O Retorno de Oito (O Renascer dos Nove) escrita por Number Nine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo da nova saga, espero que gostem. Estou empolgado então comecei logo a nova parte hahahah
Começando com um capítulo do Futuro que nem o primeiro.



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              Quando a Anúbis finalmente começa a pairar sobre o céu eu sou o único que sobrou pelo acampamento.

            Algumas horas antes eu chamei Sam, Ella e Marina para uma última reunião para que chamamos de A Batalha Final. Como sempre, eu pedi que eles me encontrassem na última pedra gigante de loralite que sobrou.

            Estar próximo a pedra faz sentir meu corpo ficar mais forte. Lembro do primeiro ataque sofremos e que senti minha energia e meus poderes serem multiplicados por 10 naquela hora. Foi a coisa mais incrível que eu já senti. Como se a própria Lorien estivesse me emprestando a sua força para que derrotasse seus inimigos.

            Coloco minha mão na rocha e começo a sentir as veias de loralite que ainda correm por todo o mundo que não foi destruído pelo canhão Apófis. Uma energia azul cobalto me toma e vejo todos os Gardes, tanto os que estão concentrados aqui, quanto os outros. Os que ainda não sabem quem são, que ainda não desenvolveram seus Legados, os que eu não encontrei ou que ainda são novos demais para saberem o que eles irão se tornar futuramente.

            É como estar numa imensa sala azul cobalto vendo várias imagens de televisão com só uma cor que mudam rapidamente. Eu as observo maravilhado, achava que já estava tudo perdido, mas tenho algo para lutar ainda.

— É lindo não é. - uma voz fala ao meu lado. Quase que atemporal, nela sai ao mesmo tempo a voz de Henry, de Seis, de Oito, Nove e até mesmo de Cinco. Todos juntos no mesmo coro. - Ele acha que eu já estou morto aqui nesse planeta, mas ainda consegui manter minha energia viva.

            Olho para o lado e vejo um ser de pura energia lórica que antes não estava ali e que agora simplesmente se materializou ao meu lado. O ser é todo azul como a sala ao seu redor – provavelmente tudo aqui foi feito com o mesmo material pelo que posso perceber.

— Você é o Legado? – pergunto enquanto observo uma menina loira que deve ter uns 5 anos no máximo que parece estar em algum lugar da Suécia brincando com a mãe.

— Por que faz perguntas das quais já sabe a resposta? – a sua voz sai neutra e atemporal, tento ver se consigo enxergar algum tipo de feição no rosto do ser, mas é como olhar um conjunto de estrelas.

            As imagens começam a trocar e vejo que agora algumas mostram as pessoas do nosso acampamento. Vejo Marina ao lado de Ella, as duas estão tensas vindo me ver, mas parecem paradas no tempo. Isso ocorre porque sempre que nos encontramos com Legado aparentemente o tempo na dimensão dele corre de maneira muito diferente – Na primeira vez que vim para cá Ella me trouxe basicamente a força e eu estava lutando contra um monstro do tamanho da estátua da liberdade chamado Caçador, que foi criado especificamente para matar a Garde.

— Se Setrákus Ra conseguir chegar até você, ele irá conseguir tudo que quer. – decido ser direto, já que a Entidade quer jogar assim.

— Uma vez eu disse para a número Seis que não estou aqui para lutar. Setrákus Ra já quis meu poder várias vezes, já lhe mostrei isso. – o ser fala de maneira calma, de repente ele assume a forma de Henry. Como da primeira vez que fui convocado para a primeira reunião da Garde, foi nesse dia que descobri o meu Legado Ximic.

            Henry está exatamente como eu lembrava. Um homem de quarenta e poucos anos e forte, cabelo castanho ficando grisalho nas laterais, algumas rugas de cansaço e preocupação por causa dos anos de perseguição que passamos. Ele olha para mim e sua expressão está séria e ao mesmo tempo terna.

— John, isso é uma guerra. – ele fala se aproximando de mim e colocando a mão em meu ombro. – Você deve fazer o que tem que ser feito.

            A sala toda azul começa a tremer ao nosso redor. E por um momento eu fico tenso, não sei o que pode estra havendo. Ela começa a se modificar, no chão começam a surgir pisos de madeira e as paredes se tornarem de alvenaria, móveis se materializam. De repente estou de volta a minha antiga casa onde eu morava com Henry em Paradise.

