Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 12
Os corpos sem rosto




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Passaram semanas desde a viagem do Sherlock com a Lilian, ela mandava alguns cartões, ás vezes, sempre de lugares diferentes, pois nunca ficavam mais de três dias em um local. Com todo esse tempo de ócio, Irene obteve algumas obsessões. Por um tempo estava pesquisando sobre as músicas da Idade Média, depois aprofundou seu conhecimento sobre lã dos diferentes tipos de ovelha ao redor do mundo, agora ela está concentrada em manchas de tecidos feitos de seda.  

Diana andava preocupada com a irmã, pois durante todo o caso da Srta. Adler, Irene parou de beber, todo o comportamento destrutivo desapareceu. Porém, com essa falta de trabalho Diana temia que a bebedeira voltasse.

Apesar disso, não poderia deixar o laboratório para vigiar Irene, inclusive pelo fato de que não lhe daria ouvidos. Então, Diana se arrumou para ir trabalhar, antes de sair deu uma última olhada para a irmã que parecia concentrada.

Irene terminou sua pesquisa poucas horas depois, guardou tudo no seu palácio mental e agora estava sem nada pra ocupar sua cabeça. Começava a ficar impaciente, foi até a cozinha pegar um copo, voltou à sala e abriu a garrafa, nesse instante alguém bate na porta. Ela conhecia aquela batida: Inspetor Smith!

O inspetor parecia ansioso, logo falou de um corpo encontrado em uns trilhos.  Era uma mulher, estava sem roupa e com o rosto desfigurado. Ela se animou, pegou sua jaqueta e cachecol; foram para a cena do crime.

Todos olhavam para Irene, pois sabiam que ela havia salvado o país da mais famosa dominatrix já existente. Ela tentava não se importar com a situação; foi examinar o corpo, após um tempo o inspetor se aproximou.

—Alguma ideia?

—Havia dez quando chegamos, porém só tenho umas duas agora.

Ela começou a andar pelo de um lado para o outro com a lupa, olhando a terra, mas nada foi encontrado. Perguntou sobre câmeras, mas não havia nenhuma por perto; rastro algum fora encontrado.

—O que tem a me dizer? - Perguntou o inspetor.

—Nada.

—O que?

—As únicas pegadas aqui são dos peritos, nada de câmeras e não foi deixada nenhuma pista no corpo.

—Como jogaram esse corpo aqui?

—Usaram um daqueles carrinhos que dá pra andar nos trilhos. Esse corpo está fresco e não tem sangue aqui. Ela foi ataca em algum lugar e trazida pra cá, foi colocada com cuidado.

—Devemos buscas por compradores desse tipo de carrinho?

—Não vale a pena, podem ter comprado pela internet ou eles mesmos construíram. Concentre-se em descobrir quem ela é. Qualquer novidade me avise.

Irene sai andando.

—E o que você vai fazer? - Gritou o inspetor.

—Procurar um novo passatempo.

Com o findar de um longo dia de trabalho, Diana chega em casa e encontra irmã perto da janela, com o olhar perdido.

—Vejo que voltou aos seus velhos hábitos.

—Hmm?

—Você tinha parado de beber.

—Ah! Não poderia arriscar misturar álcool com seja lá o que tinha sido injetado em mim.

—E depois?

—Como?!

—Você continuou sem seu uísque por semanas.

—O álcool me anestesia de pessoas, não havia muitas para lidar.

—Surgiu algum trabalho?

—Não. Com licença.

Irene foi para o quarto. Diana não tinha certeza se a irmã tinha se irritado com a conversa ou estava escondendo algo.

Após duas semanas, Irene tinha conseguido outro passatempo, ela estava pesquisando sobre insetos venosos. Diana estava sentada na poltrona lendo um jornal e o inspetor toca a campainha; ela atende e o leva pra cima.

—Irene, temos outro corpo. – Disse o inspetor.

—Como assim outro? - Perguntou Diana.

—Onde? - Questionou Irene.

—No St. James’s Park. O rosto irreconhecível da mesma forma... Não acho que vá encontrar algo, mas disse que queria ser informada.

Ela logo pegou a jaqueta e o cachecol.

—Vamos, inspetor.

Antes de sair ele falou com Diana.

—Apareceu um corpo nos trilhos há duas semanas, Irene não te contou?

