Natureza Sombria escrita por N Caroll


Capítulo 9
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Então, concordei com o Eli, e a Lis está dormindo no momento, então topamos em postar - em segredo - um capítulo com o Eli falando e...

Espero que você ñ tenha dito nenhuma palavra maligna aqui.
"Imagina, vou só representar a história"
Ok. Então boa leitura meus queridos(as)! :)



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Eu me encantei com o rosto sereno de Elisa Monique assim que a vi pela primeira vez, antes que pensem que foi no bar, não, não foi...

Havia acabado de voltar de uma briga com um par de basilik’s e, mesmo tendo apenas 14 anos, eu queria fazer aquilo, eu tinha de impressionar a líder do Die Solis. Lembro sentar no meio-fio da calçada pensativo e, completamente, acabado, o sangue superficial das duas basilik’s mancharam minha roupa preta inteira, havia acabado de comprar aquele sobretudo e aquelas vagabundas estragaram com seu sangue biônico.

Porém, naquele momento, eu não estava me recordando do meu sobretudo, da minha roupa, na verdade, nada daquilo estava me importando no momento, nada eu sentia e nada daquilo me impressionava. Porque “matar”, pra mim, nunca fora o real problema. Devem estar pensando em como é fácil matar duas basilik’s e realmente, foi a coisa mais fácil pra mim, o problema era o cenário. Para entenderem melhor, pensem que você foi uma ‘Bio treinada e feita exclusivamente para proteger os humanos que, no caso, seria a família “x”. Então, você percebe que, apesar de ser criada sem um alma, você tem sentimentos humanos assim que vê a felicidade daquela família e, ainda mais, por um certo alguém daquela família. Mas então, de repente, alguém chega e mata todos e tudo o que você entendia ser “a sua alegria de viver” ou de “existir”, obviamente, você viraria um monstro com sede de vingança e iria querer destruir a pessoa cuja qual fez isso.

Então, usando a lógica que deve ter na cabeça de vocês, devem entender então o que aconteceu, certo? Devem se perguntar que, o que isso me pesa na consciência? A resposta é complicada, mas ao mesmo tempo, simples de dizer:

“Nada”.

E por esse “nada” é que está o problema, eu não me preocupo e nem me emociono, sinto que eu sou o robô nesse mundo nem tão “humano” mais. Eu nunca disse que eu não tenho sentimentos, eu tenho sentimentos, mas desde que seja sobre mim e sobre minha “família”. Pela minha facilidade em matar, isso me torna um assassino? Por eu não me subjugar sobre tais atos me faz ser alguém frio? Ou até um insano? Talvez sim, talvez não. Isso varia de quem está lendo esse meu desabafo.

Relembro esses momentos e essa primeira missão sempre quando eu paro e penso em quem eu sou, sendo que a resposta sempre é a mesma: “Um monstro”. Até que, um dia nesse meio-fio  da calçada, lembro bem de como eu olhava as pessoas, rindo consigo mesmas, felizes, a chuva começava á cair e lembro de estar próximo á estrada, a chuva ainda não havia se tornado completamente ácida e perigosa para os humanos, mas via as pessoas saindo do meio da rua e procurando abrigo, eu olhava para o céu e sentia as gotas da chuva deslizarem pelo meu rosto acompanhando um vazio intenso que sentia dentro de mim, esse vazio era como uma fome que só podia ser satisfeita com um prazer obscuro alimentado pelo meu ego. Apesar de me odiar sempre que possível, sempre quando volto á refletir sobre mim mesmo chego pra apenas dizer que odeio quem eu sou, não consigo me aceitar, desde que nasci nunca me aceitei de quem sou eu.

Abria minha boca sempre pra receber aquela água gelada escorrer para dentro de mim assim que fechava os olhos, era gratificante a chuva, a melancolia que ela trazia consigo e me preenchia quase por inteiro. Sim, sou meio depressivo quando termino com alguma missão. Mas não o tempo todo como um revoltado, eu posso aceitar as condições e os termos que a vida me fornece, mas me aceitar, tá aí um missão que Sara nunca vai me dar.

