Magic - Restarting escrita por Paul


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Nem sempre a escuridão equivale ao mal, assim, como nem sempre tudo que vier da luz será bom.



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Um garoto de cabelos castanhos claros lisos corria pelo corredor, estava desesperado, era seu primeiro dia de aula e já estava atrasado, odiava atrasos. Seu cabelo caia sobre seus olhos verdes, atrapalhando um pouco sua visão enquanto ele procurava a sala de história.

— Com licença, você sabe dizer onde fica a sala de história? – perguntou ele para uma garota que estava sentada no chão lendo um livro qualquer.

— A ultima sala do corredor. – respondeu ela sem nem levantar o olhar.

— Obrigado! – disse ele voltando a caminhar em direção à sala, algo o incomodava naquele lugar, mas ele não sabia direito o que era. Quando chegou em frente a sala e estava prestes a abrir a porta, um arrepio cortou seu corpo, eram como se milhares de correntes elétricas partissem de duas mãos e fossem dos seus pés aos fios de seu cabelo. Ele deu uma respirada profunda, bateu três vezes e abriu a porta... E então ele soube ao encontrar aqueles olhos, que seu mundo não ia mais ser o mesmo.  O garoto ficou parado na porta encarando o outro que o encarava com certa indiferença.

— Com licença, você é o? – perguntou o professor para o garoto, o tirando do transe.

— Desculpe pela invasão, eu sou o Will Belch, hoje é meu primeiro dia aqui na escola – disse ele para o professor. A turma inteira encarava o garoto novo, como se fosse um pedaço de carne.

“ Mais um? “ pensou Paul observando Will parado no centro da sala. Will era alto, usava calça jeans rasgada e uma camisa preta básica, sua pele era clara e seu olhar era algo intenso, diferente. Seu cabelo liso estava bagunçado, mas isso não diminuía a beleza do garoto de coxas grossas. Algo nele cheirava bem.

— Entendi... Por favor, queira se sentar,  a aula já começou. De qualquer maneira, seja bem vindo Will – disse o professor.

Will sorriu, um sorriso sincero e caminhou até o fundo da sala onde havia visto uma cadeira vazia. Começou a assistir a aula, mas permitiu que sua mente se desconectasse da aula ao notar que já sabia o assunto e que a sensação elétrica não passava. Havia algum tipo de energia poderosa naquela sala, ele conseguia sentir e conseguiu de imediato saber de onde vinham, mas a questão era, com que objetivo elas estavam sendo usadas.

Após alguns longos minutos, que mais pareceram horas, o sinal tocou indicando o fim daquela aula ,o que fez todos os alunos se levantarem correndo.

Will estava arrumando as coisas quando notou que restavam apenas alguns alunos na sala e um deles era o garoto que havia o encarado quando entrou. O mesmo dormia agora com fones de ouvido debruçado na mesa.

Will se aproximou lentamente e deu uma leve cutucada nele.

— Licença – disse Will

O garoto levantou a cabeça e o encarou Will, seu olhar era de desprezo e indignação, afinal, como ousam acordar ele de seu sono.

— Que foi? – disse Eduardo encarando Will que se arrepiou com aquele olhar.

—  Eu sou o Will Belch, eu sou novo na escola e na Cida...

— Cara, fala logo o que você quer, não to a fim de saber da sua vida – interrompeu Eduardo levantando e pondo a mochila nas costas. Will ficou sem reação com tamanha grosseria vinda dele.

— Desculpe, eu só queria dizer que você é diferente, eu não sei... Tem algo em você, uma energia que...

— Duas coisas, a primeira: eu não sou gay, e segunda: fique longe de mim, bichinha – respondeu Eduardo saindo da sala e deixando Will sozinho.

Will sentiu como se alguém o tivesse acertado em cheio no estomago. Seu rosto esquentou rapidamente, enquanto suas pernas pareciam querer ceder. Ele só queria poder se esconder.

...

Fiquei parado, olhando do garoto, o tal do Eduardo, para o outro garoto novo. Velho, que cara babaca. Mas era até que gostosinho. Pera, foco Paul, para de olhar pra bunda do garoto.  

— Você ta legal? Perguntei me aproximando de Will.

—E..eu? Perguntou ele se virando para me olhar.

— É. – sorri.

— Acho que sim. – Will sorriu timidamente.

— Eu sou o Paul. – estendi a mão, esperando que ele a aperta-se.

— Eu sou o Will. Sou novo por aqui. – disse ele apertando minha mão.

— Sei como é isso. – soltei a mão dele, e peguei meu caderno sobre a mesa. – Vem, não quer se atrasar de novo. Não é?

