Emergency Signal escrita por Ku Hye Sun


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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POV Jan Di

—Nos encontramos na loja, então._combinei com Ga Eul, o celular preso entre o ombro e o rosto, enquanto eu procurava uma roupa decente para usar.

Mal terminei de desligar o telefone e a porta do meu quarto se escancarou revelando minha mãe muito sorridente.

—Consegui falar com o seu pai, Jan Di! Ele ficou tão orgulhoso por você!_disse entusiasmada, o rosto brilhando em excitação.

Sorri em sua direção. Papai e mamãe, nesse meio tempo, haviam crescido drasticamente. Eu que devia dizer o quanto estava orgulhosa deles por, finalmente, agirem como os adultos da casa.

—Fico feliz de saber que ele está orgulhoso._admiti mais pra mim mesmo do que para mamãe.

—Seu pai...sabe, ele sempre achou que você tinha muitas chances de subir na vida.

Mamãe não precisava constatar em voz alta o que eu já sabia por mim mesma. Mesmo quando Jun Pyo era uma alternativa altamente esperada pela minha família, ainda assim papai sabia considerar minhas reais expectativas além de um casamento.

—Obrigada, mamãe._agradeci sinceramente. Eu sabia o quanto havia sido difícil para ela, assim como para o restante da família, ter de aceitar o fato que eu já não significava nada para Jun Pyo. Saber que agora minha graduação daria um jeito de consertar essa pequena rachadura era imensamente gratificante.

Mamãe assentiu e fechou a porta, parecendo constrangida com o agradecimento súbito.

Me virei para o espelho e contemplei a imagem que estampava o mesmo. Talvez tenha sido descuido de minha parte, ou talvez eu apenas não estava interessada em entender o tempo e a passagem dele, mas, agora olhando para meu reflexo, eu percebia o quão estranha eu parecia.

Já não se tratava da Jan Di de outrora, agora havia um muro de lamentações preenchendo essa imagem que um dia se preocupara em apenas sorrir. Eu sabia que era errado, mais do que errado, egoísta da minha parte até, culpar Gu Jun Pyo pela pessoa que eu havia me transformado, mas era inevitável na maioria das vezes.

Se hoje meu sorriso era algo raro, era porque eu não podia vê-lo. Se me coração doía a cada batida, era por saber que nunca mais encararia seus belos olhos repletos de amor, incomumente sutis, mas, ainda assim, suaves em seus pequenos gestos.

Uma lágrima solitária trilhou o rumo por minha bochecha, tão deslocada quanto eu me sentia nesse novo mundo sem Jun Pyo. O ar, antes tão comum, agora se agrupava em meus pulmões de maneira sufocante, fazendo-me questionar o sentido de continuar insistindo, embora eu soubesse que a felicidade, bela e incólume como conheci, nunca mais voltaria a se fazer presente.

—Jan Di, você está pronta?_a voz de mamãe atravessou as frestas da porta e pendeu por alguns segundos, sem resposta.

O reflexo piscou e tentou sorrir, mas era um sorriso vacilante, incapaz de chegar até os olhos. Um sorriso quebrado que parecia não conseguir achar maneira de se consertar.

A dor daquela realidade bateu forte, apenas relembrando como se tornara essa nova Jan Di. Essa Jan Di machucada e destruída por seus próprios sentimentos.

—--

POV Ji Hoo

—Está indo a algum lugar?_perguntou vovô, enquanto fingia revirar um velho jornal.

Sorri ao perceber que as páginas do exemplar estavam de ponta cabeça, um descuido que vovô, interessado em me espionar, havia deixado passar despercebido.

—Vou a loja ver Jan Di._confessei, enquanto colocava o casaco por cima do agasalho.

Vi um sorriso diminuto aparecer no canto da boca de vovô.

—Pelo menos agora você não disfarça mais. Isso é ótimo._comentou fingindo desinteresse.

Sorri, bobo comigo mesmo. Eu mal podia acreditar que Ji Hoo, a pessoa menos sociável do mundo, havia achado um motivo para agir de forma tão descuidada, expondo seus sentimentos de forma tão aberta.

—Você tem razão. Não posso negar._admiti, dando de ombros.

Vovô sorriu contente, enquanto eu me despedia dele com um rápido abraço.

—Cuide dela, meu menino._ouvi o pedido de vovô ecoar até mim antes que a porta se fechasse. Se era uma coisa que eu estava disposto a fazer era cuidar de Jan Di, só bastava saber se ela me concederia essa honra.

—--

Quando cheguei a loja de mingau fiquei surpreso por ver Ga Eul arrumada e pronta para sair. Ki Bang continuava com seu jaleco habitual, servindo um ou outro cliente que chegava.

—Jan Di está?_perguntei um pouco desconfiado.

—Ela ainda não chegou. Marcamos de nos encontrar aqui._explicou Ga Eul, me fazendo ficar confuso.

