Cidade Imortal escrita por Manuca Ximenes, Cris Herondale Cipriano


Capítulo 24
Capítulo 23




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Capítulo 23

A espera... A tentativa... A conversa.

A tensão na sala de armas era iminente, Maryse não tinha a menor ideia do que estava fazendo, o porquê de estar andando de um lado para o outro, o porquê de não poder ajudar em, absolutamente, nada e o porque de Isabelle e Clary a estarem vigiando quando deveriam estar fazendo alguma maldita coisa.

O coração de Maryse estava despedaçado, não que ela ainda o amasse, longe disso, eles mal de se falavam e quando se falavam eram sobre coisas do trabalho ou sobre a família, mas Robert e Maryse viveram juntos por longos anos, tiveram três filhos juntos,  netos, uma vida inteira de altos e baixos, óbvio que ela se sentiria entristecida pela possibilidade da partida do homem com quem ela partilhou tantas coisas.

Ela analisa a sua filha, ela estava abraçada a Clary, sendo confortada pela amiga, enquanto Jace e Simon estavam contando Sebastian, ou melhor, Jonathan.

—Nós somos adotados, mas não somos menos filhos deles por causa disso. –Grita Rafael, chamando a atenção de Maryse.

—Quem é o ativo e o passivo? –Pergunta à voz de Will, Maryse aproxima-se da porta a tempo para observar Rafael dar um soco em Will.

—Calma, campeão. –Pede Will, rindo.

—Você acha que é engraçado? Acha que a história da minha família é engraçada? –Pergunta Rafael, partindo para cima de Will e sendo contido por Max.

—Ele não vale a apena. –Garante Max, olhando o irmão nos olhos.

—O que está acontecendo aqui? –Pergunta Maryse, irritada.

—Nada que mereça a sua atenção, vó. –Garante Max, aproximando-se de Maryse e beijando a sua fase, mas algo mudou nele, quando Maryse começou a chorar. –O que está acontecendo? –Pergunta, encarando-a, alisando os seus cabelos negros, com poucos fios brancos.

O abraço do seu neto, do seu neto favorito era tudo o que Maryse precisava para desabar, para se entregar a tristeza, principalmente, quando Rafael aproximou-se dela e alisou as suas costas, confortando-a.

—Pelo anjo, o Robert, ele... –Interrompe-se, ofegando.

...

Magnus estava tentando de todos os modos possíveis fechar a ferida de Robert, que o encarava ainda cuspindo sangue.

O feiticeiro nunca achou que Robert fosse a melhor pessoa do mundo, longe disso, mas com o passar dos anos a convivência dos dois foi melhorando, não só por Alec, mas por Max, Rafael, Izzy, Cecily e tantas outras pessoas que o cercavam e que ele amava.

Para o mundo, menos um caçador de sombras poderia não significar nada, mas naquela família, significaria uma perda irreparável.

Com a ajuda de Alec, Magnus estava usando todas as suas forças para ajudar o homem, mas nada estava funcionando. A porta se abre e Max senta-se ao lado de Magnus, também começando a executar magia.

A ferida já estava começando a cicatrizar, quando Robert encarou Alec e parou de respirar. Magnus e Max pararam de executar magia e Alec começou a desenhar várias runas no corpo do pai, com uma expressão desesperada, mas nada o que ele fazia surtia algum tipo de efeito, até que Magnus o puxou, dando-lhe um abraço apertado, sentindo as lágrimas do seu marido.

—Eu sinto muito, meu amor. –Sussurra, alisando as costas de Alec, que ofega.

—Isso está fugindo do controle. –Murmura Max, nervosamente. –Primeiro a tia Maia e agora o meu avo? –Pergunta, sussurrando.

—Maia, o quê? –Pergunta Alec, confuso.

—Max. –Repreende Magnus, nervoso.

—Desculpe-me. –Pede, envergonhado. –Quando chegamos ao Jade Wolf, os lobisomens estavam agindo como se estivessem numa disputa para ter um alfa. –Revela, murmurando.

—Não. –Implora Alec, negando com a cabeça.

Magnus sabia que a morta de Robert era um golpe e tanto para o seu marido, mas juntar com a perda de outra pessoa que ele amava e se importava tanto quanto, não era algo que o feiticeiro esperasse.

—Conte e a Jordan e o mande ir atrás de Lily. –Manda Magnus, sentindo Alec desabar ao seu lado, sentindo o quanto Alec precisava dele.

—Ok. –Sussurra, retraído.

Sem ao menos observar Max sair do recinto, Magnus forçou Alec a encara-lo, conectou os seus lindos olhos azuis aos seus olhos de gato.

—Eu estou aqui. Eu vou sempre estar aqui por você e com você. –Declara, alisando o rosto de Alec. –Posso colher cada lágrima, posso ficar ao seu lado, ou posso ir embora. A escolha é sua. –Afirma, observando-o negar com a cabeça.

—Não estar com você... Sem você... Eu não consigo. –Confessa, abraçando Magnus com força.

...

— O que você está fazendo aqui sozinho? - Perguntou Mia assustando o garoto que examinava as diversas armas da sala. 

— E-eu estava apenas olhando as armas, não queria atrapalhar ninguém. - Disse Willy soltando um suspiro. 

