Quando a noite começou a cair já não restava mais ninguém lá, eu sabia que tinha que ir embora antes de Damon chegar, ele foi “sutil” quando deixou isso bem claro pra nós antes de deixar a casa novamente. Mas eu tinha percebido que era a primeira vez que conseguia ficar sozinho com Bonnie desde que decidimos ficar juntos, então eu realmente queria um pouco mais de tempo com ela:
            - Você quer comer.. digo beber alguma coisa? – Ela me perguntou, virando-se pra mim no sofá, um pouco atrapalhada, com as bochechas corando, eu sabia que estava um pouco desconfortável, ela era linda assim.
            - Não, eu estou bem. – Falei sorrindo, eu me aproximei, ela se afastou mais, eu ri com isso, me aproximei mais um pouco. – Quero ficar um pouco com você... Bonnie cuidado! – Falei, quando vi que não tinha mais sofá pra ela escorregar, tarde demais. – Você está bem?
            - Sim... – Ela pareceu mais nervosa ainda, eu a ajudei a levantar. – Desculpe. – Ela pediu, estava envergonhada.
            - Não peça desculpas, eu gosto de você exatamente assim! – Disse, tocando o seu rosto e finalmente a beijando de forma apaixonada.
            - Nossa... – Sussurrou, a olhei com curiosidade.
            - O que foi? – Perguntei, ela não me olhou de volta.
            - Só é diferente quando se beija alguém de quem gostamos. – Ela sorriu, e minha mão foi parar em seu rosto.
            - Eu odeio ter que ir embora. – Confessei, estando ali tão próximo dela sentindo aquele perfil inebriante doce que ela usava.
            - Então não vá, fica um pouco mais, se formos pro meu quarto Damon não vai nem notar que está aqui. – Ela pediu, segurando a minha mão, talvez ela tivesse razão.

            E ela tinha razão, quando Damon chegou, Bonnie desceu pra falar com ele e eu fiquei esperando no quarto dela. Acho que aquele cômodo realmente combinava muito com ela, tantos ursos de pelúcia, muita coisa rosa, uma organização impecável. Isso me fazia pensar o quanto éramos diferentes, o quanto nossos mundo eram tão distante, ela como uma garota exemplar, inocente e intensa. Quanto a mim, as minhas escolhas me levaram pra lugares que provavelmente ela nunca ouviria falar:
            - Onde estávamos? – Perguntou, assim que voltou e fechou a porta, trancando-a por precaução, ela voltou pra cama e dessa vez se sentiu a vontade o suficiente pra deitar em meu colo. – Bom, acho que você estava me contando como rolou a confusão com a irmã da Dav.
            - Eu tenho mesmo que falar sobre as minhas confusões antes de você? – Eu realmente não queria expor todas as vezes em que não prestei, meu passado não me recomendava e se ela percebesse que não tinha garantia nenhuma de que eu iria fazer a coisa certa por ela a não ser confiar em mim?!
            Percebi que sentia medo de que ela fosse embora, que ela percebesse o que provavelmente todo mundo pensava mas não dizia “Isso vai acabar mal pra você!” esses eram os avisos que faziam sobre mim:
            - Algum dos seus lances terminou bem? – Ela perguntou erguendo uma sobrancelha.
            - Davina conta? Somos amigos de novo. – Sorri, abaixando até ela pra beija-la mais uma vez.
            - Não, ela não conta, porque não acabou bem, mas eu redimi a situação. – Ela disse voltando a se sentar de frente pra mim.
            - Porque não falamos sobre você agora? – Estava ansioso pra mudar de assunto.
            - Porque não tenho nada de interessante pra falar sobre a minha vida. – Declarou como se fosse óbvio. – Todo mundo sabe sobre o Jeremy.
            - Impossível, porque tudo sobre você é fatalmente interessante pra mim! – Começamos a nos beijar de novo, dessa vez de forma mais intensa, ela foi deitando na cama e logo estava sobre ela.
            Ela tinha razão quando disse que beijar alguém que se gostava muito era uma sensação diferente, por mais que eu não quisesse que acontecesse daquela forma era difícil demais parar quando se estava ali, ela tocou o meu peito e aquilo foi um sinal pra eu me afastar um pouco, parei de beija-la, olhando em seu olhos, ela queria falar algo:
            - Você falou sério sobre a festa no lago sobre querer que a gente...
            - Bonnie, olha quanto a isso eu posso explicar. – Disse interrompendo-a, era hora de contar da Mary Lou.
            - Tudo bem, eu quero dizer que se for mesmo verdade, eu quero também! – Ela ficou me encarando por alguns segundos. – Eu quero que minha primeira vez seja com você.
            - Você tem certeza disso? – Perguntei, estávamos juntos há tão pouco, mas eu já gostava tanto dela, que pra mim não havia dúvidas do que eu queria, mas e ela?! Se arrependeria depois?!
            - Eu tenho certeza. – Respondeu convicta, quando alguém nos interrompeu batendo na porta.
            - Tudo bem, eu vou fazer de tudo para ser perfeito. – Sussurrei, saindo de cima dela.
            - E eu vou fazer de tudo pra conseguir ir... – Ela apoiou os cotovelos na cama, é verdade ela ainda estava de castigo.
            Eu sorri, voltando pra dar um beijo nela, antes de sair pela janela.

