Ordem de Lis escrita por synchro


Capítulo 2
A caminho da Ilha da Lua - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem do capítulo, me avisem sobre qualquer erro.

"-//-", significa uma mudança de ponto de vista sobre personagens, quando virem isso significa que os personagens foco da narração não são os mesmos de antes, por favor não estranhem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688591/chapter/2

Nesse mundo os séculos eram precisamente marcados por um cinturão de asteróides que contornava o Sol e se deparava com a Terra a cada cinquenta anos, sendo esse encontro demarcado por Cinturão.

Ano trinta e cinco do segundo Cinturão do século VII D.E.(Depois do Estabelecimento, marca humana para o momento em que chegaram ao continente), em uma vila próxima a Anarpu, capital de Ahu, o nascimento de uma criança toma a vida da mãe.

A criança, chamada de Set'Mahu, terceiro e último filho vivo de sua mãe, cresceu em uma casa de tamanho médio, com uma garota, Inarin, que foi acolhida por seu pai quando ele ainda era uma criança, ela sempre pareceu ter a mesma idade para ele, mas isso nunca o incomodou. Seu pai, Ani'Mahu, sempre estava viajando por causa do trabalho.

—//-

*Último dia do Segundo Cinturão e do século, aniversário de quinze anos de Set. Todo o reino comemoraria a virada, mas na casa de Ani'Mahu a festa prometia ser ainda maior, pois o garoto estava completando a idade suficiente para poder exercer as tarefas de um homem adulto.

Set foi acordado por Inarin logo cedo, que abriu as janelas e sentou em sua cama com um bolo na mão.

— Parabéns Set, feliz aniversário. – Ela o parabenizou e abraçou, colocando o bolo na escrivaninha ao lado e a cabeça no peito do garoto.

— Obrigado Inarin, mas não acha que é muito cedo para comemorações?

— O que você quer dizer? Amanhã é outro século, e você será um homem formado, poderá estudar em uma academia, poderá ter seu próprio barco e trabalhar no porto do seu pai, e, por fim, me levar para o mar onde teremos uma boa vida – Não se sabia dizer se era o cabelo dele ou o rosto dela que estavam mais vermelhos após essa última frase.

— Acho que eu poderia fazer isso, se eu tivesse dinheiro para pagar. – Como Anerun era uma vila comercial, muitos navios passavam por ali, tanto para vender seus produtos como para comprar os itens necessários para atravessar o Norte do continente. O pai de Set era dono de um dos cinco portos da cidade, ficava apenas em quarto lugar no quesito de procura dos capitães, e não rendia muito dinheiro, mas ainda o suficiente para viverem bem e com um padrão acima da média, para vilas normais, mas por ficar perto da capital, a cidade tinha uma academia de relativo valor em conhecimento, e atraia jovens ricos de todo país, sendo assim, o padrão deles poderia ser considerado apenas médio.

Uma nova voz se fez surgir ao abrir a porta.

— Desculpem interromper, mas eu ouvi a conversa do lado de fora. Filho, você não poderá viajar ou trabalhar com os meus navios, pois está indo para uma academia onde estudará pelos próximos anos. Uma academia que pode te levar muito mais longe do que qualquer navio que eu tenho. – Ani'Mahu, um homem forte, com seus quarenta e dois anos, cabelos castanhos e pele morena, falou com uma voz entusiasmada.

Inarin rapidamente se afastou de Set e ficou em pé ao lado do dono da casa.

Uma academia, não seria melhor eu estudar na academia da nossa vila? Ou então trabalhar como gerente nas suas docas, assim eu não terei de me afastar. – Set parecia preocupado com o fato de ter de sair de sua casa, e não compreendia as intenções do pai ao mandá-lo para tal lugar.

Antes que o as perguntas pudessem ser respondidas, batidas soaram na porta. Ani levantou as sobrancelhas e pediu que os garotos aguardassem no quarto até que ele os chamasse, então se virou e foi para a porta.

—//-

Eram três deles, todos com longos mantos e capuzes pretos e parados na porta.

