“I never thought I'd be speaking these words

I never thought I'd need to say

Another day alone is more than I can take” Save Me - Hanson

Amber está nervosa, ela olha a rosa branca em suas mãos e respira fundo, “É ali” a avó diz a ela, ela vê então uma mulher de costas para as duas, mas ela a reconhece mesmo assim, afinal que filho não reconhece a mãe? A garota fica parada no local, como se seus pés tivessem criado raízes ali, a avó fica ao seu lado mas ainda assim diz “Uma hora vocês duas terão que se falar” é então que a esposa do governador se vira e vê a mãe e a filha ali, ela encara as duas por um tempo e sai sem falar nada com nenhuma das duas. Mesmo com a saída da mãe, Amber não consegue se mover, ela sabe o que tem que fazer, mas é como se ela não pudesse, ela olha para a avó que assente com a cabeça, respirando profundamente ela se aproxima da lapide do irmão. Ela encara o nome do irmão por um bom tempo, “Me perdoe Anton” ela começa “Foi minha culpa, deveria ser eu ao invés de você.” Ela colocou a rosa próxima a lapide e uma lagrima solitária teimou em escapar “Eu amo você, você é o melhor irmão mais velho que eu poderia pedir.” Quando ela voltou para perto da avó, ela abraçou a senhora mais velha, ela não sabe bem o por que, talvez seja a necessidade de consolo maternal. A avó não deixa de se surpreender com a atitude da garota, mesmo assim abraça a garota fortemente e então Amber finalmente se permite chorar.

Elizabeth está sentada no sofá de seu antigo escritório, acompanhada de uma taça de vinho. Ela olha o local, inúmeros livros de direito, algumas fotos da infância e adolescência de Emily e claro, fotografias dos netos também. Ela sempre teve orgulho de sua carreira, como promotora ela não deixou um culpado sair livre, seja ele assassino ou corrupto, sim, a esposa de um dos maiores políticos era uma promotora que chegou a condenar alguns dos políticos mais corruptos da cidade, bem ela fez o certo, mas isso não deixou de afetar seu casamento. Ela então pensou em Emily, que muitas vezes ficou em segundo plano e Deus como ela se arrependia disso. Foi então que ele apareceu, ele se sentou ao seu lado e disse “Imaginei que estivesse aqui” ela o olhou nos olhos, ela estava aposentada há anos, eles já deveriam ter feito um melhor aproveito desse cômodo, mas ela simplesmente não podia, ela gostava de deixar o lugar para pensar, era como se fosse seu santuário e ele sabia. Eles estavam sentados mais próximos do que ela julgou ser necessário, afinal eles não estavam perto de ninguém, eles não precisavam manter as aparências. “Não sei se Emily conseguirá seguir em frente” ela refletiu em voz alta, o marido a encarou com um olhar triste “Ela vai” Ele então colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e ela desviou o olhar “O que aconteceu conosco Liz?” Esse apelido. Há quanto tempo ele não a chamava assim. “Colocamos nosso trabalho em primeiro lugar” Ela disse como se fosse a coisa mais óbvia, notando mais uma vez que ela e a filha não eram tão diferentes afinal. Ele então fez um movimento mais ousado, ele se aproximou e a beijou. O sabor de vinho dela, misturado ao de whisky dele, era viciante, sempre foi, talvez seja esse o motivo dela não ter se afastado no primeiro momento, mas quando o oxigênio se fez necessário eles se afastaram, demorou um tempo para ela própria se situar e se repreender por deixado isso acontecer. Quando finalmente percebeu, ela fez aquilo que era mais lógico para ela mesma: sair. “Você tem medo de amar Elizabeth” Ele disse, mas ela não deu ouvidos. Quando chegou em seu quarto, aquele que ela não dividia com ele, ela fechou na porta e respirou fundo. Ela não tinha medo de amar, ela tem medo de se ferir. Novamente.

Amber chorou nos braços da avó, ela chorou como se não houvesse amanhã. E quando finalmente não tinha mais lagrimas para sair, sua avó enxugou seu rosto e sussurrou “Seja forte” E era o que ela estava fazendo. Mas por que ser forte a machucava tanto? Por que era isso que ela estava fazendo há quase um ano, era isso que ela estava fazendo quando descobriu sobre a mãe e seus amantes, sim ela não deveria ter feito isso, mas ela leu as mensagens. E então ela culpava a mãe, da mesma forma que culpava a si mesma, mas ela nem sabia bem o por que, talvez ela pensasse que as travessuras fariam com que os pais prestassem atenção nela. Então a cada briga, a cada xingamento ela percebia que estava se tornando mais distante então o álcool e a erva mostraram a ela, que existe um mundo em que você não dá importância a nada, mas esse mundo também foi o que lhe tirou o irmão. E Deus como ela queria estar no lugar de Anton, ele sempre foi melhor, deveria ter sido ela e não ele.

Emily estava no quarto do filho, aparentemente hoje seria uma daquelas noites que Aaron não iria dormir em casa e só Deus sabe que ela não poderia dormir em seu quarto sozinha. Ela estava se sentindo perdida, ela simplesmente não podia acreditar que a mulher forte que ela construiu ao longo da sua vida estava desmoronando, sim, ela acreditou no amor e por mais que tenha jurado não cometer os mesmos erros que a mãe, ela fez. Ela colocou uma carreira na frente da família e veja no que isso deu: mais uma noite só e ela não sabe por mais quanto tempo consegue suportar.