Welcome to badlands escrita por patty


Capítulo 22
Capítulo Vinte e Um: assassinato.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688930/chapter/22

O clima de férias estava acabando aos poucos e essa sensação foi predominante para Tristan enquanto ele pedalava até a escola onde faria seu teste do vestibular. Ele passou noites em claro pensando no que gostaria de fazer quando crescesse, quando finalmente sua adolescência acabasse. O que ele sabia era que gostaria de ter uma carreira e uma vida estável. Não havia, em seus pensamentos, uma companheira ao seu lado. Tristan se imaginava em um apartamento igual o de Osmar com Zion, seu futuro cachorro vira-lata.

Ele sabia que era um sonho distante, mas não custava nada sonhar.

As pessoas ao seu redor na sala de aula pareciam ter condições melhores, mas ele nunca duvidaria da sua capacidade. Nunca duvidaria do quanto aprendeu naquela escola pública, mesmo quando garotos mais velhos implicavam com Tristan por ser menor e quieto.

Ser advogado era seu maior objetivo quando sentou na cadeira estofada e encarou a prova à sua frente. Tristan manteve em mente que ajudaria todas as pessoas que não tinham chance de se defender. Usaria do seu poder pelos menos favorecidos.

Tristan só conseguia pensar no futuro enquanto respondia as perguntas, de forma automática. Ele era inteligente, havia estudado todas aquelas noites que ficara acordado com medo da sua tia.

 

 

No primeiro dia de trabalho de Aiden, Keith estava mostrando a ele como funcionava a lanchonete.

— O cliente vai entrar – Keith disse, apontando para a porta – você vai esperar ele sentar, se acomodar e ir até ele, para perguntar o que ele quer – Aiden assentiu – mas se ele for apressado, virá até aqui pedir – Keith apontou para o balcão – e aí você vai gritar aqui – ele apontou para a pequena janela atrás do balcão e a abriu.

Dentro da janela, Aiden pode notar algumas pessoas trabalhando na cozinha. O movimento estava fraco, mas eles sempre deixavam alguma comida pronta.

Por isso havia tanta reclamação do sabor das batatas fritas.

— Ou simplesmente pendurar um papel – ele apontou para o papel pendurado na janela – Marion faz isso porque não gosta de gritar com as pessoas.

— Provavelmente vou fazer isso também – Aiden disse e Keith revirou os olhos.

— Você é meio maricas, né? – Keith considerou, mas não havia deboche ou insulto em sua voz, era o jeito grosseiro do seu pai de falar.

— E você é meio sem noção, né? – Aiden revirou os olhos, mas não se incomodou com o que o amigo disse.

 

 

Desde o incidente com a cocaína de Keith, Sawyer e Aiden andavam se estranhando. Aiden ainda dormia na casa de Sawyer, mas ficava fora o dia todo e só voltava à noite, dormia no chão e não falava com Sawyer.

Sawyer ficava encarando as costas de Aiden até pegar no sono. De certa forma era reconfortante ele estar ali, mesmo sem conversarem.

— Aquele seu amigo está ficando aqui? – Mary perguntou no sábado. Aiden estava trabalhando e Sawyer sentado no sofá assistindo televisão com sua mãe.

— A família dele é uma merda – Sawyer disse com a boca cheia de pipoca – ele dorme no chão – ele continuou, mas não conseguiu olhar para sua mãe.

— Deixa ele dormir na cama, aquele chão deve ser horrível – ela considerou – ele é um garoto triste.

Sawyer franziu o cenho e encarou sua mãe. Pensou que ela poderia estar tomando os remédios novamente.

— O olhar dele é triste.

Sawyer refletiu sobre aquilo. Se ele tivesse a vida de Aiden, também ficaria triste. Ele odiava ser uma das pessoas responsáveis por aquele olhar.

— Você não se importa de ele ficar aqui?

— Seus amigos são bem vindos aqui – ela tocou na mão de Sawyer, que estava em cima do sofá no meio dos dois.

Mary tinha os dedos longos e finos, sua mão estava gelada contra a de Sawyer, mas ele apenas virou a mão e entrelaçou com a da sua mãe.

 

 

A primeira parada de Tristan após a avaliação foi a lanchonete. Quando ele entrou, reparou em Aiden com o uniforme da lanchonete e uma bandeja em sua mão, levando para uma das mesas.

Aiden olhou para Tristan e o cumprimentou com um sorriso.

— Olha só que orgulho – Keith apontou para Aiden enquanto ele colocava os pedidos em cima da mesa da cliente.

— Você tá o fazendo trabalhar mais do que você, né?

— Claro – Keith riu – Marion fazia isso comigo. Dizia que ia ao banheiro e ficava mexendo no celular pra eu ficar sozinho aqui – ele revirou os olhos.

— As garotas nessa lanchonete sempre são assim? – Aiden perguntou enquanto passava para dentro do balcão – ela me entregou isso – ele mostrou uma folha de caderno rasgada com o número e nome dela.

— Nunca aconteceu comigo – Keith pegou o papel da mão dele – e eu sou mais bonito que você.

— Pode ficar – Aiden riu e balançou a mão, em sinal de desdém.

Tristan semicerrou os olhos para Aiden.

— Porque você não fica? Keith deve tá cheio de mulher.

— Não preciso dessa preocupação – Aiden deu de ombros.

— E eu não estou cheio de mulher – Keith ergueu o dedo indicador – terminei com Vanny e Ingrid não quer nada comigo – ele riu e guardou a folha do bolso.