Caminhamos em silencio pra fora da sala, nos espremendo por entre os vários corpos que lotavam o corredor.

— Eu ouvi o que aquele moleque falou com você. – disse, enquanto parávamos perto do meu armário. – E não liga ta. Aqui tem muita gente como ele. – dei de ombro.

— Eu só queria ser amigo dele. – disse Will, encarando o chão. Ele mexeu o pé, inquieto.

— Vai por mim, tentar ser amigo de gente como ele, é burrice. – fechei meu armário. – Qual a sua próxima aula?

— É sociologia 1. Você sabe onde fica a sala?

— Claro. Você segue reto, ai vira pra direita, a terceira sala. – sorri, segurando meu livro de física, na altura da virilha.

— Obrigado Paul. – disse ele, seguindo na direção que falei.

— Ei. – o segurei pelo pulso. – Não deixa babacas te deprimirem, ta? Aqui tem pessoas legais. Senta comigo e meus amigos, na hora to almoço. Ok ?

— Ok. Obrigado de novo. – disse Will corando.

Dei uma piscadela se virei, indo em direção a escada.

O segundo andar estava tão cheio quanto o primeiro. Meu deus, da onde tinha saído tantas pessoas assim?

— Paul? – chamou Mael.

Me virei e o encarei. Gente do céu, ele tava tão fofo. Mael estava com uma calça jeans apertada, e uma camiseta, aonde se lia “Estou transando com golfinhos”. Ta, essa parte não é tão fofa. Ele também tava usando uma touca de panda.

— Mael. – abri os braços e o abracei com força. O cheiro de seu perfume inundou o ar.

— Isso tudo é saudade? Perguntou ele retribuindo o abraço.

— Talvez. – sorri, enquanto o soltava. – Parece que faz um ano que a gente não se vê.

— Paul, a gente se viu ontem de noite. – disse ele, batendo o ombro no meu.

— Eu sei. Enfim, viu os garotos novos?

— Eu vi aquele tal de Eduardo e uma garota chamada Cedilia. – respondeu ele dando de ombro.

— Nossa quanta gente nova. E olha que tamo quase no fim do ano.

— Pois é. Tem mais alguém novo, que eu não to sabendo?

— Ah, tem um garoto chamado Will. Ele é fofinho, me lembra um elfo. Eu chamei ele pra almoçar com a gente.

Entramos na sala e nos sentamos.

— Sabe que aquele Eduardo ta na nossa aula de física?

— Sério? Affsm esse garoto é idiota. – revirei os olhos.

— Por quê? Perguntou Mael, enquanto Eduardo entrava na sala, mascando um chiclete.

— Ele acha que só porque um garoto vai falar com ele, quer dizer que o moleque ta dando em cima dele. – respondi em voz alta, encarando Eduardo.

— Você ta falando de mim? Perguntou ele parando na frente da minha carteira.

— Talvez, será que to falando de lixo? – respondi me levanto, ficando cara a cara com ele.

Nossos rostos estavam perto demais, a ponta do nariz dele tocava o meu. Seus olhos nos meus.

— Vai fazer o que? Perguntei erguendo uma das sobrancelhas.

— Nada de beijos na minha aula. – a voz da professora cortou o ar. – Os dois, a um braço de distancia do outro. Agora.

Eduardo se virou e marchou pro fundo da sala, pisando firme.

Me sentei e revirei os olhos. A professora começou a explicar sobre força elétrica.

Cruzei os braços e apoiei a cabeça sobre eles. Senti a escuridão me puxando lentamente, enquanto meus olhos pareciam ficar cada vez mais pesados.

Eu estava parado em meio ao corredor da escola. Tudo estava vazio. A pouca luz que restava, parecia vir das janelas das salas.

— Oi? Gritei, olhando tudo ao redor. Mas não havia nada, minha voz apenas ecoou pelo corredor.

Me virei lentamente, enquanto tudo escurecia, era como se a noite estivesse finalmente chegando, e lá estava ele. Seu manto era enorme, e caia ao chão, como a cauda do vestido de uma noiva, só que na versão preta e sinistra. Seu capuz cobria-lhe o rosto. Tentar olhar para seu rosto, era como olhar pra dentro de um abismo, sem luz alguma. Então dois pontos surgiram, como linhas em seu rosto, elas eram vermelhas, o que apenas deixou o cara mais sinistro ainda.

— Uou! Exclamei, levando um susto. – Você é a morte? Meu deus, não me diga que você veio me buscar. Cara, eu não quero morrer na aula de física, a professora vai me matar. Pera, isso não fez sentido algum...