—Não.

—Bom, ela não achou nada mesmo. Melhor eu ir, até mais.

—Até.

Diana ficou pensativa, a irmã deliberadamente a excluiu de um caso.

“O que estaria passando pela cabeça da Irene?” pensou.

No St. James’s Park o corpo havia sido colocado em um dos bancos perto do lago, nenhuma pegada havia sido deixada. O caso começava a intrigar Irene. Se já tinha dois corpos, poderia aparecer mais um, porém como poderiam evitar? As duas vítimas não tinham nada em comum. Primeiro uma mulher e agora um homem por volta dos 35 anos, nenhuma marca de aliança ou qualquer outra que pudesse servir como pista.

Ela olhou tudo ao redor, analisou o corpo o máximo que conseguiu, no entanto nada foi encontrado. Aquilo parecia pessoal, como se zombassem dela; como se a desafiassem. Outro surgiria em breve e a única coisa que poderia fazer era esperar.

Diana foi passar a noite com seu amado e demonstrou toda sua inquietação a respeito das atuais atitudes da irmã. Os dois estavam na cama, abraçados, após um agitado momento de paixão.

—Acha mesmo que ela está te afastando? - Perguntou Sean.

—Tenho certeza. Ela evitou comentar sobre o cadáver encontrado, não me convidou quando foi vê o segundo e ainda tem a fala dela para a Srta. Adler.

—O que ela disse?

—“Obrigada por provar que o amor é uma perigosa desvantagem”.

—O que isso quer dizer?

—Que por nos amar ela se colocou em perigo e quase chegou ao limite físico e mental tentando nos proteger. Além do mais, meu pai não é nada romântico, nem chega perto disso, acredito que de alguma forma a Irene o convenceu a viajar com a mamãe. Ela os afastou e agora está me afastando.

—Tudo para não ser chantageada futuramente? Isso não faz muito sentido. Não se afugenta a família só para facilitar o trabalho.

—Não, mas se faz isso caso esteja trabalhando em algo muito perigoso.

Diana cortou o assunto após essa fala, decidiu dormir e conversar com a irmã quando chegasse em casa, o que ocorreu apenas na noite do dia seguinte. Irene estava saindo da cozinha para a sala tomando seu tradicional uísque, dessa vez, direto da garrafa.

—Cansou de copo? - Perguntou Diana.

—Copos é perda de tempo.

—Por que está fazendo isso?

—Fazendo o que?

—Me excluindo.

—Eu não sei do que está falando.

—Irene, você me disse que não surgiu trabalho algum.

—Está bem. Eu não quero você comigo. Nunca mais. – Irene falava olhando nos olhos da irmã, elas estavam próximas.

—Por que não? É por causa do caso da Srta. Adler?

—Eu não tenho mais paciência para ficar explicando cada detalhe de um caso para alguém que nunca irá compreender como cheguei a tal conclusão.

—Como você consegue ser tão idiota? Tão arrogante?

Chega uma mensagem no celular da Irene.

—Essa foi rápida. – Ela pega a jaqueta e o cachecol.

—Nós não terminamos ainda.

—Terminamos sim, porém se quiser falar mais alguma coisa mande mensagem para o meu celular. – Ela para na porta olhando pra Diana. -Até.

Irene sai deixando a irmã com raiva de suas palavras desdenhosas. Diana decidiu que não iria mais se importa, Irene que fizesse o que bem entendesse da própria vida.

Dessa vez o cadáver estava em um hotel. Nas mesmas condições dos outros e sem qualquer pista, até o momento que Irene viu que na boca da mulher morta havia um bilhete. Ela o pegou e abriu.

“O seu tempo está correndo,

Sua morte logo chegará,

Assim como a dos seus entes queridos,

Você pode esperar...

Eu já estou de volta

Para tédio você não mais sentir

O jogo está correndo novamente

Vamos brincar.”

Os olhos de Irene brilharam ao ler esse poema e um sorriso ela não conseguiu conter. O inspetor Smith ficou curioso.

—O que é isso? O que significa?

—É hora de começar o ato final. – Irene fechou o bilhete na mão e foi saindo.

—O que quer dizer? - Gritou o inspetor.

—Que ele está de volta!

—Quem está de volta?!

No entanto, essa pergunta não foi respondida, pois Irene Holmes já estava longe dali.


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