Sweet Home escrita por FD Oliveira, Ciara


Capítulo 1
Piloto


Notas iniciais do capítulo

Para as pessoas que estavam acompanhando a fanfic, eu resolvi recomeçar do zero pois estava vendo muitos furos e não conseguia prosseguir dessa maneira. Espero dessa vez poder desenvolver de uma forma melhor.
Para os novos leitores, sejam bem vindos.



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A atmosfera, já perceptível de dentro do ônibus lhe parecia bastante agradável em relação à das outras cidades. Sentia a brisa atravessando a pequena janela e ao olhar para fora pode ver a placa de boas-vindas.

‘’Bem-vindos à Raccoon City. Casa da Umbrella Corporation’’

O céu parecia limpo, sem nenhum sinal de fumaça. Parecia uma evolução, como se já estivesse vivendo no século XXI. Suas primeiras impressões eram boas, mas de qualquer modo, seria preciso pisar de fato no solo da cidade para tirar novas conclusões, e confirmar os comentários que ouvira a respeito.

O ônibus então parou e a mulher caminhou calmamente até a porta de saída observando os altos edifícios com suas logomarcas do lado de fora do meio de transporte, além dos pequenos estabelecimentos. Um deles certamente é o J’s Bar, seu novo local de trabalho. Temporário, porém não se recusa um emprego oferecido por uma antiga amiga quando não se tem mais nada para fazer na cidade.

‘’Rua Jack, Cidade Alta” – fez uma careta ao comparar o endereço do estabelecimento que tinha em mãos com a placa indicativa. Era justamente a mesma rua. Deu então alguns poucos passos até se ver em frente à faixada do local e sem hesitar, entrou procurando pela colega.

— Jill! – Cindy exclamou chamando a atenção da morena para o balcão. – Finalmente você veio!

— Pois é. Obrigada pela recepção! – Forçou um sorriso e correu os olhos pelo local severamente limpo e envernizado. – Que lugar bonito! Você deve gostar de trabalhar aqui.

— É claro! Exceto por umas discussões que acabam em grandes confusões. Gente brigando; Marido batendo em mulher; Mulher fazendo barraco... – Jill foi tomada por uma onda de angustia. Confusões eram justamente o que ela queria evitar. – Mas você se acostuma. Se eu consegui sobreviver até agora, você também consegue.

— Espero... – ela coloca a bolsa sobre o balcão enquanto Cindy lhe serve uma xícara de café. – Quando eu começo?

— Na verdade, acredito que seja melhor eu apresentar o lugar para você, sabe? Já que é nova por aqui.

— Ah, okay... – ela puxa um dos bancos e se senta – Café bacana!

— Então... Você já falou com ele? Com seu pai? Como ele está?

— Na prisão, sei lá... – Cindy lhe lança um olhar de desaprovação – Não, eu não fui. Desculpe! Próxima pergunta!

— Jill, você nunca mais falou com ele! O que ele vai pensar quando você simplesmente chegar lá?

— Eu falei com ele. No ano passado. Eu fui desejar um feliz natal e lhe dei o que ele mais desejava. Uma garrafa de uísque pra vida toda.

— Ai meu Deus... – Cindy vira a atenção para o fluxo de movimento da rua para evitar elevar sua reação de frustração – Okay... – ela diz após um suspiro – Vamos fazer um acordo. Depois que você se arrumar por aqui, eu te levo para visitar seu pai.

— Ah, eu não sei... – Jill encara a loura que a fita com atenção – Okay, okay... Eu vou pensar no caso, mas não sei se ele vai querer me ver.

— Por que acha isso?

— Sei lá! Vergonha? Remorso? Ele quase mandou a filha para cadeia e está pagando por isso também. Toda vez que o vejo, sinto um aperto no peito e imagino que ele sinta o mesmo.

— Por isso você evita visita-lo? – Jill balança a cabeça positivamente em silêncio. – Desculpe! Prometo que não vou mais tocar no assunto. Pelo menos por hoje. – a morena esboça um discreto sorriso – Já conseguiu um lugar para ficar?

— Na verdade... – ela bebe o restante do café e põe a xicara no balcão – Eu acabei de chegar. Estou pensando em sair para dar uma procurada ainda hoje. Detesto a ideia de ficar em um hotel...

