—Ele vai ficar bem?
—Sim, sr. Wayne. Seu mordomo sofreu muito, mas vai ficar bom. Agradeça ao Batman por tê-lo trazido aqui.
—Já agradeço vocês por terem conseguido ajudá-lo a tempo. Ele é o único da família que me restou...
O olhar triste de Bruce caía sobre Alfred. Desacordado, o homem idoso respirava por aparelhos, com seus ferimentos devidamente limpos e tratados. O monitor cardíaco mostrava os batimentos, num ritmo estável.
— Deixe-me a sós com ele. Por favor.
Assentindo, o médico deixou o quarto, deixando o milionário sozinho olhando para seu mordomo. Depois de alguns minutos, o mesmo acordou.
—Bruce?...
—Oi, Al.
Levantando-se da cadeira, Bruce foi até a cama e abraçou o amigo.
—O que houve? Você dormiu?
—Eu estava sonolento... então alguém bateu à porta, e eu atendi. E lá estava ele... Krueger...
O monitor começou a apitar mais rápido.
—Calma, Alfred, calma. O que houve depois?
—Eu abri os olhos e estava preso... amarrado a uma maca. Então ele entrou. Como um cirurgião macabro, um Doutor Morte, para me torturar... e a minha sobrinha estava com ele... espere.
Um peso caiu sobre ar consciência de Bruce.
—Ela... ela não...
—Meus pêsames, Alfred. Quando chegamos...só tinha você vivo.
—Oh, meu Deus...
Uma lágrima verteu pela bochecha do mordomo. Ele pôs o rosto nas mãos.
—Bruce. Eu sei que você queria me proteger. Mas por isso alguém inocente pagou o preço. Eu soube do plano... Superman me contou sobre ele.
Alfred tossiu um pouco. Bruce esperou a continuação.
—Vá. Junte-se à sua equipe e acabe com Krueger. Ele merece e vai pagar pelas vidas que tomou.
—Mas e você? Não posso deixá-lo assim. Já cometi esse erro, não o farei de novo.
—Por acaso algum de seus amigos pode ajudar com isso?
—Eu posso.
Bruce virou-se a tempo de ver Senhor Destino se materializar atrás dele.
—Como?
—Tenho um feitiço que vai mantê-lo acordado, porque se ele dormir, é sua morte certa. Não se preocupe, pois o corpo dele vai usar reservas mágicas de energia.
—E quanto tempo dura?-perguntou o idoso.
—No máximo, um mês. No mínimo, cinco dias.
Destino se aproximou do leito de Alfred e murmurou algo em uma linguagem antiga, que Bruce não conseguiu entender. Os olhos do velho mordomo ficaram dourados, logo voltando ao normal.
—Isso vai dá-lo uma semana. Mas temos de agir rápido, Bruce. Precisamos pegar Freddy.
Bruce assentiu com a cabeça. Olhou para Alfred.
—Vá, Bruce. Você sabe o que tem que ser feito.
—Obrigado, meu amigo.
Indo de novo até ele, Bruce abraçou-o, outra vez. Logo, foi até Destino.
—Vamos.
Pegando uma maleta que estava na cadeira, e continha seu bat-traje, adentrou o portal que o mago havia acabado de formar, rumo à Torre do Destino.

...

A equipe toda se encontrava no local. Eles se reuniram em volta de um dos pedestais do salão da Torre, onde havia um dos itens necessários para o plano.
—Digam-me o plano. Ainda não entendo por quê vocês o criaram sem mim- reclamou Batman.
—Calma, Morcego- respondeu Zatanna. -Vou deixar Constantine te explicar o plano.
—O que você vê nesse pedestal?
—Uma caixa, que, presumo, é algo com um poder enorme.
—Exato. Essa caixa é a chave para que o plano funcione. Freddy atormenta, no geral, a cidade de Springwood, mais precisamente, em Elm Street. Mas há outro lugar em que ele já passou, e deixou-o impregnado com sua aura demoníaca.
—Tudo bem. Mas ainda não entendi.
Destino assumiu a palavra.
—A questão é: tal lugar já é um local amaldiçoado, pois houveram muitas mortes lá; mas o detentor dessa aura não está mais no mundos dos vivos. Por isso, se Krueger aparecer lá, seu poder será menor, porque a outra aura encobre a dele, ainda mais no mundo real. Zatanna, Ravena e Constantine farão um feitiço conjunto, que trará Freddy até você, ele querendo ou não, quando estivermos no camping.
—Nós vamos para um acampamento?
—Sim. Atualmente, se não me engano, ele se chama Emerald Camp. Mas vamos chamá-lo por seu nome original, que é Crystal Lake.
—Foi lá que houve o massacre de 2003...-Bruce murmurou.
—Isso mesmo- confirmou Ravena.- Você deve estar pensando onde a caixa entra no plano.
—Vou simplesmente fingir que você não leu minha mente.
—Então- ela continuou, fingindo não notar a interrupção- esta caixa é um artefato que foi utilizado por muitas pessoas, e elas se arrependeram. Consegue ver essas partes móveis?
—Sim. Ele me lembra um Cubo de Rubik.
—Se você acertar a combinação, ele abre um portal pro Inferno, por onde vêm os Cenobitas, criaturas que são têm prazer na dor, e levam quem abriu a caixa para desfrutar desse "prazer".
Bruce encarava todos como se fossem todos internos da área intensiva do Arkham: loucos.
—E por que razão invocar demônios masoquistas?
—Não o faremos- respondeu Zatanna, por fim. -Destino vai abri-la por meios místicos, e fazendo outra combinação, que só o Elmo de Nabu e os próprios Cenobitas conhecem. Ela, ao invés de invocá-los, abre um portal direto para a parte mais profunda do Inferno... que é para os piores seres que já existiram. O portal vai ser aberto, e vai puxar Freddy, que já estará enfraquecido, direto para lá.
Bruce olhou para cada membro da equipe.
—Vocês têm certeza de que isso vai funcionar?
Um silêncio sepulcral se abateu sobre a sala.
—Não.
Constantine quebrou o silêncio.
—Por isso, nada de errado pode acontecer. Ninguém pode sair de sua função. E é por isso que você tem que vencer Krueger...
Batman fixou seu olhar nele. Um clima de tensão se abateu sobre a cena.
—Se ele ganhar, você vai no lugar dele. E nenhum de nós pode te tirar de lá.
—Você aceita fazer isso?- indagou Destino.
Batman deu as costas para todos eles, apoiando-se em uma mesa que havia atrás dele. Era um risco que ele não queria correr... porque ele sabia. Mesmo que as pessoas o vissem como herói, ele definitivamente não era uma pessoa boa. Ele fazia muitos sofrerem. Ele não fazia aquilo pela cidade... era só uma vingança pessoal contra a escória criminosa pela morte dos pais. Talvez ele merecesse ir para o Inferno... mas se deu conta de algo.
Ele não era melhor que Krueger. Porém, essa era, e é, a questão: o maldito era muito pior do que ele. Foi a desgraça de muitas famílias, tanto em vida quanto em seu estado atual. Suas mãos estavam manchadas com o sangue de inocentes. Bruce talvez mereça ir para o Inferno, mas não sem antes derrubar o Terror de Springwood. Foi pensando nisso, e em tudo que Freddy havia feito a ele, que o Cavaleiro das Trevas juntou forças para cuspir duas palavras:
—Eu aceito.