A mulher do retrato 2 escrita por Lady Town


Capítulo 11
Capítulo 11




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— Eu, desesperada aqui, te procurando em todos os lugares, daí me ocorre o óbvio, que a senhorita estava enfiada na casa daquela mulher! Sabe, Luíza, eu não consigo entender...se você está querendo me provocar...não sei!

Luíza tentava responder alguma coisa mas era sempre interrompida por Emília.

— Antes ela te recebeu na casa dela mas ela queria nos vender a vinícola. Agora, negócio feito, o que ela está querendo? Você não sabe a aflição que fiquei, você perdida no meio dessa tempestade...

— Onde mais eu teria ido? - Luíza não tinha pensado, no caminho pra casa, em nenhuma desculpa, sentia-se confusa pela forma como Vitória lhe havia mandado embora.
— Onde mais? Há tantos lugares...você me explique porque, sinceramente, eu quero entender...
— Eu precisava ter ido, não viu como ela ficou abalada com a venda da vinícola? Além disso, ela é a única pessoa que eu conheço aqui além de você!
— Ah, ela é sua amiguinha? E ficou triste? Com sete milhões?
— Ela é minha amiga sim, e não se trata de dinheiro...será que você...
— Eu não consigo entender...talvez tenha te recebido hoje por educação, mesmo concluída a venda...- Emília tentava encontrar um motivo para a gentileza de Vitória.- Veja se não vai mais fazer papel de boba e procurá-la novamente! Aliás, é uma ordem! Não quero você conversando com essa mulher!

Luíza não continuou a discussão. Começou a pensar se a tia não tinha razão, se Vitória não a teria apenas tolerado por interesse. Mas, então, porque teria retribuído o beijo, dito que estava apaixonada? Não fazia sentido ela tê-la mandado embora também. Se estivesse mesmo apaixonada, lutaria por ela.

Emília só observou a sobrinha caminhando pelo quarto, o olhar perdido.
— O que foi agora?
— O quê?
— É isso? Estamos entendidas, então? Não vai mais procurar a Vitória Ventura? Me promete?


A jovem manteve a postura distraída e nada respondeu. Emília sabia que tinha mexido com ela ao dizer que a amistosa Vitória era uma interesseira. Já havia lhe falado mas parecia que só agora havia entendido.

— Vou tomar um café já que a chuva passou. Vem comigo?
— Não, estou cansada.

Emília deixou o quarto satisfeita. Luíza, deitada na cama, começou a repensar tudo o que havia acontecido, o que a tia havia acabado de dizer. Não se sentia feliz, mas magoada. O que ela esperava mesmo era que Vitória a tivesse mantido refém em sua casa, refém de seus beijos, de seus carinhos, disposta, como ela, a enfrentar qualquer coisa para viver este sentimento.


Mas Vitória, em casa,desejava, de forma racional, resolver um problema insolúvel. Sentada ao piano, passou os dedos nos lábios, lembrando-se do beijo, do atrevimento de Luíza. Há quanto tempo não se sentia assim? E disse que lhe amava...era tão jovem, como poderia saber de amor com tanta certeza?

Não poderia deixar outra situação semelhante acontecer, em parte porque sentia-se traindo a confiança de Emília, como se corrompesse a menina. Também pensava que em muito em breve, poucos meses, ela iria embora e isso iria destroçar seu coração já sossegado pelo tempo. Era uma velha, não tinha cabimento tudo aquilo, nem compreendia o que Luíza poderia ter visto nela. Jovem havia sido uma mulher linda, é verdade, mas e agora? Sentiu que o sofrimento viria de qualquer forma. Era melhor passar por ele sem um maior envolvimento, mesmo que isso lhe custasse tanto. Sentia o cheiro de Luíza, da sua pele, do s seus cabelos, o toque de suas mãos em seu corpo. E desejou tanto que aquilo pudesse ser vivido...quem sabe se fosse outra época, uma outra situação...mas, da forma como o jogo estava posto, não havia o que fazer. Precisaria tentar esquecê-la a qualquer custo.


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