— Que lugar é esse, Lucas? – Teresa quis saber, quando pararam em um pequeno parque com mesas para piqueniques cercadas por árvores, que naquele momento, estava vazio e bastante calmo.

— Costumávamos vir aqui quando era criança. – Lucas respondeu, sentando-se sobre uma mesa com os pés apoiado em um dos bancos.

— Você e Mathews? – Teresa perguntou, curiosa, sentando-se ao lado dele.

— Não, eu e Evelyn. – Respondeu, relembrando. - Vínhamos com nossas babás e ficávamos brincando, fazíamos piqueniques, ela gostava de imaginar que era uma princesa e eu, um herói, que salva o mundo dos vilões. Nós nos casávamos. E ela queria cuidar da casa e eu queria continuar salvando o mundo.

— Então, vocês cresceram. – Teresa o incentivou a prosseguir.

— Sim, eu queria pintar, desenhar, conhecer o mundo, povos diferentes. E ela queria ir para universidade e se formar, como uma boa menina. Então, nós resolvemos que cada um faria o que sonhava, mas esperaria pelo outro, assim eu fui viajar pela Ásia e ela para a faculdade. – Lucas revelou, com um tom de tristeza.

— É uma promessa difícil de se cumprir. – Teresa ponderou.

— Nós sabíamos disso. Não posso negar, que me interessei por algumas garotas durante a viagem, mas eu só pensava nela, me esperando aqui. Eu poderia perdoar se fosse outro cara, mas Mathews é meu irmão! – Ele falou, inconformado.

— Ela não contou nada para você, durante o tempo que estava viajando? – Teresa quis saber.

— Não, eu não sabia de nada até chegar aqui de volta, e entrei naquele apartamento. Quando descobrir fiquei desesperado, mas não tive apoio de ninguém da minha família, confrontei Mathews e ele me disse que eu não servia para Evelyn.

— Eu não consigo imaginar que o Mathews, por quem me apaixonei, seja o mesmo que foi capaz de fazer tudo isso. – Teresa declarou, desiludida.

— Ele é um grande ator, consegue envolver as pessoas, com o seu poder de convencimento. Para ele, a vida não passa de um grande negócio. - Lucas observou. – Vamos comer algo, Teresa. Aqui perto tem um restaurante ótimo, comida tradicional. – Ele mudou de assunto, pois não queria mais ficar remoendo aquela história.

Mathews protelou ao sair do quarto aquela manhã, não sabia se encontraria Teresa ali, novamente. Desceu as escadas para achar parte da sua família, na mesa de café-da-manhã.

— Bom dia, Mathews. – Sua mãe o cumprimentou, quando ele se sentou ao lado dela. – Você está abatido, está doente?

— Não, só não dormir bem essa noite. – Ele admitiu, enquanto se servia de café.

— Você vai encontrar com Evelyn, agora?

— Não, só mais tarde, no jantar. – Mathews respondeu, não queria ver Evelyn, a cada minuto que passava a ideia do casamento o deixava mais inquieto. – Onde está Lucas? – Ele perguntou de um modo casual, com falsa indiferença.

— Saiu com a namorada. Por que? – A mãe questionou, desconfiada pelo interesse dele pelo o irmão.

— Porque ele saiu meu carro ontem, sem a minha autorização. – Mathews deu uma desculpa, fingindo está aborrecido, mas não estava se importando com o carro, só queria saber se Teresa ainda estava por ali.

— Por favor, Mathews não briguem, quando eles voltarem. Não quero desavenças entre vocês, principalmente, nesse fim-de-semana. – Lilian ponderou, com seriedade.

— Eles vão voltar? – Mathews insistiu.

— Com certeza, para o jantar hoje à noite no clube. – Lilian afirmou e Mathews sentiu uma ambiguidade de sentimentos, ao mesmo tempo feliz por Teresa está aí está ali, mas angustiado, pois, só estava adiando a separação definitiva.

No fim da tarde, quando Teresa e Lucas retornaram, encontraram o interior da casa tranquilo, a maioria dos hospedes estavam nos seus quartos, se preparando para o jantar, mas na parte de fora, nos jardins, a atividade era intensa com os empregados e operários trabalhando, freneticamente, preparando o que seria o cenário da cerimônia de casamento no dia seguinte.

— Temos que nos prepararmos para o jantar, Teresa. – Lucas comunicou.

— Eu não entendo o porquê de tantas festas.

— Tradição, ostentação. Muitos dos parentes vieram de longe, também é uma forma de se reunirem. – Lucas deu de ombros.

— Eu gostaria de um casamento simples, em um dia claro, apenas com pessoas que eu gosto, depois sentaríamos em uma grande mesa para conversar, rir, comer e beber.

— Prometo, se um dia nos casarmos será assim. – Lucas brincou, ela lhe devolveu um sorriso irônico.

Da janela do seu quarto, Mathews observou o seu carro entrar pelo caminho do jardim e direção a garage. Também, podia ver a movimentação para a preparação da festa de casamento, aquilo tornava tudo mais real, estava consciente do futuro que escolhera para ele, contudo não estava certo se era isso mesmo que queria agora.

Teresa colocou mais um dos seus vestidos, especialmente, escolhido para a ocasião, de corte reto em renda preta com o forro dourado, sapatos de salto altos e prendeu o cabelo em um coque. Lucas fixou o olhar admirado, no momento que a viu pronta.

— Você está deslumbrante, Teresa. – Ele disse, quase sem voz.

— Obrigada. Vamos para mais uma encenação. – Ela considerou, com um suspiro, quando ele lhe oferecia braço.

Chegaram ao local do jantar, na Ferrari de Mathews, um restaurante dentro de um bonito e elegante clube de campo, no meio de um pequeno bosque. O estacionamento já estava cheio, demonstrando que deveriam ser uns dos últimos a chegarem. Os convidados ocupavam uma longa mesa enfeitada com belos arranjos de lírios e velas, no centro dela estavam os noivos. Evelyn em um bonito vestido turquesa, chamava a atenção, parecia leve e descontraída, diferente de Mathews, que parecia tenso e sério, Teresa sabia como isso era difícil para ele, já que detestava ambientes cheios.

 Felizmente, para ela e Lucas, os lugares perto dos noivos estavam todos ocupados, por isso sentaram-se bem longe. No final do jantar, houveram brindes e discursos dos pais dos noivos e dos padrinhos, depois, um pequeno conjunto começou a tocar músicas românticas, alguns casais mais corajosos e empolgados começaram a dançar.

— Você quer dançar, Teresa? – Lucas a convidou para a surpresa dela.

— Não acredito que você dance esse tipo de música. – Ela duvidou, divertida, enquanto se levantava para acompanhá-lo.

 - Sou muito versátil, um rapaz com uma boa educação. – Ele respondeu com um sorriso travesso, a puxando pela mão.