Humans escrita por Arya


Capítulo 8
VII - Gêmeas Park.


Notas iniciais do capítulo

E EU VOLTEI DOS MORTOS, MINHA GENTE!
E com um cap lindjo q é um pouquinho parado, mas tem muitas revelações e um final bem "WTF?". E já vou dizendo: Vou jogar uma bomba q era pra jogar dps, mas é pq eu nn sabia o q fazer nesse cap, então eu acabei juntando um tiquinho de ideia dali, outro acolá e ficou tudo certinho. Espero q gostem!

Ordem dos caps: Allen e Zakuro. E no final de todos, a Yuuki que eu comentei anteriormente (e q finalmente fez uma aparição rápida nesse cap).

E vai ser do Allen e da Hasuike, pq a trama deles é junta, digamos assim. O irônico é que nem da pra shippar eles dois, mas ok... #apanhahard Bem, boa leitura e desculpe qualquer erro de português, eu editei ele e decidi postar logo porque ia demorar mais se eu nn postasse.

XOXO



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“Você caiu na minha teia.” 
 Sandirah (Killer Instintic).

***

— Mas Yang… — disse Kim segurando a mão da rosada. — Ela me assusta. Eu a acho bonita e tenho um crush básico nela? Sim, mas ela me assusta. 

Elas estavam na frente da casa dos Morozov. Yang Mi e Kim, conhecidas mais como Gêmeas Park, estavam com seus pijamas prontas para entrarem na festa de pijama das garotas. No caso, a festa era para ser na casa da Yasmin, mas por conta da sua mãe ter negado de ultima hora fazer a festa lá na casa delas, acabou que a morena teve que recorrer a Irene por ser a que tem a maior casa das garotas.

Mas para ninguém estranhar, Irene não foi consultada já que todos sabiam que ela iria cruzar os braços e falar uma frase que fazia todos desistirem de ir a sua casa. Então a mesma apelou para Violetta, mãe dos Morozov, que aceitou de primeira dizendo que festas de pijama eram muito legais.

Yasmin até ficou feliz, pois achava que iria receber a cara de espanto da Morozov, entretanto ela somente disse “Ótimo, assim não preciso gastar energia para ir à casa de ninguém”. Para as gêmeas, ela era alguém sem pontos fracos.

E bem… Para Kim, Irene era a Hisako, uma personagem comedora de almas de um jogo, em forma humana. Ela acha que a qualquer momento a russa irá comer a sua alma.

Yang, a gêmea de cabelos rosados, olhou Kim e sorriu.

— Ela não faz mal a ninguém, por favor.

— Quem? Irene? — perguntou uma voz masculina vinda de trás delas. As duas pularam e olharam para trás, vendo um homem bonito e alto com sacolas de supermercado e uma mochila, mas parecia muito velho para estar em uma faculdade, então provavelmente estaria voltando do trabalho. — Oh, desculpe-me. Sou Ygor Morozov, o pai da Irene. Cheguei mais cedo do trabalho porque adiantei todos os meus casos e ontem eu fiquei de plantão.

Ele foi andando para a porta e pediu para Kim segurar as sacolas por um instante, assim pegando as chaves do bolso e abrindo a porta. As sacolas estavam levemente pesadas, mas a mesma não comentou nada e o ajudou a entrar com elas, correndo para a cozinha. Assim que entrou na mesma, deu de cara com uma mulher de cabelos azuis lendo alguma coisa enquanto bebia café e Morgana, que bebia água junto a uma ruiva de olhos verdes, chamada Hasuike An.

Assim que a Sivan as viram, ela deu um pulo e engoliu toda a água que tinha no copo e foi ajudar com as sacolas. Será que estava tão na cara que as sacolas estavam pesadas? Ela não sabia, mas depois que Morgie foi a ajudar com as sacolas, ninguém comentou mais nada sobre isso.

— Atrasadas. — disse Hasuike sorridente. — Elas estão no quarto trocando de roupa. A amiga que a Mayumi trouxe não queria se trocar na minha frente, então eu saí antes que começasse uma briga.

Kim ficou meio confusa com aquilo, mas assim que Yang soltou um “Não creio nisso”, a garota entendeu levemente o motivo. Engoliu a vontade de subir as escadas e socar a tal amiga de Mayumi que já poderia imaginar quem era.