— Bom dia para vocês cavalheiros, no que eu poderia ajudar? -Ani perguntou.

— Viemos para um assunto do Menor Conselho, Ani. – O mais baixo e aparentemente menos desconfortável ali se pronunciou.

Assim que Ani'Mahu reconheceu os homens por baixo dos capuzes um sorriso se abriu em sua boca.

— Entendo – Os dois se abraçaram com força – É bom vê-lo de novo, irmão, venham, entrem.

O dono da casa chamou os jovens para a sala, onde os três homens já se sentavam nas poltronas.

— Garotos, esse da esquerda é meu meio-irmão Lareas, que não vejo a um longo tempo. O do meio é o superior dele, Matias. E por último esse cara fechada é Andula, não liguem para sua falta de sentimentos, a aridez de sua terra transformou os corações de seus habitantes em areia também.

— Pai, você nunca me contou que tinha um irmão.

— Você nunca perguntou. – Na verdade Set não se achava no direito de perguntar ao pai qualquer coisa sobre a família, já que ele mesmo havia matado sua mãe, além do fato de raramente ver seu pai – Inarin, vá com Set para a cozinha e preparem-nos um café.

A sala em que estavam era o cômodo de entrada da casa, mobiliada com seis poltronas em forma de U, uma mesa redonda no centro e na parte aberta entre as poltronas uma lareira para o rigoroso inverno. Em uma das paredes estava o que parecia uma pintura extremamente rica em detalhes de uma torre em gelo que tocava o céu de tão alta, com muitas janelas, e até mesmo pequenas silhuetas se mostravam através das mesmas. Quem olhasse normalmente acharia que o senhor Mahu era um ótimo pintor, mas poucos saberiam que aquilo era uma recém-descoberta forma de retratar com perfeição qualquer coisa, chamada fotografia.

Em outra parede se encontravam verdadeiros retratos, muitos deles para dizer a verdade. Pintados por Inarin, continham a imagem de Set em quase todos, fosse quando voltava de caçadas, dormindo, arando a terra ou qualquer outro momento em que a garota achasse que ele estava bonito.

As outras duas paredes tinhas apenas a saída da casa e a entrada para outros cômodos.

— Parece que John Blackwolf está recrutando homens em Vranyr, e iniciando uma revolução – Lareas disse com uma expressão de ansiedade.

Com certeza, poucas coisas fariam Ani'Mahu se assustar como essa notícia o fez, e menos pessoas ainda seriam capazes de notar essa mínima reação. E duas dessas pessoas era Lareas e Inarin.

Set carregava o bule e três xícaras, e Inarin trazia o açúcar e mais três xícaras.

— Está um pouco forte, mas continua gostoso – A garota olhou para o anfitrião da casa e reparou o medo em seus olhos. – Alguma coisa errada, senhor Mahu?

— Ainda estamos descobrindo, venham, sentem-se.

Após todos estarem servidos e sentados, a conversa retornou ao ponto anterior.

— Em qual parte de Vranyr aquele vagabundo está fazendo isso? – O pai de Set mexia no relógio de bolso que havia tirado de suas vestes.

Dessa vez foi Matias quem respondeu.

— Em Queny. De acordo com meus espiões, ele está conquistando regiões em volta do rio Volir. Parece que ele quer montar uma expedição para atacar a Ilha, e já tem mais de doze vilas em seu comando, e basicamente um exército com cinco mil soldados, entre elfos, anões, humanos, gnomos e principalmente gélidos. – Ele olhou para Inarin.

A garota devolveu o olhar cortante do homem na mesma intensidade.

Ani fechou os olhos e parou de mexer no relógio.

— Não poderemos ignorar isso. Set, não poderemos comemorar seu aniversário como o planejado. Você irá à Academia mais cedo, como todos os jovens que já devem ter sido convocados e estão se preparando para partir. Inarin, em até dois dias arrume as coisas de Set e as suas, vou preparar o barco Asa Branca para vocês, devem ser três dias de viagem. Eu tenho que ir resolver algumas coisas fora da vila agora.

— Pai, eu não entendi nada do que você está falando, e porque tem contos de criancinhas nessa conversa?

