A mulher do retrato 2 escrita por Lady Town


Capítulo 12
Capítulo 12




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Um dia inteiro, em Campobello, era uma eternidade e esperar que ele passasse, um sofrimento. Na manhã do dia seguinte, Luíza aproveitou que a tia estava no banho e desceu para usar o telefone da recepção. Sinal de celular era difícil na cidade, quase um milagre ou em alguns pontos mais altos. Precisava falar com Vitória, ouvir a voz dela, saber se poderia encontrá-la.

— Ouça, Luíza, não deve vir aqui!
— Posso te encontrar em outro lugar...
— Não...
— Hoje? Ou nunca mais?

Vitória permaneceu em silêncio por instantes.


— Nunca mais. Trate de esquecer tudo, entendeu? Não pode ser! Foi uma fraqueza minha!

Luíza desligou o telefone completamente desolada. Então a tia tinha razão sobre Vitória? Estava interessada em vender as propriedades e a bajulou todo aquele tempo? E o beijo? Não...nessas coisas não se pode fingir...ou será que aquela mulher era uma ótima atriz? Mesmo assim, ela correspondeu aos carinhos, correu o risco dela contar para a tia sobre o que tinha acontecido e tudo ser desfeito. Emília não toleraria tal "assédio"!


Eram duas verdades na cabeça da jovem e sentia-se, mais que confusa, decepcionada, inconsolável. Quando voltou ao quarto, Emília quis saber onde estava.

— Fui ver se havia algum recado...
— Qualquer recado nos é informado por este telefone aí ao lado...
— Estou esperando um email do meu orientador para o começo da pesquisa mas o sinal de internet lá embaixo também é inexistente...

Emília sabia, qualquer que fosse a desculpa, que tinha a ver com Vitória.

— Sabe, agora, com sua pesquisa, não vai sentir tanta falta de ter o que fazer...e eu também providenciei uma surpresa...
— Que surpresa?
— Chegará logo...eu ainda tenho que ficar algum tempo nesta cidade horrorosa, há muitas providências a serem tomadas, não quero te ver jogada nesta cama ou procurando amizades insólitas.

A expressão triste de Luíza tornou-se ainda mais amarga.


— Você também pode voltar pra São Paulo, se quiser...
— Não! Não...eu vim com um propósito e vou cumpri-lo.
— Isso é bom, é muito bom! E eu não gostaria de ficar sem companhia também...

Luíza esboçou um sorriso.

— Tem um moço que te olha muito, no restaurante. Aposto que nunca o notou.

Emília surpreendeu-se porque, realmente, não notara olhar nenhum, de homem nenhum. Estava tão dedicada ao seu plano e fora sempre tão fiel ao trabalho que não havia sequer saído com ninguém após a morte do marido.

— E quem é? Você conhece?
— Não...mas posso descobrir...afinal, saio muito mais desse quarto que você!
— Espero que agora saia sim, muito, mas para fazer o que deve fazer e não...
— Eu não vou mais procurar a Vitória Ventura!
— Nossa...finalmente caiu em si?
— Ela sabe que estamos aqui. Se houver alguma amizade além de interesse, nos procurará.
— Não espere nada dela, Luíza, ou vai se decepcionar...
— Às vezes fala como se a conhecesse, é tão estranho!
— A minha experiência de vida me faz conhecer as pessoas e, acredite em mim, essa mulher é falsa!


Passados alguns dias, a existência em Campobello, sem Vitória, tornara-se completamente sem sentido. Luíza tentou ocupar-se com o projeto de pós-graduação e, numa tarde, sentada na saleta do hotel, viu uma moto parar do lado de fora e reconheceu o rapaz na hora, correndo para encontrá-lo.

— Gustavo! O que faz aqui? De quem é essa moto?
— Olá, Luíza. Senti saudades.
— Como?
— Eu achei que você sabia que eu viria!
— Não, você não me avisou...
— A sua tia disse que você queria que eu viesse! É mentira?

Luíza não sabia o que responder e balbuciava palavras sem sentido.

— Eu sabia que era um plano da sua tia pra nos reaproximar. Eu não teria vindo se...
— Está tudo bem! Estou feliz em te ver! Juro! Vamos, entre!

Luíza telefonou ao quarto pedindo que a tia descesse.

— Eu aluguei a moto na cidade vizinha, achei que seria uma boa! Que fim de mundo é esse, afinal?
— Gustavo, eu nem sei o que te dizer...estou aqui procurando as palavras mas isso não é uma reaproximação!

Emília apareceu e cumprimentou o rapaz sob o olhar reprovador da sobrinha.

— Eu reservei um quarto aqui no hotel pra você! Será uma ótima companhia para Luíza, ela está tão entediada, pobrezinha!

— Eu pensei que ela soubesse, Emília! Você me garantiu!
— Não importa agora! Importa que está aqui e podem passar momentos juntos! Eu não estou forçando nada mas eu sei que sempre foram ótimos amigos!

Enquanto as malas do rapaz eram levadas, Luíza convidou-o para um café e Emília sentia-se satisfeita. Finalmente a menina ia ter com que se ocupar.

— Eu ainda amo você! -O jovem segurou as mãos de Luíza sobre a mesa- Você sabe que não teria vindo de tão longe por outro motivo!
— Gustavo, eu terminei o namoro porque não sentia mais a mesma coisa e agora...continuo não sentindo, não é justo te enganar!
— Eu só peço uma chance de ficar perto de você! Quando a gente ama, estar perto é tão suficiente...poder te olhar, assim...

Os pensamentos de Luíza, ao ouvir as palavras dele, foram imediatamente para Vitória. Sim, era verdade. Estar próxima, trocar um olhar, seria o suficiente para que seu dia fosse diferente...mesmo se ela fosse a mulher que Emília dizia ser...

— Você acha que a gente pode fingir que ama alguém?
— Eu não quero que finja que me ama!
— Não foi essa a minha pergunta!
— Não, acho impossível! O olhar entrega que é uma mentira!

E o olhar de Vitória havia sido sincero, assim como o beijo, assim como todos os momentos que estivera ao lado dela!


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