Haruka Sayori.

— Pois é… — disse a mulher azulada colocando os pés em cima da mesa e erguendo a cabeça para beijar o marido, que se inclinou para beijá-la. Mas logo ela olhou Hasuike. — Oi? Calma… Ela fez isso mesmo?

— Não se preocupe. — disse Hasuike. — Me acostumei com isso desde que me assumi.

— Mas é errado. E além do mais, porque só você? E a Lorelai? — disse Violetta se levantando, mas a ruiva a segurou. — O que foi?

— Não vamos estragar a única festa de pijama que Irene provavelmente vai ter em casa. — disse a ruiva. — Ela não sabe da Lorelai, não é tão íntima dela para saber disso.

— No caso eu só sei disso porque ela beijou a Irene. — disse Ygor. — A minha filha nunca ficou tão confusa quanto aquele dia que a Lorelai disse que aparentava sentir atração por ela.

— Quem não sente? — perguntou Hasuike em alto e Violetta a olhou. — Se a Irene fosse bissexual ou lésbica, eu ia adorar.

— Eu não. — disse um garoto alto e bem parecido com Ygor, mas com uma aparência mais jovem que o “Tio Morozov”, entrando na cozinha e pegando uma xícara de café, assim se servindo. Podia sentir que ele estava brincando. — Daqui a pouco eu sou o único Morozov que é heterossexual.

— Dimitri existe.

— Se a Irene “virar” bissexual, então Dimitri já é gay. — disse Ivan brincando e Violetta caindo na risada. — Se lembra de quando entrou um rato aqui em casa? Ele foi o primeiro a subir na mesa. — disse a mãe, que segurou o riso.

— Ele tem fobia a ratos, deixa o coitado. — disse Hasuike.

Assim que Dimitri entrou na cozinha, as garotas saíram correndo juntas para o andar de cima e se enfiaram no quarto de Irene.

***

— Faz três dias que você não vai à escola. Jake está até de mau humor. — disse Yasmin a Kat, que fazia trança no cabelo de Claudine. — Não basta morar com você, tem que ter a sua companhia nas chatas aulas de geografia.

— Mau humor? Isso some e vira fogo quando o Pavel aparece e cumprimenta primeiro o Nikolai. — disse Morgana. — Nunca vi alguém jogar tão forte a bola na cara de alguém como Jake joga na cara do Niko, e vice-versa.

— Pavel tem mais pretendente que eu. — disse Kim. — Tem gente até brigando por ele.

— Sério? Que idiotas. — disse Yang Mi sentada em uma cadeira de computador com rodinhas e que gira, com os pés em cima da mesma. — Pavel não é nenhum prêmio.

— Claro que eles não estão brigando por ele. — disse Kat terminando a trança no cabelo de Claudine e chamando a Mayumi para fazer na mesma. — Jake não é babaca, não iria lutar para ficar com alguém.

— E ambos sabem muito bem que o Pav vale mais que qualquer prêmio… Assim espero, no caso. Se não vou cogitar a ideia do Pavel voltar com a Midori. — disse Irene sentada em sua cama e com Hasuike deitada em seu colo, comendo pepinos que Zakuro tinha trago para usar na máscara do rosto.

— Se importando com alguém. Que lindo da sua parte. — disse Zakuro. — E raro…

— Não é que eu esteja me importando, afinal você ganha o amor que acha que merece. — disse a mesma. — Eu estou dizendo isso porque as pessoas não são objetos.

As meninas olharam Irene e Kim fez a mesma coisa. A mesma conseguia falar coisas impressionantes em questões de segundos e elas saiam tão naturalmente de sua boca que parecia que seu cérebro estava a mil por hora. De tanto a olhar naquele momento, a coreana teve que admirar a beleza da mesma.

“Vai acabar gostando dela se continuar encarando, você sabe disso.” Disse sua consciência. Não era a primeira vez que se pegava encarando Irene daquele jeito, e a beleza da mesma acabou conquistando, e depois ela fez algo que a fez se sentir maus atraída por ela.

Não que ela gostasse da Irene mesmo. Como dito em outras palavras, é mais uma atração física.

Foi então que Irene a encarou com aqueles olhos vermelhos que pareciam penetrar em sua alma e Kim encolheu-se, sentindo um enorme arrepio na espinha.

