Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 15
Back to Normality?




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Irene não tinha se recuperado inteiramente quando recebeu sua nova e última tarefa. Ela acordou com o barulho de notificação de mensagem, viu o John dormindo na poltrona e olhou o celular.

“Limpe a casa, pois terá visita.”

Ela deu um pulo do sofá e foi acordar o inspetor com seu jeito nada carinhoso. O pobre homem acordou assustado pensando que havia acontecido alguma explosão ou assalto ali por perto.

—O que está acontecendo?

—Você precisa ir embora.

— Por quê?

—Eu tenho um caso para solucionar, o cliente está a caminho. Agora, saia da minha casa.

—Eu posso ajudá-la no caso.

—Não preciso de sua ajuda, inspetor. – Ela vai perto da porta. – Chega de perder tempo, saia.

O inspetor John Smith levantou-se devagar, pegou seu casaco e deixou a 221B, porém não foi longe. Parou na esquina, precisava saber sobre esse caso que estava deixando Irene, principalmente, fisicamente debilitada. Não demorou muito até visualizar um carro preto parando, pensou que podia ser o Mycroft, no entanto se tratava de outro homem de terno. Ele não era muito alto e possuía cabelos curtos, John nunca o tinha visto antes, mas tinha a certeza que se tratava de alguém perigoso.

Enquanto isso, Irene havia tomado um banho e preparado um chá para a visita. Ela estava sentada confortavelmente em sua poltrona quando o Sr. Morse entrou no recinto, ele sentou na frente dela e tomou um gole do chá.

—Como tem passado Irene?

—Muito bem.

—Não foi o que ouvi. Soube que se machucou ao realizar a segunda tarefa.

—Nada grave. Acidentes de trabalho acontecem.

—Fico feliz em ouvir isso, pois sua última é algo muito importante. Na verdade, será um favor pessoal pra mim.

—A segunda não o foi também?

—Touché! – Ele sorri e coloca a xícara de volta na mesinha. – Acontece que a esposa de um dos meus aliados foi sequestrada.

—Por quem?

—Desde que assumi o mais alto cargo da Cúpula dos Nobres vem acontecendo alguns motins que tento conter da melhor forma. – Ele levanta e anda pela sala observando cada objeto de forma distraída. – Cada vez mais eles têm passado dos limites. Dessa vez, está custando a liberdade da família de um dos membros do conselho.

—Os sequestradores entraram em contato?

—Sim. Ele terá de deixar o conselho até meia-noite se quiser vê a mulher viva. Claro que isso não vai acontecer. Então, seu dever é encontra-los e puni-los.

—Certo, de onde ela foi levada?

—De casa. Aqui está o endereço. – Morse entrega um papel e olha para Irene. – Se conseguir realizar esta missão, nós nos encontraremos em algumas semanas para o rito de iniciação.

Irene apenas concorda com a cabeça; Morse deixa o apartamento e ela segue para o endereço que lhe foi dado. Ao vê-la saindo, John passa a segui-la e a tentar imaginar no que ela poderia estar metida. Ela vai até um apartamento, mas não fica muito tempo, lá dentro ela analisa a cena inteira, percebe que houve luta, eram três homens, dois carregavam a mulher que se debatia e o outro era quem dava as ordens. Irene encontrou um pedaço de tecido no chão, logo o pegou e foi até o laboratório da Diana. Apesar de não estar muito receptiva, ela atendeu ao pedido da irmã de analisar com certa rapidez. Após sua saída, John entra no laboratório.

—John! O que faz por aqui? – Perguntou Diana.

—O que sua irmã queria?

—Que eu verificasse um tecido. Por quê?

—Sua irmã está metida em algo sério, Diana.

—Ela sempre está metida em coisas sérias.

—É diferente dessa vez. Olha, eu a encontrei ontem toda machucada e drogada. Hoje um homem estranho foi até lá, parece ser muito poderoso e perigoso.

Diana fica preocupada, mas tinha prometido pra si mesma que não se meteria mais.

—John, a Irene sempre foi de usar drogas e se machucar, não é a primeira e não será a última. E, muitas vezes, aparecem homens com esse perfil procurando por ela.

—Diana...

—John, por favor, não traga os problemas da Irene pra mim, pois não são mais da minha conta.

—Desculpe, apenas pensei que precisasse saber.

—Bem, eu não preciso. Só diga pra ela parar de pegar as ampolas dos meus remédios toda vez que entra aqui. Tenho de voltar ao trabalho, com licença.

—Pelo menos, sabe pra onde ela foi?

—Com o que encontrei no tecido ela falou de um antigo depósito no sul de Londres.

—Acho que sei onde fica, obrigado.

Enquanto John corria em seu carro, Irene chegava ao tal depósito. O lugar estava tão destruído que não havia mais paredes, ela achou muito estranho até o momento que cinco homens a rodearam.

—Bom vê-la novamente, Srta. Holmes.

—Vocês fizeram muito bem o serviço, realmente me enganaram.

—Houve um sequestro de verdade, Srta. Holmes. Mas, não um para você investigar.

—Entendo. Se o Morse quer tanto me matar, poderia ter mandado outros cachorrinhos.

—Era para você ter morrido naquele apartamento.

Ela os observava com cuidado.

—Então, qual o motivo de continuar viva?

—O Sr. Morse tinha planos melhores pra você.

