Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 33
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar!

Finalmente esse capítulo ficou pronto! Infelizmemte eu tive o temido artblock, por isso demorei mais do que o esperado para postá-lo.

Bom, espero que gostem!

Boa leitura!



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Ana Lúcia — POV

A noite era completamente escura, e sem nenhuma luz, piorava ainda mais a situação em que estávamos. A única iluminação vinha da lua, mas era muito fraca e não ajudava em nada. Virei meu rosto, esperando confirmar que todos estávamos juntos.

Mas meus olhos se arregalaram. Só consegui reconhecer a figura de Melissa.

— Cadê o resto do pessoal? — não consegui controlar o volume de minha voz, e falei alto demais.

— Eu não sei... — a voz de Melissa foi fraca, como se ela estivesse tentando buscar todo o ar possível. — Eles estavam logo atrás de nós, mas...

Um tiro alto foi ouvido, o que por instinto, me fez levantar a Ithaca, puxando o ferrolho, preparando para atirar a qualquer momento. Os tiros foram ficando cada vez mais altos e sequenciais, como se a pessoa estivesse atirando à esmo.

Segurei o pulso de Melissa e comecei a correr, tentando seguir a direção dos tiros.

— BELLA POR FAVOR! — consegui escutar a voz de Alan, ele gritava cada vez mais alto. O que me ajudava a localizá-lo mais rápido, só que com esses gritos, eles atrairia a atenção dos zumbis. — PARE! VOCÊ ESTÁ DESCONTROLADA!

Os tiros continuaram cada vez mais alto, até que um som de engasgo veio alto. Obviamente a munição tinha acabado.

Voltando para a rua da casa de Bella, pela pouca claridade eu não podia ter certeza, mas Alan parecia segurar os pulsos de Bella, e os gritos dele ficavam cada vez mais altos.

— BELLA SE ACALME!

Como num ato impensado, entreguei minha arma para Melissa e corri até Bella, também a segurando, só que pela cintura.

— Eu vou matar "eles", eu vou acabar com todos "eles"! — Bella esperneava, tentando se soltar de nós. Vi quando Alan conseguiu retirar a pistola da mão dela.

— Se acalme! — Alan falou um pouco mais calmo, segurando o rosto de Bella e encarando seus olhos. — O que aconteceu com você? — percebi que o tom na voz de Alan agora era choroso, como se ele não estivesse aguentando ver toda aquela cena.

Eu não compreendia aquela cena, mas a reação de Bella era idêntica a um ataque de loucura, como se ela tivesse perdido totalmente a sanidade.

— Eu tenho que matá-los! Eles devem morrer! — diferente das outras vezes, a voz dela tinha um tom deprimido, e dos olhos castanhos dela escorriam grossas lágrimas. — Eu tenho que atirar... Você viu, ela mandou eu atirar... Ela mandou! — suavizei meu toque sobre Bella, e quando a soltei prontamente, ela caiu de joelhos no chão, chorando alto. — Ela mandou eu atirar...

Eu não estava dentro de casa, mas estranhei a demora de Alan e Bella. Mas analisando a reação dela, e suas palavras, ela com certeza deveria ter atirado na sua família, ou atirado em algum "deles" tentando salvá-las.

Meu conhecimento em psicologia era mínimo, mas analisando a situação, eu diria que Bella perdeu seu último fio de sanidade nesse exato momento. Ela estava entregue ao desespero.

Olhei a cena que se formava na minha frente, Alan ajoelhou, encarando o rosto de Bella e num ato brusco, ele puxou o corpo dela para um abraço.

— Estamos aqui com você... Chore... Chore o quanto quiser... Mas eu estou aqui. — as palavras dele carregavam um tom calmo, as palavras eram simplórias mas carregadas de um sentimentalismo que eu nunca ouvi antes. — Por favor, eu preciso de você... Então fique comigo...

Minha análise de algumas horas atrás estava certa. Alan precisava de Bella para se manter são.

BANG!

O som alto de um tiro chamou nossa atenção. Virei minha cabeça para uma direção qualquer, mas estava tão escuro que era impossível decifrar qualquer cena que estivesse acontecendo.

Nicole — POV

Escutei um tiro muito próximo, automaticamente me joguei no chão. Eu acabei me perdendo do resto do pessoal, e sem luz alguma, isso aumenta cada vez mais minha angústia. Eu seria um alvo fácil para qualquer uma dessas coisas.

BANG!

Outro tiro foi ouvido, mas além disso, um enorme clarão de luz me fez ficar cega por alguns instantes. Logo, quando voltei a enxergar havia fogo na minha frente, iluminando tudo.

— NICK! — virei meu rosto, vendo que Alan se aproximava de mim, junto de Bella, Melissa e Ana. — Você está bem? — não consegui responder com palavras, então apenas balancei a cabeça positivamente. Vi quando os olhos de meu irmão se arregalaram, segui o rumo de sua visão, vendo que na nossa frente, zumbis começavam a se aproximar de nós. Apesar de estarem em chamas, eles continuavam andando, se aproximando cada vez.