— Por favor, daqui a pouco vou morrer desidratada de tanto você ficar me secando. — disse a mesma olhando Kim, que desviou o olhar.

— Quantas pessoas que jogam para os dois lados. — disse Sayori. — As Gêmeas são bissexuais, certo?

As duas se encararam e afirmaram.

— Bem, eu honestamente acho que bissexualidade não existe. Ou é desculpa para gays, ou para heterossexuais entrarem na “modinha” ou é apenas uma fase. — disse a mesma.

— Para de defecar pela a boca. — disse uma garota morena que saia do banheiro depois de tomar banho. — Sério, para. Daqui a pouco a sua bunda vai estar com inveja da sua boca de tanta bosta que sai dela.

— Yuuki sempre aparecendo nas melhores horas. — disse Morgana sorrindo e a chamando para secar o cabelo da mesma.

Yuuki Kazeumaru, ou apenas Yuuki, é a prima de Ichirota Kazemaru, ou apenas Kazemaru ou Kaze. Ela é um amor de pessoa, todos gostam dela mesmo que a mesma não é de falar com todos. Nunca foi presa a toa, digamos assim. Além disso, a mesma namora o garoto considerado mais “impossível” do mundo de namorar: Victor Salazar.

Kim não sabe muito sobre Victor além do óbvio: É irmão da Lorelai e namorado da Yuuki. Mas segundo o que todos dizem, o menino parece um tanto com Irene em questão de demonstrar sentimentos. Você tem que ter uma bola de cristal para ver se eles estão bem ou não.

Sayori olhou a garota e sorriu, mas logo se calou. Ah! Sayori gostava de Victor desde o primeiro ano da mesma no ensino médio.

— Bem, vamos falar de algo que não crie brigas… — disse Yuuki deixando Morgana secar seu cabelo com a toalha e o pentear. — Vamos falar de garotos.

E obviamente a Yuuki não faz a menor ideia de que Sayori gosta de Victor. E se soubesse… Kim nem queria imaginar. As duas já não se dão bem naturalmente, imagina quando a morena descobrir dos sentimentos de Sayori?

— E de garotas, no meu caso. — disse Hasuike.

— Começa pela a Irene! Estou curiosa para saber o que ela iria falar… — disse Yuuki. — Tem algum garoto que você ache atraente? Como… Kirino?

— Kirino parece a Yuno de Mirai Nikki. Acho que é o único homem que a Hasuike iria ter atração. — disse Irene e Kim acabou tendo que concordar vendo sua gêmea segurar o riso. — Não acho ninguém atraente ou gosto de alguém. No caso, eu amo a mim mesma, serve?

As meninas riram do amor de Irei por ela mesma. Kim encarou Irene por mais um tempo sem que ela percebesse, depois voltando a olhar a irmã que fez sinal com a cabeça de negação.

— E você, Zakuro?

Zakuro estava meio desesperada enquanto mexia no cabelo de Lorelai, então ela logo levantou de leve o cabelo da mesma, mostrando um enorme nó que ela tinha feito enquanto tentava fazer uma trança. Yuuki segurou o riso assim como todas.

— Não tenho ninguém em mente. — disse a de cabelos roxos sorrindo nervosa. — Mas a Kim parece avoada.

Assim que ela disse isso, todas as garotas naquele enorme quarto de Irene a olharam, principalmente a sua irmã. Ela, ao contrário das outras, estava com uma vontade enorme de rir da cara da mesma.

Kim disfarçou levemente e sorriu, passando a mão na cabeça.

— Estava pensando se vocês querem jogar algo… — disse a mesma, sorrindo. — Eu acho que trouxe uno.

***

“É melhor mudar do que perder um amigo.”

***

Yang Mi olhou Kim e aproveitou para ir falar com a mesma, baixinho.

— Sério? Irene? É como estar gostando do diabo. — disse Yang Mi. — Você gosta de sofrer, não?

— Não posso escolher quem eu me sinto atraída fisicamente. — disse Kim. — Ela me assusta, mas ela é bonita. Nada demais, juro.

A de cabelo rosa olhou um pouco para ela e confirmou, se levantando. Apenas não quer a mesma se machucando por gostar de pessoa errada. “E antes fosse somente alguém errado”, pensou Yang Mi. A gêmea de cabelos castanhos respirou fundo e fez cara de derrotada, olhando as outras e dizendo:

— Eu acho que esqueci na cama da minha casa. — as garotas a olharam desapontadas. — Queria ver quem são as minhas amigas de verdade.

