“In joy and sorrow my home's in your arms

In a world so hollow

It is breaking my heart” In Joy And Sorrow -HIM

Tudo estava se tornando insuportável, ela não poderia nem mesmo ligar a televisão que algum telejornal estava falando da morte precoce do filho do governador, ela não poderia andar pela casa sem encontrar um empregado lhe olhando com pena, ela não conseguia ver AJ e não se lembrar de Anton, ela não conseguia passar pelo quarto de Amber e não sentir dor. Ela simplesmente não conseguia. Já fazia quatro dias desde o funeral de Anton e tudo o que ela sabia era que não conseguia. Sendo assim, ela se arriscou a sair para fora de seu quarto e recolher alguns vidros de bebidas lá embaixo. Ela retornou com um vinho tinto, um whisky quinze anos e a boa e russa vodka e claro um copo, não se preocupou em trancar o quarto, ninguém iria lhe incomodar mesmo, ela começou com o vinho, mas quando esse acabou, ela descobriu que não estava lhe adiantando em nada, então fez uma mistura de whisky e vodka, já nem sabendo mais o fazia, e assim emendou a tarde a noite.

Elizabeth ficou todos os dias desde o funeral com Amber. Ela sabia que Emily precisava de um tempo, para que não fizesse besteira, mesmo assim duvidava que isso passaria em branco, ela sabia que Aaron iria precisar passar por seu luto sozinho, ela lamentou por AJ ter que ficar com os pais, mas ela não poderia tomar conta do garoto enquanto ficava com a outra neta no hospital. Já eram quatro dias em que Amber perguntava pelo irmão, e as respostas sempre eram evasivas, por parte dela e dos médicos. Claro houve também uma vez que ela perguntou pelos pais e a mulher mais velha mentiu, dizendo que eles estiveram aqui enquanto ela dormia, mas duvidava que a jovem acreditava nisso. A verdade era que mesmo sabendo das necessidades de Emily, ela estava brava com ela por não ter vindo ao menos uma vez ver a filha, ela está brava com Aaron por estar enfurnado em um escritório. Porém, ela ainda é grata, é grata por ter Amber sã e salva.

AJ está deitado no chão do seu quarto conversando com sua tartaruga “Papai não vem para casa há dois dias, ouvi ele dizer a mamãe que precisava de um tempo” o menino encarava a tartaruga como se esperasse resposta, como não obteve nenhuma ele deu uma mordida em seu chocolate e continuou “Ainda não sei o que Anton está fazendo no céu, ele tem um jogo no final do mês e Amber está demorando muito pra voltar pra casa, mamãe vai ficar uma fera” ele voltava o olhar para a tartaruga que não parecia a fim de responde-lo “Vovô me leva para escola, ontem ele me levou para tomar sorvete, mas ele também está triste”.

O senhor Prentiss escutava David Rossi falar, mas sendo sincero com ele mesmo, ele não fazia ideia do que o velho amigo estava falando, talvez pelo fato de não estar prestando a menor atenção. “Desculpe Dave o que dizia?” Dave suspirou, Ethan não fazia a menor noção do que ele estava falando, mas ele não o culpou, ele compreendia sua situação “Conseguimos segurar a impressa no funeral, mas acho pouco provável que eles não irão querer uma foto da filha do governador saindo do hospital. Por isso, eu preciso que você convença Emily a ir naquele hospital” Ethan suspirou, ele sabia que isso iria ser difícil para Emily “Creio que Aaron também vá” “Bem ele irá, ele sabe o que é certo, ele só precisa de um tempo. Você sabe que eu adoro ela Ethan, mas todos nós sabemos o quanto ela pode ser inconstante” Ethan suspirou “Ela não tem mais quinze anos Dave” “Não ela não tem, mas com a perda que ela sofreu, nós dois sabemos o que isso pode desencadear”.  

A jovem estava sentada na cama quando a avó entrou, a menina estava com os olhos marejados e imediatamente a avó sentou na cama e entrelaçaram as mãos. “Por favor vovó não minta para mim, ele morreu não é?” Elizabeth não sabia o que responder, sendo assim apenas assentiu e viu a neta desmoronar, repetindo o gesto que tinha feito com Emily há noites atrás ela puxou a menina em seus braços. Ela alisou seus cabelos e murmurou palavras encorajadoras enquanto a jovem se culpava. Quando a menina parou de chorar e levantou para encarar a avó ela disse “Minha mãe me odeia” limpando as lagrimas da neta ela disse “Sua mãe não te odeia Am” e a abraçou, ela sabe que uma mãe não é capaz de odiar um filho, mas a verdade é que ela teme em relação a um futuro próximo.

Depois de dois dias longe, finalmente ele volta para casa. Ele queria que fosse por que ele decidiu e não por que recebeu uma ligação da governanta informando que Emily se isolou no quarto e algumas garrafas de bebida desapareceram. Chegando em casa, ele dispensou os empregados, ele não queria plateia para o que pudesse ver a seguir. Ele foi ao quarto de AJ, e encontrou o filho tratando de seus pequenos animais, ele esperou, leu uma história para ele e o viu adormecer, quando ele deu um beijo de boa noite no filho, o pequeno murmurou “Eu senti sua falta papai” e seu coração apertou, o que ele estava fazendo afinal? Quando chegou em seu quarto, a visão não era das melhores. Ele viu Emily com a mesma roupa de dois dias atrás, uma garrafa de vinho vazia e uma de whisky e vodka quase vazias, a mulher estava sentada no chão, com os cabelos bagunçados, olhos vermelhos e inchados. Quando ela finalmente o percebeu, ela disse logo “Sem sermão” e tentou levantar, falhando. Ele então se aproximou dela e ofereceu a mão para ela se apoiar, quando ela levantou, ele notou o cheiro de álcool insuportável. Ele a arrastou para o banheiro sob protestos, ele ligou o chuveiro no frio e tirou a roupa dela “Já faz tempo que não fazemos isso Hotch. Será que Beth é melhor do que eu?” ela disse no seu ouvido “Hoje não Emily” ele a colocou debaixo do chuveiro e deu banho nela “Então por que você está fazendo isso?” Ele suspirou e respondeu “Na alegria e na tristeza lembra?”. Depois do banho ele a vestiu, “Por que não?” ela perguntou novamente “Por que você está bêbada” ele a colocou na cama, ele estava arrumando a bagunça que ela tinha feito, quando um pedido o surpreendeu “Dorme comigo?” Ele não soube ao certo o que responder, mas o pedido dela parecia tão sincero e seu olhar tão quebrado, que ele acabou deitando ao seu lado naquele momento, ele a puxou pela cintura e ela colocou a cabeça em seu peito. E pela primeira vez em muito tempo, eles tiveram uma noite de sono tranquila.

Já fazia muito tempo que eles não eram um casal realmente, mas ele tinha feito um juramento.