Pov Dimitri

Folhei outra vez o relatório do massacre dos Lazar comparando-o com o relatório dos Ozera. Era impossível que não houvesse uma semelhança sequer entre eles.

Havia acabado de analisar minha ficha,e eu tendia a concordar com Rose. Se qualquer outro olhasse, poderia chegar a mesma conclusão que ela tivera. Sem dúvida alguém queria me incriminar. Eu só não sabia o porquê,ou o mais importante: Quem.

Contive a repentina vontade de quebrar algo,o sentimento de impotência não era algo que eu gostava exatamente. Deveria ter algo ali,ninguém poderia fazer um trabalho tão perfeito,em geral,sempre havia algo que era deixado para trás,mas não nesse caso.

Não tivera vários ataques recorrentes até agora. Há seis anos,os Badica tiveram algo parecido,perdendo Abby Badica,a filha mais nova e um guardião. Há quatro anos,Ivan Zeklos e toda sua família se fora,um ataque de Strigois. Há três semanas,a família Ozera se fora pelo mesmo motivo. Há quatro semanas,os Dragomir tiveram um ataque que pode ser impedido,mas o filho mais velho,André também morrerá. E agora,o mais novo caso: Os Lazar.

Dentre todas as vítimas,não parecia ser algo aleatório,mas se bem analisados,eles eram na verdade. Não havia uma pista. Um deslize.

Observei o relógio,o cansaço me tomando por completo. Estava tarde,eu deveria ir dormir,mas deixar aquele caso em aberto...

Pulei de susto quando bateram na minha porta com força. Escorreguei as papeladas para a gaveta e tirei a estaca do cinto,pronto para qualquer coisa. Sem hesitar,abri a porta e permaneci com a estaca ao lado do corpo,encarando o guardião Eddie Castile.

Sua respiração descompensada,e o brilho em sua testa alegavam que ele tinha corrido para chegar até aqui

— Belikov...você...eles acharam...— ofegou

Aliviei minha postura e pousei minha mão em seu ombro.

— Respire. — ele o fez,tentando recuperar o fôlego perdido — Agora diga o que aconteceu — instruí assim que ele ficou mais estável.

— O guardião dos Lazar que sobreviveu está pedindo reforços. Ele achou um dos Strigois que atacou. Como somos os mais próximos,a Corte mandou que três de nós fôssemos até lá ajudá-lo.

Peguei meu sobretudo que estava pendurado ao lado da porta e fechei a porta do apartamento andando o mais rápido possível.

— Vamos — falei com pressa.

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Não importava quantas vezes eu via aquelas íris vermelhas,de alguma forma, sempre sentia um arrepio tomar meu corpo avisando o perigo,e dizendo por um momento para mim mesmo que eu deveria ter medo,mas meu psicológico já calejado por anos de ensino e prática,repelia qualquer temor que meus instintos criavam. Ele era um Strigoi. Um demônio,e eu tinha que matá-lo. Simples assim.

Observei o animal pálido de olhar raivoso,que alguma vez houvera sido um damphir e repreendi o inoportuno pensamento de que em algum momento ele fora parecido comigo. Grandes correntes de ferro o prendiam a uma enorme viga metálica,passando por seus pés a seus ombros ossudos e um guardião apoiava sua estaca na garganta do homem frio.

Adrian parou do meu lado,observando a situação com um olhar completamente sério. Eddie permanecia do mesmo jeito,embora houvesse um brilho de excitação em seu rosto. Foi muito bom que ele tenha se proposto para nos acompanhar,pois caso ao contrário,quem teria que vir conosco era Rose,e eu não queria ter que passar duas horas de viagem de carro com Rose e Adrian no mesmo lugar.

Voltei minha atenção para a fera albina que repentinamente começou a lutar fazendo com que as correntes tilintassem de horror. Seus ganidos animalescos lhe faziam jus a sua fama,e por um momento questionei-me se aquilo alguma vez já fora homem.

Utilizando de minha máscara de guardião,aproximei-me de Yuri e com um leve aceno lhe cumprimentei.

