Estamos Bem Sem Você escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo 01




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688688/chapter/1

— Ela vem mesmo? – sussurrou Harry, tentando esconder o quão animado estava em rever sua melhor amiga. Ron ergueu as sobrancelhas, organizando os remédios de Rose em pequenos compartimentos. Ia fazer três anos que Hermione fora morar em Washington D.C para seu cargo de embaixadora na ONBU Mulheres (Organização das Nações Bruxas Unidas). – É real?

— Sim, é real. – Ron parecia estranhamente tranquilo.

— Cara! – Harry riu, nervoso. – A última vez que eu a vi foi... Em um jornal?

Ele riu mais um pouco e então parou ao ver a reação apática de Ronald. Ele guardou as medicações de Rose, como se sua ex-esposa não fosse o assunto que estavam discutindo. O Potter sentiu-se desconfortável enquanto levantava-se de sua cadeira na bancada, indo em direção da geladeira.

— Tudo bem com... As crianças? – Ron sorriu levemente para Harry.

— Claro que sim, por que a pergunta?

— Não sei... Rose tem uns problemas com Hermione.

— Bem, eu não posso fazer nada em relação a isso. – Ron virou-se para o amigo, aceitando a garrafa de cerveja que ele oferecia. Harry olhou para ele de forma profunda, desaprovando a fala de Ronald. O ruivo deu de ombros, olhando para os lados, não entendendo. – O quê? Você quer que eu force uma garota de quinze anos a idolatrar uma mulher que não vê a que? Três anos?

— Ronald...

— ELA CHEGOU! – berrou Ginny pulando as escadas, correndo para a sala de estar lotada. Harry parecia uma criança enquanto corria para a sala, pronto para tirar Hermione do chão em um único abraço. Ronald ficou para trás e fechou os olhos segurando a bancada, como se ela pudesse cair com a voz dela. Ele concentrou-se na gritaria na sala, tentando identificar a voz que ele nunca mais ouvira, e que não ousou ouvir nas cartas berrantes de aniversário e comemorações importantes.

Notou Hugo no topo da escada, parecendo ter medo de ver sua mãe. Ron não se preocupou em apaziguar o desinteresse e antipatia de seus filhos para com Hermione naqueles três anos, e sentiu a consequência daquilo naqueles minutos: Rose sequer saíra do andar de cima e Hugo tinha medo de descer as escadas.

— Hugo! – a voz de Hermione estava trêmula, como todas as vezes em que ela tenta controlar seu choro. Ela naturalmente ignorou Ron e correu pelas escadas atrás de seu filho. Hugo a abraçou, confuso, mas sorridente. As pessoas no andar debaixo ainda falavam sem parar, como se Hermione estivesse entendendo algo. Ron a observou, provavelmente estava sussurrando coisas no ouvido do garoto. – Onde está sua irmã? Onde está minha filha?

Ela desceu as escadas, ainda sorridente, de mãos dadas com Hugo. Então ela finalmente o viu, e Ron desviou o olhar, sentindo seu coração parar. Estava velho demais para ter cabelo que cobrisse suas orelhas vermelhas. Sentiu vergonha e pequeno quando ela aproximou-se para abraça-lo. Ele era trinta centímetros mais alto, mas sentiu-se pequeno como Hugo. Ela levava a vida de uma rainha, suas roupas eram tão bem elaboradas e bonitas que Ron ficou desconfortável até mesmo em tocar.

— Tudo bem? – sorriu ela, não preocupada em saber a resposta. Ele assentiu, segurando um sorriso forçado e constrangido, enquanto ela se virava novamente para a família. Todos voltaram para a sala e Ronald notou Rose com a porta do quarto entreaberta, observando tudo.

Os dois conversaram pelo olhar.

Ela era uma cópia de Hermione, tudo nela lembrava sua ex esposa e por anos ele sentiu uma espécie de asco de sua própria filha, sentindo uma constante culpa, afinal, ela não tinha culpa dos genes serem tão perversos. E agora ele entendia o porque de seu pai ter mimado Ginny da melhor forma que ele pode. Ron sabe que seria capaz de matar alguém por Rose, ele mataria, sem pensar. É sua princesinha, que ficou ao seu lado mesmo sem entender o que estava acontecendo.

— Não quero falar com ela. – disse Rose, descendo as escadas.

— Não tem como você fugir dela. – respondeu Ron, ainda apoiando-se na bancada da cozinha dos Potter. Ron abaixou os olhos, notando que dissera aquilo para si mesmo.

...

— Nada mudou! – riu ela, tirando algumas madeixas do rosto enquanto admirava sua antiga casa. Riu, apontando para o quadro. – Ainda está ali! Você odeia esse quadro, Ronald!

Ele sorriu, ainda sem conseguir olhá-la, colocando as compras na mesa. Hugo ainda estava extasiado com a presença de sua mãe e não saia do lado dela nem por um segundo, apontava para as coisas e lhe mostrava as novidades como se aquela fosse a oportunidade única de fazer aquilo, seus olhos brilhavam fortemente com o sorriso abobalhado no rosto toda vez que ela lhe beijava ou abraçava, enchendo-o de elogios e palavras afetuosas.

— Rose, quando vai me contar as novidades? – questionou Hermione, descendo de seus saltos. – Você ainda gosta da Malala Yousafzai? Porque eu a...

