As Namoradas - imaginárias - de Hayden Walsh escrita por Kim Jin Hee


Capítulo 4
Três


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora exorbitante! Foram tantas coisas acumuladas que não tive tempo de vir aqui avisar nada. Também peço desculpas pelo tamanico do capítulo. E desejo-lhes boa leitura.



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Capítulo três

Ao que parecia, Hayden estava sozinho. Quando chegou em casa depois da escola, sua irmã havia deixado um bilhete e Maria já estava de saída. Avisou que havia deixado lasanha no forno e biscoitos no armário e foi para casa.

Hayden não tinha problemas em ficar sozinho. Não mais.

Quando era mais novo e sua mãe precisava trabalhar para pagar as contas, era Katie – uma babá que tinha 16 anos na época, comia todos os biscoitos favoritos dele e ficava o tempo todo no telefone falando com Jessie (uma amiga) sobre Rudy (o namorado que parecia ser um valentão ciumento que batia nela e em todos ao redor) – quem cuidava dele. Naquela época, ele se sentia sozinho. Cara já era nascida, mas era uma menina e não gostava muito dele. Na escola ele não tinha amigos, o pai havia morrido logo após o nascimento da irmã. Por esse motivo que sua mente havia criado três namoradas imaginárias. Uma para suprir a falta da mãe, que vivia trabalhando e não tinha tempo nem para broncas. Uma para suprir a falta do amor e carinho que a irmã se recusava a dar. E uma para suprir a falta do pai, com quem poderia falar sobre qualquer coisa, brincar de qualquer coisa. Sua mente havia encontrado um jeito de deixá-lo são. 

Antes da aparição das meninas, ele se sentia tão solitário e deslocado que achava que a culpa era sua por ninguém querer ficar por perto. Depois de um tempo – depois de Elly e Jefferson em sua vida –, Hayden percebeu que não era ele quem estava perdendo grandes coisas.

Os melhores já estavam com ele.

Depois de guardar sua mochila e colocar uma roupa mais confortável, Hayden se serviu de um pedaço grande de lasanha e refrigerante e se sentou de frente a tevê. Se Erin o visse fazendo aquilo, com certeza o daria uma bronca. 

A mãe sempre tivera uma opinião fixa e irredutível quanto ao fato de comer em frente a tevê. Ela dizia que os alimentos não eram devidamente mastigados e que a comida não era bem aproveitada. Aos domingos – seu único dia em casa – sentava com os filhos à mesa. Esta, bem arrumada e farta de comida comprada fora. 

Hayden amava esses momentos, onde a mãe contava sobre a semana e perguntava sobre assuntos bobos. Cara reclamava quando era sua vez de lavar a louça e tudo parecia em seu devido lugar.

Quando a irmã nasceu, Hayden tinha três anos. Ficou com ciúmes quando a mãe contou, fez pirraça conforme a barriga crescia. Porém, quando a viu – um embrulhinho amarelo nos braços do pai, com os cabelos escuros tão bagunçados e arrepiados que ele achara muito engraçado –, ele não conseguiu desviar os olhos. Ela era tão linda que parecia uma boneca.

Conforme crescia, Cara cativava todos ao redor. Na creche, todas as crianças queriam brincar com ela. E ela queria brincar com todos, exceto com o irmão.

Hayden se sentia mal com isso, e tudo só piorou quando seu pai adoeceu. Ninguém, exceto Charles sabia do modo como o filho se sentia. Em seu leito de morte, Charles disse algo ao filho, que ele levaria para toda a vida.

— Hayden, eu te amo tanto, nunca se esqueça disso. E ninguém que queira ficar longe de você, merece sua preocupação. Queira estar com quem quer estar com você, nos momentos bons e ruins, porque são essas pessoas que valem a pena.

Aquilo era o que movia sua vida. Desde então ele não se preocupava mais.

Depois da morte do pai, Erin se afundou ainda mais em seu trabalho e a única pessoa que Hayden tinha era a irmã e vice-versa. Mesmo entre altos e baixos, eles criaram uma relação de amor e cumplicidade tão grande que ninguém poderia dizer que eram tão afastados quando pequenos.

Hayden ouviu um pigarrear baixo ao seu lado e viu Charlie sorrir para ele.

— Oi. — ele sorriu de volta.

Charlie havia sido criada para suprir a falta da irmã. Sempre alegre, pronta para ajudar e deixá-lo melhor. Assim como a irmã, Charlie era o tipo de pessoa que – se existisse – todos iriam querer estar por perto.

Ele não sabia como havia conseguido imaginar alguém tão fofa. A ruiva conseguia ser sempre a melhor pessoa para conversar quando estava se sentindo pra baixo.

Anne era um misto de irmã mais velha chata com pai brincalhão. Na maioria das vezes, era tão rabugenta quanto uma velha de cem anos. Mas ela sempre falava a verdade quando ele precisava ouvir, não importava o quanto aquilo pudesse magoá-lo.

Era o tipo de pessoa que só quem aguentasse conseguia ficar junto.

Já Beth era a mãe de todas, inclusive dele. Sempre que precisava dar broncas, ela estava lá. Seus olhos castanhos nunca conseguiam esconder quando ela achava que algo estava errado. Também era a conselheira do grupo. Sempre tinha as respostas certas nas horas certas, fosse para fazê-lo se sentir melhor ou não, ela tinha um jeito doce tão materno de explicar algumas coisas que era impossível não entender.

Beth seria a amiga conselheira, aquela que costuma dizer “eu te avisei”, mas que mesmo assim faria algo pra te deixar melhor.

Hayden não podia reclamar. Ele tinha tudo. Amigos reais que eram perfeitos e namoradas imaginárias que eram tudo o que ele precisava.


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Notas finais do capítulo

Prometo não demorar tanto no próximo! Beijooos.



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