— Faremos assim, eu te mostro o lugar aqui e depois do expediente, te mostro a cidade.

— Ótimo!

— Agora vem a melhor parte, você fica lá em casa essa semana. – Jill se surpreende diante da proposta da amiga – Que tal?

— Err... Eu... Eu não sei o que responder, eu... Eu não esperava por isso. Eu não sei... – ela olha para amiga com um sorriso imenso estampado na face – Okay! Prometo que vou pagar cada dia da minha estadia, mas será que vou caber lá?

— Mas é claro! Meu namorado também mora lá...

— Nossa!  Você tem namorado? Mas eu pensei que você gostasse de...

            As duas gargalham.

— Claro que não! Isso foi uma fase da minha adolescência, onde eu tentava coisas novas longe dos meus pais.

— Ah, entendi... Foi assim que você conseguiu aquela overdose, né?

— Calada! – as duas riem novamente – Continuando, depois eu te mostro o litoral, okay?

Jill gesticula com a cabeça e olha o ambiente por alguns segundos antes de voltar suas atenções novamente a Cindy que surge de detrás do balcão com algo em mãos.

— Aqui, seu avental! – Jill segura o objeto lançado pela amiga e rapidamente o veste.

— Onde está o “Mr J’’?

— Ah... O chefe? Ele está negociando com os fornecedores. Não deve chegar tão cedo! Mas ele já sabe que você está aqui. Quer dizer, eu o avisei que você estava para chegar.

— Ótimo! – Jill conclui, olhando-se no espelho, e em seguida se vira para a nova colega de trabalho. – Então... Me dê as ordens, Chefe!

***

O metrô de Raccoon City é reconhecido por ser mais rápido e econômico em relação aos de outras cidades e outros meios de transporte, considerado perfeito para aqueles que trabalham o dia todo. Ou para quem por algum motivo fica sem seus veículos particular, como Chris, que precisou recorrer ao metrô devido um incidente com sua moto.

O rapaz trabalha praticamente o dia inteiro para poder sustentar a si e a sua irmã que ainda se prepara para entrar na universidade. A profissão de mecânico não é a melhor do mundo, mas não pode dispensá-la, ainda que tenha sido recomendação de uma ex-namorada. O único real problema era ter que trabalhar com ela depois de tudo que tiveram.

O trajeto de casa até o trabalho eram aproximados 10 minutos, tempo suficiente para poder ler o jornal, onde constavam as notícias do dia. Recentemente ocorreu um furto em um dos hospitais da cidade, a polícia havia encontrado um dos suspeitos, mas o outro ainda vagava pela cidade há procura de mais alguma vítima.

Chris olha em volta: Ninguém lhe parece suspeito, exceto uma pessoa trajando um capuz que aparenta esconder algo no bolso do casaco. Não podia chamar a polícia em vão, então decidiu deixar por conta dos ali presentes e prosseguir a pé, descendo ali mesmo.

Foi o primeiro a chegar à oficina. Dentre os funcionários havia ele, sua ex e o pai dela, que só o contratou por ele não ter mais nada com ela. Então entrou e direcionou-se ao chuveiro, depois de alguns minutos no Sol nauseante. Apesar de estar claro afora, era muito desconfortável estar em um banheiro, sozinho, fora de casa. Era como se alguém ou algo o observasse.

Logo após esfriar o corpo, ele se vestiu com a “farda” do trabalho: Calça preta e camisa branca com um símbolo da oficina e voltou para o workshop, onde eles consertam os veículos de diversos modelos. Se deparou com um carro ali coberto, que não jazia ali no final de semana. Provavelmente seu colega da outra cidade deixou, mas porque ele não falou pessoalmente com ele?

Alguns funcionários chegaram. Entre eles estavam o seu chefe, Gordon Irons, e sua filha Laura, mais conhecida como a ex-namorada de Chris.

— Ora ora, se não é o meu amigo Chris! – exclama o chefe, lhe recebendo com um grande abraço. – Obrigado por abrir o lugar! Laura foi esperta em contratar você! – Chris desvia seu olhar para a garota, que jazia perto aos outros funcionários, um sorriso saliente no rosto.

— Ah... Obrigado, eu acho!

— Então... Vejo que já recebemos a demanda de seu velho amigo, não é mesmo?

— O Dante? Ah, é, acho que isso aqui é dele, mas ainda não cheguei a...

