Hellfire Club escrita por Kali, Kali


Capítulo 5
Chapter 5 — King of the Hell




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Dean Winchester sorriu quando a viu sair do banheiro. Não sabia explicar o porquê, ele simplesmente não tinha motivos, o sorriso nascera em seu rosto sem nenhuma explicação aparente. Laurel — ou pelo menos, sua casca — era linda, tinha a aura confiante, postura forte e independente, e uma expressão determinada que definitivamente o fazia lembrar-se de Jo nos bons tempos, quando ela começara sua caçada. De fato, haviam diferenças gritantes entre as duas mulheres, mas era claro como a água que eram atraentes, e se não por sua beleza, por sua personalidade.

Laurel possuía algo tão poderosamente atrativo que facilmente funcionaria como mel para abelhas. Talvez não fosse à-toa que Lúcifer a quisesse como esposa. E aquilo, de alguma forma extrema e incômoda, o deixava irritado. Dean esperava que ele não enlouquecesse de vez enquanto trabalhava ao lado da mulher. Ela estava simples, usando apenas uma blusa preta, tal qual a jaqueta de couro e a calça, um par de coturnos escuros, e luvas de ciclista nas mãos. Um cinto enrolava-se em sua cintura definida, com a fivela dourada no centro do mesmo. Uma gargantilha desenhava-se em seu pescoço, onde um medalhão de ônix, cujo o qual Dean não percebera qual era sua forma, repousava na linha de algodão. Os cabelos castanhos estavam soltos e cacheados, mesmo que bem levemente. Era simples, mas ainda sim, facilmente arrancava o fôlego de qualquer um que a visse numa boate. Ela sorriu para o Winchester, que sacudiu a cabeça e fingiu estar focado no quadro pendurado atrás da mesma.

— Então, quando vamos começar com isso? — Laurel declarou, impaciente.

— Para que tanta pressa? — Sam indagou, realmente confuso. E claro, poderia imaginar-se a cabeça jogada para o lado e a completa expressão de dúvida no rosto de Castiel, se ele estivesse por ali.

— Eu não suporto aquele porco insolente. — a morena rosnou, rolando os olhos cafeinados — Crowley foi responsável por longos séculos de tortura que passei no inferno. Então, acho que tenho motivos meio óbvios para querer acabar logo com isso.

Já que o anjo não estava presente, — havia desaparecido em algum momento entre a entrada de Laurel no banho e o breve ataque de raiva do loiro devido ao desenho — Dean ficara responsável pelas indagações, que diferente de Castiel, não as manteria para si. Ele queria saber porque ela acabara presa em correntes banhadas em sangue de anjos no canto mais terrível do universo. Mas mal ele sabia que ela também estava as cegas no assunto. Era como se algo ou alguém tivesse apagado suas memórias apartir do momento em que as correntes tocaram sua pele. Talvez aquele fosse um assunto do qual o Winchester não desistiria de ir a fundo, mas, por hora, seu foco estava voltado para o rei do inferno.

— Vocês têm tudo o que precisam em mãos? — ela assistiu o rapaz mais alto assentir com a cabeça — Ótimo, agora, fechem os olhos.

Ambos a obedeceram. Diferentemente de Ruby, nenhum dos dois homens sentia... Receio em seguir as ordens da mulher. Claro, ela era cruel, insensível, e até arriscavam em chamá-la de maníaca, mas não era totalmente demoníaca. De alguma forma desconhecida, eles sabiam. Dean e Sam sentiram suas entranhas serem repuxadas e esticadas, os braços e pernas fumegavam, suas cabeças pareciam estar sendo prensadas contra uma parede, até que enfim, tudo desapareceu. Ao abrirem os olhos, podiam ver o galpão vazio e abandonado onde chamariam Crowley para a conversa. Samuel pousou as mãos em seus joelhos enquanto Dean arqueava as costas em busca de ar. A risada de Laurel ecoou pelo ambiente enquanto ela caminhava despreocupada na direção dos dois, parando entre eles e pondo as mãos na cintura, onde um de seus olhos se fechava numa expressão zombeteira.

— Fracos. Mas eu entendo. Teletransporte demoníaco não é tão suave quanto o dos anjos. — ela acertou tapinhas leves nos ombros dos irmãos — Apenas... Vamos terminar logo com isso, sim?

Não levara tanto tempo; Dean aprontara a armadilha enquanto Sam preparava o ritual. E então, após algumas palavras em cima da vela que queimava ardentemente, ali estava o homem cujo qual, supostamente, teria as informações que a mulher tanto almejava. Era o de sempre, as roupas de padre, o rosto redondo, a barba grisalha o circundando, os olhos escuros sorrateiros e um sorriso de desdém, e agora surpresa, preso em seus lábios. Crowley levou alguns breves segundos até reconhecer quem dominava o corpo de Eveline, e dar uma breve risadinha antes de dirigir-lhe a palavra.  

