Perigoso escrita por CPP


Capítulo 13
Capítulo 13




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  .P.O.V. Youko.

Assim que o Toshi saiu correndo, eu me virei para o Yuri, irritada.

— Yuri! Qual o seu problema?! - exclamei. - O Toshi não fez nada!

— D-Desculpe é que... - ele parecia arrependido. - Eu não acredito que eu fiz isso!

Ele me contou tudo o que tinha acontecido, e eu comecei a me espantar, o Toshi e os amigos dele realmente eram sequestradores. Mas... o Toshi disse que estava tentando mudar, não disse? Além disso, ele virou um grande amigo meu, e parecia realmente desesperado por eu ter descoberto a verdade.

— Yuri, eu tenho que ir pra casa, ok? - respondi, ainda irritada. - Depois eu falo com você.

Saí da escola, apressada, amanhã eu falaria com o Toshi...

No dia seguinte...

Cheguei na escola e fui direto para a minha sala, me sentando no meu lugar e esperando a aula começar, mas, por algum motivo, o Toshi não veio. Eu acho que ele estava resfriado, afinal, saiu correndo na chuva no dia anterior, resolvi falar com o Akira no intervalo, eles moravam juntos, de qualquer maneira.

— A-Akira... - me aproximei do mesmo, ansiosa. - O que aconteceu com o Toshi?

— Ah, o Toshi, ele ficou resfriado. - sorriu para mim. - Mas logo ele volta para a aula, não se preocupe.

— E-Eu queria saber... eu posso visitá-lo? - sorri de volta, meio tímida. - Sabe, ele parecia tão feliz ontem, e... depois do que o Yuri disse, ele ficou tão mal...

— Claro, vou te passar o nosso endereço, - anotou em um papel, me entregando. - e, bem... não fique tão brava com o Yuri, ele já se resolveu com o Toshi, ok?

— Claro! - agradeci, lendo o endereço no papel.

Depois que o Akira me deu o endereço da casa deles, eu corri para falar com o Toshi, nem me preocupei com a aula, depois eu pedia as anotações pra alguém. Parei em frente à porta do apartamento, batendo levemente.

  - Pois não. - um garoto de cabelos e olhos vermelhos me atendeu, ansioso.

  - Com licença, eu sou amiga do Toshi, Youko Matsumoto. - sorri fraco. - Eu posso falar com ele, por favor?

  - Ah, o Toshi está doente, mas, você pode esperar ele acordar. - sorriu de leve, me convidando para entrar. - Ele estava mal, é dramático, pensou que você fosse odiá-lo.

  - Eu... nunca odiaria o Toshi. - exclamei, indignada. - Eu posso vê-lo um pouco?

  - Se você pudesse me ajudar a trocar as toalhas úmidas eu agradeceria. - pediu, me guiando até o quarto. - Se ele acordar, tenta não falar muito alto, tudo bem?

  - Hai. - entrei, tentando não fazer barulho, vendo o Toshi dormindo, calmamente, com uma toalha na testa, e uma bacia d'água no criado mudo, ao seu lado. - Ah, Toshi...

  Peguei a toalha, que estava na testa dele, mergulhei na bacia d'água e torci, colocando novamente na testa dele, que se remexeu, parecendo ter um pesadelo. Passei a mão de leve no cabelo dele, que se acalmou um pouco, mas ele ainda estava tendo pesadelos.

  - Shhhh, calma, Toshi, eu estou aqui. - sorri. - Sou eu, a Youko. Eu nunca odiaria você, estou cuidando de você.

  Ele parou de se mexer, sorrindo de leve. Dei um beijo na bochecha dele, me sentando ao seu lado, preocupada. Toshi começou a acordar, e eu me levantei, sorrindo.

  - R-Riki... - resmungou. - Eu estou bem... não preciso dessas toalhas.

  - Toshi... não é o Riki, sou eu, Youko.

  - Y-Youko? - sussurrou, me encarando. - Por que você está aqui? - se sentou, tossindo fortemente.

  - Porque me importo com você. - peguei o edredom que estava aos pés da cama dele, enrolando-o em volta do garoto. - Você é um dos meus melhores amigos.

  - S-Sério? - sorriu, com os olhos umedecendo. - Eu pensei que você fosse se afastar de mim.

  Abracei-o com força, e pude perceber como ele estava quente, a febre dele estava muito alta. Ele me abraçou de volta, me enrolando junto com ele no edredom e acariciando o meu cabelo, afundei o rosto no peito dele.

  - Você é um baka. - murmurei. - Onde já se viu? Sair correndo naquela chuva, preocupando todo mundo...

  - Aposto que ninguém percebeu. - ele comentou, com a voz embargada. - Ninguém nunca percebe...

  - Eu percebi! - me soltei do abraço, dando um beijo na testa dele. - Eu fiquei preocupada com você e, quando o Akira disse que você estava doente, pedi o endereço da casa de vocês na hora, para poder te visitar.

  - Obrigado. - sorriu, uma lágrima solitária escorreu pela sua bochecha, e eu fiz questão de secá-la.

  - Não chore. - pedi, bagunçando o cabelo dele. - Vou pegar alguma coisa pra você comer, pode voltar a dormir.

  - Não estou com fome. - exclamou, segurando a minha mão. - Fica aqui comigo, por favor.

  - Claro. - sorri, me deitando ao lado dele, que logo pegou no sono.

  Me levantei, sem acordá-lo, e fui até a sala, onde Riki lia um livro. Sorri para ele, tomando coragem para pedir algo.

