O Gatilho desenfreado contra Noxus escrita por Pégasus


Capítulo 17
A mestra das cordas


Notas iniciais do capítulo

''Sua melodia move a alma, seu silêncio faz o corpo chorar.''
— Jericho Swain, após ir a um dos seus concertos



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Sona vestia preto, assim como todo mundo a sua volta. O funeral de Quinn nos jardins demacianos estava cheio e o céu era cinza como se quisesse combinar com o dia triste em que Demacia estava passando, até mesmo Xin Zhao o maior mito de Demacia, chorava pela grande perda. A música do funeral atingia todos os ouvintes, Sona atingia o coração das pessoas, no fundo da alma até o lugar mais sensível. O coração de Garen sentia-se confuso, por se apaixonar pela cumplice do assassinato de um aliado, por um inimigo, não se sentia no direito de estar ali enquanto ainda pensava em Katarina, então apenas se retirou, a armadura negra reluzindo em direção a saída. Lux não parava de chorar enquanto o rei Jarvan III fazia o discurso do funeral. Todas as casas colocaram panos negros nas janelas. Demacia estava em luto.

***

 Sona voltava para casa andando, assim como Quinn ela morava em um lugar rural aonde havia poucas pessoas. Carregando seu instrumento enquanto cantarolava pela estrada de terra e cercada por campos verdes e arvores distantes umas das outras. Longe em sua visão, perto de uma cerca de madeira recostado sobre uma árvore estava Talon, e Katarina desmaiada em seus braços, Talon chorava enquanto alisava o cabelo da irmã.

 Sona, ao ver aquela cena correu em direção aos dois. Seu olhar se encontrou com o de Talon cheio de lagrimas e ela tomou o pulso de Katarina.

 — Como se chamam? — Perguntou Sona com bondade na Voz. Não tinha certeza se poderia ser ouvida, pois a maioria das pessoas não conseguiam escutar sua voz.

— Talon, e essa é minha irmã Katarina, por favor, ajude-a.

 Ao ouvir o nome Sona recuou. Percebeu que Talon, podia a ouvir normalmente, mas algo estava errado.

— Talon e Katarina... Du Couteau?

 Perguntou retoricamente, afinal todos estavam comentando dos filhos do rei Tryndamere que mataram Quinn e perambulavam por Demacia. Talon entendeu que a garota a sua frente não os ajudaria, pois descobrira quem eram e o que tinham feito. Então ele apenas se levantou com a irmã nos braços e a colocou em cima do cavalo que roubara de Quinn, mas a garota de cabelos azuis gritou.

— Espere! Sua irmã... Ela está muito ferida, se não cuidarmos de seus ferimentos agora ela irá morrer.

 Sona largou seu instrumento no chão, se aproximou do cavalo e pegou Katarina no colo, Talon observava desconfiado.

— Venha, minha casa fica há alguns minutos daqui.  — Disse ela enquanto andava.

— Hum... Seu instrumento está no chão.

— Ah, não se preocupe com Etwahl, ele sempre volta para mim.

***

 A casa de Sona era cheia de flores e Talon se assustou ao ver o instrumento de Sona que ela deixara para trás no centro da mesa da sala.

— Como eu disse, Ele sempre volta.

 Sona deitou Katarina em sua própria cama.  Começou a medica-lá enquanto Talon observava a casa. Por fim, o corpo de Katarina entrou em estado de repouso e suas feridas e hematomas tiveram as devidas remediações. Sona tocava a Ária da Perseverança para ela, uma música no tempo adágio, e a Garota parecia melhorar. Talon entrou no quarto e viu a menina de cabelos azuis tocando para a irmã desmaiada, estaria errado em ter desconfiado dela? Seria ela um ser extremamente bom?

 — Ei — Disse ele. — Acabei me esquecendo de perguntar seu nome.

 —Sona... — Respondeu ela sem tirar atenção da música.

 — Sona, obrigado, você poderia ter nos deixado para morrer e mesmo assim nos salvou. Ainda assim, poderia me dizer por que ajudar um inimigo?

 — Somos mesmo inimigos Talon? Eu e você? Mesmo que nossas nações sejam rivais, isso não quer dizer que temos que ser também. Somos apenas seres confusos tentando sobreviver nessa grande selva.