            A manifestação de Henry criada por Legado está parada diante de mim bem na sala de estar. Estou espantado com os detalhes dessa projeção feita pela Entidade, ele nunca fez algo assim tão detalhado antes.

— O que é isso? – pergunto confuso olhando para Henry, tento me convencer que isso não é real. Se não fosse pelos seus olhos emitindo um tom azulado estranho eu não saberia se isso é algo verdadeiro ou não.

— Essa será a sua última batalha contra Setrákus Ra, John. – Henry fala de maneira enigmática. – Lorien não pode dizer quem irá vencer isso, mas certamente sabe que isso tem que acabar.

            Ouvimos passos de alguém descendo as escadas do segundo andar. Lá em cima era onde ficava meu quarto. Um cara alto e musculoso com cabelo cumprido e desgrenhado desse, ao lado dele está um cara moreno com cabelo encaracolado e um sorriso de quem está prestes a aprontar alguma coisa com alguém.

— Oito... Nove. – eu murmuro perdendo a voz. Legado resolveu fazer meus dois amigos Gardes já mortos aparecerem também.

            Oito sorri e desparece da escada. Em seguida ele reaparece deitado no sofá com os tênis pisando em cima de uma almofada. Ilusão ou não, percebo Henry olhar de cara feia para o garoto por estar sujando sua almofada.

— Fala ai John, belo penteado. – Oito fala no seu tom brincalhão, eu já havia esquecido de como ele gostava de ser exibido e brincar com os outros.

— Johnny, você vivia me criticando e no final você tenta me copiar? – Nove me agarra pelo pescoço e brinca com meu cabelo dando um soquinhos nele.

            Estou muito atordoado para fazer algo. Acabei de ver Nove e Oito se reerguerem dos mortos junto com Henry e agora estão os dois brincando comigo como se nada estivesse acontecendo.

            Começo a ouvir um barulho de patas arranhando o chão e uma pessoa está vindo logo atrás dela. Me surpreendo quando vejo que Bernie Kosar também está aqui, mas não consigo evitar de cerrar os punhos quando noto que a pessoa que está chegando junto com ele é Cinco. Por que diabos Legado trouxe Cinco para cá?

            BK corre quando me vê, ele está na sua forma de beagle e pula feliz na minha perna e eu o pego levantando-o na altura do meu rosto. Estou feliz por ter meu Chimera de volta também.

— Quanto tempo amigão! – eu falo feliz, sinto as lágrimas começarem a se formar e Bernie lambe o meu rosto me fazendo rir.

            Cinco se aproxima e estou esperando uma reação agressiva de Nove e Oito para ele. Afinal Nove e Cinco se odiavam e Cinco matou Oito, para meu total espanto os dois parecem ignorar completamente o garoto.

— E ai Quatro... – ele murmura sem graça, acho que Cinco também não estava muito contente com sua convocação.

            Olho para Henry procurando uma explicação para tanta não violência assim. Eu sei que não podemos nos agredir aqui, que qualquer tipo de tentativa dessas resultaria em você atravessar a pessoa e ir de cara na parede – ou em livro, como já rolou com o Nove ao tentar bater em Cinco.

— Para materializar tantas pessoas assim Pittacus, eu tive que materializar eles somente com sentimentos por você. – Henry me explica se manifestando pela Entidade. – Isso quer dizer que se houver ódio ou ressentimento entre algum deles, não haverá como eles manifestarem nessa projeção.

            Tento assimilar isso. É meio desanimador eu ver meus amigos sabendo que eles só são metade do que eles deveria ser, mesmo que é meio que um alívio não ver a casa ser demolida por esses três tentando se matar mesmo já estando mortos.

— Quantas baboseiras. – Nove mumura se espreguiçando e sentando ao lado de Oito no sofá. – Então Johnny, como estão as coisas?

— É cara? Estamos ganhando? – Oito também quer saber. Acho que ele é o mais desinformado de todos, de todos nós que conseguimos no reunir, Oito foi o primeiro a morrer. Antes de todo esse caos começar.

            Fico meio pensativo no que falar. Não sei se realmente devo dizer a verdade para eles, afinal eles deram suas vidas pela nossa causa e por acreditarem em algo maior. Eu realmente achava que devia ter feito algo melhor. Pelo menos não ter deixado as coisas chegarem como elas estão.

— Até parece! – uma voz feminina familiar fala aparecendo da cozinha. – John deve estar perdidinho sem a gente pra ajudar ele!