— Olá Paul. – disse ele,  me interrompendo. Ouvir a voz daquele cara era a mesma sensação de ser cortado por milhões de laminas. Cada pelo do meu corpo se arrepiou.

— Olá morte. – por que eu tenho que ser assim? Ai senhor, alguém me salva. – Ou seja lá quem você for.

— Eu não sou a morte, garoto insolente. – senti meu coração parando, quando aqueles olhos vermelhos me encararam. – Estou muito distante disso.

— Desculpa. – murmurei. – Então quem é você?

— Você ira descobrir. – ele soltou algo, que devia ser uma gargalhada, mas aquilo fez até meus ossos tremerem.

Ele se movimentou, enquanto uma espécie de nevou girava em torno de seu manto e se alastrava pelo chão.

— Os justos serão poupados. – disse ele. – Cuidado, nem tudo o que parece, sempre será. Nem tudo que vem da luz, será do bem, assim como nem tudo que vir das trevas será mal.

Senti algo segurar em meus ombros. Tentei me debater, para me largar. E então foi ai que eu ouvi o toque do sinal, indicando o final da aula.

Abri os olhos, e encarei os olhos azuis da professora, que estava parada em pé atrás da sua mesa. Mael me sacudia lentamente.

— Eu to ferrado, não to? Perguntei virando a cabeça e o encarando.

— Ta, e muito. – disse ele sorrindo. – Agora vamos.

...

Seu cheiro foi sentido antes mesmo dele adentrar o recinto. Era um cheiro de morte, algo não natural. Seus passos ecoaram pelo corredor vazio do colégio. Todas as portas de madeira, das salas de aula, estavam fechadas.

O garoto caminhou até a metade do corredor. Ele arrastava algo, alguma coisa pesada. Seus dedos escorregaram por entre o cabelo liso, do corpo que ele arrastava. A linha fina de sangue, manchando o chão.

A primeira pessoa a ver a cena foi uma garota, seu cabelo ruivo caia sobre o rosto, enquanto ela soltava um grito de horror.

O garoto lhe lançou um olhar gélido, enquanto largava o corpo no chão. Ele se aproximou da garota e levou o indicador aos seus lábios.

— Shii. Não queremos estragar a diversão, não é? – disse ele, sorrindo.

O garoto se virou e caminhou de volta até o corpo. Ele o virou, deixando o rosto do garoto, a mostra.

O sinal tocou. Todos saiam lentamente das salas, suas vozes se calando, enquanto seus olhos encontravam o corpo jogado no chão, e logo depois encontravam o garoto, parado ao lado.

...

Desci lentamente, ao lado de Mael e Stelar. Por algum motivo, a escola inteira havia ficado em silencio. Nos esprememos, por entre os corpos, amontoados na escada, para poder descer.

— O que será que aconteceu? Perguntou Stelar, logo atrás de mim.

— Não sei. – respondi dando de ombro. – Alguém deve ter sofrido algum acidente, ou teve briga e não ficamos sabendo.

Espichei o pescoço, enquanto chegávamos ao primeiro andar. Mas não dava para ver nada.

Sabe aquela sensação horrível de que você não devia ta em determinado local? Então, foi exatamente essa sensação que eu tive, assim que meu pé tocou o piso do primeiro andar. Meus pelos se arrepiaram, meu coração passou a bater mais rápido.

Todos se viraram e olharam para mim, enquanto abriam caminho para mim.

— Ta, alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? Perguntei olhando ao meu redor.

E então eu o vi.

Seu rosto ainda era o mesmo, o cabelo preto cortado curto, os olhos castanhos escuros. A pele, parecendo bronzeada. Ele usava roupas pretas, calça jeans, camiseta e bota preta. O que apenas parecia realçar sua beleza. Suas mãos estavam manchadas de sangue, assim como sua bota e um lado da calça.

Senti meus joelhos falharem, enquanto tudo parecia girar ao meu redor. Minha respiração parou. Sério, eu não tava conseguindo respirar. Meu coração batia loucamente, tentando bombear o máximo de sangue com oxigênio possível.

— Vini... – seu nome engasgou na minha garganta, e saiu apenas como um mero sussurro.


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Notas finais do capítulo

OI OI AMORES.
Desculpa gente, eu sei que tenho sido bem FDP por demorar tanto pra postar. Mas esses dias, bem, foram meios sei lá demais.
Olha, o começo do cap foi escrito pelo meu amg Path. Ele é uma pessoa incrível e tá querendo escrever uma fic, comentem apoiando essa iniciativa dele. Obg

Bem, vou tentar postar semanalmente, pq assim não fica muito puxado pra mim.
Enfim.
Bejos pra vocês, espero que gostem ♥



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