— O que temos aqui? — sussurrei sem nunca tirar os olhos do par de íris escarlate que brilhavam em fúria.

Yuri franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça em direção a viga e as incontáveis correntes.

— Assim que os Strigois invadiram e pegaram todos os Lazar,eu consegui fugir e contatar a Corte,no dia seguinte voltamos para recolher os corpos para o funeral,mas este aqui estava aqui ainda,protegendo a casa ou seja lá o que ele fazia aqui. Entretanto,ele está um tanto relutante em dizer a verdade.

Assenti,e vi Adrian arregaçar as mangas do casaco enquanto empunhava a sua estaca.

— Fique tranquilo guardião Yuri,eu e Belikov faremos ele soltar o que sabe rapidinho.

Sem hesitar apertei a estaca com mais força em minhas mãos e caminhei até o Strigoi que me avaliava atentamente.

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— Eu não tenho nada a ver com isso,apenas me mandaram vir aqui,agora me soltem logo seus guardiãozinhos de merda para que eu possa arrancar seus pescoços. — rosnou o strigoi.

Aquele vampiro era prepotente e de certa forma ingênuo. Xingamentos não eram muito inteligentes naquele momento. Analisei a arma em minhas mãos,delizando os dedos pensativamente pela prata brilhante. Essa lança era similar a antiga arma * Flagend Mace,mas em suas cavidades finos espinhos se abriam assim que entravam em contato com o interior de um Strigoi,soltavam faíscas de fogo nas pontas,apenas indolores mas não capazes de matar.

Suspirei e olhei para Adrian sabendo que ele pensava o mesmo que eu.

— Podemos? — perguntou Adrian

Acenei e assim como ele,direcionei a lança encantada colocando perto da clavícula do ser frio e a enfincando,passando pela pele e os músculos.

O Strigoi gritou em agonia e se debateu contra a pilastra causando um grande rangido,ainda assim ele se manteve firme,rangendo os dentes e se controlando. Para sofrer tanto,e por ser perfurado com tanta facilidade esse Strigoi era bem jovem.

— Para quem você trabalha? O que seu chefe pretende com essas mortes?— perguntei com seriedade.

Ele deu uma gargalhada e nos olhou com raiva.

— Vocês são muito estúpidos. Acham que eu direi tão...

Ele se interrompeu para gritar,já que tanto eu quanto o guardião Ivashkov tínhamos empurrado a lança para baixo,aumentando o ferimento e manchando o chão com um sangue que não deveria existir.

Por um segundo meu cérebro se chocou a ver o liquido carmim escorrer daquele animal frívolo. Não seja burro,Dimitri pensei retornando ao meu estado normal mental. Aquilo ja estava se tornando ridículo. Ter pena de Strigois? Onde estava com a cabeça?

Adrian bufou devido a resistência do inimigo e imitou meu gesto tirando a maça do corpo lentamente e fazendo ele urrar outra vez.

Analisei devagar seus olhos vermelhos repletos de fúria e voltei a perguntar:

— Vamos começar outra vez. Senhor...—observei a ficha que os guardiões acharam nos antigos registros. Serguei Kovlos era guardião dos Badica e fora "morto" a seis anos atrás — ...Kovlos.Para quem você trabalha? O que seu chefe pretende com essas mortes?

Ele cuspiu seu próprio sangue no chão já imundo.

— Sou apenas um peão. Não estou por dentro das coisas como vocês pensam.

Acenei positivamente e me aproximei dele,flexionando meus joelhos para que nossos rostos ficassem na mesma altura.

— Bom. Estamos começando a nos entender.

Ele cuspiu outra vez,querendo atingir meu rosto,mas me virei antes e observei o sangue sujar outra vez o chão.

— Adrian. —. Chamei,balançando a cabeça e apontando para Kovlos.

Outra vez,voltamos a enfincar a maça,mas desta vez,enfiando em seu estômago. Ele voltou a urrar e Adrian gritou irritado:

— Diga logo idiota.

O Strigoi gargalhou e se engasgou,começando a tossir histericamente. Entre tosses e sangue o Strigoi murmurou como se selasse sua morte.

— Nathalie Dashkov.