Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 14
O doce veneno da vingança




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Logo que Teresa saiu do seu apartamento, Lucas percebeu a grande besteira que fez ao prometer que a levaria ao casamento de Mathews, aquilo poderia ser uma grande confusão e ela sairia mais magoada ainda. Por outro lado, significaria uma boa lição para o seu irmão, tão acostumado a manipular os outros ao seu bel-prazer, sem sofrer nenhuma consequência por isso. Mas, quem sabe, Teresa desistiria daquela ideia antes de viajarem, apesar de achar quase impossível essa possibilidade, porque ela era uma mulher muito determinada, de sangue quente, cheia de raiva e com sede de vingança. Sorriu ao imaginar a cara de Mathews, quando aparecesse com Teresa ao seu lado, sendo apresentada como sua namorada, provavelmente, a mesma cara que ele próprio fez, há alguns anos atrás, em situação inversa.

Teresa saiu da casa de Lucas um pouco melhor do que chegou, não sabia se era toda aquela vodca que tomou ou se era o seu desejo de vingança, que a fazia se sentir assim, mais animada. Andando pela rua, na direção de casa, decidida que sua primeira atitude, no dia seguinte, seria ir as compras, detonar o cartão de crédito que Mathews lhe deu, mas que nunca usou, pois queria chegar no casamento dele, a mais bonita e elegante possível, tudo às custas daquele safado traidor. Estava pensando exatamente nisso, quando o seu telefone tocou e a foto de Mathews, sorridente, apareceu na tela.

— Cachorro! Canalha! – Gritou para o telefone, exaltada, chamando a atenção de quem passava ao seu lado, poderia atender agora e despejar um monte de verdade em cima dele, porém isso estragaria o seu plano de vingança, pretendia pegá-lo de surpresa, despreparado, então simplesmente recusou a ligação e continuou andando, com passos firmes.

Mathews olhou para o seu telefone, atônito, depois que desligou ao receber mais uma mensagem para deixar um recado da caixa postal. Havia tentado inúmeras vezes e não conseguia falar com Teresa durante todo o dia, já estava começando a ficar muito preocupado.

— Mathews, querido. Por favor, venha aqui. – Sua mãe o chamou de volta para a realidade e a elegante sala da casa dos seus pais, onde estava escolhendo a decoração da mesa do jantar da noite anterior ao casamento. – O que você acha desses guardanapos? – Ela mostrou um pedaço de pano branco – Ou prefere esse? – Ela mostrou outro pedaço de pano branco, ele não conseguia perceber a diferença.

— Qualquer um deles estará perfeito, mãe. – Respondeu, sem dar muita atenção, com o pensamento bem distante dali.

— Não adianta perguntar isso para ele, Lilian, pois aposto que Mathews nem percebeu a diferença entre os dois. – Evelyn comentou, com um sorriso encantador nos lábios, Mathews a fitou, devolvendo-lhe um sorriso sem graça, confirmando que estava certa. Observou a sua noiva, ali na sua frente, esguia, alta, de pele muito alva e suave, os cabelos brilhantes e louros, cuidadosamente penteados, a roupa impecável, sentada no sofá de seda clara, com uma postura reta e altiva, como se posasse para uma fotografia, ela parecia perfeita.

 Ao abrir a porta do apartamento onde morava com Mathews, Teresa sentiu todo o peso da traição sobre o seu peito mal a deixando respirar, o choro veio como o estouro de uma represa, desalentada, ela se deitou naquele mesmo sofá, em que, em muitas noites, ficavam enroscados, assistindo filmes e comendo pipoca e, que tantas vezes, testemunhou o amor urgente e imperativo, que não podia esperar pelos poucos passos até o quarto. Assim ela dormiu, esgotada, ali mesmo, agarrada nas almofadas, até o amanhecer.

No dia seguinte, assim que acordou, resolvida, sem se deixar abater, mesmo com o rosto inchado pelo choro da noite anterior, mas com o veneno da vingança correndo doce em suas veias, a empolgando. Por isso, ligou para a sua amiga, que atendeu surpresa, não só pela hora da manhã, mas porque Teresa havia se afastando de todos por causa de Mathews.

— Teresa, aconteceu alguma coisa errada? – Sua amiga Lourdes perguntou, preocupada.

— Não, eu só preciso de sua ajuda, Lourdes. – Teresa começou a explicar, sem dar detalhes. – Tenho um casamento muito chique e elegante, tipo alta sociedade, no país de Mathews.