E falando em “revolta” era bem o momento em que a vi, eu ouvi uma confusão do outro lado da rua, na verdade era até uma confusão discreta. Uma garota com capuz, calças jeans rasgadas e botas – um estilo que fazia tempos que não via até lançarem toda a roupa feita em tecido fora e substituírem por cibernéticas. A garota era agarrada pelo braço por um homem que era o dobro de seu tamanho, pela voz não deveria ter menos que a minha idade, uma criança obviamente. Não sei, juro por Deus que não faço ideia o que aquela confusão me chamou atenção, mas comecei á dar assim que ouvi ele levantar a voz pra ela:

— Escute aqui sua sangue ruim, espero nunca mais te ver sair daquela casa ou ver você coletando lixo eletrônico! Entendeu?! – ele a puxou um pouco mais pra si e a menina se agonizava tentando escapar daquelas mãos gigantes que, com certeza, fechavam em sua cabeça de tão pequena que ela era.

— O quê?! – falou arrogante o cara. – A verme não vai falar nada?

 Ele tinha um jeito de brutamontes e falava como um bastardo e pedófilo, é que vocês não viram como ele tentava pegar nela. Sim, essas coisas me trazem nojo e ânsia, não digo a relação, porque até com 12 já tinha dormido com várias, mas... Vocês entenderam né? E como não tem nada a ver comigo aquilo nem me meti.

— Não é a toa que uma piranha feito você fica saindo por aí, o que você faz pra ter dinheiro pra pagar um apartamento? – ela a encarava como um tarado e aquilo, por algum motivo estava começando a me irritar. Eu ouvi Reaper falar comigo baixo:

— Não se meta.

— Eu sei. – respondi fechando meu punho no cabo.

A garota se recusava em encarar aquele perturbado. Porém, algo muito interessante rolou depois daquilo.

— O que você anda fazendo? Programa? – A menina fechou o punho e ele percebeu isso. – Ora essa, Elisa se for assim, pode me servir que eu te dou muitos frenesis e...

Não deu tempo dele falar, assim que ele fraquejou na voz e relaxou a mão que a segurava, a tal de “Elisa” se soltou e tirou da mochila um cano de ferro, o brutamontes só teve o tempo pra soltar um suspiro e arregalar os olhos antes de receber o cano na cabeça. Logo, ele quase caiu e eu fiquei em estado de choque, não pude ainda ver seu rosto, mas decidi ir lá.

— Não vá Mestre Se...-

— Não cabe você decidir Reaper. – falei baixo pro cabo do Die Solis que brilhava na minha mão.

Atravessei a rua e entrei no beco escuro onde só podia ver o cano de ferro de Elisa batendo em algo grande. Me escondi nas sombras e atrás de um latão enquanto via a cena e a jovem garota ligeira e esperta subia nas costas do homem que a agrediu sexualmente. Ela pega o cano e põe na garganta nele o prendendo com uma força que não imaginei que aquela menina tinha, sim, eu já estava impressionado com ela aí.

— Um monte de merda como você não deve nem chegar a me tocar seu maldito! – disse ela com uma selvageria sem fim, o brutamontes a balançava para um lado e para outro tentando tirar a garota em cima de si. Foi quando eu vi como era a “selvagem”. Seu cabelo, nessa época, estava acima dos ombros e de um vermelho alaranjado vívido e tão lindo que me empolguei, porém tudo parou quando vi seus olhos e em como eles ficavam ainda mais selvagens a cada pancada que ela dava naquele monstro.

— Você não queria saber o que eu faço, Bernabi? – falou de uma forma que fiquei um tanto ansioso demais e queria conhece-la, tanto fisicamente como socialmente falando.

— Agora você já sabe, eu ajudo vagabundos e putos feito você pra voltarem pro Inferno! – falou e deu um sorriso doce, a Elisa que eu vi esses dias, não é a mesma Elisa que eu vi naquele momento. Pois, aquela era mais intensa, mais revoltada e vingativa, era mais bizarra e a garota mais sexy que já conheci na minha vida!