— Não existe amizade verdadeira ou amor verdadeiro em Uno. — disse Zakuro sorrindo. Aquilo era a maior verdade do universo.  

Yang riu de leve e voltou a se sentar na cadeira que estava anteriormente, fazendo impulso com o pé para girar. Logo a porta do quarto abriu, fazendo todas as garotas olharem para o mesmo lugar ao mesmo tempo. Viram um Dimitri com uma toalha jogada os cabelos loiros, sem camisa e uma calça moletom preta. Ele olhou todas e piscou os olhos, depois olhando para fora e assim para Irene.

— Esqueci que trocamos de quarto. — disse Dimi com as mãos na toalha e secando o cabelo. Yang olhou Yasmin olhando o loiro e cutucou a irmã, que não perdeu tempo para fazer uma piada cômica.

— Cuidado com o canibalismo, Dimi! — disse Kim olhando para Yasmin.

— É que a cicatriz dele é maior do que eu pensava. — disse Yasmin olhando a mesma, que fingiu que acreditou que era somente isso. Dimitri olhou a irmã, ignorando as duas, e falou:

— Pavel acabou de ir ao encontro. — disse o loiro à albina, que deu de ombros. — Ele mandou pedir desculpas novamente, já que ele disse que iria com você.

Em nenhum momento Irene encarou o loiro, ela apenas assentiu com a cabeça e o Morozov respirou fundo.

— Você ficou chateada, não? — Dimitri perguntou e Irene negou.

— Porque ficaria? Só porque ele não vai assistir comigo?  — perguntou a mesma. — Tenho mais coisa para ficar chateada com alguém do que um simples filme. Como, sei lá… O cabelo ressecado da Hasuike na minha coxa. — disse levantando um fio de cabelo da ruiva.

O loiro revirou os olhos e saiu do quarto. Assim que saiu, Yuuki decidiu não aprofundar no assunto e puxou logo outro para o assunto final ficar bem longe do foco.

— Gente… Desde quando o Dimitri é bonito? — disse a mesma e Morgana puxou o cabelo dela. — Ai!

— Victor Hugo Salazar, ok? Victor Hugo Salazar. — falou a mesma, fazendo Lorelai rir enquanto Zakuro desembaraçava o cabelo dela com a ajuda de Claudine.

— Ele sempre foi bonito. — disse Lorelai.

— Ano passado ele parecia um torresmo. — disse Sayori. — Queimado e todo feio.

— Não, ele sempre foi bonito. — disse Lori. — Só que ano passado ele era assustador ao ver de cada, mas agora que os conhece melhor… Vocês acabaram gostando tanto dele que Dimitri se tornou bonito.

— Para mim ele continua um torresmo queimado. — disse Irene seriamente mandando Hasuike se deitar no colo de outra e se levantando, indo na direção do armário e pegando uma caixa, abrindo-a e, após pegar de modo que ninguém pudesse ver o que era, guardou e fechou. Yang Mi não falou nada, mas Kat, que deve ter pegado a curiosidade do melhor amigo por osmose, ficou com os olhos brilhando.

— O que é isso? — perguntou Kat e Irene não respondeu, colocando algo na boca e saindo andando do quarto, fechando a porta atrás de si. — “Não é da sua conta”, ela deve ter dito em pensamentos. Bem, se ela não quer dizer... Deve ser algo importante.

— E que não é da nossa conta. — disse Hasuike fazendo bico, não se importando tanto com aquilo. A ruiva era muito curiosa, então ela teria insistido mais que a Katherine... Ao menos que fosse algo que ela já soubesse.

Foi então que a mesma viu Zakuro, depois de conseguir desenrolar o cabelo de Lori, se levantando e correndo até o armário da mesma e o abrindo. A garota mexeu em algumas coisas, brincou rapidamente com a boneca russa que a mesma tinha em umas prateleiras do armário. Quase que ela as deixou cair, mas por sorte Yasmin segurou antes do impacto no chão e colocou dentro do armário novamente.

— Zakuro... — Hasuike arregalou os olhos ao notar o que a de cabelo roxo estava fazendo. — Não faça isso.

