(pov) John

—- Acorda !
Senti meu corpo todo dolorido mas pude notar que pelo menos estava livre . Tentei dar um passo mas , sem o controle do meu corpo , acabei caindo sobre algo fofo e peludo . Ouvi um ganido e fui bruscamente derrubado no chão , batendo a cabeça e almentando minha dor .
Me sentei esfregando os locais doloridos , que não eram poucos , tentando ajustar meus olhos a escuridão mas a única coisa que vi foi duas luas cheias brilhando a poucos centímetros de mim.
Recuei rapidamente mas a criatura me seguia a cada espaço que impunha a ela . Outro ganido me chegou aos ouvidos mas esse não era de dor , parecia um ... cachorro ?
Estendi uma mão para o ser a minha frente e logo senti uma língua lambe-la timidamente . Com um suspiro de alívio , falei baixinho para meu companheiro :
—- Onde estamos , garoto ?
Senti uma fungada contra minha pele e um puxão em minha calça . Me pus de pé e fui guiado a mordidas até uma pequena entrada no que eu achei ser uma parede . Entrei , acompanhando o animal a minha frente .
Enquanto passavamos pelo caminho estreito , um duto de ar , pude ver de relance algumas salas abaixo de nós , tudo cheirava a produtos químicos e animais , um verdadeiro hospício .
Trombei com meu guia quando este parou bruscamente na entrada de uma sala parcialmente iluminada . Ele abriu a grade do duto e adentrou o lugar , comigo logo atrás de si .
A criatura soutou um uivo de dor e logo vi oque causara isso : um rapaz alto e magro estava acorrentado ao teto por grossas correntes . De suas páidas costas se projetavam asas belas e delicadas da mesma cor que seus cabeos , amarelo limão . O garoto parecia dormir com a cabeça pendendo sobre o peito e os membros relaxados . Se era pela brutalidade que se encontrava ou por drogas não pude distinguir .
Atrás de mim , ouvi uma voz falha e baixa perguntar :
—- Oque fizeram com voce , Angel ?
Me virei assustado e encontrei no lugar de meu amigo canino , uma jovem nua e estranhamente familiar .
—- Quem é ...?- perguntei mas ela não me deu ouvidos e se aproximou do rapaz inconciente , pegando algo dos cabelos curtos e começando a trabalhar em suas correntes .
Pouco tempo depois ouvi um ruido metálico indicando que o prissioneiro tinha sido libertado .
Corri para perto dos estranhos seres e quando aproximei minha mão do rosto do rapaz alado , fui empedido por um forte aperto em meus pulsos . Olhei para a garota que guardava o companheiro e vi os mesmos olhos dourados brilharem para mim .
Antes que pudesse explicar minhas intensões ,fui libertado da mão forte e vi a jovem se afastar e escorregar na porta até o chão .
Apesar da luz ser fraca , pude ver se o garoto tinha ferimentos sérios ou algo grave . Por sorte , só haviam arranhões por seu corpo esquelético e que já não sangravam . Fiz meu melhor para acorda-lo e em pouco tempo fui presenteado por uma fungada e uma tosse .
Antes que pudesse dete-la , minha companheira já pegava meu paciente no colo e o abraçava deicadamente , sussurrando feliz :
—-Angel ! Oh , meu anjinho ! Não se preocupe maninho , logo vamos dar o fora daqui !
Se lembrando da minha presença , ela murmurou um obrigado com lágrimas nos olhos , ignorando o fato de que eu não havia feito nada por seu amigo .
—- Vamos sair daqui , rapazes ! - disse com os olhos brilhantes - Temos que ver a próxima lua cheia !