            Sinto meu estômago revirar. Ela está parada bem na minha frente, todas as coisas que aconteceram entre nós após a morte de Sarah parece ter desaparecido agora. Seis está parada bem na minha frente e me olha de uma maneira presunçosa com as mãos na cintura. Sua aparência está exatamente a mesma do dia em que a vi.

— Seis! – eu digo ficando sem palavras e corro para abraça-la.

            Ela tenta se esquivar de mim, mas sou mais rápido e a envolvo num grande abraço. Nossos corpos ficam entrelaçados e percebo que ela está ficando sem graça com a minha demonstração de afeto, mas não a evita. Nove e Oito assobiam atrás de nós.

— A eu quero ganhar um abraço assim também John. – Oito fala forçando choro de maneira debochada.

            Eu e Seis paramos de nos abraçar e ficamos olhando para ele com escárnio. Oito e Nove dão uma gargalhada e vejo que Cinco agora num canto da sala com Bernie Kosar ao seu lado está sorrindo também. Sou obrigado a admitir, estou feliz de estar até com ele aqui.

— Não entendo, como vocês todos estão aqui? Por que a Entidade criou você todos aqui? – eu pergunto sendo sincero, não estou entendendo nada. Parece meio fúnebre isso, mostrar meus amigos mortos antes da minha última batalha com Setrákus Ra.

— Como Lorien disse John, ele não pode tomar partido nas batalhas. – Quem fala é Henry. – Por isso estamos aqui, para lhe guiar e lhe dar forças.

            Olho para cada um deles na sala. A expressão de todos está séria agora então eu assumo que isso é realmente verdade, todos eles voltaram para me ajudar a fazer o que é necessário. O que eu preciso fazer.

— Eu não posso perder mais ninguém! – eu praticamente grito para que todos eles me escutem. – Chega de ver quem eu amo morrer. Eu consegui matar praticamente 10 mil mogadorianos sozinho e capturei uma nave de guerra deles usando minha telecinese, eu estou pronto para derrotar Setrákus Ra!

            Acho que isso os impressionou porque Nove e Oito murmuram um “Uau” de empolgação e Cinco arregala os olhos. Seis apenas revira os olhos para mim como se eu tivesse acabado de tentar ficar me mostrando para meus amiguinhos, ela não é de ficar se impressionando – quero lhe dizer que eu criei uma tempestade com o seu rosto, mas acho que isso não é o momento.

— Você está pronto pra derrotar o Setrákus Ra, John. – Henry fala e levanta a mão fazendo aparecer a pedra do Stonehenge. – Mas você sabe que não importa o quão poderoso seja, ele pode tirar seus Legados, você tem um plano para isso?

            Ele me pegou. O maldito Dreynen de Setrákus Ra sempre foi o nosso maior desafio, mas eu tenho sim um plano.

— Ele é arriscado, mas eu tenho. – comento meio inseguro. – É a minha última alternativa.

            Nove dá um grito de guerra e soca a mesa de madeira que fica em frente ao sofá a partindo ao meio.

— Então destrói esse merda Johnny! – ele berra. – De uma vez por todas!

— Eu tenho outro plano também... – comento meio incerto, se Henry realmente já sabe. Ele está conectado com a Entidade. – Alterar o passado.

— O que! – Seis se fala indignada. – Está de brincadeira John, por favor, não me diga que isso não por causa da Sarah?

            Ver Seis falar de Sarah me faz estremecer e ao mesmo tempo eu fico magoado com ela.

— Claro que não é só por causa de Sarah! – eu retruco no mesmo tom de voz que ela utilizou comigo. – É para salvar todos vocês, é para tentar impedir que essa guerra chegue ao ponto de 7 dos Gardes que vieram para cá terem morrido e um planeta e meio serem destruídos.

            Todos ficam em silêncio. Seis me olha de uma maneira que nunca olhou antes, ela sempre me via como um tolo apaixonado que botava o amor e os sentimentos a frente da razão, mas agora. Seis me olha com espanto, uma expressão que eu poderia me acostumar se ela estivesse viva me olhando assim, respeito.

— Mas se você está aqui para lutar contra Setrákus, quem foi para o passado? – Cinco pergunta numa mistura de sibilo com voz normal e faz todos prestarem atenção nele.

— Adam foi. – respondo.