O senhor retira a coberta do carro, revelando um modelo de modernidade: Vermelho intenso, com desenhos de fogo ao redor.

— Uau... – a reação de Chris é semelhante à do resto da equipe.

— Esse carro é novo... – comenta Laura ao tocar no veículo que aparentava não ter nenhum defeito. – O que há de errado nele?

— Hm... Er... – Chris não tenta tirar a resposta da boca. – Na verdade ele disse que o motor morreu, sendo que ele comprou o carro mês passado.

— Mês passado? – alguns ficam boquiabertos. – O que ele fazia com esse carro?

— Isso não necessariamente interessa, não é mesmo? – animado, o chefe de Chris abre o motor do carro e se depara com uma grande quantidade de fumaça e curto circuito. – Puta merda! – exclama ainda com o sorriso nos lábios.

— É... Parece que a gente tem um grande trabalho pela frente. – Chris carrega a caixa de ferramentas até o carro e em seguida começa a se alongar. – Okay, pessoal! Vamos lá!

***

Graças ao J’s Bar, Jill pôde ter uma visão geral de como funcionava a cidade. As fofocas, as políticas de reciclagem, além das usinas que garantem uma boa quantidade e qualidade de energia, além da baixa criminalidade. O único problema eram algumas pessoas que resolvem se embebedar para falar mal de terceiros e assediar os outros.

Já era 18h, final do expediente, quando um carro preto estaciona em frente ao bar. De imediato, Jill imagina ser do dono do local, mas descarta a possibilidade quando quem se revela é alguém muito mais jovem.

— Matt? – Cindy corre até o rapaz abraçando-o e beijando-o em seguida. Com certeza se tratava de seu namorado. – Que bom que você veio!

— Eu sempre venho por você! – ele esbanja um sorriso que inexplicavelmente causa um frio na espinha de Jill. Um sorriso que ela nunca vira antes. – Vamos nessa!

— Espere! Essa é a nova garçonete, Jill! – ele olha para ela e sorri outra vez, só que de uma maneira que Jill julgara diferente. – Ela vai ficar lá por uns dias.

— Hm, legal! – ele estende a mão para a morena. – Meu nome é Matthew!

— Sou a Jill! – hesitante, ela aperta a mão do rapaz. Havia algo desconfortável nele que ela não podia decifrar – Adorarei ver a casa de vocês.

Os três entram no carro e partem até a casa de Cindy, que segundo ela seria o suficiente para aguentar o trio.

— Incrível... Como vocês fazem para... – Jill se surpreende com a residência capaz de abrigar tranquilamente umas dez pessoas.

— Bem-vinda à América! – responde a loura sarcasticamente, enquanto os três caminham até dentro. A sala de estar é imensa, maior que todas as casas que Jill já estivera. – Que tal?

— Vocês usam esse espaço para algo... Especial?

— Na verdade nós preparamos algumas festas no final de semana, claro, com a autorização dos grandões. É assim que a gente consegue se manter firme.

— Legal... Hoje é sábado, o que quer dizer... – Jill corre os olhos pelo local.

— Amanhã tem festa! – Matt sobe em cima de uma mesa e começa a gesticular. – “Vamos lá galera, vamos beber, nos divertir e transar muito!” Esse é o dilema da minha vida!

Cindy também sobe na mesa e se agarra a ele, enquanto Jill tenta não gargalhar.

— Ok, eu já amo vocês! Agora... Meu quarto, por favor?

— Ah, claro! Por aqui! – a loura faz um sinal e se dirige às escadas.

***

A residência de Chris é relativamente pequena, mas suficiente para comportar a ele, sua irmã e as garotas que ele encontra por aí.

Uma delas, Karol, gosta de se divertir com ele em sua cama, pelo menos uma vez por semana. Isso se tornou um hábito depois que ele terminou com a Laura por motivos de trabalho.

Após uma pequena “sessão”, ambos ficaram deitados, de cara para o teto, imaginando se valia a pena um segundo round ou se deveriam deixar para a próxima vez.

— Me diz... Eu sou a única? – ela pergunta, quebrando o silêncio.

— Mas que porra de pergunta é essa? – Chris se senta na cama.

— Ah, sei lá, eu só... Eu não tenho nada pra falar mesmo. – ela o encara.

