The Inevitable - Interativa escrita por Alyss Meryan


Capítulo 2
Chapter I – Castle of Cards




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688995/chapter/2

Capítulo I
castle of cards

"it takes a breath to crumble"

A calmaria precede a queda, pensou Alexander, fitando a silenciosa reunião. Seus olhos dançaram da expressão inquisitiva de seu pai à triunfante do Conselheiro Athos. Silêncio. Todos pareciam encarar alguém, e parecia uma alternativa melhor a ter de realmente discutir aquilo que vieram discutir.

A calmaria…

Nós vamos continuar dançando ao redor do elefante ou vamos direto ao assunto?  —  ele foi surpreendido pela voz da mãe, na outra extremidade da mesa, empunhando tanto respeito quanto o próprio rei.

Ele viu o pai disfarçar uma risada, cobrindo a boca como se fosse tossir. O próprio Alexander se viu sorrindo. Sua mãe era realmente uma preciosidade. O Conselheiro Athos revirou-se desconfortavelmente em sua cadeira e o rei semicerrou os olhos para ele novamente; era de conhecimento geral que Hunterish Schreave odiava o Conselheiro, e por razões além da compreensão de qualquer um, até mesmo do rei, o velho parecia escalar cada vez mais alto na hierarquia real. Primeiro Conselheiro era a posição mais alta depois da Família Real. Não que Athos se importasse, é claro.

— Vossa Majestade fala por todos — Athos concordou, condescendentemente, um sorrisinho brincando em seus lábios.

A rainha fitou-o com os lábios cerrados. Ela não precisava do apoio do conselheiro para empunhar sua palavra, nem da de ninguém.

— Estamos reunidos para discutir sua conduta, Athos, não para te coroar rei —,  Victoria retrucou. O rei sorriu, triunfante com a atitude da esposa. Alexander não pôde deixar de notar que seus olhos brilhavam todas as vezes que ela se pronunciava.

— Vossa Majestade…

— A rainha está certa — Hunterish interviu, prevendo o diálogo interminável entre a esposa e o conselheiro. Ele podia não aturar o homem, mas Victoria levava a relação toda a um outro nível — Seu discurso no Jornal de Illéa noite passada, caso não se recorde muito bem. Onde disse, e eu repito, que “os dias da soberania Illeana estão contados”.

Athos riu, riu. Alexander balançou a cabeça e preparou-se para o furacão que estava vindo.

— Vossa Majestade certamente entendeu errado…

— Ah, não. Acho que sua declaração foi bem explícita — o rei declarou — E acho que você já pensa assim há tempos. Se os acordos com a Nova Ásia por baixo dos panos já não fossem indícios suficiente…

 Alexander assistiu à troca dos dois homens mais poderosos de todo reino. Athos possuía uma fala forte perante o povo de Illéa; fora o Conselheiro mais votado por anos à fio.

— Não vamos nos precipitar por um mero erro de semântica — o velho homem disse, gesticulando como se estivesse recusando café, não discutindo o destino definitivo do reino.

Semantics my ass* —, Alexander murmurou para si mesmo, e percebeu que a mãe escutou, pois um sorriso brincava em seus olhos.

— Você, Conselheiro Athos Merchand, colocou em jogo a paz do nosso reino  — algumas cabeças se moveram em concordância com o rei  — Quantas ideias surgirão à partir de sua fala?

— Você não pode proibir o povo de pensar, Hunterish.

Alexander sentiu o próprio corpo tenso.

— Não, e nem o desejo  — o rei afirma  — Posso, no entanto, impedir que o povo seja manipulado às massas. 

— Acho que estamos confundindo os papéis aqui, Vossa Majestade. 

— Você sabe que era justamente a desculpa que nossos adversários estavam esperando. Plantar uma sementinha de dúvida e corromper todo um sistema, todo um país.

O vazio que preencheu a sala não foi nada agradável. Alexander viu algo crescer dentro do Conselheiro Athos. Ele viu os ombros do homem reunirem coragem para falar o que quer que vinha querendo dizer.

— A Sementinha, Vossa Majestade, já foi plantada aqui há décadas, quando um rei de histórico já irresponsável ascendeu ao trono  — os demais conselheiros prenderam a respiração. A rainha Victoria levou uma mão ao pendente dourado no pescoço. — O povo, graças à Deus, foi forte suficiente para me eleger, um Conselheiro de oposição, que manteria e manteve o reino em seu legado de paz…

A rainha se pronunciou.

Aí está. Suas verdadeiras intenções são desmascaradas, Conselheiro Athos. Acabe com a monarquia e ascenda como o salvador geral da nação, não é mesmo? E todos vão se esquecer de Liao Hills num estalar de dedos…

— Liao Hills foi uma eventualidade! — ele levantou-se, fervendo.

Conte com a mamãe para virar o jogo.