— Não. – retrucou Rose, grossa. A Granger, provavelmente não acostumada em ser maltratada em muito tempo, estranhou. A sala ficou em um silêncio constrangedor enquanto Rose trocava de canal de TV e Ron se questionava se intervia ou não.

— Mãe! Mãe, você não quer ver minha estante de livros? Eu li vinte livros desde a última carta! – Hugo puxou a blusa de Hermione, praticamente implorando por atenção. A mulher olhou-o, sorridente.

— Vinte livros?! – questionou ela, animada. – Uau! Eu quero muito ver que livros são esses!

Os dois subiram as escadas. Rose conferiu se eles tinham entrado no quarto de Hugo e desligou a TV, indo ajudar seu pai a desempacotar as compras.

— Rose, você não pode falar com ela daquele jeito.

— Por que você está a defendendo? – questionou Rose, irritada. – Ela nunca te defendeu de nada.

Ron olhou a filha fazer as tarefas, impassível. A presença de Hermione o abalou de uma forma que ele perdeu até mesmo seu pulso firme, se Rose e Hugo subissem em cima do sofá e defecassem ele continuaria sem saber o que fazer. Ele odiava a inércia em que entrava toda vez que a aurea da “grande” Hermione Granger estava por perto.

Todos os vizinhos queriam apenas um segundo com Hermione, então ela só conseguiu se livrar deles no fim da tarde, próximo da hora do jantar. Ron fez algo diferente, pensou em fazer o prato preferido dela, mas teve medo dela pensar que ele estava tentando uma aproximação ou algo do tipo. Sentaram-se para comer e Hugo ainda estava eufórico contando sobre Hogwarts e Hermione gargalhava com suas historias, por mais que Ron já tenha ouvido aquilo mil vezes.

— Eu senti tanta falta dessa comida! Sério, ninguém sabe temperar um frango como você! – riu Hermione, tomando com gole de vinho. Ronald sorriu para seu prato, impressionado como não tinha olhado diretamente para Hermione nenhuma vez desde que ela chegara. Era sempre quando a vigia dela acabava, quando ela estava concentrada em seu filho, observando Rose, cortando seus alimentos, checando seu celular... Ele se permitia observar como as linhas de expressão ao redor de seus olhos e o quão leve é seu riso. Repreendeu-se, voltando para seu prato. – Rose, como é a Corvinal?

A garota continuou concentrada em seu prato.

— Acho que já te disse.... Mas eu quase fui para a Corvinal. Só que o Chapéu decidiu me colocar na Grifinória. – sorriu ela. – Sempre quis saber como é a Sala Comunal.

— É normal. – retrucou. O sorriso de Hermione diminuiu, ela estava perdendo a paciência. Tomou mais um pouco de vinho.

— E você não tem nenhum amigo? – questionou.

— Alguns.

— Hum... Draco me disse que você e Scorpius ganharam o...

— Ele é sua fonte? – questionou Rose, largando os talheres. Ron sentiu vontade de sair correndo. Hermione uniu as sobrancelhas, não entendendo a filha.

— Fonte?

— É, fonte. É por ele que você tenta se sentir melhor em não saber absolutamente nada sobre mim? – Rose levantou-se da mesa e correu para seu quarto, sem nenhuma cerimônia. Ron continuou de cabeça baixa e todos terminaram o jantar em silêncio após a batida violenta da porta da garota.

...

Aurora - Life On Mars

Ronald inclinou-se na varanda, como fazia todas as noites após ter usurpado de George o hábito de fumar. Notou Hermione no jardim, olhando tudo com muita atenção, como se tivesse passado uma temporada fora de casa e pediu para que alguém cuidasse bem dela. Ele passou aqueles três longos e tortuosos anos fazendo exatamente esse trabalho.

Tragou o cigarro e pensou nos dias em que se sentiu o ser humano mais pequeno e sozinho do universo. Ele casou-se com a mulher mais famosa do mundo bruxo, quem ele esperava ser? Quem ele um dia esperou ser? Sua irmã casou-se com o homem mais importante do mundo bruxo, mas nunca fora ofuscada.

Talvez ele sempre tenha sido pequeno no fim das contas.

Mas antes que de qualquer coisa, como ele poderia saber que ela era destruiria seu coração? Sem nenhum pudor, Hermione pisou nele como se fosse apenas mais um degrau para seu trono. Ela nunca quis casamento, família, filhos... Ele a forçou. E aquilo era a consequência. Sentiu-se burro em saber que aquilo viria e ainda assim insistido. Apagou o cigarro e retornou para seu quarto, sozinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A fanfic pode ser definida como narrada por Ron, mas conseguimos ter um panorama do que acontece com os outros individualmente às vezes.


Espero que gostem, eu adoro imaginar toda a trama que se deu a separação dos dois e eu nunca realmente parei para pensar em como Ron se sentia em relação a Mione, principalmente porque eu adoro colocá-la em um pedestal e deixar bem claro o quão pequeno ele é perto dela.


Vamos explorar isso!


Personagens: https://2.bp.blogspot.com/-CssIAf2JK5M/VxgX6JySnsI/AAAAAAAABXQ/oX_PTP3xMkoM4X-uT_n0az-BHVmdsw_-wCLcB/s1600/cast.jpg


Beijos