Mia o olhou desconfiada, esse menino a deixava estranha, seus batimentos cardíacos nunca ficavam normais com ele por perto. O olhou mais atenta e percebeu que ele estava nervoso, ficava estralando os dedos da mãos como se fosse um tic nervoso, isso a deixou curiosa. 

— Por que está tão nervoso? 

— Você não está? Robert Lightwood está as portas da morte, todos estão preocupados, você não está? 

— Por que eu deveria? 

Willy a olhou surpreso com o tom rancoroso na voz da garota, podia ver que apesar da imagem de durona que ela queria passar as demais pessoas a sua volta, ela era uma pessoa bem sensível por dentro, dava para ver que sofria.

— Porque ele é uma pessoa, um ser humano, sabe ter compaixão pelo próximo é bom. - Disse com seu jeito calmo que herdou do pai.

— Compaixão? Ninguém teve compaixão pelo meu pai, ele está morto agora, foi esfaqueado por seu ex parabatai, ninguém se importou em mandar alguém atrás dele, tudo o que pensavam eram em si mesmos, minha mãe está destruída em cima de uma cama, minha irmãzinha só pensa em livrar o sobrinhozinho das grades dos irmãos do Silêncio e o precioso Inquisidor Robert Lightwood nem ao menos se dignou a ir até o que sobrou de minha família e ver se tudo estava bem, mandar caçar o desgraçado que matou meu pai, ou se dignar a dar-lhe um enterro descente e tudo por que? Porque ele era um submundano? Ele não teve o direito de ter suas cinzas na Cidade dos Ossos como sempre sonhou, ele foi um Caçador de Sombras também, deu seu sangue por essa causa até ser traído pelo próprio parabatai, traído também pelo tão glorioso Robert Lightwood que naquela época também pertencia ao circulo, também ajudou Valentim a se desfazer de meu pai. Então me desculpe, não tenho inclinação para ter alguma piedade de nenhum deles! - Desabafou a garota com lagrimas escorrendo pelo rosto alvo.

Sem saber exatamente o que fazer, mas querendo abrandar um pouco do sofrimento que via nos olhos daquela linda jovem, Willy se aproximou da garota e lhe segurou a mão, era o máximo que sua timidez lhe permitia, esperava estar passando a ela o que queria, força para seguir em frente e carinho para que pudesse amenizar sua dor.

Mia arregalou os olhos com o gesto do rapaz, levantou os olhos para encarar os lindos olhos prateados e o que viu neles lhe deixou aquecida, se sentiu protegida, ali olhando para aquele puro tom de prata, se sentia mais protegida e segura do que havia sentido a vida toda. Sem pensar em suas atitudes, ou sem se importar com o que o garoto poderia pensar, Mia se jogou em seus braços e escondeu seu rosto no pescoço do rapaz dando razão ao seu sofrimento. 

Willy se assustou no começo, mas muito desajeitadamente correspondeu ao abraço, ele podia ver o quanto esta garota estava machucada por dentro. Queria poder dizer a ela que tudo ficaria bem, que nenhum mal lhe aconteceria, mas não podia dizer isso, pois não sabiam com o que exatamente estavam lidando, o pai dela já estava morto, todos corriam perigo. Mas mesmo assim queria se assegurar que ela ficaria bem, queria protege-la de tudo e de todos. Estava assustado, nunca se sentira assim com relação a outra pessoa que não fosse sua família.

Depois de um tempo, Mia estava recomposta, se afastou de Willy e o olhou com um sorriso tímido. 

— Me desculpa, não costumo sair por ai chorando nos braços de quem nem conheço direito. 

Willy retribuiu o sorriso.

— Tudo bem, espero que esteja se sentindo melhor. 

— Estou, obrigada, agora acho melhor irmos ver como estão as coisas. 

— Nossa! - Disse Willy batendo na própria testa.

— O que foi? 

— Esqueci que meu pai me mandou ficar de olho no parabatai dele. - Disse o garoto aflito. 

— Ele já não está meio velho pra ter uma baba não? - Perguntou Mia indignada.

— Meu pai disse que Will é meio excêntrico e que adora arrumar confusão então me pediu para ficar de olho nas coisas, os tempos mudaram desde que Will era vivo.

Mia deu um sorriso completamente recomposta agora e o garoto sentiu algo se aquecer em seu peito.

— Então vamos procurar os Senhor Encrenca. 

Quando estavam passando pelo longo corredor escutaram o choro triste e angustiado de Alec e ouviram Magnus tentando consola-lo, ambos gelaram no lugar e se encararam com os olhos arregalados, sabiam o que isso significava, Robert deveria estar morto. 

Mia se sentiu culpada por ter praticamente desejado a morte do homem, havia se esquecido de Alec, Isabelle e dos que sofreriam com a morte dele. Ouviram uma algazarra mais adiante e correram para ver o que era, chegando lá deram de cara com Rafael esmurrando Will que sorria e provocava o rapaz, logo Maryse chegou para por um fim aquilo. 

Willy levou as mãos a cabeça, enquanto olhava para Will e murmurava para si mesmo.

— Papai vai me matar! Droga Will você não consegue ficar dois minutos fora de confusão?! 


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