A Inútil Capacidade de Ser Receoso escrita por Fabrício Fonseca
Assim que chegamos à minha casa Aline sobe a escada correndo e vai para o meu quarto pegar uma roupa para depois ir tomar banho – ela e Marcos passam tanto tempo em minha casa, assim como eu passo na casa deles, que decidimos deixar algumas roupas para sempre que necessário – e eu Marcos e João vamos para a cozinha beber algo.
Depois que todos já tomamos banho pegamos as bolsas com a lona e as partes montáveis da barraca debaixo da minha cama e descemos a escada conversando quando meu pai sai de seu escritório com o tio de João.
—Boa noite meninos – meu diz enquanto anda em nossa direção. – Boa noite, Aline. – Ele diz de forma muito alegre, meu pai meio que tem esse desejo mega enorme de que eu e Aline namorássemos; ele não consegue entender que o relacionamento que nós temos é algo mais que namoro, que é um tipo de amizade realmente especial.
—E aí João, está se divertindo? – Frederico pergunta para o sobrinho.
—Não posso dizer que não estou acostumado com tanta agitação, mas estou me divertindo sim. – João responde e eu e Marcos e Aline rimos.
—Sua mãe me ligou – ele diz para o sobrinho. – Ela disse que te ligou várias vezes.
João pega seu telefone no bolso de trás de sua bermuda e bate a mão na testa depois de tentar ligá-lo.
—Descarregou, eu nem me lembrei de olhar. – Frederico estende seu telefone para João e os dois saem andando para a cozinha. – Encontro vocês lá fora. – Ele diz para a gente antes de passar pela porta.
Assim que sei que eles não poderão me escutar digo para meu pai:
—Antes que você me peça para falar em particular sobre o João, devo te dizer que ele já chegou aqui corrompido. – Meu pai arregala os olhos e escuto Marcos e Aline tentando segurar a risada atrás de mim.
Saio andando em direção á porta e meus amigos me seguem.
Começamos á montar a barraca assim que escolhemos onde vamos ficar – é uma parte do gramado em que fica distante da minha casa, mas que ainda é iluminado pelas luzes da rua. João chega quando estamos terminando de amarrar a lona ao metal.
—Me desculpe pela demora, minha mãe tem um dom de começar á falar e nunca mais parar.
Nós três rimos.
—Se atualizou sobre como anda sua namorada? – Digo brincando.
—Sim, liguei rapidamente para ela; está com alguns amigos. – Diz enquanto se abaixa ao lado de Aline e começa á ajudá-la com a amarração da lona.
—E você não tem problema com isso? – Marcos pergunta.
—Não – ele responde rapidamente. – É claro que eu tenho ciúmes dela, o que eu não tenho é sentimento de posse; sou seu namorado não seu dono, ela pode fazer o que quiser com a vida dela.
Aline sorri para ele.
—E se ela te trair?
—Bem aí vai ser um problema dela, não meu – ele ainda está calmo ao responder isso. – Se ela sentisse vontade de me trair o fato de eu tentar impedi-la não mudaria seus desejos.
Nós paramos olhando pra ele e começamos á rir.
—Você é realmente muito diferente. – Digo.
Marcos vai em casa e busca alguns salgados e refrigerantes e passamos as próximas horas conversando e fazendo gracinhas, então começamos á brincar de mímica sobre filmes e João brinca sobre o filme “Saindo do Armário”.
—Me lembrei de quando eu saí do “armário”. – Digo e Marcos e Aline riem.
—E como foi? – João pergunta.
Sorrio para ele antes de começar á contar.
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