Chapter VI 
the lioness

"she wouldn't miss that moment for nothing"

Victoria acordou com o algo gelado se aninhando junto ao seu corpo. Ainda um tanto confusa, abriu os olhos lentamente. Não era Hunterish, que dormia com um dos braços para fora do colchão da enorme cama de casal, a boca semiaberta e roncando levemente. Todos esses anos, e como o marido conseguia ser tão inquieto quando dormia ainda estava além de sua compreensão. 

Abaixou os olhos para se deparar com Alexandra, que levantava os cobertores e abraçava o corpo a mãe com uma das pernas. Com um sorriso nos lábios, Victoria abriu os braços e deixou que a filha se aninhasse ali, depositando um beijo no topo da cabeleira loura da menina de cinco anos de idade.

Estava prestes a dormir novamente quando sentiu algo agarrando seu pé. Franziu o cenho e virou a cabeça. Max, segurando uma miniatura da Tinker Bell com seus dedinhos gorduchos, que escalava os lençóis da cama alta dos pais. Victoria abriu o outro braço, e ele, ainda com a carinha sonolenta, deitou a cabeça ali, entrando debaixo dos cobertores e puxando os lençóis que cobriam Hunterish para si. A mulher sorriu levemente da expressão triunfante e maliciosa do menininho, que logo se aquietou junto à mãe, passando seus bracinhos pelo pescoço dela.

Outra vez, a porta de seu quarto abriu. Victoria viu Alexander e Victor entrarem dentro do quarto, o mais velho segurando a mãozinha do pequenino na imagem mais adorável que ela já havia visto, ambos em pijamas de flanela com diversas coroas espalhadas. Aliás, todos eles vestiam o mesmo pijama.

Alexander analisou o quarto e aparentemente decidiu que estava cheio demais. Virou-se, mas Victor fez uma carinha de quem estava prestes a chorar, então, apesar de não ser tão mais alto que o irmão mais novo, ajoelhou-se solenemente no chão e tentou explicar o porquê de estarem voltando.

— Alexy — Victoria sussurrou, e quando ele não ouviu da primeira vez, chamou novamente. Ele se virou  — Pode vir.

— Mas a Alex e o Max...

— Tem espaço, vem — ela falou com um sorriso no rosto — E se não tiver, a gente joga o papai no chão, o que acha?

A expressão dele se iluminou com um sorriso, enquanto ponderava se estava realmente certo jogar o papai no chão. Deus do céu, Victoria pensou, bem humorada, às vezes ele nem parece ter cinco anos. Em certos momentos, ela poderia jurar que aquela expressão analítica pertencia a um adulto, não a um bebê, mas ele sempre foi assim, muito solene, entendedor. Sempre pareceu saber lê-los todos, e tinha muito mais tato para certos assuntos que a própria Victoria.

Ele, ainda segurando a mão de Victor, aproximou-se. Então, depois de ajudar o irmão mais novo a subir na cama, subiu ele mesmo. Alexandra grunhiu quando a mãozinha de Victor machucou seu cabelo enquanto engatinhava nos travesseiros para se enrolar que nem uma bolinha acima da cabeça da mãe. Victoria sorriu para ele quando se inclinou sobre ela e beijou a ponta de seu nariz de leve e voltou para a posição inicial, brincando com os cabelos vermelhos da mulher conforme tentava cair no sono.

Alexander subiu em cima da mãe e deitou a cabeça sobre seu peito.

— Meu Deus — ela escutou o marido exclamar do seu canto da cama — Nós fomos invadidos.

Sim, sufocada e absolutamente cercada, mas Victoria não trocaria aquele momento por nada, nada. A leoa e sua ninhada.