Os Segredos da Rua Baker escrita por Lany Rose


Capítulo 1
Fada Estrela




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Lestrade entra correndo na 221B da Rua Baker, lá ele encontra exatamente quem procurava. Duas das garotas mais espertas que já conhecera. Elas estão sentadas em suas poltronas. Diana está lendo um livro e Irene tomando um uísque enquanto mexe no celular.

—O que você quer Lestrade? - Pergunta Irene sem tirar o olho do aparelho.

—Houve um assassinato.

—Obviamente. –Disse Diana. –De quem?

—Alguém do governo. Alguém que possui um cargo muito alto no governo. Ele foi encontrado em seu quarto já morto. Nada de arma ou qualquer sinal de homicídio.

—E foi descartado suicídio por qual motivo? - Irene já começa a demonstrar interesse.

—Ele recebia ameaças... Muitas ameaças.

—Todos com grandes cargos recebem. – Diz Diana. – Talvez só não tenha aguentado a pressão. Diga logo o que lhe faz pensar o contrário.

—Houve outros dois assassinatos. Diferentes modos, porém todos morreram sete dias após receberem um bilhete com este símbolo.

—Deixe-me ver. – Irene o analisa. – Esse é o Elven ou fada estrela. Ele simboliza os sete dias da semana e os sete metais da alquimia. Oh isso é muito interessante!

—De fato é! – Diana sorri. – Mande amostra de todo material recolhido para o laboratório. Estou indo pra lá.

—Quero que me leve para a cena do crime. –Irene pega o casaco e já vai descendo as escadas. – Além, claro, de me mostrar às fotos das outras cenas. 

Ao saírem da casa Irene acena para um táxi.

—O que está fazendo?! Estou de carro. – Falou Lestrade.

—Não vou andar no carro da polícia. Pode ir, sigo você. Contudo, primeiro me entregue às fotos dos outros.

—Mas... Pensei que eu fosse levar você.

—As fotos, Lestrade.

Ele as pega dentro do carro e as entrega. Irene entra no táxi já abrindo a pasta, analisa as fotos durante todo o caminho. Ela chega ao apartamento minutos depois do inspetor. Enquanto isso Diana estava no laboratório já com todas as amostras encontradas. Andava de um lado para o outro, olhava no microscópio, testava algumas misturas e fazia várias anotações. Foi tirando todas as conclusões que conseguia e não via a hora de comparar com as deduções da irmã.

No apartamento Irene já entrou observando os detalhes de tudo ali. Entrou no quarto onde estava o corpo. O cadáver do tal homem do governo estava deitado de barriga pra cima, tinha um ar sereno. Parecia apenas ser uma pessoa gozando do melhor dos sonos. Ela pegou sua lente de aumento examinou todo o corpo, a cama e começou a mexer na maquiagem da esposa.

—Uma mulher!

—O que disse? - Perguntou um dos peritos.

Foi até o banheiro, observou cada detalhe dali. Então, voltou para onde estava o corpo e os peritos.

—Mandaram a seringa para Diana fazer analise? Apesar de ter certeza que não encontrará substância alguma.

—Por que faríamos isso?! Todos sabiam que ele tinha diabetes.

—Porque ali está a causa da morte.  – Ela abiu a gaveta do criado mudo, pegou uma luva de um bolso do casaco e um saquinho do outro e colocou a seringa dentro. – Mande para Diana.

—Não recebo ordens sua.

—Mas recebe minha. – Disse Lestrade. – Mande a seringa para o laboratório que mandamos as outras provas. -O tal perito fez uma cara bem feia, porém obedeceu. – Então, o que sabe até agora?

—Sei que aquela seringa é a arma do crime, a assassina...

—Assassina?!

—Óbvio. A assassina é uma mulher russa, mas os outros assassinatos foram feitos por pessoas diferentes.

—Espera... Por que acha que é uma mulher?

—O batom na taça.

—Pode ser da esposa dele.

—Lestrade, botava mais fé em você. Olhe a maquiagem da esposa, ela não possui nenhum batom dessa cor. Se pensa: ela pode ter deixado na bolsa! Bem,garanto a você que não. Além do mais veja o estado do banheiro.

—Qual o problema do banheiro?

—Olhe as fotos, roupas e organização da casa. Ela é uma mulher muito vaidosa e com um transtorno obsessivo por limpeza. Nunca viria em casa tomaria um banho junto com o marido deixando as toalhas nesse estado deplorável. Como pode vê estão simplesmente jogadas em um canto. Além do mais ao se arrumar jamais usaria o mesmo batom. Veja a quantidade de batons que ela tem e como os organiza. Ela adora mostrar suas cores novas.  

—Ok. Então, é uma mulher e não a esposa, mas como sabe que é Russa.

—A vodca!

—A vodca?!

—Sim. Ela tomou vodca enquanto ele tomou uísque. Mulheres inglesas não tem esse hábito de beber, principalmente vodca, assim tão cedo. Contudo se isso não o convence como posso vê pela sua cara. Tem, também, o fato do presunto.

—Que presunto?!

—Ora Lestrade! Sinta o cheiro. Todo esse cheiro de presunto no ar e aqui na gaiola do passarinho tem alguns restos de presunto. Isso é um costume Russo. Dar presunto para um pássaro. Agora se me der licença.

—Espera! O que vai ser encontrado naquela seringa? E como sabe que essa é arma do crime?

