— Eu fiquei tão preocupada com você! – Heather corre para abraçar Astrid.

— Eu tô bem, eu tô bem. Obrigada pela preocupação – Responde Astrid esmagada.

         Asgard também me dá uma abraço rápido.

         - Está inteiro? – pergunta.

         - Por pouco.

         Depois de dormir com a Astrid, decidimos vir ver os outros que ainda estavam preocupados mesmo depois de eu ter mandado uma mensagem. Nos encontramos na praça próxima a Sweet Dragon e estávamos a caminho do galpão onde tínhamos dormido antes de encontrar Astrid, nossas coisas ainda estavam lá.

         - Vocês sabem o que isso significa, não é? – Heather pergunta animada.

         Astrid ergue uma sobrancelha duvidosa.

         - Nosso trato! Eu vou passar a ajudar nas missões agora – Heather parecia orgulhosa – Quer dizer, eu e o Asgard!

         - Quem diria que eram vocês esse tempo todo – Asgard revira os olhos sorrindo – Ainda estou surpreso de como Heather descobrira.

         - O quê? Você ainda dúvida da minha incrível habilidade de repórter? – Heather cruza os braços fazendo um biquinho, a cara dela de raiva.

         - Não, jamais! – Asgard a abraça fazendo cócegas – Como duvidar de você?

         Enquanto eles se resolviam não pude deixar de encarar a doceria por um momento, e tinha meus motivos para gostar daquele lugar... e eles todos se resumiam a garota que andava ao meu lado.

         Astrid estava quieta observando a cena, conversaríamos logo sobre tudo isso... Até lá, segurei a mão dela enquanto andávamos. Ela não esperava muito por aquilo, mas sorriu vermelha desviando o olhar e, graças aos deuses, Heather não percebeu ou então preferiu ficar quieta.

         O caminho não foi muito longo, Astrid nos guiou até lá mesmo um pouco confusa com as ruas, afinal, nada mudava o fato de que ela ainda era nova em Berk.

         Tínhamos sem duvida muita arrumação pela frente e no meio disso, Heather surgiu com uma ideia:

         - Sabe que esse seria o lugar perfeito para uma espécie de base dos heróis?

         - hã? – Dizemos eu e Astrid em coro.

         - Se eu vou ajudar vocês temos que ter um lugar, não acham? Poderiam voltar aqui depois das missões e nós cuidaríamos dos seus machucados, também posso me comunicar com vocês via Bluetooth e dar uma visão ampla da cidade, sem falar em todas as investigações que poderíamos fazer com meus computadores...

         - Calma, Heather – Diz Astrid – Está tudo muito rápido!

         - Não, ela tem razão – Digo – Estamos precisando de ajuda para capturar Drago, Viggo não fora um oponente fácil e olha que ele era apenas o sócio dele...

         Astrid suspira. Então se volta para mim pondo as mãos nos quadris.

         - Ok, temos que explicar para eles o que descobrimos até agora sobre Drago e... Heather o que está fazendo?

         Heather estava com uma expressão bem... fangirling  no rosto.

         - Ah, nada. É só que agora dá para saber que são realmente vocês, quer dizer, olha só vocês aí juntos com essa pose de heróis cheios de responsabilidades!

         Sem dúvida parecia a Nadder ali de pé quando começávamos a bolar um plano no meio da luta.

         - Só falta ele te chamar de “Milady”, obviamente!

         Astrid cora.

         - Quer saber? Vou fazer a patrulha de hoje! Você fica aqui e conta tudo para eles.

         - Ah, então todo o trabalho fica pra mim? – Brinco.

         - É, foi você quem me convenceu, lembra? – Ela sorri pra mim.

         - Tem certeza que já está boa para sair? Acabou de ser resgatada? – Interrompe Asgard.

         - Não se preocupe, sou a Nadder lembra? Já sou fortinha o suficiente para resolver meus problemas – Astrid responde procurando algo em sua bolsa se afastando – Ora, vamos, Tempestade! Venha aqui...

         Asgard e Heather ficaram confusos em saber com quem ela estava falando até verem uma dragãozinho subindo pelo braço de Astrid como um pássaro.

         - Tem certeza que eles devem saber? –Pergunta a mesma.

         - Está tudo bem, confio neles.

         - Que fofa! – Diz Heather se aproximando – Ela parece com...

         - É ela quem me concede poderes – Ri Astrid.

         - Ora, todo mundo venerando a Nadder Mortal, mas não ela quem faz explosãozinha no céu! – Banguela reclama saindo do meu bolso – Eu também quero atenção!

         Todo mundo volta sua atenção para o réptilzinho negro saindo do meu casaco.

         - Banguela! – Digo – Se comporte se for querer comer mais tarde!

         - Tá bom, Banguela fica quieto! Mas Banguela quer sair!

         O ponho no chão e ele começa a brincar com Tempestade.

         - Uh, agora quero ver você se transformando, Astrid! – pede Heather.

         - Heather...

         - Por favor! Nunca te pedi nada – Ela insiste – Faz pra eu ver!

         Astrid revira os olhos rindo.

         - Ok! Vamos lá, Tempestade?

         Tempestade dá um pulinho de alegria.

