No dia seguinte, os três Potter’s foram almoçar na casa dos Weasley’s, Harry um tanto quanto apreensivo em ter de ficar na presença de Gina.

O almoço fora silencioso. Molly bem que tentara engatar uma conversa, mas a tensão entre Harry e Gina parecia recair sobre todos. O menino havia discutido com a mãe por ter obrigado ele a ir, e ela estava nervosa pela teimosia do filho, e por consequência, descontava no marido. Rony estava tão chato e arisco que todos evitavam qualquer conversa com ele. E foi no mesmo silêncio que os dois meninos subiram para o quarto.

Rony deitou em sua casa e começou a jogar uma bolinha para cima, olhando para o teto. Harry não sabia nem como tinha coragem de olhar para o melhor amigo depois do que tinha feito com a irmã dele no banheiro. Algo que ele não conseguia parar de pensar.

— Liguei para Hermione ontem. - Rony comentou, como quem não quer nada. Então, uma luz ascendeu-se na mente dele. Hermione! Como tinha esquecido? Rony precisava saber, eles precisavam bolar um plano… Aquilo manteria Gina longe de sua mente.

— Tem algo que preciso te dizer. - Harry se levantou e passou a caminhar pelo quarto - Tem haver com Hermione…

— O QUE? - Rony se sentou.

— Primeiro, você precisa manter a calma.

= É CLARO QUE EU ESTOU CALMO!- Rony disse - Vai me contar logo ou não?

Então Harry contou. Até mesmo sobre Hermione gostar de Rony, sobre as ameaças, sobre o medo que a amiga estava sentido.

= EU SABIA! EU SABIA QUE ELE ESTAVA AMEAÇANDO ELA! - Rony gritou, já havia se levantado. Passava a mão pelos cabelos, o rosto vermelho de raiva. - EU QUERO MATAR ELE! - ele gritou mais alto, e socou a parede.

— Vamos ajuda-la, sim, mas primeiro você precisa ficar calmo… - tentou Harry, mas Rony já havia dado outro soco na parede.

— NÃO! EU NÃO VOU FICAR CALMO! É COM HERMIONE QUE ELE ESTÁ MEXENDO! - Rony não conseguia conter a raiva que tomava conta de si. Seu peito parecia inchar, querer explodir.

— EI! O que está acontecendo? - Gina chegou, e segurou o punho do irmão. - Você vai acabar quebrando a mão! Ou quebrar a parede! - ela se virou para Harry - Ele disse Hermione? O que houve? RONALD, POR FAVOR, PARE DE APERTAR MINHA MÃO OU VOCÊ VAI QUEBRA-LA! AI! - ela gritou.

— Posso saber que diabos está acontecendo nesse quarto? - Molly apareceu. - Que gritaria é essa?

— Nada! - disse Gina - Só mais um dos chiliques de Rony! Vamos parar! Desculpe! Te amamos! -  Ela fechou a porta na cara da mãe, e em seguida virou-se para Harry.

— Você vai me contar tudo, agora. E Rony, você vai ouvir, e juntos vamos fazer um plano para livrar Hermione, certo?

Harry repetiu com calma e mais detalhes tudo que Hermione havia contado a ele. Novamente o rosto de Rony ficou vermelho, mas Gina o repreendia com um olhar para que não gritasse mais. A ruiva se sentiu espantada demais ao final do relato de Harry. Nunca pensou que a situação fosse tão grave.

— Temos que protege-la. Assim que as aulas voltarem, temos que arranjar um jeito de manter Krum bem longe dela. - Harry disse.

— Mas como? - Gina perguntou.

— Da mesma forma que ele está fazendo com  Mione, é claro.  - Rony refletiu - Ameaças. Sabemos o que houve naquela festa. Podemos usar isso para mante-lo longe de Mione... Ou eu posso mata-lo! 

— Você não pode matar ninguém, mas o que disse faz sentido - Gina passou a andar pelo quarto, enquanto refletia - Vamos utilizar dessas ameaças para mante-lo longe dela. Hermione é uma testemunha do que houve naquela festa em que ele quase matou o menino. Temos que convence-la a falar com o diretor.

— Ela não quer nem falar com a gente, Gina - disse Rony.

= Então temos que protege-la de longe - concluiu Harry - Vamos ameaçar Krum para que ele fique longe dela…

— Até ela se sentir forte o suficiente para ir até o diretor e contar tudo o que houve. Enquanto isso, nos revezamos para segui-la e manter Krum longe.

— Isso vai dar certo? - perguntou Rony - Tenho medo por ela. O cara é louco…

— Também ficamos preocupados, Ron, mas que outra opção nós temos? - Gina abraçou o irmão pelos ombros - Vamos fazer isso até surgir um plano melhor ok?

— Por que você não vai pra casa dela? - Harry disse a Gina - Você pode tentar arrancar algo dela, tentar ajuda-la… Ou ao menos distrai-la.

