Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 30
Capítulo 30




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Capítulo 30 - Problemas de Hospedagem

    Os dois ainda estavam com o papel de endereço que Raquel mostrou tremendo. Então ela era parente daquele Bacamarte?

    - Err...só um minutinho, sim? - diz Mariana, sorrindo e disfarçando seu espanto - Thiago! Chega aqui!

    - O que é isso? - pergunta Thiago tenso e em voz baixa - Bacamarte não é o cara que praticamente despejou a gente da pensão?

    - Ele mesmo...não acredito que ele tenha uma neta...e agora? - pergunta a loirinha, tão tensa quanto.

    - Não sei...melhor a gente agir naturalmente, não?
   
    - Será?

    - Não vai pegar bem ela descobrir que o avô dela odeia o dono da nossa pensão. Vamos ficar na boa

    - O que foi, gente? Ficaram tão estranhos de repente? - pergunta Raquel, se aproximando curiosa.
   
    - Ah, não foi nada, não foi nada - disfarça Mariana - É que...a gente conhece o restaurante do seu avô

    - É. Ele se mudou pra cá faz pouco tempo também. Como a minha casa é uma bagunça só com meus outros três irmãos mais novos, minha mãe achou melhor eu me mudar para cá com ele. Dizem que por aqui é bem tranquilo - comenta Raquel com um sorriso inocente.
   
     "Err..mais ou menos", pensa Thiago, ainda não acreditando naquilo.

    - O que houve, gente? Parecem animados! - Renata se aproxima, após ter entregue um pedido a outro cliente. Raquel ainda não tinha visto a outra irmã.

    - Nossaaa!!! - ela exclama, espantada - Vocês são gêmeas! Que legal! Nunca conheci irmãs gêmeas antes!

    - Hã? É...é sim - comenta Mariana - É a minha irmã, Renata

    - Ah...por isso Quiosque Twin. Legal. Puxa..eu preciso registra isso

    - Registrar? Como assim? - pergunta Renata, sorridente.

    Raquel tira uma câmera digital da bolsa e pede para as irmãs ficarem lado a lado. Ela tira uma foto das duas.

    - Lindas! Muito lindas! - diz Raquel, sorrindo - Vou guardar

    - Uou! Você realmente nunca viu irmãs gêmeas antes? - pergunta Thiago

    - Não - responde Raquel, guardando a câmera - Achei o máximo!

    Raquel era mesmo uma boa garota. Seu sorriso era lindo e seu jeito contagiante. Thiago sente um magnetismo ainda mais forte e Mariana também parecia ter se simpatizado muito com ela.

    - Mas...voltando ao assunto...vocês sabem onde fica o restaurante do meu avô?

    - Seu avô tem um restaurante? - pergunta Renata

    - Sim. Esse aqui - explica Raquel, mostrando o papel do lugar para ela.

    - Ah! Mas é o restaurante do seu Bacamarte, não é? - Renata responde com um sorriso aberto. Mariana e Thiago ainda estavam tensos.

    - Sério? Então vocês conhecem mesmo meu avô? Podem me levar até lá?

    - É claro!
   
    - QUE? - estranha Mariana, que puxa Renata o mais rápido que consegue.

    - Ficou louca, Re? - pergunta Mari, em voz baixa - O avô dela não deve querer ver a gente nem pintado de ouro!

    - Imagina...ela precisa achar o lugar, não precisa?

    - Mas..

    - É só a gente pedir um tempinho para o tio Natan para acompanhá-la. Aposto que ele não vai se importar. O quiosque já perde movimento depois desse horário, mesmo

    - Tá...mas não vai ser muito legal a gente aparecer lá

    - Imagina. Vai dar tudo certo

    Pouco tempo depois, os três já estavam na porta do tal restaurante que o velho Zé Bacamarte dirigia. O servente varria a entrada e logo percebe o trio que chegava.

    - Sim? No que posso ajudá-los? - diz o varredor, com toda a calma e tranquilidade do mundo.

    - Bem...gostaríamos de falar com o Sr. José Bacamarte - diz Thiago, também de modo cordial.

    - Tudo bem! Seu Bacamarte! Tem um pessoal querendo falar com o senhor!

    O velho barbudo sai de dentro do local, de avental e segurando um cutelo de carne. Parecia estar mexendo com peixe ou algo assim, pelo menos era o que o cheiro denunciava. Assim que vê a cara do pobre do Thiago, não consegue segurar sua raiva.

    - Você! Seu filho da mãe! O que veio fazer aqui?! - gritava o velho furioso, agarrando o pobre rapaz pela camisa - Já não basta toda a humilhação que aquele desgraçado do Joaquim me fez passar? Não basta aquela sua amiga bêbada acabar com o meu estoque toda semana? Veio fazer o que? Rir da minha cara mais ainda?

    - P-P-Por favor, seu Bacamarte...se acalme... - dizia Thiago, gelando e suando frio com o cutelo de carne ali bem perto de seu rosto - Viemos em paz...temos alguém aqui que o senhor está esperando...