         - Tempestade, me transforme.

         Eu sempre fui curioso para saber como era a transformação, era como flashs de luz iluminando seu corpo por míseros segundos te vestindo e te mudando. Nadder Mortal aparece ali sorrindo em cinco segundos.

         - Tenha cuidado – Digo segurando seu braço antes dela sair.

         - Terei, prometo – Ela põe a mão sobre meu ombro e sai abrindo as asas.

         Heather cria uma nova expressão facial que me dá medo de decifrar, mas ela volta a guardar seu laptop na bolsa como se não fosse nada.

         - Oh oh – Asgard comenta – Heather está fazendo aquela cara…

         - O que foi, Heather?

         - Nada – Ela fala sarcasticamente.

         - Heather...

         - Ah, só estava aqui me perguntado, sabe...

         - O quê? – Pergunto.

         Ela dá de ombros arregalando os olhos.

         - Estava me perguntando quando você vai pedi-la para ser sua namorada.

***

         Astrid volta depois do que, para mim, fora um longo tempo. Heather e Asgard haviam saído faziam-se alguns minutos, eu estava extremamente nervoso... quer dizer, eu queria fazer isso, mas, naquele caso, era mais difícil falar.

         Sim, eu sei. Já falei o que eu sentia por ela na Sweet Dragon, mas Astrid era uma garota incrível, ela se sacrificou por mim milhares de vezes... Quanto mais próximos ficávamos, mais ela se machucava. Eu não queria nada disso, queria que ela fosse feliz, tivesse uma vida longa e feliz, sem sofrimento ou feridas de batalhas.

         Se você pudesse ver o tanto de cicatrizes que ela esconde... tanto físicas quando sentimentais, parte disso era culpa minha e eu... eu não poderia mais machucá-la, entende?

         Astrid pousou com dificuldade, uma de suas pernas estava machucada, e se transformou de volta numa garota normal.

         - Estava tudo bem calmo hoje – ela sorri – só uns problemas com delinquentes comum.

         - Eles machucaram você, não foi? – suspiro – vem cá, deixa eu te ajudar.

         Astrid percebeu meu tom, mas não negou quando segurei sua coxa delicadamente e invoquei minha espada para usar meu poder de cura nela.

         Ela perde o equilíbrio por um segundo, mas eu a dou apoio.

         - Obrigada.

         - É o mínimo que eu posso fazer...

         Ela cruza os braços com aquele sorrisinho sínico e revira os olhos.

         - Sendo Fury ou Soluço, você sempre se culpa, não é?

         Suspiro.

         - Astrid, eu via suas cicatrizes e hematomas na escola todos os dias, eu sempre pensava em pegar essa espada pra te ajudar, pensava que eram das aulas de boxe, imaginar alguém te batendo me doía... mas agora eu vejo que são de todas as vezes que vocês se sacrificava por mim... eu...

         Astrid me interrompe com um abraço forte, eu fiquei meio surpreso.

         - Acha mesmo que eu não faria tudo isso por você, se não soubesse que você viria me curar depois?

         - Astrid...

         - Escuta, eu sei que posso contar com você, mas você já sabe que eu não sou nenhuma donzela indefesa, ok? Eu fui escolhida também! E as cicatrizes que eu tenho não me modificam, apenas me fortalecem, apenas fazem minha história, entende?

         Sorri pra ela.

         - Só os deuses sabem o que eu devo ter feito para ter uma guerreira tão forte como você como parceira...

         Astrid sorri, puxa a gola da minha camisa e me beija. Seus lábios tinham um gosto que eu esperava me acostumar, queria sentir tudo aquilo mais de uma vez e não pela ultima vez... Mas seria egoísmo pedir isso?

         - Então – Ela morde o lábio – Eu sou sua namorada agora, não é Haddock?

         Abraço sua cintura.

         - Achei que eu devia fazer o pedido.

         - Então faça, ué!

         - Aqui não.

         A levo para o topo da torre onde eu a beijei semanas atrás. A cidade estava iluminada, as estrelas brilhavam e a brisa nos carregava exatamente como naquela noite.

         - Eu me lembro daqui... – Astrid olha em meus olhos – Mesmo que sejam apenas borrões.

         - Deixa ei refrescar sua memória – Seguro seus braços a guiando até que ela ficasse de costas para o mastro, do mesmo jeito que ficara acorrentada naquela noite, comigo a sua frente – Sabe, falamos muito de cicatrizes, mas tem uma que eu não tiraria por nada, sabia? – Aponta para uma pequena em meu queixo.

         - Por que?

         - Porque... – Tiro uma mecha do seu cabelo do rosto – foi você quem a fez, bem aqui, quando nos beijamos pela primeira vez. Eu tentei te beijar, mas nossas presas eram grande demais então – Seguro suas bochechas – uma das suas fez este arranhão e eu tive que arrumar outro jeito de te dar um beijo.

         Espremo suas bochechas, ela faz um biquinho e eu a beijo.

         - Foi bem aqui que descobri que você estava em meu coração e vai ser bem aqui que eu te peço para que eu fique no seu também, aceita?

         Astrid ri pra mim e segura meu rosto.

         - Aceito.