— Calma, não deve ser algo tão ruim assim! — disse Zakuro.

— Mas isso é invasão de... — Hasuike não conseguiu terminar, já que a de cabelos roxos já tinha pegado algo suspeito de dentro do armário.

Os olhos verdes da ruiva triplicaram de tamanho e ela levantou na hora indo até Zakuro. Mas a de cabelos roxos era mais alta, então colocou o braço para cima e começou a evitar Hasuike com o outro, tentando ler o que era. O que ela tinha achado era uma caixinha laranja cumprida e com vários comprimidos dentro.

— Irene Moro... — ela arregalou os olhos ao ver o que tinha abaixo do nome. — O que? Ela toma hormônios femininos?

Yang Mi, assim como todas que estavam no quarto da mesma, arregalaram os olhos de susto. Hasuike ficou vermelha de raiva, parecendo até que o cabelo do Nagumo tinha crescido em seu rosto de tão vermelho que estava.

— QUAL É O SEU PROBLEMA? O CABELO ROXO AFETOU SUA CABEÇA? — gritou Hasuike a Zakuro, que ficou parada com o grito da mesma enquanto Yasmin deu um pulo. A essa altura, todas se levantaram e Yang Mi, com a ajuda de Kim, foi segurar Hasuike apenas para não ocorrer o risco de morte ali. Hasuike não era de gritar com ninguém. — Quer chamar atenção, por acaso? Então fica pelada e sai na rua, mas não se mete onde não é chamada.  

— Que gritaria é essa aqui? — disse Violetta abrindo a porta ao lado de Ygor, Irene e Dimitri com uma tigela cheia de biscoitos que a mesma tinha feito para todas.

Assim que o olhar de Ygor bateu nas mãos de Zakuro, não demorou muito para os outros também olharem e mostrarem diversas reações. Mas a que mais marcou naquele momento foi a da Irene: Nenhuma reação.

Irene foi até Zakuro e retirou a caixa das mãos da mesma, olhando e colocando no bolso do casaco que estava usando e que aparentava ser de um de seus irmãos. Ela olhou Hasuike, pedindo para ela se acalmar e poupar a voz.

— Eu mandei você mexer nas minhas coisas? — perguntou Irene. Um silêncio tomou conta do local e Zakuro negou. — Então porque você mexeu? — Zakuro ia abrir a boca para falar, mas a mesma levantou a mão. — Poupe os meus ouvidos de ouvir baboseiras tentando explicar o que aconteceu. Pensando melhor, eu não quero saber o motivo.

Irene foi até o armário, colocou os comprimidos lá dentro e fechou. Ela olhou Kim.

— Vai lá pegar os biscoitos da mão da minha mãe e fecha a porta na cara deles. — disse a mesma, que viu a morena ficar parada raciocinando. — Ou deixa Dimitri ficar com mais raiva ainda e espancar a Zakuro, sabendo que nenhuns dos Morozov irão ajudar a de cabelo roxo e vocês não tem forças nem para derrubar o anão do Shinsuke, imagine a Madonna queimada.

Kim percebeu o que estava acontecendo e fez o ato, fechando a porta. Nenhum dos Morozov falaram algo, mas o olhar de Dimitri fazia qualquer um se sentir a pessoa mais odiada do mundo. Yang Mi viu a irmã correndo para o seu lado.

Irene se sentou na cama ao lado de Hasuike.

— Pela a primeira vez na vida eu não tranquei meu armário. De algum modo, achei que vocês iam mexer nas minhas coisas sem a minha autorização... Mas parece que eu me enganei. — ela falou olhando todas com o olhar de sempre, cruzando os braços e fechando os olhos. — Façam perguntas, vamos.

— Você é trans? — perguntou Kat por impulso, fazendo todas darem um soco em sua cabeça.

— Não. — disse Irene olhando Katherine e revirando os olhos. — Mente fértil. Pode escrever fanfics.

— Porque você toma hormônios femininos? Você quer um corpo mais definido ou algo do tipo? — Yang Mi perguntou.

— Não. — disse Irene começando a passar a mão na sobrancelha. — É complicado de explicar.

— Descomplica. — disse Claudine. — Acredite, eu também estou em uma situação complicada e bem... Eu não sei por onde devo começar para contar para as pessoas.

