Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 22
No jardim.




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Teresa se arrumou com esmero, trocou de roupa no banheiro, longe dos olhares de Lucas. Colocou um vaporoso vestido florido, alegre, mas elegante, perfeito para uma festa durante o dia de primavera, usou os cabelos soltos sobre os ombros, fez uma maquiagem leve.

— Como estou? - Rodopiou para se mostrar, na frente de Lucas.

— Linda! – Ele a elogiou, mais uma vez.

— Você também está muito bem, mas para um rico herdeiro do que para um pobre artista. – Comentou, ao vê-lo vestindo calça e camisa de marcas caras e famosas.

— Estou me esforçando por você. – Respondeu, sorrindo provocador.

Ao descerem as escadas, Teresa notou que havia pouca movimentação dentro de casa.

— Onde está todo mundo? - Perguntou a Lucas.

— Lá fora, no jardim atrás da casa. – Ele respondeu, indiferente.

— Claro, não há lugar melhor para um brunch que o jardim atrás da casa. – Teresa rebateu com ironia.

— É o nosso mundo! – Lucas suspirou, cheio de cinismo. – Vamos, querida! – Ele lhe ofereceu o braço, atravessaram a casa até as portas francesas, que estavam abertas, deixando vislumbrar um lindo jardim luxuriantemente florido pela primavera, Teresa para extasiada pela aquela visão.

— Isso é demais, Lucas! Parece um jardim de contos de fadas! – Ela exclamou, maravilhada com as rosas e outras flores distribuídas, artisticamente, as mesas, cobertas por compridas toalhas brancas de linho e com delicados arranjos de flores coloridas no centro, foram colocadas em volta de um espelho d’água, e muitas delas já estavam ocupadas por convidados. Lilian veio recebê-los, assim que chegaram.

— Bom dia, Teresa e Lucas. Que bom que chegaram! A família de Evelyn já está aqui e Mathews desapareceu. – Ela estava aflita.

— Onde ele está? – Lucas quis saber.

— Foi trabalhar, tinha um assunto urgente no escritório, mas disse que não demoraria. Lucas, vá e dê um pouco de atenção a família de Evelyn! - Lilian ordenou, sem rodeios.

— Você deve estar brincando? Mas, logo eu, mãe? – Lucas estava inconformado com a escolha dela.

— Você é da família, Lucas, por favor. Eles estão na mesa com a sua avó – Ela pediu, e o filho não resistiu.

— E onde eu e Teresa vamos nos sentar? – Indagou, já que os lugares eram marcados, pensando que poderia escapar deles mais tarde.

— Onde? – Ela replicou, como se não entendesse a pergunta. – Na mesa da família, é claro!

— Na mesa da família. – Teresa repetiu a resposta, desanimada.

— O que você esperava? Eu sou da família do noivo – Lucas respondeu o lógico, a arrastando em direção à mesa.

 Na grande mesa principal, Teresa reconheceu o pai de Lucas e Mathews, Evelyn e outro casal de meia-idade, provavelmente os pais dela, além de uma senhora bem idosa, elegantemente vestida com um clássico conjunto de uma famosa marca francesa, com arrogantes e sagazes olhos cinzentos, na expressão determinada.

— Vovó, não a vi, ontem? - Lucas questionou, surpreso, se inclinando para beijar seu rosto.

— Estou velha demais para todas essas festas. – A senhora afirmou, em um tom ácido. – Mas, não perderia o casamento do meu neto por nada nesse mundo. – Declarou, orgulhosa. - E eu não o vejo há muito tempo, Lucas. Por onde andou?

— Por aí. – Lucas respondeu, dando de ombros. A senhora não parecia satisfeita com a resposta. 

— Como está? Ainda pinta? – Ela indagou, sem muito interesse, porém sua atenção se voltou para Teresa, parada ao lado dele. – Quem é essa moça bonita?

— Sim, vovó, ainda pinto, e essa moça bonita é minha namorada, Teresa.

— Teresa, essa é minha avó Rute, os pais de Evelyn, Otto e Frida. – Lucas os apresentou, seguindo-se uma troca de sorrisos cordiais.

— Aonde está Mathews? – Rute perguntou, olhando ao redor, enquanto Teresa e Lucas tomavam os seus lugares à mesa, um garçom veio servir lhe suco de laranja e champanhe e um pequeno prato de petiscos, que ninguém tocou.

— Foi até o escritório – Comunicou Evelyn, inconformada.

— Esse garoto trabalha demais. – Rute observou, balançando a cabeça.

— Ele vai continuar morando fora depois do casamento? – A mãe de Evelyn quis saber, interessada.

— No princípio, era essa a ideia, ele fala que tem assuntos pendentes importante para resolver por lá, sobre a aquisição da nova indústria. – Evelyn revelou, resignada. – Parece que a situação está mais complicada do que esperava. – Evelyn concluiu, Teresa tomou um gole de champanhe para se acalmar, enquanto Lucas a olhava de soslaio.

— Você vai morar com ele lá? – Teresa perguntou, curiosa, querendo parecer casual.

— Não, Mathews prefere que eu fique aqui, ele que seria muito difícil a minha adaptação e não poderia me dará a atenção necessária. – Assim, Teresa entendeu como ele pretendia manter-se com as duas, tomou um gole de champanhe para esconder sua revolta.

— E você, minha querida, o que faz? – Rute questionou Teresa, com o olhar imperioso.

— Estou me formando em farmácia. – Teresa respondeu.

— Eu não esperava que uma mulher tão bonita, tivesse uma profissão tão masculina, mas isso demonstra que você é muito inteligente. – Rute a elogiou, dissimulada, com um sorriso que não chegou aos olhos.