    Ele olha para o lado e vê as gêmeas ao lado de uma sorridente garota ruivinha e de óculos. O velho viking larga o pobre Thiago no chão e corre para abraçar a netinha

    - O senhor é mesmo muito gentil... - balbucia Thiago, caído no chão.

    - Raquelzinha! Que bom que chegou! Já estava preocupado! - ele a abraça, mesmo no estado de trabalho que estava.

    - Também é bom revê-lo, vovô - diz ela - Mas...não é melhor o senhor trocar de roupa primeiro?
   
    O velho percebe o estado em que estava e pede desculpas. Ele logo oferece um lugar no restaurante para a netinha sentar e pede para que espere. Parecia mesmo estar muito contente.

    - O vovô conseguiu mesmo montar um restaurante escandinavo bem legal! Fazia tempo que ele queria se mudar para cá

    - Err...você sabe o porque, não é? - pergunta Mariana. Os três acompanhantes de Raquel puderam sentar na mesa, com essa comoção inicial do avô dela.

    - Eu não entendi muito bem...mas ele tinha uma desavença com um antigo amigo dele e queria fazer as pazes!

    "Realmente ela não entendeu muito bem..", pensam Renata, Mariana e Thiago. Logo, o avô de Raquel já aparece mais asseado e pronto para conversar.

    - E então, netinha. Fez uma boa viagem?

    - Sim, sim. Trouxe uns doces da minha mãe - diz ela, abrindo a mala e mostrando os doces

    - Oh, puxa. Essa minha filha mais velha...sempre prendada. Hehehe. Mas e então? Já está estudando bastante? Lembro que você era a primeira da sua turma, não era?

    - Exagero. Mas nunca tive muito problema com escola

    - Ah, essa é a minha netinha, sempre modesta. Hehehe

    Os dois pareciam se dar muito bem, coisa que Thiago fez questão de reparar.

    - Vocês se dão muito bem, não é? - ele repara

    - E vocês? O que ainda estão fazendo aqui? - diz Bacamarte, já ficando nervoso de novo.

    - Ah, o senhor já os conhece, não é? São Thiago, Mariana e Renata...eles me ajudaram a chegar aqui

    - Hmm...então até que vocês não são tão ruins assim

    - Claro que não - diz Raquel - Eles são bem legais!

    - Tudo bem...vou reconsiderar meu conceito sobre vocês já que ficaram amigos da minha Raquelzinha querida. Mas estou de olho, heim? Principalmente em você - ele diz, apontando para Thiago.

    - Mas o que eu fiz? - o rapaz pergunta, desesperado.

    - Por enquanto, nada...mas por enquanto

    Os cinco conversam mais alguma coisa, até que Bacamarte finalmente lembra de mostrar onde sua neta vai ficar. Sim, tinha esse detalhe.

    - É verdade, como sou esquecido. Preciso te mostrar seu quarto, Raquel

    - Ah, sim. Onde é?

    - Bem, estou morando aqui em cima do restaurante mesmo. Tem um quarto sobrando que eu comentei, não é? Vamos lá ver

    Todo mundo sobe e seu Bacamarte abre a porta. Mas o quarto não parecia ser muito adequado para uma garota.

    - Ele é bem...diferente, né? - comenta Raquel, simpaticamente, ao ver um espaço minúsculo, empoeirado, cheio de caixas e uma cama não muito confiável.

    - Oh, droga...eu devia ter mandado o rapaz dar uma limpeza aqui...é que é tanta coisa na minha cabeça

    - Mas até que é bonitinho - diz Raquel, que era excelente em ver o lado bom de tudo.

    - Bom...pelo menos a cama está funcionando, não é? - seu Bacamarte senta na cama, mas ela tomba na mesma hora

    - Ops - comenta Renata.

    - Malditos cupins... - reclama o velho - Mas o colchão ainda é bem confortável - diz ele, dando um tapa no colchão, mas levantando uma nuvem enorme de poeira.

    - Cof, cof - tosse Mariana - Que horror!

    - Bem, nada que uma limpezinha, não resolva, não é? Não está tão ruim assim!

    Nisso, uma barata sai correndo pelo meio das pernas das gêmeas. As irmãs dão um grito, mas Thiago consegue pisar nela.

    - Pelo amor da sua neta, seu Bacamarte! - diz Mariana, ainda agarrada na irmã pelo susto da barata - Isso aqui não é lugar para uma menina ficar...aliás, para ninguém ficar

    - Mas...é que foi tudo tão de repente...não tive muito tempo de preparar nada...desculpe, Raquel

    - Tudo bem...eu durmo na sala

    - Na sala? Mas você é hóspede aqui...deixa que eu durmo na sala. Você pode dormir no meu quarto

    Só que o quarto dele também não era dos melhores.

    - O senhor guarda muito peixe aqui? - pergunta Renata

    - Oh, droga...eu mexo muito com peixe. Esse quarto é fedorento demais também

    - Tudo bem, vovô. Eu não ligo de dormir na sala - diz Raquel, compreensivamente.

    - Nada disso. A gente dá um jeito

    - Err...posso dar uma sugestão? - diz Thiago, levantando a mão timidamente.

