Penumbra escrita por Tris Z


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Como eu prometi,um pouco mais de Romitri.
Boa leitura galera.



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Pov Rose

Lissa estava desesperada. Eu não entendia o porquê de se preocupar tanto com um jantar,mas depois de alguns atrasos,ela teve que transferir o jantar para semana seguinte,o que deixou sua família insatisfeita.

No outro dia,eu tive a repentina vontade de estrangular Dimitri Belikov e ao mesmo tempo,beijá-lo.

Já não bastava ele ter ficado com meu cargo,mas aparentemente,ele também era imune a minhas indiretas. Geralmente,uma piada minha se resultava em um par de olhos irritados e repreensivos. O pior,era quando nos encarávamos,e trocávamos olhares raivosos.

Eu não conseguia odiá-lo por muito tempo. Não com sua loção pós -barba que invadia o QG inteiro,ou tão pouco com o jeito charmoso que suas sobrancelhas se arqueavam.

Eu definitivamente o odiava.

**************************** POV Lissa

O jantar de boas vindas havia sido um desastre. Todo aquele trabalho,todos aqueles sermões que tive que aguentar da Sra. Goliedzvi,foram por água a baixo.

Talvez isso fosse por causa da insistência de minha mãe e de Priscilla de falar sobre o incidente que ocorrerá com os Ozera. Talvez porque um garçom derrubou meia garrafa de vinho em nosso convidado. Ou talvez,porque Jill se enjoou com o cheiro do salmão e vomitou no chão da sala de jantar.

Toda a boa reputação dos Dragomir estava acabada. Tudo por causa de um jantar ridículo,e um Lorde arrogante.

De noite (dia) ,depois de chorar horas no ombro de Rose quando meus pais disseram que a culpa havia sido minha,eu me debrucei na pequena varanda de meu quarto olhando o Sol nascer.

As vezes,ou sempre,eu me entojava daquela vida mimada e idealística. A liberdade sempre foi algo que chamou minha atenção,mas eu sabia que não podia me dar ao luxo de tê-la. Talvez antes de Andre morrer eu pudesse fazer algo,mas não agora. Eu era herdeira dos Dragomir. Eu iria,em algum dia carregar o símbolo do Dragão e tinha responsabilidades a cumprir.

Desanimada,deixei que meu braços caíssem no corrimão da varanda e deitei minha cabeça sobre eles. Naquela posição,eu pude enxergar um par de olhos azuis gelo que me fitavam com curiosidade.

Sem saber o porquê,eu sorri para ele e esse sorriso aumentou quando foi retribuído.

******************************* POV Dimitri

Nunca pensei que poderia viver num tormento angustiante como eu vivia agora. A morte jamais foi algo que gostei,mesmo sendo tal,de um Strigoi. Tudo parecia como um filme que nunca terminaria. Cada grito, cada vida que se esvaía era recapitulado várias e várias vezes. Eles sempre me visitavam em meu sono,mas também enquanto ainda estava acordado.

Era como se meu subconsciente acusasse repetidamente que a culpa havia sido minha. Talvez se eu tivesse percebido antes,talvez eu poderia ter salvado os Ozera. Ou pelo menos alguns.Isso era um fardo que eu tinha que carregar eternamente,e entendia como ninguém sobre fardos.

Para me distrair,eu trabalhava. Conseguia o máximo de turnos que podia e ficava com a maior quantidade de papéis e burocracias para assinar e rever com uma garrafa de café ao lado. Já não dormia a três dias,e sinceramente meu corpo clamava por uma boa e longa noite de sono.

Ainda assim,haviam coisas que mesmo o trabalho não conseguia afastar, como por exemplo a estranha sensação de que alguém estava por trás daquele massacre. Se ao menos essa sensação virasse convicção,eu poderia parar de questionar minha sanidade.

Balancei a cabeça,repreendendo-me sobre minha própria linha de pensamentos. Determinado a extinguir esses devaneios,voltei a encarar os papéis em minha frente.

Quando finalmente terminei,comecei a empilha-los metodicamente em minha mesa. Ainda na metade do processo,uma estranha eletricidade passou por meu corpo. Imediatamente soube de sua presença.

— Ainda trabalhando Camarada? Pelo que saiba é o meu turno. — provocou Rose Hathaway enquanto se escorava no batente.

Já se fazia uma semana desde que havíamos chegado as terras Dragomir e as coisas estavam começando a se ajustar agora. Por insistência da rainha,eu mantive meu cargo de guardião chefe e já tinha conhecido todos os guardiões.Inclusive Rose.

Rose Hathaway,era alguns anos mais nova que eu e cheia de vida. Oscilando com facilidade entre a alegria e a raiva,a guardiã fazia piadas várias as vezes ao dia e mostrava o porquê de sua reputação. Mesmo assim,nossa — sua em especial — antipatia era palpável. Ela fazia suas piadas,eu fazia uma careta,a repreendia e depois ela resmungava algumas coisas. Sua perseverança era notável, principalmente na arte de me irritar.