Até que vi o momento em que “Bernabi” cai de joelhos com uma expressão de falta de ar e um rosto completamente roxo-azulado. Ela o larga assim que pousa no chão molhado com seus pés delicados, ela se diverte quando ele cai de cara no chão tossindo sangue, mas tudo aquilo se perde quando ele se vira e aponta uma arma pra ela. Foi tão louco ver aquela cena e ver Elisa dilatar a pupila e Bernabi viu isso mais claramente do que eu. Num rápido movimento, a ruiva puxa o braço dele pro lado e pega na garganta do homem, bem em sua garganta e, não havia notado em como eram grandes as suas unhas, pareciam como a de um animal.

Ela encarou o rosto de Bernabi e uma voz mais seca e mútua saiu da garota do qual me arrepiou por inteiro.

— Bernabi Benner... – começou chamando o cara. – Qual o sentido de ter uma vida?

Ela pergunta olhando-o com desprezo e enojada, assim como eu havia visto aquela cena. Bernabi tentava sair, mas a medida que ele saia, o sangue dele era aberto.

— Qual o sentido de ter uma vida? – perguntou novamente forçando ainda mais. – Se não me responder morrerá com minha mão quebrando sua traquéia e seu CAS. – avisou olhando pro CAS dele, apesar da pupila estar dilatada vi o brilho em seus olhos, então eu não era o único que tinha esse jeito louco, ela também era assim.

Sorri pra mim mesmo como um bobo, mas voltei pra cena assim que ouvi Bernabi dizer com tanto esforço, que era como se ela já tivesse roubado seu oxigênio. Não sei se o dele ela roubou, mas naquele momento ela havia roubado o meu. Clichê pra caramba, mas o que posso fazer? Eu dei uns cinco suspiros até onde notei.

— Vai pro Inferno... – disse tossindo sangue e espirrando até um pouco no rosto de Elisa, mas ela não pareceu se incomodar.

Elisa sorriu com a resposta e o largou, vi que o tempo já estava se esgotando em ver aquela cena e sai dali, nunca havia visto algo tão brutal e maravilhoso como ela. Porém, achei que tinha tudo acabado até que ouvi o som de um tiro assim que dei as costas pros dois, foi baixo com um silenciador, mas como sou um Sark minha audição é um pouco melhor, a chuva havia parado e vi Bernabi sair das sombras com a mão no pescoço, impedindo que mais sangue saísse de sua garganta, ele deu um passo e uma perna falhou, quando a segunda falhou eu segurei ele.

— Obrigado menino... – falou sorrindo com sangue na boca.

— O senhor está bem? – perguntei, ele me dava nojo, mas entendam que tudo tem um propósito.

— Sim, acabei de lhe dar com um Sark violento. – falou cuspindo no chão. Um “Sark”? ELA ERA UM SARK? Senti como se aquilo fosse o destino e fingi preocupação com aquele homem.

— Nossa! O senhor é um herói!

— Sim, eu sou... – falou ele sorrindo com uma crueldade e malícia absurda ao bagunçar meu cabelo claro (eu sou naturalmente loiro, mas pra mudar as coisas e, também por ter perdido uma aposta... Pintei preto).

Eu me considero, sinceramente, um psicopata cheio de insanidade, mas estou de “bem” com o Mundo, já ele... É o lixo da humanidade.

Corri pro beco e vi Elisa largada lá, o sangue de Sark se espalhando e misturando-se a água da chuva daquele lugar tão sombrio e asqueroso, a pequena estava jogada no chão de olhos fechados, havia recebido um tiro abaixo das costelas, aquilo não a mataria se a pusesse em mãos médicas, mas morreria nas minhas se eu não fizesse algo logo. Me ajoelhei ao seu lado e olhei pra aquele rosto tão bonito e delicado, logo depois para o corpo, na posição em que ela estava – fetal, seria fácil tirá-la dali. Porém eu não sabia onde pô-la, mas me arrisquei em ir na casa de um amigo meu que era médico.

