A noite havia chegado para o grupo Demaciano. Com as ordens da Líder, todos faziam suas devidas funções, focados em armar as tendas que usariam para dormir em meio a algumas árvores. As ordens vinham apenas da Líder já que a figura masculina, parecia estar perdida em pensamentos desde que Ezreal entregou a adaga. — Ficando óbvia a mudança no humor do outro líder.

Garen pediu a Ezreal que não contasse a ninguém sobre a adaga, pois tinha ideia de quem poderia ter sido e precisaria investigar sozinho para ter obter resultados melhores. Claro que o loiro não havia acreditado nisso, mas entendeu o quanto o mesmo estava sério sobre o caso. E não era só sobre os saqueadores.

Quem mais estava incomodada com a mudança de Garen, era a sua irmã. Não era animador ter que ficar recebendo ordens da Grande Duelista e estava sentindo o orgulho ferido — foi em meio a isso que ela finalmente encerrou a sua parte, terminando de amarrar a corda que segurava numa das árvores em volta. Ela suspirou e levou o olhar para o namorado em seguida. O Explorador estava ascendendo uma fogueira bem a frente da tenda.

— Garen está muito estranho. - Lux cruzou os braços, pensativa - Você acha que o massacre é o motivo disso?

—Talvez... – Completou – Acho que ele só está pensando em quem poderia ter causado tanta destruição.

— Alguém perigoso? - A loira questionou receosa em ser algo tão sério a ponto do irmão não querer falar.

— Não da pra saber se ele não nos contar. - O loiro bufou - Ele é seu irmão, porque não tenta tirar algo dele?

Antes que Lux pudesse dar uma resposta ao namorado, a atenção de todos foi tomada pelo Líder que se colocou em um local de destaque, para chamar a atenção e passar algumas palavras ao grupo.

— Soldados, eu irei sair para uma ronda, irei reconhecer o território e posso demorar bastante por conta disso. - Como era de se esperar, as palavras ditas por Garen deixaram boa parte dos membros do grupo confusos.

Fiora arqueou uma sobrancelha, ela não acreditaria nisso de modo algum. O pensamento de que Garen estaria a alguns passos a sua frente, a incomodava.

A primeira pessoa a se pronunciar, foi Lux, que se levantou e correu até o mesmo, era visível a preocupação no rosto da loira.

— Irmão, porque isso agora? - O tom de voz da garota o fez estremecer um pouco.

— Não se preocupe, Lux. - A grande mão de Garen foi parar na cabeça da loira, ele abriu um curto sorriso em seguida - Até o amanhecer de amanhã eu estarei de volta. Você confia em mim, certo?

Garen demonstrava segurança em suas palavras, isso fez a sua irmã relaxar um pouco mais, mas ainda assim era possível notar que ela estava preocupada.

Garen gostaria de falar mais algumas coisas, mas como ele esperava, outra pessoa iria querer explicações de sua suposta ronda. A Grande Duelista o chamou para um local afastado do grupo e sem muitas opções, O Poder de Demacia foi com ela. A conversa seria apenas entre eles.

Estavam frente-a-frente agora. Os olhos acusadores de Fiora eram tão perfurantes quanto uma lâmina. Garen não conseguiria mentir perante um olhar tão severo, sabia que no máximo, poderia usar uma meia-verdade...

— O que você encontrou? - A Duelista foi direta em sua pergunta, não queria rodeios.

— É só uma pista de quem possa estar aqui. - Garen tentou passar segurança. Apesar de ter conseguido, estava se sentindo inseguro - Eu quero ter certeza de quem iremos enfrentar e por isso, irei procurar o acampamento de nossos possíveis adversários.

Um breve silêncio tomou conta do local, O Poder de Demacia sabia que não iria ser fácil escapar da Grande Duelista — que novamente tornou a falar, fazendo-o outra pergunta.

— E a qual pessoa está se referindo? - Os olhos de Fiora acusavam Garen.

Mas ele já sabia como sair disso e de certa forma, não estaria mentindo.

Retirou de dentro de sua armadura a adaga que Ezreal havia conseguido encontrar anteriormente no pedaço de corpo. Ao pegar adaga arremessou para Fiora que pegou a mesma no ar, analisando ela, pelo modelo pertencia a Noxus, mas não sabia a pessoa especificamente.

— Katarina. - Garen respondeu - Eu não acredito que tenha sido ela quem devastou os corpos daquela forma. Fiora, ela não tem poder destrutivo o bastante para isso! Eu mesmo já lutei contra ela muitas vezes para saber.

A Duelista ainda estava desconfiada. Isso a fez se lembrar de alguns boatos que corriam entre alguns soldados, estreitou os olhos ao pensar na possibilidade de ser verdade.

— E você irá tentar descobrir quem foi a máquina mortífera chegando até ela. - Deduziu por fim, ainda olhando fixamente para a adaga.

— Isso mesmo. - O Demaciano passou a caminhar em direção de Fiora, claramente queria a adaga outra vez - Ou não apoia minha decisão? - Foi sarcástico ao lembrar que eles nunca concordavam com nada.

— É, eu não apoio. - Assim que o Demaciano parou a sua frente, ela entregou a adaga a ele - Mas isso é um assunto seu. - Fiora deu alguns passos passando ao lado de Garen – Eu não confio em você e se eu perceber alguma mentira vinda de você, se eu perceber que isso pode ameaçar Demacia de alguma forma... – O Tom da espadachim se tornou ainda mais frio – Irei garantir que a sua garganta conheça o fio de minha espada.

Ele apertou a adaga com força. Estreitou os olhos por ter se posto em tal situação. Fiora mais do que qualquer um deveria saber que ele nunca levantaria um dedo contra a sua nação. Que nada e nem ninguém faria com que ele traísse sua pátria. 

Feito isso, ele apertou mais fortemente ainda a adaga em mãos.

***

Um barulho foi ouvido entre algumas árvores, atraindo a atenção dos Demacianos que descansavam na floresta e então, saindo entre as árvores estava Fiora. Sozinha. A primeira pessoa a chegar até ela foi Lux.

— Ele já foi? - A loira estava triste por isso, era notório em sua voz.

Fiora apenas assentiu com a cabeça e Lux, chateada acabou abaixando a cabeça, balançando a mesma negativamente até ter uma mão conhecida em seu ombro.

— Ei Lux, relaxa. - Ezreal surgiu sorrindo de maneira carinhosa para ela - Seu irmão sabe se cuidar, você sabe disso.

***

Em sua busca, Garen teve de retornar ao local do massacre, avaliando cuidadosamente uma possível rota que os culpados do ato poderiam ter usado para fugir, mas era uma destruição completa demais e era complicado achar uma pista concreta. Ele estava ficando claramente impaciente com isso, não gostaria nem um pouco que seu esforço fosse jogado no lixo. Tinha de chegar até eles, tinha que chegar até ela...

E como se os Deuses estivessem ouvindo seus pensamentos, uma voz a tanto conhecida passou por seus ouvidos, o fazendo se virar no mesmo instante com os olhos bem abertos. Precisava ter certeza de que não era a sua mente lhe pregando peças.

— Está perdido, Garen? - Era claro o tom de deboche na voz.

A dona da voz estava encostada em uma árvore, repetidamente jogando uma adaga para o ar e a deixando cair em sua mão. Um pequeno sorriso sarcástico enfeitava seu rosto.

Era Katarina.