Dona de um olhar selvagem e de uma personalidade irreverente,ela não media esforços para proteger os Dragomir, e depois de mim,era a que pegava mais turnos.

Ajeitei minha postura na cadeira e continuei a empilhar os papéis na mesa,completamente ciente de sua presença encostada na soleira da porta.

— Você está adiantada Hathaway.

Não precisei olhar para saber que ela sorria.

— Não estou não. Estou até atrasada.

Confuso, olhei o relógio percebendo que Rose estava certa. O tempo havia passado muito mais rápido do que eu havia presumido.

Desencostando-se,Rose caminhou até minha mesa e segurou entre as mãos a garrafa de café que antes repousava na escrivaninha.

— Há quanto tempo esta acordado Camarada? Aqui tem café para manter um exército acordado por dias!

A ignorei,colocando a última pilha dentro da ultima gaveta. Pela visão periférica,pude ver sua cabeça inclinar para o lado enquanto me observava.

— Você não tem dormido a dias,né?

Revirei os olhos e me levantei da cadeira,arrancando com cuidado a garrafa de suas mãos.

— Você está liberada. Eu cubro seu turno.

Ela cerrou os olhos.

— Mas nem pensar!

Balancei a cabeça devagar

— Hath... — parei quando ela me deu um olhar repreensivo,e sorri debilmente — Rose...

Ela me interrompeu levantando as palmas das mãos para cima.

— Hey Camarada,você não é de ferro! Vai dormir algumas horas que eu posso cuidar disso!

Uma parte queria aceitar sua proposta,mas a outra dizia que se eu deixasse meu posto por apenas um segundo tudo desmoronaria.

— Rose,estou perfeitamente bem.

Ela revirou os olhos.

— Teimosia tem algo a ver com testosterona? Ou todos os homens tem um orgulho idiota?

Balancei a cabeça,controlando a vontade de respondê-la.

— Você está sendo absurda.

Ela negou balançando a cabeça e tirou a garrafa de minhas mãos.

— Embora pareça,não sou uma adolescente irresponsável. Já estive em guerras Dimitri,sei o que estou fazendo. Agora vai ir dormir,antes que eu chute seu traseiro daqui. Eu não me importo em ser demitida,mas simplesmente não vou aguentar você do meu lado nas próxima seis horas.

Reprimi um sorriso,mas acabei fracassando.

— Acho que eu não tenho escolha.

— Dificilmente. E ... — ela pegou o café e virou no lixo do escritório — Nada de café para você nos próximos dias Camarada.

— Estamos trocando de lugar? Porque tenho a sensação que eu sou seu chefe.

Ela deu de ombros e se jogou na minha poltrona.

— Eu não me importo. Agora saía, ou eu cumpro minha promessa e te tiro daqui a pontapés.

Revirei os olhos,mas sai,convencido apenas pelo cansaço que começava a me devorar.

Após um longo e demorado banho quente,deitei em minha cama e dormi imediatamente. Para minha surpresa,eu não vi morte. Pelo contrário,tinha apenas vida e um par de olhos castanhos selvagens.

***************************** POV Rose

O que aquele russo tinha na cabeça? Ele estava trabalhando por três dias seguidos! Que ele não tinha dormido eu sabia,mas começava a suspeitar que ele ao menos sairá desse escritório para comer.

Eu podia ter minhas desavenças pessoais com Dimitri,mas também não queria que ele morresse ou se tornasse um velho das cavernas!

Cansada,me debrucei na mesa e suspirei,inalando inconscientemente o pós-barba do russo. Ficará o dia inteiro com Lissa,enquanto ela chorava sobre um jantar fracassado. Quando cheguei em meu mini-apartamento,faltavam apenas três horas para meu turno.

Acho que não devia ter jogado a garrafa de café fora.

Entediada,peguei algumas papeladas que o antissocial de sobretudo havia deixado em cima da escrivaninha. Tudo era tão chato que fazia com que eu tivesse mais sono.

Administração, salários,turnos, rondas,planos e metas. Suspirei,folhando mais rapidamente. Apenas algumas palavras se destacavam o suficiente para que as lê-se.

"Os flancos precisam ser mais vigiados"; " se conseguirmos alcançar"; " a maioria dos funcionários" ; e...

Congelei quando li aquele nome. Cada sílaba feria meu coração,como facas afiadas.

Segurei a folha mais próxima ao rosto e a li com atenção,cada palavra ressoando por todo meu ser. Quando reli pela vigésima vez,acordei de meu torpor.

Levantei-me num impulso e desci as enormes escadas do QG. Eu precisava falar com alguém. Alguém que poderia resolver esse problema.


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