            Eu dirigi pra casa sem pressa alguma, estava pensando nela e no como tudo havia mudado. No último ano eu tinha aprendido a me importar mais com as pessoas, isso graças a Davina, que veio a ser a minha melhor amiga. E agora, eu me via querendo fazer algo perfeito pela Bonnie, pra nós, eu simplesmente queria ficar com ela pra mim, se eu pudesse a levaria e nunca mais pra algum lugar onde eu pudesse estar com ela sem receio nenhum, sem interrupções... E talvez eu tivesse essa chance!
            Cheguei em casa pouco tempo depois, não era longe. Eu queria ver como minha mãe estava, se já tinha contato pro Klaus ou não:
            - Mãe? – Chamei, devia estar dormindo, subi as escadas só pra verificar se estava tudo bem.
            Abri a porta do quarto sem bater, não precisava era a minha mãe, quando me arrependi amargamente:
            - Pai?! – Olhei incrédulo pra cena a minha frente, eles pararam de se beijar e se agarrar e olharam pra mim surpresos.
            - Filho eu...- Minha mãe começou a falar, eu nem deixei que terminasse, fui pro meu quarto.
            Quer dizer que depois de todo esse tempo eles vão voltar?! Depois do divorcio, depois das brigas excessivas, das acusações e tribunais, depois de tudo isso eles iriam voltar?
            Bati a porta do quarto com força e tranquei. Eu respirei fundo e sentei na cama, só pensava que tinha superado isso, agora eles iam querer me fazer passar por tudo aquilo de novo e ao bebê, recém chegado também.
            Eu não tive muito tempo pra pensar sobre isso, meu celular começou a tocar, era Bonnie, num primeiro momento pensei em não atender, mas talvez se eu pudesse ouvir a voz dela eu me sentiria melhor:
            - Oi Bonnie... – Atendi por fim, nos primeiros segundos não ouvi nada. – Bon você está bem? – Comecei a ficar preocupado.
            - Damon e Elena estavam tendo um caso, já tem tempo que isso está acontecendo, eles mentiram e esconderam. – Ela respirou fundo do outro lado.
            - Os “adultos” andam escondendo muita coisa ultimamente. – Falei pensativo.
            - O que aconteceu? – Ela perguntou com a voz um pouco alarmada.
            - Melhor nos falarmos pessoalmente, certo? – Perguntei com uma ideia em mente.
            - Certo! Será que você consegue me tirar daqui em quanto tempo? – Perguntou Bonnie sem pensar.
            - Consegue estar pronta em meia hora? – Perguntei. – Pegue tudo o que precisar.

Ao passar pela porta ignorei, tudo que meus pais estavam tentando me falar, sai de casa com uma mochila nas costas e as chaves do carro, minha mãe me perguntava onde eu ia, meu pai mandava eu responder, eu estava sendo impulsivo como sempre, mas dessa vez em busca de sossego.
            Eu tirei Bonnie de casa do mesmo jeito que tinha saído, sem dramas, sem discussão, acho que ela não agüentaria se fosse de outra forma, ajudei-a a descer da árvore, ela me abraçou por uns segundos ali mesmo:
            - Vamos pra sua casa no lago? – Perguntou com a voz baixa, quando me soltou e eu abri a porta do carro pra ela.
            - Exato! – Beijei o topo de sua cabeça e entrei no carro, dirigindo o mais rápido que eu podia pra longe.
            Nós tivemos 3 horas pra conversar até chegar a casa do lago, eu não acreditei que tinha tanto pra falar sobre a separação dos meus pais como falei, na verdade nunca havia falado tanto, nem tive a chance de perguntar o que aconteceu com ela pra descobrir tudo isso. Assim, que chegamos, avistei um carro antigo parado perto e luzes acessas dentro da casa:
            - Espera aqui... – Disse pra Bonnie, olhando desconfiado, fui até a mala e peguei um taco de basebol e segurei firme, Bon arregalou os olhos. – Calma... Qualquer coisa, liga pra policia!
            - Kol, eu vou com você! – Ela disse, saindo do carro decida. – Não vou deixar ir lá sozinho!
            - Bonnie... Você fica e liga pra policia se alguma coisa acontecer! – Disse, indo em direção a casa, começou a ouvir passos na sala, deviam ser duas pessoas, ouvi uma risadinha e abri a porta de uma vez.
            - Davina? – Olhei pra garota surpreso.
            - Kai? – Bonnie perguntou chegando logo atrás de mim, ela não tinha ficado no carro.
            - O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntamos todos  em uma só voz.