— Olá, garotos. Laurel... Quem diria, hun? Que fuga espetacular! — ele riu com seu próprio gracejo, enquanto a mulher apertava suas unhas contra a palma de sua mão, realmente irritada. Tal ação não escapou do radar de Dean, que parecia estar prestando muita atenção em tudo à sua volta naquele dia.

— Vá direto ao ponto. Onde Lúcifer está, Crowley?

O homem estreitou os olhos, divertido, enquanto afrouxava a pequena faixa branca em seu pescoço, sem quebrar o forte contato visual com a mulher. Ambos tinham uma estória difícil que seguia o mesmo caminho, apesar das direções diferentes. Enquanto Laurel permaneciam sofrendo interminavelmente em suas correntes, ano após ano, século após século, Crowley ascendia para tomar posse do trono infernal. E, como todo tirano e conquistador em ascensão, ele vira naquele demônio um grande inimigo em potencial, e por isso a mantinha na linha através das torturas. Entretanto, o homem as abandonou logo depois de envolver-se com os Winchester, esquecendo de sua velha inimiga por completo. Mas era transparente como vidro que ela jamais o esquecera.

— E por que eu saberia onde ele está, darling? — o homem riu, e Laurel apenas abriu um sorriso sombrio que, por milésimos de segundo, fizera os irmãos estremecerem.

— Eu soube que Asriel era seu "soldado mais fiel".

— Asriel? Ora, por favor... Eu apenas o deixei ouvir o que ele quisera ouvir. — Crowley sorriu, balançando suavemente um indicador na direção da morena — Não deveria escutar um demônio com medo da morte, Laurel!

Aquele cantarolar fora o suficiente para enfurecê-la. Ignorando a armadilha do diabo, ela entrou na mesma e agarrou o pescoço roliço do homem, apertando-o com força enquanto o brilho do ódio vibrava em seus olhos cafeinados. Ele se livrou com um abanar de mão, apesar da tosse seca que tomava posse de sua garganta. Laurel respirava rápido e descompassadamente devido à raiva, o que pareceu ter apenas atiçado ainda mais a zombaria de Crowley. Agora, presos no mesmo círculo, seria difícil fugir da mesma, e vice-versa. Iriam encarar-se face a face.

— Sabe... Eu tenho a habilidade de enxergar novas dimensões. — Laurel sorriu, após alguns segundos em silêncio — E também posso mandar matéria através das mesmas. Não muito depois que saí do inferno, eu vi uma realidade que me agradou bastante... Você, preso no meu lugar naquelas correntes, enquanto eu o torturava. — Crowley era um dos poucos que sabia da grande extensão dos poderes daquele demônio, e também tivera a experiência de que Laurel jamais blefava, que sempre cumpria o que dizia. Aquela pequena revelação fizera as barreiras do Rei do Inferno tremerem por alguns segundos — E tenho que admitir... Meu eu daquela dimensão é bem criativo. Você não quer que eu o mande para lá, quer?

— Vamos com calma, querida. Não é preciso todo esse rancor, é? — a morena soltou devagar as unhas cravadas em suas palmas — Para sua infelicidade, eu realmente não sei onde ele está. Sabendo do meus últimos encontros com os Winchester, ele não me conta muita coisa. Entretanto, eu tenho ouvido rumores... Interessantes.

Sam cruzou os braços, escorando-se numa caixa velha que ali estava largada. Rumores eram inconfiáveis, um perigo à toda missão. Sendo o "cérebro", ele iria desconfiar daquilo até que se fosse comprovado o contrário. Era um de seus dons naturais, apesar das tantas vezes que o ignorara e acabara por se dar muito mal. Dean conhecia seu irmão mais novo o suficiente para saber que ele não gostara nenhum pouco daquela possível nova informação. E, para sua surpresa, Laurel parecia tão quão desconfiada e arisca quanto Samuel. Era mais que óbvio que nenhum deles gostava de rumores; trabalhavam em cima de verdades concretas. Isso fora um grande alívio para o Winchester mais velho, que soltou um discreto suspiro entrecortado de calmaria.

— Eu também havia ouvido rumores de que você iria me libertar das correntes.

— Acredite, estes rumores têm grande chance de serem reais. Segundo fontes que talvez sejam confiáveis, a boa nova estampada na capa da revista de fofocas do inferno é que Lúcifer quer trazer os Cavaleiros do Apocalipse.

— Isso já era previsível. — Sam comentou, com a expressão mergulhada em profundo sarcasmo.