—Vocês...por acaso, vão há algum lugar?_falei gesticulando a forma que Ga Eul estava vestida.

Ki Bang, de dentro do balcão, bufou alto, atraindo minha atenção.

—Elas vão para a comemoração delas, dá pra acreditar que vão me deixar aqui sozinho?!_perguntou indignado, mais pelo fato de não poder participar da festa do que qualquer outro motivo.

—Espera...vocês vão levar essa história adiante mesmo?_perguntei inconformado, me lembrando, claramente, que havia um termo “show para mulheres” na frase da noite anterior.

Ga Eul assentiu freneticamente. Seu entusiasmo chegava a ser palpável.

—Jan Di me fez uma promessa, ela não é de quebrar elas._falou de forma simples, como alguém que já tinha o fato como consumado.

Balancei a cabeça em descrença crescente.

—Ga Eul...esse tipo de lugar...não é pra vocês. Por que não saem para comer alguma coisa?_persuadi, tentando encontrar uma saída para aquele sentimento chamuscante que era o ciúme.

—Nada disso. E eu e Jan Di já temos idade o suficiente para nos cuidarmos. Acredite, sunbae: Jan Di mudou muito, ela é a pessoa racional na nossa amizade agora. Não se preocupe._disse com um sorriso pouco confiável.

Eu estava pronto para argumentar contra quando a porta da loja tornou a se abrir e a figura de Jan Di adentrou pela mesma.

As palavras, antes tão claras, pareceram virar uma confusão na minha boca, enquanto apenas a imagem de Jan Di, vestida em Jeans, botas de cano longo e um suave blazer me faziam perder a consciência do momento.

Jan Di havia soltado os cabelos, que agora desciam abaixo de seus ombros, enquanto uma leve maquiagem dava-lhe o toque final de uma princesa.

Não era a mesma Jan Di. Não mesmo. Essa nova Jan Di era ainda mais linda, bela e muito adulta, de uma beleza exuberante, capaz de fazer todos os homens da Coréia virarem a cabeça à sua presença.

—Sunbae...eu não sabia que estaria aqui._falou surpresa, apesar de oferecer-me um sorriso pequeno, mas repleto de afetuosidade.

—Eu..._as palavras morreram. Era difícil completar uma frase decente diante daquela nova Jan Di.

—Ji Hoo veio aqui para vê-la, Jan Di._explicou Ki Bang, alheio de minha dificuldade.

O sorriso que Jan Di me lançou poderia ter me levado aos céus em questão de milésimos de segundos, se a verdade não tivesse chegado antes: Jan Di estava linda e indo para uma balada sozinha, sem qualquer protetor ao seu lado, propensa a se meter em alguma confusão ou, pior, atrair olhares indesejáveis.

—Quem disse que você poderia ir para esse tipo de comemoração?_perguntei vergonhosamente, jogando toda minha dignidade no lixo.

A expressão de Jan Di foi de pura surpresa, como se eu tivesse dito algo desconexo demais para fazer sentido.

—Sunbae..._as palavras saíram automaticamente, enquanto ela se empenhava em fazer de minhas palavras algo que fizesse sentido.

—Ji Hoo sunbae...eu e Jan Di já havíamos combinado!_interveio Ga Eul.

Olhei de uma para a outra, incapaz de pensar em um argumento inteligente. Elas eram adultas e donas do próprio nariz. Jan Di era livre para fazer o que desejasse, mas, ainda assim, eu queria ter um motivo forte o suficiente para arrancá-la daquela loja e leva-la em segurança para casa, longe de qualquer boate.

—Acho que deveríamos indo, Jan Di._comentou Ga Eul, olhando de soslaio para o relógio na parede.

Jan Di assentiu, enquanto Ga Eul ia esperar do lado de fora.

Os olhos de Jan Di, duas esferas negras brilhantes, se voltaram para mim.

—Eu preciso ir, Ji Hoo sunbae, mas nós marcamos de comemorar também, ok?_disse com doçura, como se todo o problema fosse eu ter perdido a viagem para vê-la.

Uma enxurrada de palavras vieram à minha mente, mas, antes que eu pudesse fomulá-las, Jan Di se aproximou de mim, seu cheiro doce impregnando todos os meus sentidos, enquanto seu rosto ficava a milímetros de distância. Senti meu coração acelerar desenfreado, enquanto o ar ficava preso de forma incomum em meu peito.

Os lábios de Jan Di repousaram na minha bochecha por apenas uns dois segundos, mas foi tempo o suficiente para me fazer sentir como se todo o chão houvesse se aberto sob meus pés.

Jan Di se afastou com um sorriso carinhoso, enquanto eu apenas observava, embasbacado, ela sair com Ga Eul, propensa a encontrar, na próxima esquina, alguém que a fizesse feliz.


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Notas finais do capítulo

Bjs ;)



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