—E isso inclui vocês?! Ele é mesmo muito estúpido.

—Chega!

Eles partem pra cima dela que se defende e ataca com perfeição. Porém, ainda está machucada da segunda tarefa e isso começa a pesar.

John chega e vai devagar para uma parte mais elevada, para uma melhor visualização do local. Ele vê já três homens caídos e dois lutando com a Irene.

—Você pode não ter morrido com o agente Smith, mas irá morrer agora.

Um deles consegue derrubá-la e senta em cima dela tentando esganá-la. Quando está quase apagando dois tiros são lançados: um derruba o que estava com as mãos em seu pescoço e o outro mata o último segurança do Morse.

Irene está zonza e tossindo; John a pega e a tira dali. Momentos depois os dois estão em um pub perto da 221B. Era hora de uma conversa que Irene preferia ter conseguido evitar.

—Aqueles eram os homens que sequestraram meu irmão?

—Eram os capangas de quem realmente o sequestrou.

—Aquele que entrou no seu apartamento... ?

—Sim, ele é o mandante. Professor James Morse.

—Por que ele fez isso com o Bernard?

—John...

—Não venha com John pra cima de mim, Irene. Conte logo o que houve com o meu irmão.

Ela toma um longo gole de uísque.

—Pra contar sobre o Bernard preciso falar primeiro da minha família.

—Qual a ligação nisso tudo?

—Eu sou a ligação, John, seu irmão está morto por minha culpa.

—O que?!

—Você sabe sobre o Sherlock e minha mãe terem sido sequestrados, termos pensado que estavam mortos. Pois, há algum tempo, antes dele aparecer descobri que não era bem assim. Apesar de estar lá no cativeiro com ele, não conseguia lembrar-me do ocorrido. Apenas tinha pesadelos a respeito. Procurei o Bernard e fazendo a proposta de jantar com você, consegui fechar várias lacunas.

—Aquele jantar...

—Foi um acordo. Eu conseguia o jantar com você e ele me dizia tudo que eu quisesse saber sobre a “morte” do Sherlock.

—Você me usou!

—Sim. Depois ele decidiu me ajudar nas investigações. Juntos nós descobrimos que minha mãe estava viva e o nome de quem estava por trás de tudo isso.

—Morse?

—O próprio. Acontece que ele é filho bastardo de um antigo inimigo do Sherlock e o culpa pela morte do pai.

—Agora está se vingando da família inteira.

—Exatamente. Por chegarmos perto demais ele acabou pegando o Bernard. O Morse precisava pensar que sou muito menos que o Sherlock, apenas uma mosca que ele pode brincar antes de amassar.

—Por isso tinha de deixar o meu irmão morrer.

—Se eu fizesse algo, o plano inteiro iria por água abaixo e não apenas minha mãe e meu pai iriam morrer de verdade, mas toda a minha família. Bernard conscientemente se sacrificou por mim.

Dessa vez foi o John quem tomou um longo gole de uísque.

—Você o deixou morrer.

—Eu fui até lá na intensão de salvá-lo, mas a situação...

Ele bateu na mesa fazendo com que todos olhassem para os dois.

—Você deixou meu irmão morrer!

—Eu sinto muito. Eu realmente não queria isso.

—Sente muito. – Ele sorriu de forma nervosa e incrédula. –Você brinca com a vida das pessoas. Quem te deu o direito de trocar uma vida pela outra? Ele tinha uma esposa grávida e filhos pequenos que precisam deles.

—Você pensa que eu não sei disso? Bernard entrou já sabendo dos riscos. De inicio, nós subestimamos o Morse. Não sabíamos seu real poder. Foi aí que fizemos um plano elaborado no qual eu perco tudo, John, tudo! Tive de afastar meus pais recém-ressuscitados, tive de fazer a Diana me odiar. Nem mesmo o Mycroft confia em mim. Você acha que isso é fácil? Mas para acabar com o Morse é necessário.

—Quem decidiu que você precisava ser a heroína?

—Eu não sou uma heroína. Apenas quero salvar minha família, o resto pode morrer a vontade.

John a olhava com um misto de sentimentos, dava pra vê que isso era difícil pra ela, mas que estava disposta a ir até as últimas consequências.

—Não é bem assim, não é? Bernard não é da sua família e você tentou salvá-lo.

—É diferente.

—Por quê?

—Bernard era... – Ela engole em seco. – Ele era meu amigo.

—Entendi sobre afastar seus pais, afinal ninguém sabe sobre o Sherlock continuar vivo, porém não entendi o motivo de afastar a Diana.

—Se o Morse conseguiu pegar alguém como o Bernard, imagine como seria com a Diana. Por isso, o fiz sentir ódio por mim, assim passou a querer me ferir primeiro. Ter certeza que não ligo para a minha irmã o fará perder o interesse nela e isso me dará tempo de acabar com ele sem coloca-la em risco.

—Você é melhor do que aparenta, Irene Holmes. Eu vou te ajudar a destruí-lo.

—Não. Eu tenho de fazer sozinha.

—Você viu como foi hoje. Ele matou meu irmão. Eu vou te ajudar.

—Eu prometi pro Bernard que manteria você, a esposa e as crianças em segurança e vou cumprir.

—Você não vai conseguir me tirar disso. – Ele sorri e come um amendoim.

Ela revira os olhos, volta a beber e, também, sorri.


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