Irene olhou Claudine.

— Eu sou intersexual. — disse a mesma rapidamente.

Então era... O que?

Yang Mi se assustou com o que a mesma disse, ficando sem reação e com uma grande cara de espanto. Kim olhou para a mesma, mandando-a disfarçar um pouquinho para não correr o risco da Irene a socar com palavras.

— Então... — Yasmin começou. —Pode explicar, por favor?

Irene engoliu em seco e ajeitou a sua postura.

— Aos meus doze anos, eu fui diagnosticada com Síndrome de Insensibilidade a Andrógenos Completa, ou melhor, CAIS. Em outras palavras, isso significa que eu tenho cromossomos masculinos, mas me desenvolvi como do sexo feminino no útero da minha mãe. — ela começou. — Eu tenho que tomar pílulas de estrogênio porque meu corpo é incapaz de produzir e eu também não posso ter filhos, não menstruo ou fico na TPM. E sim, sou desse jeito naturalmente e vocês podem começar a rezar para  agradecer a Deus, Jesus, Buda, Odin, Zeus e o resto por isso.

Yang Mi viu Kim ganhando mais um motivo para ter medo da albina, o que fez a mesma segurar o riso imaginando o pânico na cabeça da mesma ao imaginar a albina na TPM.  Entretanto, Kim parecia ocupada demais com a revelação para pensar nisso.

— Então você é... — Kim parou parecendo em pânico, não sabendo o que falar após isso.

— Sou o que? Intersexual? Bem, eu acabei de dizer isso. — disse Irene.

— É uma surpresa você ser... Isso. — comentou Kim e Yang Mi viu Irene amarrar os cabelos e a olhar seriamente.

— Intersexual, Park Kim. — disse Irene. — Pode falar essa palavra, ok? Não é um palavrão ou o nome verdadeiro do Voldemort. E bem, agora que descobriram, estão satisfeitas?

Após a mesma dizer aquilo, o local se tornou bem tenso. Todas comeram biscoitos e mudaram completamente de assunto, mesmo que Sayori ficou um tanto tensa com a revelação e tratava Irene um pouco diferente do que o costume, mas nada anormal.

Yang saiu três vezes do quarto, e ela esbarrou todas as vezes com Dimitri que apenas perguntou se a Irene tinha comentado e também disse o quão idiota Zakuro foi de se intrometer naquilo, mesmo que ela não sabia que era aquilo.

A noite foi longa, muito longa. Mas pelo menos todas sobreviveram.

***

Quatro dias se passaram desde a festa no pijama. Kim estava sentada ao lado de Morgana na frente da escola com mais cinco garotas além das duas: Yuki, Yang Mi, Zakuro, Mayumi e Claudine. Era uma forma de protestar sobre o ocorrido com Katherine.

Desde aquele dia na casa da albina, Irene não se abria. Na realidade, a albina nunca foi de ser um livro aberto, mas Kim pode perceber que ela estava se fechando mais e mais. A morena tentou dar um jeito de chegar mais perto da mesma, mas...

“Não quero.”

“Não é da sua conta. Se fosse, eu teria contado.”

“Eu estou ocupada agora, depois se falamos.”

Se ela estava assim com Kim, imagina com Zakuro? Irene mal olhava na cara dela e só falava com a mesma quando era necessário.  Pela a primeira vez na vida, elas estavam sentindo na alma o que é aguentar a decepção da Irene, no qual aparentava ter um pouco de confiança no grupo de “pessoas que ela pode considerar amigos”.

Aquela noite também não foi a melhor para Pavel. É incrível como os Morozov tem um dia ruim tudo ao mesmo tempo.  Quando ela e a sua irmã tinham chegado, Pav tinha saído fazia alguns minutos para ir se encontrar com Jake, ou pelo menos aquela era a intenção. Afinal, ninguém sai de casa para ficar por quase duas horas na frente do cinema e até mesmo ter pegar um pouco de chuva.

Sim, Jake não foi ao encontro. A avó de Kat pegou a chave dele, pois tinha perdido a sua, e saiu com o seu marido para ir ao cinema. E adivinha? Ela achou que ele tinha chave reserva, então não se importou de trancar a porta de casa. Além disso, Jake acabou com o celular descarregado e perdeu o horário. Nisso, ele fez Pavel esperar uma hora inteira. E Jake não conseguia o ligar, pois ninguém atendia para avisá-lo e o celular do garoto dava como sem área.