— Nós temos que fugir daqui! — senti a mão de Ana segurar meu pulso, nos puxando para uma direção qualquer, nos afastando "deles".

Melody — POV

Abri os olhos delicadamente. Meu corpo estava fraco, e eu sentia dores nas minhas pernas e braços. Quando minha visão por fim se focou, percebi que a única coisa que iluminava aquele local era uma lanterna. Mas afinal de contas... que merda de local era aquele? Tateei as paredes e o chão, percebendo que era algum lugar construído com madeira. Atrevi a me levantar, me arrependendo em seguida. Meu corpo doía muito, e graças a claridade da lanterna vi que em meu joelho direito tinha um esparadrapo vermelho. Mas aquilo não estava lá quando fugimos da... Como se uma onda batesse em mim, minha mente se lembrou dos acontecimentos. Quando fugimos pela janela do quarto de Bellatrix, eu machuquei a perna, Miller me ajudou a levantar, logo ele começou a atirar nos zumbis que estavam próximos de nós, e a última coisa que me lembro é dele jogar uma granada e... Depois disso minha mente era um borrão.

Com calma, ergui meu corpo pegando aquela lanterna, apontando-a para todas as paredes daquele local, encontrando apenas Miller dormindo com sua P-90. Rastejei até seu corpo, sacudindo-o com força, quando ele acordou me empurrou, apontando sua arma para mim.

— O que você quer? — sua voz tinha um tom frio, que eu nunca tinha ouvido, e aquilo fez todo meu corpo estremecer.

— Os outros... Onde estamos? O quê...? — as palavras se atrapalharam ao sair da minha boca, pela pouca claridade, pude ver que Miller estava... rindo da situação.

— Não faço a mínima ideia de onde estão os outros. E nós estamos numa casa da árvore num parque qualquer, foi o primeiro e único lugar que consegui encontrar com você no meu colo. — ele me explicou, e outra vez suas palavras eram frias.

— Nós... nós precisamos encontrá-los... Nós... — me calei quando os lábios de Miller tocaram os meus. Pode soar estupido para mim, mas eu sempre sonhei em ser calada dessa maneira... Meu corpo esquentou, e algo dentre de mim despertava diversas correntes elétricas. Levantei meus braços, passando-os pelos ombros fortes de Miller, mas o ato foi interrompido, desta vez, por ele.

Seus olhos azuis elétricos me encaravam de uma maneira diferente, como se com aquele olhar ele estivesse sugando algo de mim.

— Você está afim de mim, não é? — sua pergunta foi tão repentina que não consegui esconder minha surpresa. Mas... eu estava? Bom, nenhum cara me tratou da maneira que Miller me tratava. Quando ele me salvou há alguns dias atrás, quando ele vinha falar comigo sem motivo, ou quando ficava no mesmo cômodo que eu... Talvez... Talvez eu esteja mesmo afim dele... — Como você é patética. — ele sentou-se na minha frente. — Você ainda poderia nutrir seus sentimentos por mim se soubesse da verdade? — verdade...? Do que ele estava falando afinal...? — Você ainda gostaria de mim se soubesse que sou um assassino? — meus olhos de arregalaram, meu corpo todo travou, senti que nem meu sangue circulava pelas minhas veias.

— Assassino...? — repeti, completamente atônita.

— Há quase dois anos eu fui agredido por três caras num beco escuro, encontrei uma faca enferrujada no chão e matei um deles. — ele começou a me contar, e eu não conseguia reagir à nada, então fiquei quieta ouvindo tudo. — Claro que aquilo foi em auto defesa. Mas então os outros dois fugiram, e eu resolvi voltar para casa... E aquele maldito estava lá outra vez... bêbado. Aquela voz embargada, com aquela maldita garrafa, pronto para me bater outra vez. — a raiva era mais que perceptível em sua voz, e seus olhos ganharam uma coloração diferente. — Mas eu fui mais esperto, levantei aquela maldita faca e o acertei, bem no coração, depois na cabeça, braço, o desfigurei para que ninguém o reconhecesse... — engoli em seco. Meu estômago embrulhou, e eu tive que fazer muito esforço para não vomitar. — Mas eu acabei sendo preso depois disso. Mas você sabe qual é a "pior" parte? Eu gostei... Matar alguém foi prazeroso, eu tive algo para descontar minha raiva, e eu faço isso desde então... — ele se aproximava de mim, e eu encolhia meu corpo contra parede de madeira, ignorando as pontadas de dor que vinham de minhas pernas e braços. — este sou eu, Melody. O verdadeiro Miller. Eu podia te matar, agora mesmo, ninguém jamais poderia saber... — senti o cano de sua arma em minha barriga, comecei a hiperventilar de medo. — Ainda pode dizer que me ama depois disso tudo?