Mathews, finalmente, chegou, parecia um tanto transtornado, cumprimentou com atenção a avó, a noiva e, depois, os outros à mesa, seus olhos pararam por alguns segundos sobre Teresa, sentada exatamente a sua frente. Assim, o brunch começou a ser servido.

— Problemas no escritório, querido? – Evelyn perguntou.

— O de sempre. – Mathews respondeu, evasivo, Teresa conhecia muito bem aquele jeito.

— Você e Lucas se conhecem há muito tempo? – A mãe de Evelyn perguntou, educadamente interessada, começando uma conversa com Teresa.

— Teresa foi minha modelo. – Lucas se adiantou, instigando o irmão.

— O quadro que ele fez dela é lindo, precisam vê-lo, está na galeria de Laura. – Evelyn comentou, Mathews fez uma careta imperceptível.

— Infelizmente, para o mundo, Teresa se recusar a deixar eu pintá-la nua. – Lucas revelou de modo casual, deixando todos à mesa, sutilmente chocados. Porém, o pequeno brioche nas mãos de Mathews foi a vítima de sua ira, acabando despedaçado.

— Lucas, você tem que respeitar a sua namorada. – Seu pai chamou a atenção, indignado por aquela atitude.

— Não se preocupe, ele só está brincando. – Teresa apaziguou a situação, a conversa prosseguiu falando-se sobre fatos e pessoas, que ela desconhecia, porém não se importava, pois, sua atenção estava voltada para Mathews, que mal abria a boca, se limitando a responder as perguntas que eram feitas diretamente a ele.

Depois do serviço, os convidados se levantaram e circulavam, livremente, pelo jardim, o casal de noivo ia de grupo em grupo como bons anfitriões, na verdade, era Evelyn que puxava Mathews para isso. Até o minuto, que Mathews conseguiu se desvencilhar dela, encurralou Lucas, quando saia do banheiro.

— Eu fui a galeria, hoje, e vi o seu quadro. Por que você o reservou para mim, Lucas? – Mathews questionou o irmão, o encarando.

— Eu tinha certeza, que você ia querer comprá-lo, por isso, como um bom irmão, eu reservei ele para você. Talvez, possa pendurá-lo no seu quarto ou no seu escritório, para que nas suas noites solitárias, possa bater umazinha pensando nela. – Lucas respondeu, com um sorriso sarcástico. Mathews queria socá-lo, porém não podia fazer isso ali, agora, já que teria que se explicar, então, deixou o irmão para trás e foi em direção contrária a festa, se emprenhou pelo jardim de inverno, que sempre fui um refúgio, quando estava aborrecido.

Teresa não suportava mais, tudo aquilo, mentir e atuar o tempo inteiro, precisava sair dali, esconder se em algum lugar por um tempo, relaxar um pouco, tirando a máscara. Lucas havia sumido, então aproveitou a oportunidade, andou, em direção oposta à festa, encontrou um lugar calmo e agradável, sentou em um banco ali, aliviada, tirou os sapatos, liberando seus pés doloridos, reclinou, relaxou e acabou adormecendo.

Mathews estava preste a tirar sua carteira de cigarros do bolso, quando parou surpreso, ao ver Teresa dormindo, serena, sentada naquele banco, a admirou por algum tempo. Alguma espécie de instinto fez com que ela percebesse que estava sendo observada, abriu os olhos e levantou em um pulo, para encarar Mathews a sua frente, que calmamente colocava um cigarro na boca e o acendia, mas para provocá-la do que pela vontade de fumar, pois sabia como ela detestava isso, seguiu–se um instante de silêncio.

— Desculpe, não pretendia acordá-la. – Ele falou, de um modo formal.

— Não, sou eu que peço desculpa por dormir assim, no seu jardim – Respondeu, no mesmo tom, quase como dois desconhecidos.

— Posso? – Ele indicou o lugar ao seu lado, Teresa sabia que tinha que ir embora, fugir de perto dele, mas assentiu com a cabeça e permaneceu para no mesmo lugar, colocou os sapatos. – Você está muito bonita, Teresa. Um novo corte de cabelo, roupas e sapatos novas, está, realmente, impressionante. – Afirmou, sentando-se ao lado dela.

— Graças a você, usei seu cartão de crédito. - Teresa revelou, desafiadora, Mathews a olhou divertido.

— Fico feliz, que meu dinheiro foi tão bem empregado, gosto de fazer bons investimentos. – Ele rebateu, com ironia – Também, fiquei impressionado como está falando bem a minha língua. – Admitiu.

— Eu aprendi em segredo, para fazer uma surpresa para você, Mathews – Teresa revelou, ele a encarou admirado. - Não precisa voltar? Afinal, você é o noivo. – Provocou.

— Meu papel é somente coadjuvante nessa história. – Ele respondeu com cinismo, depois a encarou. – Eu vi seu quadro hoje?

— Viu? – Ela indagou, espantada, porque só ela ainda não o conhecia.

— Há quando tempo, você dorme com Lucas? – Ele perguntou direto, sem rodeios, com dissimulada indiferença.

— Eu não durmo com Lucas. – Teresa respondeu, com tanta sinceridade que ele acreditou.

— Por que você não vai embora, Teresa? Não sabe como é difícil, continuar com isso tudo com você aqui por perto. – Ele revelou abatido.

— Então, não continue. – Teresa propôs, o encarando.

— Eu não posso. – Mathews concluiu, resignado. – Todos estão aqui para isso, pelo casamento. É o que esperam de mim.


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