— Mas é claro que é. Além do mais, que diferença ia fazer? – Chris dá de ombros.

— Ah, sei lá... – a garota levanta e começa a se vestir.

— Oh... Então não vai ter round 2? – o rapaz questiona observando Karol.

— Me desculpa, mas acabei de me lembrar que eu tenho pais e eles estão prestes a chegar e vão dar por falta.

— Isso se eles já não tiverem chegado. – Chris debocha – Eu te daria uma carona, mas ainda estou ajeitando minha moto.

— Não se preocupe! Eu moro a quadras daqui!

— Beleza! Deixa que eu abro a porta pra você. – Chris veste uma bermuda e acompanha a garota até à saída. Ao abrir a porta se depara com ninguém menos que seu pai, no momento sem o uniforme habitual.

            – Pai?

            – Esse é seu pai? – comenta a garota. – Oi! Seu filho é muito legal!

            – Acho melhor você ir! – Chris imediatamente expulsa a garota, que sai soltando pequenos risos. Em seguida ele volta a atenção para o pai, que muda o semblante. – Ela é só uma... Colega!

— Então porque ela estava com as partes íntimas de fora? – o mais velho questiona com expressão de deboche.

— Exame de ultra-ssom! – Chris ironiza, dando espaço para o pai poder entrar.

— Cadê a sua irmã? – o homem dá alguns passos pela sala de estar.

— Na casa de uma amiga!

— Tem certeza que ela não está fazendo o mesmo que você?

— Claro, porque se estivesse, o cara estaria morto há uns 20 minutos. Eu tenho uma espécie de “intuição”. Coisa que você não tem!

— Você sabe o porquê de eu não poder voltar, não é?

— Deixe-me adivinhar... Trabalho? Distância? – Chris faz uma leve pausa. – Mamãe?– o pai permanece calado. – Ah, desculpa... Talvez eu tenha exagerado um pouco.

— Chris! Eu sei o que você deve estar pensando!

— Na verdade eu não tenho tempo mais pra pensar! Pensar está me machucando muito ultimamente, então... Não, você não sabe!

— Como...? Olha, talvez você esteja cansado.

— Pois é! Eu tive uma ideia! Que tal a gente tomar uma cerveja? Que nem quando você me convidou antes de você nos largar. Que tal... Vamos ver... Quando o inverno chegar?

— Você sabe por que eu saí! – o pai suspira.

— É... Claro! É esse lance que você não conta a ninguém, e eu não sei por quê!

— Olha! Vê se se acalma! Eu te explicarei tudo! – Chris o encara prestes a despejar outra ironia, mas percebe que o outro parece dizer a verdade.

— Sou todo ouvidos! – diz por fim.

***

Após desfazer suas malas em seu novo quarto, Jill ansiava por uma boa noite de sono, mas não sem antes tomar um bom banho.

A água quente, era o adequado para um ambiente frio como aquele. Enquanto secava seu corpo, percebeu pela primeira vez em tempos que estava muito magra e concluiu que precisava fazer alguns exercícios.

— Cindy está chamando! – a voz de Matt ecoou atrás da porta do quarto e então, seus passos indicaram que ele foi embora.

— Obrigada! Eu acho... – Jill balbuciou se vestindo.

Minutos depois, já pronta, a morena desceu as escadas encontrando o rapaz segurando um recipiente com três copos.

— Seu presente de boas vindas! – Cindy exclama sorrindo – Uma prévia do que você terá amanhã!

— Ah, eu não sei se eu... – Jill pega o copo com um liquido estranho. – O que é...

— Ora, vamos! Beba logo!

Hesitante, ela bebe tudo em um só gole. Nunca havia bebido antes, pelo menos não uma bebida tão forte. Sentiu-se bebendo uma mistura de sumo de limão com aguardente. Sua sensação foi meramente expressiva.

— Jesus! O que você colocou aqui!

— Apenas 5% do que você vai experimentar amanhã!

— Ótimo! Se eu tiver uma convulsão, já sabem onde me levar.

Os três riem e então Jill volta para o quarto, jogando-se na cama. Depois da prisão de seu pai, ela não esperava sorrir novamente, mas depois desse dia, ao chegar a essa cidade pacata, a garota percebia enfim que não podia mais remoer o passado, caso contrário ele poderia acabar corrompendo-a, um caminho sem volta.


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