—Ele costuma aplicar a insulina na barriga e, por acaso, tem uma marca no pescoço, justamente na carótida. Embolia gasosa arterial, entretanto preciso da Diana pra provar de forma apropriada. Com sua licença vou até o laboratório falar com minha irmã.


Irene sai dali, vai direto para o laboratório encontrar Diana. Ao chegar a vê analisando a seringa usando a centrífuga, preparando soluções e passando pela cromatografia gasosa com espectrômetro de massa. 

—Encontrou alguma coisa na seringa?

—Apenas alguns resquícios de insulina.

—Exatamente como imaginei. E quanto aos outros assassinatos?!

—No falso assalto não encontrei nada. Total ausência de DNA. No enforcamento encontrei sinais de envenenamento por metais pesados.

—Já sabemos como morreram e que cada um foi por uma pessoa diferente. Só falta o motivo.

—Não foi a mesma pessoa?

—O tal político foi por uma Russa, o do “assalto” foi por um drogado e do falso suicídio foi por dois caras.

—Como sabe disso?

—Da Russa descobri por alguns detalhes na cena do crime como, por exemplo, o presunto dado para o pássaro. É um costume russo. Do “assalto” já desconfiava, porém tive certeza ao fazer uma pequena pesquisa junto aos meus ajudantes...

—Quer dizer seus mendigos.

—Prefiro chama-los de ajudantes.

—Como quiser. Continue.

—O do enforcamento se vê que era um cara meio pesado para ser erguido por apenas um, contudo ao olhar as fotos com minha lente de aumento percebi umas pegadas já quase apagadas pelas dos peritos. Eram inteiramente diferentes das outras. Logo, presumi serem dos assassinos. Quanto ao metal pesado encontrado no corpo, ele trabalhava com preparação de verniz, então o encheram de sulfeto de carbono que pode levar a alterações psiquiátricas como depressão. Fazendo todos pensarem ter sido essa a causa do enforcamento.  

—Intoxicação levando a depressão e ao suicídio. Eles são criativos. Entretanto, onde viu pegadas naquelas fotos?!

—Penduraram o homem em um porão. Estava cheio de pó ali.

—Ok. Se você diz. Bem, o importante agora é descobrirmos o motivo.

As duas continuaram conversando sobre o assunto por algumas horas. Irene fez algumas pesquisas mentais e Diana voltou-se para alguns trabalhos científicos que já estava engajada antes de tudo isso ocorrer. De repente Lestrade entra no laboratório dizendo não ser mais preciso investigar nada, pois o caso foi encerrado, todos eles. Diana ficou indignada com esse fato, não conseguia acreditar nessa decisão. Já Irene apenas disse não ter importância. O inspetor saiu dali.

—Tem pessoas grandes envolvidas nisso. Conseguiram encerrar três casos claros de assassinato. – Comentou Diana.

—Devem ter alegado falta de provas. Agora precisamos falar com o Mycroft.

—Com o Mycroft?

—Enquanto estava fazendo pesquisas na minha mente, lembrei-me de um fato.

—Qual?

—Lembra-se de quando tinha uns 15 anos e precisava de um livro pra sua pesquisa?! Eu estava esperando o Mycroft ir dormir para sair e ir resolver um dos meus primeiros casos. Como estava sem nada pra fazer fui te ajudar a procurar.

—Lembro.

—Lembra o que vimos em um dos livros?!

—Era o símbolo da fada estrela!

—Bom, você encontrou seu livro e foi embora. Já eu fiquei curiosa e continuei mexendo nas coisas dele. Descobri que o Mycroft faz parte de uma sociedade secreta chamada: Cúpula dos Nobres.

—Ele deve saber a razão desses assassinatos. Mas, Irene, ele nunca vai nos contar.

—Diretamente, claro que não. – Irene sorriu. - Vamos lá?!

—Vamos.

Elas partem para o clube Diógenes onde tem certeza que irão encontra-lo. Esperam-no na sala de visitas.

—Meninas! A que devo essa visita tão inesperada?!

—Alguns assassinatos feitos pela Cúpula dos Nobres. – Disse Diana. – Sabe algo a respeito, Mycroft?!

—Vocês não devem se meter nisso. –Ele estava com um ar muito sério.

—Fomos convidadas a nos meter.

—Vocês terão coisas mais importantes para se preocuparem muito em breve. Enquanto isso deviam se ocupar de outros assuntos. Como vão os pesadelos Irene?

—Você sabe como vão. Ou está enferrujado demais para vê?!

—Garanto que logo conseguirá dormir uma noite inteira. – Ele falou sorrindo.

—Do que ele está falando Irene?

—Aqueles meus pesadelos da adolescência tem voltado com mais frequência.

—Os com o nosso pai?

—Esses mesmo. O vejo sendo torturado e depois morto. O que quer dizer com “logo conseguirá dormir uma noite inteira”, tio?

—Bem, ainda não é hora de saberem disso. – Ele sorri. – Agora se me dão licença, estou muito ocupado.

 

Mycroft sai. Elas não irão conseguir mais nada dele. Diana volta para o laboratório, precisava terminar umas pesquisas e Irene volta para a Rua Baker, precisava meditar sobre as palavras do tio e sobre seus pesadelos. Agora tinha certeza: eram mais que simples sonhos, eram lembranças. Nem imaginava como as tinha, mas iria descobrir tudo a respeito de como as conseguiu e sobre quem torturou e matou Sherlock Holmes.


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