— Você tentou ficar com a mãe do seu filho? – Tristan arregalou os olhos, surpreso.

— A gente anda se falando mais do que o necessário por causa da gravidez. Semana que vem vamos tentar descobrir o sexo do bebê – Keith sorriu – mas ela deixou claro que não quer nada comigo, só que eu ajude a cuidar do que "eu fiz" – ele fez aspas no ar – ela estava lá, não fiz sozinho.

— Vocês já pensaram em nomes? – Tristan perguntou.

— Ela que vai decidir eu acho – ele deu de ombros – ela é muito fechada, não sei como consegui entrar nela.

— Meu Deus, Keith – Aiden revirou os olhos e saiu de perto dele.

 

 

Sawyer sabia que Aiden estava na lanchonete e gostaria de encontra-lo, para se desculpar e tudo ficar bem, mas ele sabia que tinha deveres a cumprir. Seth lhe entregou seu primeiro "salário" naquela manhã e Sawyer o colocou dentro do bolso, pronto para ir pra casa e esconder. Seth o encarou, dos pés à cabeça. O beco estava vazio, apenas uns garotos empinando pipa por perto.

— Já sabe o que vai fazer com esse dinheiro? – ele ergueu o queixo para Sawyer, que o encarou com o cenho franzido – não gasta muito – ele piscou.

Sawyer encarou Seth enquanto ele se afastava e entrava no beco, sumindo. Sawyer tocou no seu bolso e sentiu as notas do dinheiro. Não havia muito, mas era o suficiente para começar a guardar. Aiden um dia agradeceria por Sawyer fazer aquilo.

Em todos os dias de Sawyer como olheiro, ele nunca se deparou com a polícia. Seth conhecia aquele bairro melhor do que ninguém e sabia exatamente onde trabalhar.

Sawyer estava indo em direção à lanchonete, passando pela praça abandonada, quando uma viatura passou vagarosamente por ele, indo em direção ao beco. Ainda não estava na hora de Sawyer trabalhar, mas a primeira coisa que fez foi mandar uma mensagem avisando Jeff.

"Os canas." Ele mandou simplesmente.

— Ei, você? – o policial que estava no banco do carona colocou a cabeça para fora e chamou Sawyer quando a viatura parou à sua frente.

— Diga, senhor – Sawyer disse, sem conseguir olhar para o policial. Encarou a viatura, o homem no volante e depois os olhos frios do policial.

— Tá fazendo o que?

— Andando – Sawyer murmurou – indo encontrar meus amigos.

— Sei – o homem disse, mas o carro não saiu dali.

De repente o olhar do policial pousou em um garoto do outro lado da praça. Sawyer acompanhou o olhar do policial. Sawyer conhecia o garoto, era mais novo que ele e empinava pipa todos os dias perto do beco.

— Ei – o policial do banco do carona saiu do carro – o que você tá aprontando aí?

O garoto encarou o policial, confuso. O policial no volante continuou encarando Sawyer enquanto o outro homem abordava o garoto. Sawyer quis mover-se e ajuda-lo, mas estava com medo de o outro policial atirar nele.

De repente Sawyer lembrou-se do nome do garoto. Jonas. Era irmão do seu antigo amigo da escola.

Jonas era uma criança preta ajeitando a linha da pipa quando foi abordado pelo policial. Sawyer encarou a cena enquanto o garoto tinha de colocar as mãos atrás da cabeça e o policial revista-lo. Sawyer não conseguiu fazer nada, apenas encarar a cena.

O policial que estava atrás do volante saiu do carro e ficou encarando a abordagem. Jonas moveu sua mão para o bolso direto da sua calça, de costas para Sawyer e os policiais. O disparo da arma veio de trás da cabeça de Sawyer, mas ele só percebeu quando Jonas estava no chão após o primeiro disparo, com o documento de identidade na mão.

O policial que havia o enquadrado olhou para trás, desesperado.

— Eu achei que ele estava pegando uma arma – o policial correu até onde Jonas estava, deitado no chão.

Não havia mais ninguém além dos dois policiais, o corpo de Jonas e Sawyer, que ficou encarando aquela cena até Seth o tirar dali, o pegando pelos ombros.

 

 

Aiden arregalou os olhos quando Sawyer e Seth entraram na lanchonete. Para os dois estarem juntos ali, havia acontecido algo grave.

Sawyer estava pálido quando se sentou no balcão. E de repente começou a chorar, soluçando enquanto se inclinava no balcão, as mãos segurando a cabeça.

— O que aconteceu, meu Deus? – Keith perguntou, desesperado. Nunca havia visto o amigo daquela forma e os barulhos que ele fazia eram altos, fazendo alguns clientes erguerem os olhos para Sawyer.

— Um policial acabou de matar uma criança aqui – Seth murmurou, tentando não chamar mais atenção.

— Aqui? – Tristan arregalou os olhos – aonde?

Os garotos não ouviram nada.

— Mas o que aconteceu? O que a criança tava fazendo? – Keith perguntou.

— Nada – Sawyer ergueu os olhos. Seu rosto estava vermelho e molhado das lágrimas – ele não estava fazendo absolutamente nada. E eu não fiz nada – ele gritou, voltando a chorar.

Aiden não conseguiu aguentar encarar aquela cena e não fazer nada, então apenas sentou-se no banco ao seu lado e abraçou seus ombros. Sawyer agarrou o colarinho de Aiden e voltou a chorar nos seus braços.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Welcome to badlands" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.