Ela era mais leve do que eu esperava quando a peguei, caminhei indo para o outro lado do beco, a outra saída. Ouvi meus próprios passos e o som dos carros do outro lado da rua, ninguém nos veria porque já havia anoitecido, eu encarei o céu cinzento enquanto carregava minha dama e senti-a estremecer em meus braços quando um vento bateu. Cheguei a pensar em como sou idiota em me importar, mas não era justo com a menina ainda mais quando eu virei seu fã. A observei abrir seus olhos pra me ver e sorrir pra mim da forma mais linda que eu nunca imaginei poder ver um dia, sim, eu me encantei na verdade pelo seu sorriso.

— Quem é você?

— Um amigo... – respondi abrindo, pela primeira vez, um largo sorriso.

— Eu não tenho amigos...

— Agora tem. E vou te apresentar a um outro que vai cuidar de você... – ela abriu um pequeno sorriso tímido e eu a juntei no meu corpo enquanto caminhávamos juntos, seu sangue escorria em minha roupa, mas eu não ligava. A encarei seus olhos azuis tão insanos enquanto a via encarar o céu.

— Seu cabelo é tão claro... – falou ela com um sorriso bobo e parecendo dopada.

— Sim.

— Parecem prontos para serem colhidos... – disse erguendo uma mão para pegar um fio do meu cabelo.

— Quê?

— Parecem trigos, prontos para serem ceifados de tão bonito que ele é...

Sim, ela era estranha, mas era de um jeito tão lindo e fofo que não me importei e entendi como um elogio.

— E o seu é como uma chama... – disse sorrindo também meio abobado, eu era uma criança na época e não sabia nada sobre “sentimentos” e muito menos sobre “amor” já que o que me faltou nessa idade foi amor de “mãe” e de “pai”. – Espero que nunca se apague. – sorri novamente vendo-a corar, ela é tão linda.

Seus olhos voltaram a brilhar e, ao meu ver, encher tudo que estava ao nosso alcance com cores. Quando eu a entreguei para meu amigo que assustado a tratou, foi como se eu estivesse dando meu brinquedo favorito e minha alegria pra ele, senti uma facada no peito em como eu o vi a pegar. Porém, tentei ignorar esse fato e pedi pra que mantivesse segredo de quem eu sou e de quem eu e ela éramos.

— Diga também, quando ela acordar que você a encontrou, ok?

— Mas Li... – tentou dizer ele, mas o interrompi com a mão.

— Sei que ainda é estudante de medicina, mas te peço esse favor, pela Sara.

— Ok. – falou não relutando mais naquilo, esse cara é louco pela nossa líder desde que me entendo por gente. Sorri e ele se assustou.

— Uau! O que é isso em você?

— Estou testando algo novo.

Sinalizei pra ele e sai de sua casa, observei o lugar e voltei a caminhar em direção á minha casa, havia completado a missão, mas alertei Sara que faria mais uma:

— Qual a razão Lionel em transformar isso em uma missão?

— Questão de honra, Sara. – respondi.

— Entendo... – falou depois de cinco minutos de silêncio. – “Hotel Longa Vida” ele está localizado, qual o nome pra eu por na sua ficha?

— Bernabi Benner.

— Bom proveito. – declarou ela e pude sentir seu sorriso.

Sim, tudo que está agora entorno de Elisa vai se tornar uma “questão de honra”. Somos Sark Magno’s afinal, nos protegemos, somos uma família mesmo que não concordemos com algumas coisas. Agora espero que entendam em como eu sou, espero também que guardem esse segredo comigo e de todas as vezes que vou dizer que encontrei Elisa Monique.

E essa só foi o primeiro encontro de muitos e, em todos, ela conseguiu fazer com que ficasse louco...


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Notas finais do capítulo

FIMMM

"Ok, chega de ver minhas memórias e sentimentos Caroll..."
"Vai dormir agora, eu cuido do resto aqui e, principalmente, de Elisa..."
Como a própria Sara disse:
"Bom proveito"



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