— Você vai com Mathews? – Lourdes estava interessada, pois sabia que Teresa queria muito conhecer a família dele.

— Ele vai estar lá. – Respondeu, com meia-verdade, sabia se contasse a real história, Lourdes a desencorajaria. – Então, você sabe melhor do que eu como é, almoços, coquetéis, jantares, um monte de festas, antes do casamento propriamente dito, e eu quero arrasar.

— Eu sei como é, estou acostumada. – Lourdes afirmou, já que sua família tinha dinheiro e frequentava esse tipo de festas. – Pode deixar, eu conheço os melhores lugares para comprar. Você podia dar um jeito no cabelo, fazer algo diferente. Mas, só tem um problema, Teresa?

— Qual? – Teresa indagou, inquieta.

— Essa brincadeira vai custar bem caro. – Lourdes acrescentou, pois sabia que o orçamento da amiga era curto.

— Dinheiro não será problema, Mathews pagará por tudo. – Teresa rebateu, com um sorriso diabólico.

— E quando será esse casamento fabuloso? – Lourdes quis saber, curiosa com a novidade.

— Em alguns dias, viajarei em uma semana.

— Não vamos ter muito tempo, por isso começaremos hoje. Vou começar marcando um horário no cabelereiro para você, Teresa - Lourdes comunicou, prestativa, feliz por ajudar a amiga, mesmo sem saber suas verdadeiras intenções.

Portanto, todo o resto da semana, que se seguiu, foi uma verdadeira maratona de loja em loja, para conseguirem comprar tudo, que Teresa precisaria para impressionar a família de Mathews e a ele próprio, nesse casamento que prometia ser fabuloso.

Fez um novo corte de cabelos, comprou roupas sofisticadas e caras de marcas famosas, bolsas e sapatos para combinar e toda vez que passava o cartão de crédito dele na máquina, sentiu uma certa satisfação, um saborzinho de vingança, mesmo sabendo que aqui não era nada para ele.

Em casa, Mathews estava desesperado por não conseguir falar com Teresa, durante todos aqueles dias. Por isso mesmo, quebrou as suas regras e ligou para a fábrica a sua procura, sem se identificar, descobrindo que ela não aparecia por lá há uma semana, dando a desculpa de problemas familiares. Inventando um motivo, mandou alguém no seu apartamento, mesmo correndo o risco de saberem sobre o seu segredo, mas foi informado que não havia ninguém ali, naquele momento. Já estava quase ao ponto de pegar um voo, para verificar o paradeiro dela. Mas, antes, fez a única coisa que tentou evitar todo esse tempo, ligou para o seu irmão Lucas.

— Mathews! Aconteceu algo com os nossos pais? – Foi o primeiro pensamento do irmão ao atender aquele telefonema.

— Não, eles estão bem. – Mathews respondeu, porém não sabia como pedir um favor para o irmão, mesmo assim tentou. – Lucas, preciso que faça algo por mim.

— Já sei. – Lucas o interrompeu, com cinismo. – Você quer que eu seja o seu padrinho. Aliás, como vão os preparativos do seu casamento?

— Não, não é isso. – Mathews retrucou, querendo manter a calma, já que precisava dele. – Preciso que encontre Teresa para mim. Ela, simplesmente, desapareceu. Por acaso, você a tem visto? – Mathews quis saber apreensivo, Lucas quase teve pena dele, mas manteve a promessa que fez a ela.

— Não, eu não a vejo há muito tempo. – Lucas mentiu, com dissimulada inocente. – Algum problema com sua namorada, Mathews?

— Eu não sei. – Respondeu, confuso.

— Por favor, irmãozinho, você não deve se preocupar com bobagens, ficará cheio de rugas e olheiras no grande dia, o que os outros irão dizer. – Lucas falou, com sarcasmo. - Lamento não poder ajudá-lo, porque não sei de Teresa já faz algum tempo, talvez, ela tenha viajado, foi visitar a família ou algo parecido. Mas, nós nos veremos em breve, Mathews.

— Você virá ao casamento? – Mathews indagou, surpreendido com a notícia, porque nunca esperaria pela presença de Lucas.

— Claro, que eu irei. Ou você achava que eu perderia o casamento do meu único irmão? Até lá, Mathews. – Lucas se despediu e Mathews, simplesmente, desligou.


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