— Não, garoto. Os quatro originais. — a expressão do homem agora era séria, sem resquícios de zombaria — Lúcifer não gostou do trabalho desses imbecis da última vez, então decidiu ir atrás de carne experiente.

— Os quatro originais? Tipo, com cavalos de verdade soltando fogo pelas ventas e tudo mais?

— Pior, Dean. — Laurel interferiu, esfregando a ponta levemente afiada de sua unha contra seu próprio queixo — Os quatro originais tinham amuletos, bem diferente de anéis. Eles eram extremamente cuidadosos com os artefatos, e por isso eram temidos. Não se pode parar um Cavaleiro sem tirar seu amuleto de sua posse.

— O que seriam os amuletos? — Sam questionou, descruzando os braços e erguendo-se de onde estava apoiado para incluir-se na conversa.

— Existem variações. A Morte, por exemplo, usa sua... Cabeça como amuleto. 

— E isto me lembra de algo que talvez venha a interessá-la.

Crowley abriu um largo sorriso, e a morena imediatamente franziu seu cenho, dando um passo para trás, sendo impedida de afastar-se ainda mais graças à armadilha. Havia feito um trato uma única vez com aquele ser, e fora uma das poucas coisas às quais se arrependera. O que o Rei do Inferno teria de tão importante que pudesse interessá-la? A localização de Lúcifer? Uma forma de matá-lo? Sua mente trabalhava desenfreadamente imaginando todas as possíveis ofertas valiosas que ele poderia lhe fazer.

— E o que poderia ser? Não sabe onde o Diabo está, e tenho certeza que também não faz ideia de como executá-lo. — ela sorriu, crendo ter vencido a conversa — O que poderia me interessar, vindo de você?

— O passado. — Crowley abriu um sorriso perverso e vitorioso, assistindo com deleite as estruturas de Laurel caírem por terra — Fui o responsável por tirar suas memórias quando fora presa nas correntes. Eu recebi a ordem de tirar suas lembranças, por mais que mantê-las fosse um castigo maior. Se você ne trouxer os quatro amuletos do Apocalipse, eu lhe devolvo seu passado. O que acha?

O demônio encarou o nada, com os olhos baixos e o lábio inferior trêmulo. O passado... Era o que ela mais almejava desde que se tocara que não se lembrava de absolutamente nada de sua vida. Queria saber o porquê de ter sido punida, o porquê de ter passado tantos séculos sendo mantida presa em correntes angelicais e torturada por tantos outros demônios, além daqueles próprios que tomavam conta de sua mente. Era a primeira vez que Dean vira Laurel baixar sua guarda tão rapidamente desde que a conhecera, era claro como a luz do sol que aquele era um assunto delicado, e se ele realmente queria ir a fundo naquilo, todo cuidado seria muito pouco.

— Você está blefando. — ela rosnou, o rosto escondido entre os longos cabelos escuros.

— Oh, eu não blefo, senhorita. — novamente, o brilho de diversão circulava os olhos escuros do Rei, enquanto as sobrancelhas se erguiam em ênfase à sua frase — Não quando algo de tão grande porte quanto suas preciosas memórias estão em jogo. Então, o que me diz?

Sam e Dean ficaram apreensivos. Estava óbvio que ela iria aceitar, e apesar de não concordarem, podiam entendê-la. Sam não conseguiria viver sem lembrar-se das coisas que fizera, principalmente com seu irmão. A mesma coisa valia para Dean. Eles esperavam que as palavras saíssem da boca de Laurel para que o acordo se fechasse, mas algo diferente aconteceu.

Crowley simplesmente desaparecera. Ele soltou um grito de dor, um trovão ecoou do lado de fora e o céu escureceu em questão de segundos, e então vanish, ele não estava mais ali. A morena mantinha a cabeça abaixada, os ombros subiam e desciam devagar, os punhos estavam cerrados com tanta força que gotículas de sangue escapuliam de seus dedos, enquanto a palma era perfurada por suas unhas. O chão debaixo de seus pés tremeu, abrindo uma rachadura no concreto e quebrando a armadilha, enquanto ela caminhava para fira do círculo.

— Não. Eu não vou entregar nada pra você, — Laurel ergueu a cabeça, os olhos negros e as veias também escuras saltadas, pulsando furiosamente, enquanto o vento violento vindo do lado de fora fazia as chamas de suas órbitas tremularem para os lados, numa cena que perfeitamente poderia ter saído de um filme de ficção — Rei do Inferno.


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Notas finais do capítulo

Alô alô galerinha do maaaal!
Só quebrando a tradição de não colocar notas porque eu quero muuuuuito agradecer a vocês por estar me apoiando tanto auihdsiaushdiuah sério, eu fico muito feliz com vocês ♥
Deixem aí as teorias gente, a-d-o-r-o askhdiaushd
Beijão ♥



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