    - O que? - pergunta o velho, já não gostando muito.

    - Na pensão tem um quarto sobrando. Ela pode ficar por lá

    - O QUE?! - grita seu Bacamarte, segurando o pobre Thiago pela camisa de novo - Nunca que eu vou deixar minha netinha morando de favor na casa daquele filho da..

    - Mas é bem mais asseado do que aqui - alfineta Mariana
   
    - Ah, vocês moram na pensão do amigo do meu avô? - pergunta Raquel - Assim fica mais fácil

    - Mas, mas - diz seu Bacamarte - Você veio aqui ficar comigo

    - Eu venho sempre visitar o senhor, vovô. Mas minha prioridade é arranjar um lugar calmo para estudar

    "Lá não é o lugar mais calmo do mundo, mas pelo menos é arrumadinho", pensa Mariana.

    - Entendo...mas...eu mesmo vou falar com aquele desgraçado do Joaquim!

    - Hã? - estranha Thiago.

    Não demora muito, para Bacamarte aparecer na porta da pensão, exigindo falar com o distraído do seu Joaquim

    - Quem quer falar comigo? - diz seu Joaquim, saindo lentamente pelo portão.

    - Sou eu, seu maldito! - diz Bacamarte - Preciso falar com você!

    - Você? Você seria.... - diz o ancião, não fazendo o menor esforço para lembrar.

    - Não se faça de desentendido! Sou eu, José Bacamarte!

    - Bacamarte...Bacamarte... - ele fazia de conta que tentava se lembrar - Desculpe...não lembro

    - Ora, seu

    - Ah, tá...você não é aquele que perdeu a partida de xadrez?

    - Nem me lembre disso que eu... - mas Bacamarte conta até dez, respira fundo e volta a dialogar - Olha...resolvi deixar essa história enterrada no passado! Temos que pensar nas novas gerações agora! Escute...minha neta veio para essa cidade estudar e a minha casa não é lá grande coisa

    - É..imagino

    - Ora, seu

    Mariana pede que ele se acalme e o velho barbudo continua a falar.

    - Por isso, vim pedir uma vaga na sua pensão... - mas logo, muitas imagens vem na mente do pobre homem - .pensão que devia ser minha propriedade, mas...aaaah...eu não consigo!

    - O que ele quer dizer, tio Joaquim - diz Mariana, que se oferece para mediar a situação - É que precisa de uma vaga para a neta dele

    - Vaga? Bem, dependendo de como você vai pagar

    - Não precisa se preocupar. Minha mãe está me mandando uma mesada para esse tipo de coisa mesmo! - diz Raquel, sorridente, que estava ali ouvindo tudo.

    Seu Joaquim dá uma bela secada na mocinha e, após pensar um pouco, acaba cedendo.

    - Tudo bem...ela pode ficar no último quarto

    - AeeeehhhH!!! - todos comemoram.

    - Afinal, ela não parece ter herdado o seu sangue de teimoso, não é, Bacamarte?

    - Ora, seu, eu poderia...

    - Por favor, se acalme, se acalme - diz Mariana, entrando na frente do nervoso barbudo - Sr. Bacamarte, pode apostar que sua neta vai ficar muito bem aqui!

    - Espero mesmo..eu vou explicar a situação para a mãe dela. Mas se eu souber de qualquer dificuldade...vocês vão se ver comigo!

    - Confie na gente

    - Isso...confie na gente, sr...err...hmm...como é o seu nome mesmo? - pergunta seu Joaquim, com toda a calma do mundo.

    - Grrrr!!!! Você realmente quer morrer, não é?

    Mas no fim tudo acaba se ajeitando. Raquel arranja um quarto bem próximo ao de Stephany e o de Dona Joana (elas dormiam no mesmo quarto) e parece ter se dado bem com os moradores.

    - Ah, então você é neta daquele Bacamarte? - pergunta Stephany.

    - Stephany! Isso é jeito de falar do avô da menina? - bronqueia dona Joana.

    - Isso. Você parece ser uma menina bem esperta! - elogia Raquel, passando a mão na cabeça de Stephany.

    - E bem comportada também! - diz a garota, sorrindo.

    - Que bom. No fim deu tudo certo - comenta Renata

    - Eu espero. E o Thiago. Cadê?

    - Obrigado, senhor. Muito obrigado mesmo! - Thiago orava, de joelhos, em seu quarto, agradecendo por mais uma linda garota morando na pensão.

    Enquanto isso, seu Bacamarte conversava com sua filha no telefone, explicando a situação de Raquel.

    - Isso...isso...achei melhor deixar ela lá. Aqui tá uma bagunça só. Certo. Claro, claro, eu falei e...hã? Ah, nada, nada...não se preocupe com isso...heheh...tchau!
 - dizia o velho, um pouco nervoso nessa última parte da conversa

    "Droga", ele pensa, ao desligar o telefone, "Esqueci de avisar sobre aquilo..mas...ah, não deve ser tão grave assim. Só acontece de vez em quando. Deixa eu contar o estoque agora. Ai, meu Deus. É só trabalho"


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler. Agradeço se deixar reviews

Até o próximo!



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