— Filho, não posso conversar agora, apenas siga seu caminho até a Ilha e eu poderei te explicar melhor quando chegar lá.

— Ilha, academia, vocês ficam repetindo isso mas que coisas são essas tão importantes para você ficar falando delas assim? Não é só um lugar pra eu estudar?

— A academia onde os filhos dos nobres da capital, mercadores muito ricos e membros da Ordem estudam para cumprirem as ordens e ocuparem os cargos para os quais foram designados, fica na Ilha da Lua, ao sul. Mas por enquanto isso é o máximo que eu posso te explicar.

—//-

Em dois dias Inarin arrumou as malas dela e de Set. No meio-dia ela as colocou em uma carroça que estava esperando por eles na frente da casa que agora deixariam para trás. Set esperava em um banco, contra sua vontade, já que ele se ofereceu para ajudar várias vezes, mas ela recusou veementemente. Ele já estava se acostumando com ela fazendo todas essas coisas, e achava que o motivo seria pois ela se sentia em dívida com ele e com o pai dele.

— Você não acha que tem algo estranho acontecendo? Não questionou nada do que meu pai disse. – Ela se virou para ele.

— Set, eu vivo aqui de favor, apenas faço o que seu pai pede, e ele me pediu para arrumar as malas e ir para as docas. É claro que eu questiono, mas ele também disse que vamos para uma academia, e lá entenderemos o que ele disse. Eu sempre soube que você iria a uma academia e se tornaria alguém importante, mas eu sou uma mulher Set, não tenho pais e nem parentes, nem ninguém para me ajudar, e por isso é extremamente difícil que eu tenha uma oportunidade dessas, por isso quero que você aproveite ao máximo tudo que está sendo oferecido pra você.

— Sim, eu sei, mas, mesmo assim, isso continua sendo estranho.

A conversa se encerrou por ali, já que a garota havia terminado de guardar as malas e ela o chamou para conduzir a carroça para as docas do pai dele.

—//--

 

— Vamos garotas, esse navio é para hoje. – O homem no leme gritava para os marinheiros no convés, que iam de um lado para o outro, de dentro para fora e de fora para dentro do navio, carregando barris, cordas, comidas enlatadas, armas de fogo e uma caixa com sistemas delicados para a montagem de uma nova arma que não era conhecida no mercado, um tipo novo de canhão, quase automático, que aquele homem havia realmente se esforçado para conseguir, pólvora e malas. No meio de todas as malas ele identificou três em especial.

— É, eles estão aqui. – Disse o capitão mais para si mesmo que para alguém. Assim que olhou para a prancha de embarque viu três vultos subindo ao navio, encobertos por mantos coloridos com o brasão da família Lockhart.

—//--

 

As docas eram um lugar movimentado pela manhã. Mercadores levando seus produtos para armazéns para depois vender na feira da cidade, capitães e marinheiros cansados de viajar se dirigindo à taverna mais próxima, velhos que contavam histórias a todos que passavam, mendigos, e, por fim, trabalhadores comuns que usavam-na como atalho para não ter de passar no centro da cidade onde os guardas ficavam em maior número e gostavam muito de parar os andantes para lentas revistas “para garantir que a cidade não sofre nenhum perigo de dentro”, mas muitos já sabiam que após essas revistas seus bolsos teriam algumas moedas a menos, e, os dos guardas, algumas a mais.

Era por isso que a carroça em que estava Set e Inarin não conseguia se mover mais que cinco metros sem ter de parar para não atropelar um andante ou derrubar a mercadoria de outro.

—Grande Senhor, o que é isso? É muita gente, nunca vamos chegar lá a tempo com a carroça. Vem Set, me ajuda aqui. – Inarin desceu da carroça e prendeu o cavalo em um poste. Se virou e apontou as malas. – Você pode pegar elas? Você é mais forte.

Set pegou as malas e seguiu Inarin para o navio, que estava a uns bons duzentos metros de onde amarraram o cavalo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que está um pouco estranho e apressado demais, mas espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ordem de Lis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.