Em um dos becos escuros da cidade Guardian City um rapaz jovem, de seus dezoito, no máximo dezenove anos de idade, anda despreocupadamente demais para um dos bairros mais perigosos da já perigosa cidade. Ele tem cabelos completamente brancos e olhos de um azul lápis-lazúli profundo, além de enormes olheiras roxas embaixo dos olhos e uma pele tão pálida quanto a de um albino. Usa um casaco azul e calças cáqui, mas não usa sapatos ou luvas mesmo àquela noite estando -5c°. Em suas mãos um bastão de madeira é visível, e ele o carrega como a um cajado de pastor. Em suas costas uma pesada mochila pode ser vista, mas seu conteúdo é desconhecido. Há um sorrisinho malicioso espalhado por seu rosto, que só aumentou ao ouvir o leve farfalhar de passos atrás de si.

—parado aí, rapaz! – ele ouve uma voz já familiar dizer.

—oi, Phil! – ele exclama, se virando com um sorriso agora aberto em seus lábios. – quanto tempo! E olha, você trouxe o Felipe também!

—o chefão anda irritado. Você vem fodendo completamente com as entregas, pondo elas numa bandeja de prata pras gangues. – Phil diz, sem papas na língua.

—opa, isso? – ele diz, ainda sorrindo. – foi mal, mas sabem como é, né? Amigos, amigos, negócios à parte.

—não é o que o chefe nos mandou ouvir. – disse o tal Felipe.

Os homens grandalhões cercaram o rapaz de maneira ameaçadora.

—oh, quê isso? – ele diz, arqueando uma sobrancelha, o sorriso nunca sumindo de seus lábios meio azulados. – a violência é realmente necessária?

—suas atividades ilícitas andam chamando atenção indesejada, rapaz. – Phil diz, aproximando-se de maneira ameaçadora. – se não parar, vamos ter que dar um jeito em você. E por um jeito, queremos dizer...

Sem aviso, um dos gorilas ataca, mas o rapaz é muito mais rápido. Ele desvia sem dificuldade nenhuma, desequilibrando o grandalhão que foi direto de encontro ao parceiro. O outro conseguiu desviar e voou como um torpedo para cima do rapaz, que já estava soltando gargalhadas de animação. Ele novamente desvia, usando sua agilidade para desviar do soco e redirecioná-lo ao outro homem enorme, ainda meio desorientado pelo primeiro desvio. O soco acertou-o em cheio no rosto, deixando-o descoordenado, e ele atacou às cegas, acertando o parceiro também no rosto. O rapaz usou seu cajado para apagar as parcas luzes do já escuro beco, e às cegas, os gorilas foram atacando um ao outro até que ambos se nocautearam. Em menos de dois minutos os dois homens estavam no chão, e o rapaz venceu a batalha sem desferir um soco sequer. Ele recomeçou a andar, pondo na cabeça o capuz de seu moletom, ainda rindo.

—foi mal, rapazes, mas não é nem nunca fora muito sábio atacar Jack Frost.

Perto dali, um homem muito magro e muito bem disfarçado observou à luta com olhos vidrados. Ele estava admirado pela agilidade e esperteza de Jack Frost, e tão logo a batalha acabou ele tirou de dentro das vestes velhas e puídas um celular caindo aos pedaços. Rapidamente digitou um número e apressadamente esperou pelo outro lado da linha.

—sim?

—Grimjow? Aqui é o Homem da Sombra.

—o que foi?

­—é, é sobre o carinha que o chefe mandou observar.

—e?

—ele estava certo. Ele é perfeito!

Um momento de silêncio é ouvido do outro lado da linha.

—é bom você estar certo, rato. Mas se estiver, acabamos de acertar na loteria.

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