Enquanto Pav estava o esperando por mais meia hora e com o celular sem área, Jake já tinha acabado de se arrumar quando viu a porta fechada. E até notar que estava trancado dentro de casa, pular a janela e tentar chegar correndo o mais rápido possível, já tinha se passado duas horas e quando o mesmo finalmente apareceu no cinema, o garoto não estava mais lá.

Jake teve que se virar nos trinta para passar por quatro irmãos corujas e mais dois pais ursos para conseguir falar com ele, mas no final Pav aceitou de primeira a sua desculpa sem ao menos escutar a sua história, já que acreditava que ele tinha um grande motivo por não ter ido. Às vezes, Kim se surpreendia com Pavel e sua inocência em acreditar no lado bom dos outros. Até porque, se ela tivesse no lugar dele, a mesma ia socar Jake até ele dizer chega.

Logo uma voz a fez sair de seus devaneios. Ela olhou para cima, vendo Nikolai e um garoto que, se ela não se engana, é Atsuya Fubuki.

— O que vocês estão fazendo? — perguntou o de olhos azuis a mesma.

— Protesto. Katherine foi injustiçada. Você deveria sentar aqui também, já que sabe o que aconteceu realmente. — disse Morgana e Nikolai olhou Atsuya, se sentando ao lado de Kim e colocando a mochila em seu colo. Atsuya fez o mesmo após escutar o que Nikolai resumidamente falou sobre a história.

Logo eles viram a moto de Dimitri parando no estacionamento e de lá Irene descendo junto com ele. O garoto pegou alguns cartazes dentro da sua mochila e logo jogou para Morgana, que pegou e começou a distribuir. Kim abriu um deles, vendo que se tratava do protesto e que isso era meio óbvio.

Kim se levantou e viu Irene andando até eles, entregando um cartaz a Atsuya e entrando na escola. Aquele ato fez a Park sentir uma leve vontade de socar a cara da albina. Ela tinha dito que ia estar no protesto, mas agora decidiu que não?

— EI, COBRA ALBINA! — gritou Morgana sem pensar, fazendo Kim se assustar. Como alguém tão pequeno pode gritar tão alto? — Você não vem?

Irene olhou a mesma, negando e voltou a andar. Kim viu Kirino pegar um cartaz e depois olhar a albina, confuso com tudo aquilo.

— SABEMOS QUE VOCÊ ESTÁ DESAPONTADA COM ELA E COM TODAS NÓS, MAS SÓ PORQUE DESCOBRIMOS QUE VOCÊ É INTERSEXUAL NÃO SIGNIFICA QUE ELA NÃO FOI INJUSTIÇADA! — disse Kim, mas logo a mesma tampou a boca ao ver que as pessoas ao redor tinham escutado.

A cara de Kirino se tornou branca, como se dissesse que a mesma tinha feito algo errado. Ele não parecia surpreso com o que ela havia dito disse, assim fazendo a mesma chegar à conclusão de que ele também sabia. Kim olhou ao redor e viu todos cochichando sobre aquilo, além de Irene se virar para olhar a morena.

“Intersexual, o que é isso? Procura no Google!”

“Então quer dizer que ela era para ser um homem?”

“Que anomalia! Mas continua bela.”

— Meu Deus... Irene, eu sinto muito. — disse Kim andando até ela.

— Pelo o que? Por falar alto que eu sou intersexual? — perguntou a mesma. — Eu realmente não me importo com isso. Se eles sabem ou não, é indiferente, não me importo com o que dizem. Eu apenas não falo nada sobre isso porque, honestamente, o que eu tenho entre as pernas, se é xx ou xy, ou se eu fabrico ou não estrogênio não é da conta de ninguém. Por isso que eu falei a vocês tão normalmente mesmo decepcionada.  E Não estou desapontada com ninguém, apenas não confio mais em vocês. Desapontado estão os meus lápis de tanto escrever aquela redação. — disse a mesma. — Ah...  Eu não vou participar do protesto. Não gosto de estar no meio de tanta gente gritando a mesma coisa, com cartazes... Principalmente por não ter um motivo.

