve estar tão furioso com os meus pensamentos que não vai ter forças para ler o seus.

Jake me puxou pela mão e começamos a correr para longe dali. Ia deixar claro pra ele que nenhuma outra mulher no mundo o faria tão realizado quanto eu. Hoje ia caprichar!!!