            Isso levanta mais perguntas. Todos começam a falar ao mesmo tempo e fico meio estressado – havia me esquecido como eles podem ser irritantes quando estão todos juntos.

— Você mandou um mogadoriano para o passado? – Oito pergunta incrédulo.

— Esse é o nosso Pittacus! – Nove fala de uma maneira sarcástica.

— Foi só eu morrer e todos vocês começam a enlouquecer! – Seis murmura irritada.

            Os únicos quietos são Cinco e Henry. Henry divide o corpo com a Entidade então eu acho que ele já sabia o que eu fiz, mas Cinco não emite opinião. Pelo contrário, ele me olha como se achasse que eu tomei uma decisão brilhante. Isso não me ajuda a ficar melhor com os outros.

— Ele era nossa melhor opção, o único que poderia salvar a número Um, Dois e Três. – eu digo fazendo minha voz se sobressair sobre a deles.

            Um silêncio mortal toma conta de toda a sala. Pela primeira vez eu vejo dois dos Garde mais tagarelas se calarem e a Garde mais durona ficar frágil. Os três primeiros, os Gardes que morreram sem ter a chance de lutar, com exceção de Um. Ela passou seu espírito e sua força de vontade para que Adam continuasse os seus passos.

— Isso é possível John? – Seis me pergunta. – Se ele realmente tivesse conseguido, não era par sei lá, o presente já ter mudado.

            Balanço a cabeça de forma negativa.

— Mudar o tempo não é tão simples assim Seis. – Henry explica usando seu conhecimento de Legado. – Adamus Sutekh precisa achar o Elo que irá fazer esse mundo se desfazer e criar uma nova realidade. Por enquanto, é como se ele vivesse em outra realidade.

            Isso faz mais sentido agora. Adam está em um universo alternativo, isso explicaria o porquê não termos modificado instantaneamente todas as coisas. Algo que me deixa mais tranquilo, por um momento achei que tivesse mandando o único mogadoriano bom para a morte.

— Essa merda toda está me deixando confuso. – Nove fala olhando para Henry. – Você não tem como tipo, me fazer voltar alguns segundo e eu soco a cara do Setrákus? Só alguns minutos, isso seria mais simples que essa coisa toda de voltar no tempo.

— A lógica dele é válida. – Oito fala levantando as mãos e começa a gesticular frenéticamente. – Melhor que mandar um mogadoriano para o passado com o objetivo de salvar nossas bundas!

            Cinco me olha e há algo nele de estranho. Ele quer me perguntar alguma coisa. Acho que estar num ambiente com três pessoas que provavelmente o querem ver morto de novo não ajuda a perguntar.

— Você que se ele conseguir mudar o passado eu...

            A, claro, ele quer saber se haveria alguma possibilidade de modificarmos o fato que ele nos traiu e matou Oito. Não acho que isso seja pertinente de discutirmos agora, mas vejo que os dois trocam olhares um pouco demorados. Mesmo não podendo sentir ódio um do outro acho que Oito consegue carregar algum tipo de amargura pelo ocorrido.

— Eu acho que Adam vai tentar não te fazer sair da linha cara. – eu tento dar um sorriso sincero, para isso eu uso todas as minhas forças.

            Um lampejo de esperança surge no rosto de Cinco. Isso me faz sentir mal, ele realmente se arrependeu de tudo que fez e acho que merece uma segunda chance de tentar fazer tudo certo.

            O chão começa a tremer e as paredes da sala começam a rachar. As janelas que antes exibiam um dia ensolarado começa a exibir um tom azul-cobalto como se estivéssemos sido transportados para a outra dimensão. Sei o que isso significa, o meu tempo aqui está acabando.

            Meus olhos começam a encher de lágrimas, não quero me despedir deles.

— John... – Henry murmura, mas ele não precisa dizer. Já sei o que vai rolar agora, eles vão desaparecer e eu terei que me preparar para a batalha final que irá decidir de uma vez por todas o destino de três mundos – Lorien, Terra e Mogadore.

— Eu vou ver vocês de novo? – faço essa pergunta idiota, não se quero saber a resposta.

            Bernie Kosar late para mim e corre até minha perna a esfregando a cabeça nela. Ele está dizendo que sempre estará comigo, em meu coração que sempre irá me proteger ao de quer que ele estiver.

— Ele está certo Johnny. – Nove que também sabe falar com animais fala. – Nós sempre estaremos com você, somos parte de você mermão.