  - Ahn, você quer que eu prepare uma sopa para o Toshi? - sorri. - Estou aqui para ajudar, eu posso fazer uma sopa com os ingredientes que encontrar aqui.

  - Se você pudesse fazer isso, eu,agradeceria. - sorriu de leve. - Nenhum de nós sabe fazer sopa.

  - Tudo bem. - fui até a cozinha, pegando uma panela e alguns legumes.

  Comecei a preparar uma sopa de legumes e carne para o Toshi. Assim que ficou pronta, provei uma colherada, sorrindo, estava boa. Enchi um prato de sopa, tomando cuidado para não derrubá-lo, e entreguei ao Riki.

  - Obrigada por apoiar o Toshi, ele falou tudo o que você fez, se não fosse por você, nós nunca conheceríamos esse Toshi slegre e brincalhão. - entreguei o prato pra ele. - Espero que goste.

  - Obrigado. - sorriu, tomando uma colherada. - Está delicioso, o Toshi vai adorar, tenho certeza.

  Entrei no quarto, onde Toshi estava deitado, olhando para o teto, ele estava sorrindo por algum motivo, resolvi não me meter.

 - Feche os olhos! - pedi.

 - O-O quê?

 - Feche os olhos. - repeti, me aproximando. - E abra a boca, eu tenho uma surpresa.

 - Ok. - me obedeceu, corando, e eu coloquei uma colherada de sopa na boca dele, que sorriu, abrindo os olhos.

— E aí?

— Você que fez? - perguntou, depois de engolir.

— Hai. - peguei outra colherada. - Abra a boca.

— Youko, eu não sou tão inútil assim. -reclamou, abrindo a boca.

— E, mesmo assim, continua deixando que eu te dê a sopa. - ri, colocando outra colherada na boca dele. - Folgado.

— D-Desculpe... - corou. -  Mas nunca fizeram isso comigo antes, então eu tenho que aproveitar, né?

— Vamos, abra a boca. - corei de leve. - Antes que eu mude de ideia. - sorri.

Continuamos assim até a sopa acabar. Levei o prato e a colher pra a pia, passando pelo Riki e recolhendo a louça dele, também.

 - Você é uma amiga muito gentil. - o ruivo sorriu. - Eu conseguia ouvir a risada do Toshi daqui. - passou a mão no meu cabelo.

— Obrigada, - sorri de volta. - o Toshi não é o Toshi sem a risada dele.

Voltei para o quarto do Toshi e encontrei-o de pé, com um sorriso travesso no rosto, e DESCALÇO!

— Então quer dizer que eu não sou eu sem a minha risada? - se aproximou, ainda com o sorriso no rosto. - É isso que você acha?

— H-Hai... - corei com a proximidade. - Eu gosto da sua risada, de verdade. - o rosto dele estava a centímetros do meu.

— Eu poderia te beijar agora mesmo... - sussurrou. - Maaas, eu estou doente, e não quero que você fique doente também. - se afastou, rindo e fazendo carinho no meu cabelo.

— Toshi, você não deveria andar descalço, você está resfriado. - murmurei, empurrando-o de volta para a cama.

— Tá, tá... - segurou a minha mão. - Não vai embora, ok?

— Toshi, - eu ri. - eu tenho que ir pra casa e...

 - Nao tem não... - murmurou, quase pegando no sono. - Você tem que ficar comigo...

— Acho que sua febre voltou, você está delirando. - resmunguei, colocando uma toalha molhada  na testa dele.

— Eu não estou delirando, Youko-chan. - sorriu, beijando a minha mão. - Eu sei que você vai ficar aqui, você não é má de deixar o seu amigo sozinho e delirando. - riu, tentando me chantagear.

 - O Riki  vai estar aqui! - reclamei, quase cedendo.

 - Mas o Riki não é você... - sussurrou, olhando para baixo. - E ontem eu passei o dia inteiro pensando que você me odiava.

 - Tudo bem... - suspirei, encarando uma cicatriz, no ombro direito dele. - O que aconteceu aqui? - perguntei, encostando de leve.

 - No orfanato... - fechou os olhos. - Me bateram... com um cano... - passei a mão no cabelo dele, encorajando-o a continuar. - E eu acabei  me cortando.

 - Deve ter sido horrível. - murmurei, me deitando e virando para ele, para conversarmos melhor. - Fico feliz que tenha acabado.

 - Ninguém sabe disso até hoje. - sussurrou, ansioso. - Além do Riki, é claro. Foi nesse dia que a gente se conheceu. - sorriu.

 - Você é uma pessoa muito forte, Toshi. - abracei-o. - A pessoa mais forte que eu conheço, tirando, é claro, minha mãe.  ri fraco.

 - Eu sabia que você ia ficar. - sorriu, pegando no sono. - Sabia...

 Eu precisava ir embora, mas não queria deixar o Toshi sozinho, então, resolvi ficar um pouco mais, o problema foi que eu caí no sono também.

—---------

Acordei, levemente desnorteada, olhei para o lado, podendo perceber o Toshi acordando, ele me encarou, sorrindo, por alguns segundos, antes de abrir a boca.

 - Você dormiu abraçada comigo, algo a declarar? - riu.

 - Manipulador... - resmunguei, fazendo com que ele risse mais ainda. - Para de rir de mim!

 - Você te cheiro de torta de maçã. - aproximou o rosto do meu cabelo, inspirando profundamente. - É bom.

— Você tá melhor? - pergunte, preocupada, colocando a mão na testa dele. - Pelo menos, com febre você não está.

 - Viu? Se você não estivesse aqui, eu não teria melhorado. - abriu seu melhor sorriso, me abraçando novamente.


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