Conte até 3 - Diga Sim! escrita por Bea


Capítulo 2
O Pedido




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Não parecia. Definitivamente não. Mas já fazia cinco anos daquele dia de Ação de Graças em que eu saí para trabalhar no Cheesecake Factory e encontrei Leonard bêbado na escada e Sheldon o carregando, meio apavorado com o que tinha visto. Leonard tinha pedido sua namorada, Hayley Assov, em casamento de modo inesperado – até mesmo para ele.

São as consequências da bebida. Bebidas essas que fizeram Sheldon confessar, durante a festa de casamento de Leonard, que tinha sentimentos por mim. Confesso que por um tempo pensei que nosso relacionamento tinha iniciado tendo sempre alguma coisa para nos alterar emocionalmente ou psicologicamente. Mas então eu percebi que não. Nossas atitudes podem ter sido incentivadas por isso, mas o sentimento era verdadeiro.

E não posso mentir. Estar apaixonada por Sheldon Cooper é tão apavorando quando perceber que ele está apaixonado por mim também. Eu, Penny, até então apenas uma garçonete que aspirava a ser atriz, como fui conquistar esse gênio sem ao menos tentar? Descobri na convivência.

Quando viemos para Washington D.C. devido a uma proposta de trabalho que recebi como atriz, notei o quanto ele me amava e que já éramos conectados. Ele chegou na nossa nova casa e pôs a almofada do seu sofá onde ele ficaria quando a mudança chegasse. Sentou-se em cima e ergueu sua mão para mim. Eu não soube o que fazer, então apenas a segurei. Ele me puxou delicadamente para seu colo e me abraçou, afundando seu rosto entre meus cabelos. Senti ele respirar fundo. Fechei os olhos e o meu medo de viver em uma cidade nova, em um emprego novo e em um relacionamento novo diminuiu um pouquinho.

Durante a nossa jornada, é claro, teve suas grandes batalhas. Eu e Sheldon ainda éramos – e somos – diferentes. Mobiliar a casa foi uma das tarefas mais difíceis de toda minha vida. Sheldon queria me agradar, mas ele é terrivelmente horrível nessa tarefa. Chegamos ao consenso de que 75% da casa seria do gosto dele, pois sair de Pasadena não foi sua ideia. Mas a verdade não contada declara que 95% da casa é ele. Escolhi a cor do jogo inglês (que causou suspiros de tristeza a Sheldon durante um ano) e também... Não, é só isso mesmo. Os 5% se concentram nas minhas roupas e utensílios pessoais, os quais Sheldon organiza. Na verdade, nem tento parar ele.

E a vida continuou. Eu também não concordei com todos as loucuras de Sheldon e eventualmente até ele se cansou de algumas coisas. Acho que foi há um ano atrás que eu notei o que eu fiz na vida dele, quando ele começou a parar de fazer a barba. O pessoal da Universidade chegou a me ligar por causa disso, estranharam o comportamento dele. Eu também mudei. A série de TV que eu participo fez sucesso e eu fiquei conhecida. Não uma grande estrela de Hollywood (onde nem moramos, afinal), mas o suficiente para termos de ser discretos sobre o que fazemos com a nossa vida. Fomos vítimas de tablóide umas cinco vezes, duas das quais eu supostamente engravidei. Sheldon ficava visivelmente desconfortável, ligando para sua mãe sempre em seguida, tendo que explicar repetitivamente sobre a vida que levava e sobre o que as pessoas que aparecem na televisão passam. Mary sempre compreendia.

E por já termos uma vida estável e estabilizada que eu fui surpreendida por Sheldon neste dia de Ação de Graças. Cheguei em casa e ele estava sentado no seu lugar. Usava uma camisa branca com finas listras azuis verticais e calça jeans escura. Estava inquieto. Sentei ao seu lado e o observei seu rosto. Seu maxilar estava flexionado, podia notar apesar da barba espessa e perfeitamente cuidada.

— Penny. – Ele fala, mas quase lhe falta o ar.

— Está tudo bem? – Começo a me preocupar. Ponho minha mão sobre as duas mãos dele, que estavam unidas sobre seu colo. Notei que ele estava segundando algo. – Sheldon?

— Eu sei como nossa vida está boa e que sua carreira está ótima. E não quero mudar isso. – Ele faz uma pausa e eu começo a me preocupar um pouco – Mas acho que eu preciso fazer isso. Eu gostaria de te levar em um coreto todo iluminado com lâmpadas de natal. Se tivesse nevando, seria melhor ainda. Verias os flocos caírem no seu cabelo até chegarmos lá e eu poderia tirar. Você ia adorar e iria sorrir. Sua bochecha iria corar e seus olhos verdes iriam brilhar. Eu gostaria de lhe dar isso e muito mais. Isso porque estes últimos cinco anos foram uma montanha russa e nós estávamos no banco da frente. Apavorante, mas quando a volta termina, tudo que queremos era ir novamente.

Acredito que ele nunca andou de montanha russa, mas acho tudo aquilo tão fofo quanto tudo que ele falou antes. Apesar de suas mudanças, falar do seu emocional ainda não era seu forte.

— Eu não posso fazer isso porque o motivo pelo qual quero fazer isso é muito íntimo e qualquer coisa assim nos botaria nos holofotes. E esse é o meu único pedido para o meu pedido. Que seja discreto.

Então ele se ajoelha na minha frente, olha nos meus olhos e pega minha mão.

— Você quer se casar comigo?


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