Capitulo 10

POV – Annabeth

Suspirei. Depois do irritante silencio, na qual cada idiota estava prestando atenção na garota nova, os murmúrios de fofoca encheram o pavilhão.

Meus irmão começaram a me bombardear de perguntas idiotas, as quais ignorei quase todas. Decepcionados pela falta de informações, eles seguiram o exemplo de todos no pavilhão e começaram a fofocar entre si.

Arrisquei um olhar a mesa de Hermes, onde Suzannah estava sentada. Como era de se esperar, todos os olhares da mesa estavam concentrados nela e ela respondia cada pergunta entrecortada que lhe era lançada. Quase tive dó dela.

Quase.

Depois do jantar, dei um beijo de boa noite em Percy e segui até o meu chalé. Uma boa noite de sono antes de uma viagem que eu tinha certeza que seria cansativa, já que os Olimpianos ficariam se acusando e brigando feito crianças, seria o justo certo ?

Pois é. O justo costuma evitar meio- sangues. Como sempre, os sonhos vieram.

Eu estava em um bote daqueles de madeira, balançando ferozmente contra a maré. Ondas de mais de 2 metros batiam contra mim, ameaçando virar o meu bote a qualquer segundo.

Então uma delas veio com uma força maior que as outras e, enquanto eu afundava na escuridão, eu vi um cara de meia idade, com uma longa barba negra e olhos verdes, flutuando ao meu lado.

- Você nunca deveria ter começado essa loucura. – Ele disse decepcionado.

Então o sonho mudou.

Eu estava em um lugar escuro e tinha aquela sensação de claustrofóbica de lugar fechado. Lá na frente, em um ponto porcamente iluminado por uma luz  bronze, eu consegui distinguir dois corpos humanos, nada alem disso.

Cheguei mais perto.

- Olha, você precisa sair daqui. Sem você ele não pode fazer nada contra mim. – Percy. De novo.

- Eu sei. O que você quer que eu faça? Não tem saída. – Fiquei meio chocada ao ouvir a voz histérica  de Suzannah.

- Isso não...

O som de uma porta sendo aberta com violência e a iluminação abrupta fizeram os dois rostos virarem assustados.

Mas antes que eu pudesse me virar, meu sonho mudou de novo.

 Eu estava na sala do trono do recém construído Olimpo, mas apenas dois deuses se encontravam ali.

Um deles tinha uma longa barba negra, olhos verdes e estava vestido como um pescador que passara o ultimo mês em alto mar. Poseidon.

O outro tinha o cabelo, também negro, muito bem penteado e vestia um terno risca de giz, como um daqueles advogados que defendem celebridades. Zeus.

Estavam nariz a nariz e discutiam e, apesar da aura de poder que emanava deles, eles soavam como duas crianças teimosas.

-É- Gritava Poseidon.

- NÃO É – Rebatia Zeus.

- É.

-NÃO É

- É

- NÃO É

Poseidon olhou feio para mim.

- As crianças de Atena costumavam ser mais inteligentes no passado. Diga a ele Annabeth. Diga que eu estou certo.

Zeus revirou os olhos.

- Não seja idiota, irmão. Ela não disse nada ainda porque sabe que eu é que estou certo. Vamos criança, não precisa temer. Diga ao  cabeça dura do meu irmão que eu tenho razão.

Tentei perguntar porque eles estavam discutindo, mas nada saiu da minha garganta.

Os deuses se impacientavam.

- Sabe garota, quando um deus dá uma ordem a um semi- deus, é mais inteligente obedecer. – disse Poseidon ameaçadoramente.

- Já eu, aconselho só a não desobedecer um deus quando se esta na casa dele a uma distancia razoável do chão.

Olhei para os meus pés e vi Manhattan inteira dali.

- Já chega. – Disse Poseidon me fuzilando com o olhar. Literalmente.- Não precisamos de semi deuses desobedientes aqui.

Senti meu corpo todo esquentando e acordei sentada ereta na minha cama do chalé de Atena, toda suada.

Olhei no relógio em cima da minha cabeceira.

4 :35

Ah, que ótimo. Nada como uma boa noite de sono antes de uma missão para renovar as energias.

Cruzei as pernas e apoiei os cotovelos ali.

 Você nunca devia ter começado com essa loucura.

O que Poseidon me dissera ainda pesava na minha cabeça. Que loucura? Quer dizer, nós só estávamos indo até o Olimpo, á 100 km do acampamento. Não era como se nós estivéssemos prestes a cruzar o país e enfrentar uma dezena e meia de monstros ( e acredite, nós já fizemos isso .)Então porque ele se importava ?

E ainda tinha a parte de Suzannah. Ao contrario de Percy, ela não era exatamente uma das coisas mais importantes para mim, então não era nadinha normal eu sonhar com ela.

Percy.

O nome me fez estremecer internamente. Era a segunda vez que eu sonhava com ele e aquela droga de lugar escuro. Todos os meio sangues sabiam que um sono repetitivo não era sinal que você estava preocupada com um assunto em particular antes de ir dormir como os mortais acreditavam.

Era um pouco pior que isso.