— O que houve? – Mathews perguntou, preocupado, ao ver o seu semblante transtornado, conhecia aquele olhar em fogo de Teresa, queria tocá-la para acalmá-la, mas não teve coragem.

— Eu tive uma conversinha com a sua avó muito esclarecedora, Mathews. – Teresa o provocou, ele sustentou o olhar, já imaginando o conteúdo da tal conversa, esperou que continuasse. – Sobre um triângulo amoroso, que eu desconhecia. Como pode fazer isso com seu próprio irmão? – Finalmente perguntou, exasperada.

— Eu posso explicar, Teresa. – Mathews tentou começar a falar, mas Teresa ergueu a mão para interrompê-lo. – Eu sei que foi uma tolice, mas... – Ela não queria ouvir mais nada.

— Não há explicação para isso, Mathews, o que você fez com o seu irmão. Quer dizer, o que você e Evelyn fizeram. Você roubou a namorada dele, mesmo sabendo que ele era apaixonado por ela. Como pode? – Teresa o questionou, indignada.

— Isso foi há algum tempo atrás, eu sei que fui um idiota, nem sei o que queria provar, mas essa história é mais complicada do que você pode imaginar, Teresa. – Mathews quis se explicar, querendo acalmá-la.

— Foi um idiota? Você é um idiota, aliás, você e Evelyn são dois idiotas, porque continuam com essa palhaçada de casamento, mesmo sem se amarem, para deixar todo mundo feliz. – Teresa atirava as palavras sobre Mathews, com muita raiva.

— Teresa, você não pode entender o que está acontecendo aqui. – Mathews declarou, mas ela ergueu o olhar.

— Definitivamente, eu não posso. Vou procurar por Lucas. – Ela disse, se afastando.

Teresa andou através da casa e do jardim, com passos firmes, até encontrar Lucas.

— Aonde você estava? - Ele perguntou assim que a viu.

— Eu estava tendo algumas conversas bem esclarecedoras. – Teresa disse, com tom de ironia, Lucas ergueu as sobrancelhas a interrogando e ela continuou com um sorriso debochado. – Pensei que a vingança fosse minha, mas eu descobrir que era sua.

— Você descobriu? Imaginei que, mais cedo ou mais tarde, alguém iria contar tudo para você. Quem foi? – Ele parecia relaxado, retribuindo o sorriso.

— Sua avó. Não admira porque tanta raiva entre você e Mathews. – Teresa admitiu.

— Então, você me entende agora.

— Sim, eu entendo, porém, tenho que admitir, que a culpa não é só de Mathews, mas, também, da própria Evelyn. E eu que pensei que era maquiavélica.

— Tenho que lembrar que a ideia de vir a esse casamento foi sua, eu até tentei desencorajá-la, mas depois até gostei da possibilidade de enlouquecer o meu irmão.

— E ainda provocar ciúmes na sua Evelyn. – Teresa afirmou, com confiança.

— Ciúmes em Evelyn? Acho que não. – Lucas negou em dúvida.

— Pois, eu tenho certeza, ela está com ciúmes de mim com você. – Teresa reafirmou.

— Não depois de todo esse tempo, nós nos conhecemos desde de crianças, acho que me apaixonei por ela a primeira vez que a vi, ficamos amigos muito unidos, mas já éramos adolescentes, quando tive coragem e me declarei a ela. Então, ela me disse que sentia a mesma coisa, eu fui seu primeiro homem e ela foi minha primeira mulher. – Enquanto falava, Lucas olhava para o jardim, mas Teresa tinha certeza, que ele enxergava o passado. – Achei que ficaríamos juntos o resto das nossas vidas, como aquelas histórias de amor que ouvimos falar. Mas, Mathews tinha outros planos e o resto você já sabe. Então, você deve imaginar, como me senti, quando entrei naquele apartamento e encontrei você dizendo que era a namorada dele e moravam juntos ali.

— Sei, como Mathews pode ser galante e sedutor, e ela o trocou por ele, a idiota. – Teresa concluiu, irritada.

— Mas, eu a entendo. Olhe para mim, Teresa. Ninguém me leva a sério, sou o irresponsável, o artista, que só quer aproveitar a vida, enquanto Mathews é seguro, sólido, determinado, dono de um futuro brilhante. – Lucas falou, resignado.

— Eu estou olhando para você, Lucas. Estou vendo um artista fantástico e um cara muito legal. Você não deveria ter desistido, deveria ter lutado por ela. – Teresa quis animá-lo, falando o que, realmente, achava dele. Lucas lhe devolveu um sorriso triste.

— Eu não tenho nada para oferecer. Além disso, se ela quisesse ficar comigo ficaria.

— Acho que você tem muito para oferecer a ela ou a qualquer mulher, Lucas. Também, não estamos falando de um casal de pobres estudantes sem dinheiro. Talvez, ela só estivesse insegura em relação a isso que você está me dizendo, o seu medo de não ser digno dela, mas nós sabemos, que isso não é verdade. Além do mais, quando tomamos uma decisão na vida, ela não precisa ser para sempre, temos o direito de errar e voltar atrás ou, pelo menos, remediar esses erros.

— É por isso que você veio para aqui, para dar uma chance a Mathews? – Lucas a questionou, a encarando.

— Acho que sim, pois, no fundo, sou uma romântica. – Teresa respondeu, com um longo suspiro.

— Acho que nós dois somos, mas nem todos pensam como nós, Teresa. – Lucas completou, passando o braço pelos seus ombros. – Vamos sair daqui desse lugar. Que tal dançarmos e nos divertirmos um pouco? Conheço uns lugares bem legais, longe de tudo isso.

— Só quero trocar de roupa, acho que esse vestido não combina muito com uma balada. Não demoro.

— Eu vou pegar o carro, encontro você na entrada.

— A Ferrari de Mathews? – Teresa quis saber, divertida.

— É claro! – Lucas respondeu, com um sorriso travesso.

Mathews olhou pela janela e avistou, de longe, Teresa descendo os degraus da entrada, saindo da casa, vestindo uma roupa mais casual, calça jeans e camisa e jaqueta de couro, pode vê-la entrando no seu carro, onde Lucas a esperava ao volante, ele havia pego sua Ferrari sem autorização.

— Aquele não é o seu carro? – Ele ouviu Evelyn perguntar ao seu lado, não havia percebido a sua aproximação.

— Sim. – Mathews respondeu, econômico, sem desviar o olhar do carro que se afastava.

— É Lucas com a namorada? – Evelyn desconfiou, também, observando o carro se afastar, Mathews assentiu com a cabeça e ela continuou – Eles parecem se dar bem. – Havia uma ponta de amargura em sua voz.

— Sim, é o que parece. – Mathews confirmou, sem emoção na voz.