— Então é assim que chamamos duas mil e quinhentas vidas jogadas fora, quatrocentos e doze outras permanentemente danificadas?! Uma eventualidade?! Caro Conselheiro, uma eventualidade é quando o despertador toca duas horas depois do programado, não quando se explode um vilarejo inteiro testando armamento biológico!

O Conselho, espantado, voltou-se para a figura imponente de Victoria Schreave.

— Você é um homem perigoso, Athos Merchand  — ela continuou, apontando o dedo ameaçadoramente para ele  — Não só para nós, mas para nosso reino também. E quando a hora chegar, espero que nosso povo perceba isso.

O rei se levantou também.

— Por meio de votação, decidiremos seu futuro neste Conselho — o rei anunciou — Levantem a mão aqueles que pedem pelo seguimento impune do Conselheiro Athos Merchand no Conselho Real de Illéa  — os Conselheiros se entreolham, mas ninguém levanta a mão — Democraticamente, é de consenso geral que Athos Merchand tenha sua posição e direitos como Primeiro Conselheiro Real revogada até segunda ordem. Dispensados.

Atordoado, Alexander levantou-se. Tensão emanava da sala conforme os membros do Conselho retiravam-se. Athos ainda sorria. Céus, ele não pára de rir? Alexander temia aquela expressão de eterna vitória do homem, temia o modo como olhava para seu pai de forma desdenhosa. Hunterish Schreave não era ingênuo, ele sabia que aquele não seria o fim da história. A repercussão já era mundial e logo, ele sentia, a bomba iria explodir.

Victor sentiu alguma coisa atingir sua nuca. Virou-se, assustado, para se deparar com a irmã mais velha. O objeto, ele percebeu, era uma inocente almofada. Alexandra era a única pessoa que conseguia transformar algo fofo e delicado em algo terrivelmente ameaçador. Ele levantou as mãos num gesto inquisitivo, indicando que não estava usando os aparelhos auditivos, já que ler era infinitamente mais pacífico sem os ruídos desconexos que ele escutava quando ele os colocava. Alexandra inclinou a cabeça levemente em direção à porta atrás dela. A Rainha posicionava-se no centro do aposento, Alexander e Max atravessavam a porta.

Reunião em família?  — Victor sinalizou. 

A mãe não respondeu, apenas gesticulou para que Max e Alexander se sentassem também. Pacientemente, ele observou. Pela expressão da mulher, ela estava prestes a dar notícias, se eram boas ou ruins ele não sabia dizer. Uma vez que todos os seus filhos sentaram-se, Victoria abriu a boca, combinando os sinais que fazia com as mãos conforme a boca se movia. Victor não saberia dizer, mas ela devia estar falando.

Seu pai e eu temos novidades  — ,discretamente, Alexandra massageou a própria barriga, levantando a questão silenciosa que pairou no ar até que a rainha percebesse, — É claro que não, Alexandra.

Os quatro irmãos riram, embora todos soubessem da verdade; era medicamente impossível que Victoria tivesse outro filho.

As rebeliões estão quase nos atingindo  — ela fala e faz os sinais ao mesmo tempo  — Precisamos de… Uma distração. Um pequeno show para atrair a atenção do povo para algo bom, principalmente depois de Liao Hills.

Liao Hills, Victor se lembrou pesarosamente. Onde a vaca foi pro brejo. Ainda assim, ele não conseguiu acompanhar o raciocínio da mãe.

Sabemos que aconteceria mais cedo ou mais tarde…  — Victor viu a boca de Max se mover, mas ele não fez os sinais, então voltou a atenção para a mãe  — … e não, Maximillian, nós não vamos reencenar Os Jogos Vorazes. Embora seja bem perto disso, exceto pelo sangue… Mas enfim. Nós vamos fazer uma Seleção.

— Para o Alexander?  — Alexandra perguntou.

… Não exatamente.  — Victoria sorriu,  — Para vocês três.

Quietude recaiu sobre a sala. Os trigêmeos se entreolharam, Victor ergueu as sobrancelhas.

Então quer dizer que o Max vai poder exercitar as habilidades dele com as garotas?

Novamente, um travesseiro voou diretamente de encontro à sua cabeça, e dessa vez foi ainda mais agressivo que se tivesse saído das mãos de Alexandra.

— Claro que não —, Victoria partiu para proteção do filho, que levantou os polegares para ela após um high five Não se pode exercitar habilidades que não existem.

— Mãe!

Me desculpe, mas é a verdade, querido.

Max cruzou os braços, ficando vermelho. Eram naqueles momentos em que ele se parecia mais com a Tinker Bell.

— Eu não sou seu querido.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Aqui temos nosso maravilhossssso Alexander, Alexandra, Maxie e Victor (sim, ele é surdo devido à febre de meningite que teve quando bebê). YAYYY, eu cheguei a postar esse capítulo, mas aí fiz algumas adições e estou postando novamente, hihihihi

Dê uma passadinha no tumblr da fic para interagir com os personagens e ter uma noçãozinha de quem é quem, :D selection-interativa.tumblr.com
See ya'!