            Ouvir essas palavras de Nove me comovem, acho que nunca esperaria isso dele. Um grandalhão sendo emotivo.

— Ele está certo John. – por um breve momento, Henry é totalmente ele. – Nós sempre estaremos com você, você é Lorien agora. Você carrega centelha de nossos corações com você. Acho que já percebeu isso naquela luta.

            Sim. Quando eu lutei contra aquele exército mogadoriano, cada Legado deles que usava. Era como se eles estivessem do meu lado se manifestando e usando toda a força que eles tinham para me ajudar a vencer aquela batalha. Nossos corações estão unidos para sempre.

            A parte de cima da casa explode e vejo o universo cheio de estrelas pintando o céu. Todos nós olhamos para cima. É um espetáculo a visão, mas ao mesmo tempo isso me entristece, está chegando ao fim.

            Tento dizer a mim mesmo que eu vou mudar o tempo, que Adam vai mudar na verdade. Que tudo isso será história.

— Quatro, ganhe essa batalha e mude a história! – Cinco fala de maneira altiva e com convicção e me surpreende isso. - Você é nossa esperança!

            Seis se aproxima de mim e me surpreendo com sua atitude. Ela me beija algo que não fazíamos desde o aeroporto quando ela foi para a Espanha resgatar Marina. Nove assobia e Oito gargalha atrás de mim. Sinto falta de Sarah, eu queria que ela estivesse aqui também, acho errado pensar nisso enquanto beijo Seis, então deixo me envolver.

            Ela para de me beijar e em seguida me dá outro beijo. Esse é mais demorado e mais apaixonante. Acho que podemos conta-lo como o que não demos próximo à cabana, nunca quis admitir, mas eu amo Seis. Só no dia em que a vi morta é que percebi isso, fiquei tão em choque que não consegui falar nada. Mesmo sendo imaginário esse beijo foi bastante real.

— Um é pra você e o outro pro Sam. – ela murmura de maneira sedutora no meu ouvido.

— Você sabe que o Sam agora tem uma...  - eu falo bem baixinho no ouvido dela.

— E quem disse que eu sou ciumenta com essas coisas Johnny? – ela fala de maneira brincalho. – Já tivemos essa papo, não lembra.

— Lembro bem Seis. – eu digo sorrindo. – Me desculpe por...

            Ela me impede de falar e me abraça. Acho que está tudo perdoado entre nós, as mágoas pelo que aconteceu com Sarah.

— Que fofos, ainda bem que Sammy não viu isso. – Nove fala de maneira debochada me abraçando também.

            Eles começam a ficar estranhos. Tanto Seis quanto Nove começam a quebrar e sinto uma falta de ar repentina. Posso ver veias de loralite pulsante atrás da pele deles. O tempo deles assim como isso tudo está chegando ao fim.

            Todos me olham tristes. Eu sentirei falta deles, mesmo que mudemos a história, tudo que vivemos, terá se partido, toda nossa aventura poderá ter se tornado algo que não aconteceu. Mas mesmo assim valerá a pena para tê-los aqui comigo mais uma vez.

— John... – Oito fala meio hesitante. – Proteja a Marina, John. Ela só terá você agora, ela é forte e bondosa, por mais que já tenha sofrido muito assim como você. Marina sempre permaneceu bondosa, então a proteja.

            Ver Oito falando isso e após beijar Seis, me faz sentir-me mal pelo que acho que está começando a rolar entre mim e Marina. Mesmo morto ele ainda a ama, isso é muito bonito e tocante.

— Eu posso se sabe sentir isso no seu coração. – ele fala sorrindo. – E relaxa, eu sei que ela nunca substituirá Sarah ou a Seis. Assim como você nunca me substituirá a mim para ela, até porque vamos combinar.

            Oito faz um gesto exagerado para todo o seu corpo e terminar com uma das mãos estendidas logo a baixo do queixo e tenta dar um sorriso de galã de novela.

— Não tem comparação.

— Não tem nada entre nós cara. – falo bufando.

            Ele ri, algo na risada dele é contagiante e me faz rir também. Isso é bom, não me lembro de ter me divertido assim tem algum tempo. Oito começa se desfazer e posso sentir meu corpo dragado para fora do universo criado por Legado.

            Estou voltando para o mundo real, vou voltar para a guerra. Agora já sei como ganhar essa guerra. É tudo ou nada.


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Notas finais do capítulo

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