As Namoradas - imaginárias - de Hayden Walsh escrita por Kim Jin Hee


Capítulo 5
Quatro




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Capítulo Quatro

Hayden observava Jefferson remexer o almoço sem nunca levá-lo a boca. O amigo estava tão preocupado com os testes para o time de futebol da universidade que não conseguia nem ao menos comer direito.

— Você tem que se alimentar, querido. Não vai aguentar nem segurar a bola desse jeito. – Elly disse jogando uma maçã na direção de Jefferson.

— Eles vêm hoje. E nunca mais. – o rapaz balbuciou. – Sabe o que significa?

— Que hoje é sua única chance de mostrar que merece ser os músculos e touch downs que o nosso trio de desajustados tem? – Hayden perguntou tentando fazer graça. – Fala sério, cara, você é bom. Por que acha que anda com a gente? Além de ser namorado do Elly, você é nosso passaporte pro futebol profissional. Posso ser o cara da água.

— E eu juro que serei a melhor líder de torcida! – Elly disse batendo palmas e sorrindo.  

Jefferson riu, finalmente juntando seu hambúrguer e dando uma mordida.

Mais tarde, Hayden estava novamente no ônibus da escola, a caminho de casa, observando tudo o que acontecia do lado de fora da janela. Naquele dia, no entanto, ele sabia que não veria o Sr. Johnson sentado em sua cadeira de balanço pegando sol, porque uma chuva fina caía insistente, deixando uma cortina entre ele e a visão do lado de fora. Como no dia anterior, a menina nova se sentou ao seu lado. Ela tinha os cabelos e as roupas molhadas, mas diferente dos outros alunos que pegaram chuva, ela não parecia se incomodar com isso.

Ela tentou se manter a uma distância segura, mas seu braço esquerdo acabou encostando no braço direito de Hayden, fazendo-o levar um susto pelo contato. Ela o olhou de baixo, os olhos grandes e castanhos bem abertos, suas sardas espalhadas pareciam constelações para ele.

— Desculpe. — ela disse numa voz suave e sorriu um pouco. — Está chovendo bastante. Samantha Grigori, prazer.

Ela abriu um sorriso de verdade dessa vez. Um sorriso tão doce que ele sentiu necessidade de sorrir de volta.

— Hayden — ele falou calmo. — Walsh, mas... Pode me chamar só de Hayden.

Ele havia decidido que não ia ignorá-la só porque ela não existia. Anne, Charlie e Elizabeth poderiam muito bem dividir o posto com mais uma.

— Eu sei quem você é. — ela ficou vermelha, mas continuava sorrindo. — Quero dizer... Ouvi os professores chamarem.

Ele queria que ela fosse real. Queria tanto que chegava a doer. Ela não era como as outras — não que ele não adorasse seu trio, mas Samantha era tão diferente que parecia real. Ela tinha os mínimos detalhes, era tão cheia de cores, trejeitos e sorrisos que ele queria guardar sua imagem na memória para sempre.

— Você é linda.

Ela se assustou ao ouvir o elogio. Já tinha voltado seu olhar para frente e mexia na pulseira preta que ele havia visto no dia anterior. Suas bochechas, que eram pintadas de sardinhas claras e espaçadas, se tingiu de um tom forte de vermelho e ela mordeu o lábio inferior escondendo um sorriso.

Murmurou um agradecimento envergonhado e se levantou, apertando a campainha do ônibus. Quando parou, ela se curvou e beijou levemente a bochecha do garoto, correndo para fora do veículo em seguida.

Hayden tinha certeza de que seu rosto estava vermelho. Por sorte, ninguém prestava muita atenção nele mesmo.

Algumas paradas depois e ele desceu do ônibus, correndo até a porta de casa, sem muito sucesso em tentar não se molhar. Ao abrir a porta da cozinha, se deparou com uma cena não muito comum.

Cara estava sentada à mesa, comendo — ou seria atacando — um enorme pote de sorvete, seus cabelos escuros molhados e seu rosto borrado de maquiagem.

Hayden sabia que algo ruim tinha acontecido. Cara nunca fora de chorar, sempre aguentava tudo de cabeça erguida.

— Cara... O que aconteceu? — ele perguntou largando a mochila na porta e indo até a irmã.

— Me deixa, Hayden. — ela reclamou e mais lágrimas desceram pelo rosto marcado dela.

— Não posso. Minha irmãzinha está chorando e eu quero saber o porquê.

Cara pegou mais uma colher de sorvete e olhou pra ele com os olhos tristes.

— Ele chamou a Thifanny McCarty pro baile de formatura! — ela disse chorando ainda mais.

Ele. Sua irmã estava chorando por causa de um menino. Hayden às vezes se esquecia de como as meninas podiam ser sensíveis.

— Você tem só 14 anos. Outros bailes de formatura vão vir. — ele tentou tranquilizar. — Eu sei que o baile é importante pra você, mas não fique assim por causa de um garoto. E além do mais, essa tal Thifanny nem deve ser tão legal assim. A noite dele vai ser um saco.

— Ela é a menina mais popular e bonita da escola.

— Sim, ela pode até ser. Mas você é a menina mais bonita, legal e durona do mundo inteiro. — ele sorriu e completou piscando: — Eu prefiro você.

— Você é um bobo, sabia? — ela levantou e o abraçou. — Mas é o melhor bobo do mundo, e eu te amo por isso.

Hayden apertou o abraço. Se lembrava de quando tinha seus 14 anos e Cara insistia em entrar no seu quarto e pegar suas coisas para brincar. Eles brigavam mais do que viviam em paz, mas era visível que se amavam.

— Devia tomar um banho. — Cara comentou. — ‘Tá fedendo a cachorro molhado.


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