Kim ia gritar com ela novamente, mas logo a albina apontou para trás e viu uma loira sorrindo alegremente e também um tanto confusa com o fato de seus amigos estarem cheio de cartazes e sentados na frente da escola.

— Mas... Ela não... Oi? — Kim olhou Irene, que já tinha dado as costas e entrado no colégio. A mesma andou até Katherine e cruzou os braços, mas logo a abraçou.

— O que aconteceu? — perguntou Yang Mi. — O diretor refletiu e viu que errou, então tirou a sua suspensão?

Katherine negou.

— Irene mexeu uns pauzinhos, segundo ela. Afinal, os Morozov são bem importantes para esse colégio. — disse Kat. — E ela literalmente estava mexendo os hashi, estávamos comendo quando ela disse.

Jake, que estava do lado de Kat, sorriu.

— Ela até que é uma boa pessoa. — disse Jake. Yuri, que tinha chegado lá junto com os dois, caiu na risada.

— Ei, só porque ela fez algo bom dessa vez não significa que ela é a reencarnação Virgem Maria. — disse o mesmo rindo de leve. — O que ela fez foi apenas contar para o tio advogado, mexer em alguns pauzinhos e planejar um roteiro com a mãe, que já fez teatro. Nesse roteiro, ela dizia para o diretor que iria parar de investir na escola e acusaria a filha de racismo com provas que ela não tinha. E lembrando que racismo é crime.

— Então quer dizer que fizemos esses cartazes à toa? — gritou Dimitri e Morgana.

O mais velho afirmou e passou as mãos nos ombros de um garoto albino que estava andando até eles ao lado de uma ruiva. O albino não era Pavel. O Morozov mais novo estava com um resfriado feio por ter pegado muita chuva. Kim reparou que era Allen e Hasuike, o menino que menos falava do grupo, entretanto que é uma pessoa legal, e a lésbica estranha e que todos amam.

— Olá Allen, a partir de agora estou lhe contando uma fofoca maravilhosa e que você quer muito escutar, ok? Não quero apanhar de uma Madonna queimada. — disse Yuri, e assim que Dimitri começou a correr, ele segurou o braço do albino mais novo e começou a correr com ele para fugir do loiro.

Eles começaram a rir calmamente e juntaram as suas coisas, enquanto Hasuike pedia um resumo do que estava rolando. Logo viram uma viatura de polícia virando a curva e parando na frente da escola, o que resultou em todos os alunos ficarem com um ponto e interrogação enorme na cabeça. Kim e Yang Mi viram seus pais dentro da mesma, fazendo-as sorrirem e acenarem.

Mas os pais não estavam sorrindo a elas, o que as fizeram chegar à conclusão que não vieram para falar com elas. E sim para prender alguém. Eles olharam uma foto e depois na direção de Hasuike An.

— Hasuike An? — perguntou a sua mãe. Kim e Yang Mi saíram da frente, com uma enorme cara de confusão. A ruiva olhou os dois e afirmou, confusa.

Logo sua mãe pegou a sua identificação de policial e a guardou. Ela viu seu pai ir para trás de Hasuike e juntar as suas mãos, algemando-a.

— Você está presa por prostituição e vandalismo. — ela disse em voz alta e em bom som, fazendo até mesmo a própria Hasuike ficar confusa.


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Notas finais do capítulo

OBS:.
— Sim gente, Irene é a intersexual que eu falei no tumblr.
— Não gente, Hasuike An gosta da Irene mesmo que aparenta. Elas são muito amigas. E sim gente, a Kim gosta um pouquinho da Irene e isso vai aprofundar um pouco, mas nn vai ser nada sério pq a Irene é heterossexual.
— Sayori é um pouco fdp, psé. Mas ela nn é mto fdp, só um pouquinho msm.
— Sim gente, Irene nn tem TPM. GRAÇAS A DEUS!
— Sim amores, Irene atrapalhou a manifestação toda. E sim, ela fez alguma coisa boa na vida... E em troca fez o Dimitri pagar de trouxa fazendo cartazes com a Morgie até altas horas da madruga.
— NÃO SHIPPEM ERRADO.
— Sim gente, eu adoro fuder Javel. É um hobby meu.

Tumblr da fic: http://weare-just-humans.tumblr.com/

Bem, até o próximo ou até DLC. Prometo nn demorar mais dois meses pra postar outro.

XOXO



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