Eu não sei o que se passou em minha cabeça naquele momento, mas eu o puxei, beijando seus lábios com desejo. Comecei a abrir minha camiseta, revelando meu sutiã, retirei a saia num ato rápido, e em seguida comecei a tirar a roupa de Miller com sua ajuda. No resto daquela noite eu fiz uma promessa... Eu faria o possível para sobreviver. Nem que futuramente... Eu tenho que matá-lo.

~

August — POV

Fechei o capô do Buggy no mesmo momento em que a figura de Gael aparecia no meu campo de visão, carregando algumas mochilas e sua escopeta.

— E aí? — ele me perguntou alto.

— O buggy não tem sistema de injeção eletrônica, nenhum componente queimado, nem nada, é assim que ele funciona. Realmente, é um acontecimento celestial ele ter aparecido. — respondi, limpando minhas mãos num pano qualquer. — Chame o pessoal, vamos partir em cinco minutos.

— E quanto ao japonês? — senti uma raiva tomar conta de meu corpo quando Gael me perguntou dele.

Eu não confiava em Kenji Takagi ainda. Havia algo nele que me incomodava. Claro que o fato dele ter quase matado minha esposa ajudava muito. Como eu poderia confiar em alguém depois disso? Mas... Minha esposa era gentil demais. Com certeza que ela iria querer ajudá-lo.

— Ele vai com a gente. — mas na primeira oportunidade, eu o deixo para trás, pensei comigo mesmo.

Gael apenas balançou a cabeça numa afirmativa, jogando as mochilas dentro do buggy, voltando para a parte interna daquela casa.

Balancei minha cabeça, estralando meu pescoço. Não havia sido uma boa noite apesar de tudo. Estou nervoso demais. Tanto quanto a história de termos um japonês adolescente filho da mãe no "meu grupo", como o fato de estarmos no meio desde apocalipse. Eu sempre curti aventuras, não foi por menos que resolvi ingressar no exército, mas... Não nesse nível. Fugir de zumbis comedores de gente. Se fosse fizer um filme dos nossos últimos dias, o roteiro com certeza iria para o lixo.

— Pronto? — escutei a voz de Sarah. Levantei minha cabeça e a encontrei deixando algumas malas dentro do buggy. Sorri. Acenei com a cabeça e cheguei até ela, depositando um beijo leve em seus lábios.

— Pronto.

Lauren, Gael e... Takagi... Apareceram logo em seguida, subindo no buggy. Takagi ficou em pé, apoiando no cabo do carro. Detesto admitir, mas ele é útil para alguma coisa, por ele usar uma espada, podemos passar despercebidos por esses monstros, claro, o motor alto do buggy não ajudava nessa área. Mas pelo menos dava pra fugir mais rápido que eles.

Liguei o carro e comecei a seguir pelas ruas vazias da Bela Cintra. De acordo com Lauren, há exatamente duas quadras, passando a avenida, estaríamos no bairro Liberdade. Seria um pulo de lá para a delegacia.

— Tem alguns nos seguindo! — Lauren avisou. Desviei meu olhar do volante para os espelhos retrovisores, apenas confirmando que uns vinte, chutando alto, estavam atrás de nós.

— Vire a direita. — Takagi falou alto.

— É estreito demais! O carro não vai passar! — respondi no mesmo tom.

— Só vai! — eu tive que me segurar para não pegar minha arma e dar um tiro na cara de Kenji, mas eu tinha pouca munição, seria um desperdiço.

Segui as ordens do japonês, passando de raspão por uma rua estreita. Era possível ouvir o metal do carro encostando na parede da esquerda, e se continuar nesse ritmo, poderia causar algum defeito nas rodas.

— Vai com tudo! — ele voltou a gritar, e no mesmo instante pisei com força no acelerador e girei o voltante com toda minha fúria.

O carro deu um pulo, saindo do chão por alguns segundos, ouvi um grito agudo sair da garganta de Lauren e Sarah. E não pode negar que meu coração quase saiu da minha boca. Quando as rodas finalmente encontraram o chão, tive que usar toda a minha força para não cair do buggy. Dei um cavalo de pau, encontrando o meio de uma avenida.

Desliguei o carro, escutando o silêncio que imperava ali. Um silêncio tão... assustador.

— Para onde seguimos daqui? — a voz de Gael me fez voltar a órbita, ao mesmo em que virei meu rosto, para encontrar o de Lauren, ela era nossa guia.

— Reto. — foi sua resposta.

Voltei a ligar o carro, enquanto seguíamos reto pela extensa avenida. Minha respiração estava descompassada. Foi fácil chegar até aqui... Fácil até demais. "Quando a esmola é boa demais o santo desconfia", não é mesmo?


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