— Mas... Eu matei Quinn.

— É...  Eu sei. Eu toquei em seu funeral. Mas igual a você, Quinn era uma assassina, que apesar de ter trago muitas vitórias para Demacia, custou uma pilha de cadáveres e varias noites com nossas ruas manchadas de sangue.

As palavras de Sona eram puras assim como seu coração, o que fez com que o Garoto mestre das lâminas largasse suas adagas na frente de um inimigo pela primeira vez, Sona olhou as adagas caírem no chão imóvel.

— Como poderia em Valoran, existir um ser tão puro como você? Em meio a toda a guerra e todo o sangue, o desespero e o ódio... É como se... Você estivesse no meio de tudo.

Sona sorriu.

 — Essa conversa me lembra Ionia.

 — Já esteve em Ionia?

— Sim, cresci lá, em um orfanato, quando fui adotada minha guardiã me trouxe para Demacia.

 — Onde está ela agora?

 — Ela morreu... — Talon se calou.

 Ela devia ser bem rica, pensou consigo mesmo observando a bela casa mais uma vez. Sona continuou tentando quebrar o clima tenso que se instalara no ar:

— Lestara Buvelle  era seu nome. Dona da casa de armaduras demacianas.

Sim, ela devia ser muito rica, concluiu Talon.

— Era uma ótima pessoa...

— Bem... Dizem que os filhos tendem a ser semelhantes aos pais.

Sona se levantou ao ouvir isso e encarou Talon.

— Acha mesmo?

— É a única explicação que vejo para você ter nos ajudado.

Sona o abraçou. Talon não sabia o que fazer. Não costumava ter esse tipo de contato com as pessoas. Sona tremia e lagrimas começavam a sair de seus olhos.

— Você está chorando.

— Me desculpe... Sempre achei que nunca chegaria aos pés da bondade de minha guardiã.

Talon alisou o cabelo azul da mulher a sua frente um pouco retraído. E permaneceram assim por um tempo, Talon nem se deu conta de quando sentou e de quando Sona se recostou em seu corpo adormecido. Ele a envolveu com os braços sem timidez já que a garota dormia, e no meio da noite ela acordou e olhou em seus olhos, Talon disse, enquanto massageava seu cabelo:

— Vem para Noxus comigo.  Viver no castelo, se tornar uma princesa, tocar para mim todos os dias.

— Você largaria a casa Du Couteau? Deixaria de ser um assassino?

— Deixaria. — Respondeu ele rápido.

— Eu iria, mas não conseguiria viver em um lugar tão violento.

— Podemos ir para Ionia...

— Por que Você não fica aqui?

Talon se pegou sem resposta.

— Acho que sentiria falta de minha família.

Sona ficou calada por um tempo e então disse:

— Nunca tive uma família, você poderia ser a minha primeira, mas o destino nos colocou em lugares diferentes demais. Nunca poderíamos ficar juntos...

Talon pensou na possibilidade e a apertou firme como se fosse a ultima vez.

A manhã clareou o quarto e Katarina comia uma maçã enquanto observava o casal abraçado sentada em uma poltrona. Eles acordavam devagar.

— Bom dia raio de sol, parece que enquanto eu estava semi-morta a noite de vocês foi bem divertida, certo?

— Katarina, como está? — Perguntou Talon sonolento.

— Ótima! Vamos para casa. — Disse dando as costas. — Ah, e... Obrigado por me curar garota do cabelo azul, você me lembra minha irmã mais nova. Você toca muito bem, gostaria de tocar em Noxus? Vou te mandar um convite mais formal mais tarde, mas agora precisamos ir embora, Demacia é perigosa para mim e Talon.

***

Katarina e Talon caminhavam até seu cavalo.

— Deixar de ser assassino por uma garota que acabou de conhecer? Não me admira que você não conheça muitas garotas.

— Cala a boca, Kat. E Garen? Matou o monstro?

— Então...

— Por que não o matou?

— Ele não merecia morrer, tinha um olhar lindo.

Talon revirou os olhos.

— Diz isso para nosso pai.


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Notas finais do capítulo

Etwahl - Nome dado pela própria Sona ao seu instrumento



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