— É uma ideia ótima. Vou pedir pro meu pai me levar amanhã mesmo - ela se levantou e dirigiu-se a porta - Querem mandar algum recado?

— Diga a ela que eu… - começou Rony, mas não soube como terminar. - Não, não diga nada.

—__

Na casa de Hermione, ela que já estava acostumada a sofrer sozinha, chorava compulsivamente no quarto.

Não foi definitivamente, o melhor natal para ninguém. Hermione passou o dia todo em casa, dentro do quarto, se sentia pior do que nunca; ela não queria voltar para a escola, ela não queria ver Krum, nem mesmo Rony. Queria ficar trancado no quarto, sozinha, até morrer.  

As férias de natal duravam duas semanas. Era uma época de frio intenso, e essa era a desculpa de Hermione para os pais do porque ela não sair de baixo das cobertas aquele dia inteiro. E no dia seguinte também. E foi ai que eles começaram a ficar preocupados.

A garota não saia do quarto, apenas para ir ao banheiro e pegar algo pra comer na cozinha. E comia pouco, muito pouco. Parecia pálida e desnutrida. A mãe dela se preocupava demais, e perguntava diversas vezes o porque da filha estar daquele jeito. Mas Hermione dizia que estava bem, só estava com dor de cabeça.

Na casa dos Weasley, o dia amanheceu frio. Gina acordou disposta a seguir o plano, e queria muito ter certeza que daria certo. Ate pensou em Luna pela primeira vez desde que deixara a amiga na escola. O que será que a amiga estava fazendo?

Então, toda linda e magnífica, ela desceu as escadas e foi fazer um carinho no pai.

— Papai, me faz um favor? – ela pediu.

— O que você quiser, princesa. – ele sorriu.

— Me leva até a casa da Hermione? Sinto saudades dela... sabe que ela é minha amiga.

— Eu levo sim! – ele sorriu e pegou as chaves do carro.

Assim que o pai estacionou na porta da casa de Hermione, Gina desceu do carro e tocou a campainha; a mãe de Hermione ficou feliz em ver Gina.

— Por favor, suba e fale com ela. Estou totalmente preocupada.

Gina sorriu e deu um abraço meigo na mulher, e logo após subiu as escadas para o quarto fofo de Hermione.

Assim que entrou, os olhos das pelúcias a fitaram com curiosidade. Na cama havia um montinho, que devia ser Hermione adormecida.

Gina tirou as botas e deitou por cima da amiga, que não pareceu ter sentido o peso de Gina.

— Vamos lá Hermione, isso não são horas de estar na cama, nem de pijama, levante! Vamos fazer alguma coisa!

Hermione abriu os olhos;

— Sai de cima de mim. – ela respondeu, grossa.

Gina levantou em cima da cama e começou a pular.

— Como você é chata! – ela gritou para Gina, que riu e entrou de baixo das cobertas junto da amiga. As duas ficaram deitadas de barriga pra cima, olhando o teto por longos minutos.

— Você não quer conversar sobre o que está acontecendo,não é?- Gina disse.

— Isso mesmo.

— Mas eu posso te distrair...

— E eu agradeceria por isso.

— Vamos lá pra minha casa, então, chamamos Harry e...

— Não! Não mesmo, aqui está ótimo...

— Você vai sair dessa casa, Hermione! – Gina disse – Então sei lá, vamos ao cinema, no parque, qualquer lugar. Coloque um casaco porque está frio lá fora, e vamos.

— Não...

— Já sei! Vamos patinar no gelo, o que acha? – ela se levantou e abriu o armário de Hermione - vista isso aqui - ela jogou um casaco preto para a amiga – vamos, vamos!

Hermione tentou achar motivos para não ir, mas acabou aceitando e foi se vestir sorrindo, depois de tanto tempo só chorando.

Quando saiu de casa, sua mãe ficou extremamente contente da menina ter ido viver um pouco.

As garotas tiveram uma tarde totalmente agradável. Gina caiu no gelo tantas vezes, e Hermione ria toda vez. As duas não tocaram em assuntos do tipo Rony, Krum, Harry ou qualquer outra coisa. Apenas se divertiram. À noite, quando voltavam andando para casa de Hermione, Gina disse:

— Dorme lá em casa.. Assim podemos conversar... – ela pediu.

— Não... – ela respondeu, e entrou em casa, com Gina ao seu lado.

— Senhora Granger! Convidei Hermione para dormir lá em casa e ela não quer ir... – disse Gina para a mãe de Hermione.

— Porque não vai, Mione? Vai ser uma ótima distração! – disse a mãe de Hermione.

— Não! Não, Gina, porque você não dorme aqui? Isso mesmo, você nunca dormiu aqui...mãe, ela pode não é?

— Claro que sim! Eu já ia convidá-la para o jantar!

— Mas... – disse Gina.

— Você vai dormir aqui então! Tenho certeza de que sua mãe irá deixar! Pode pedir para o seu pai trazer algumas coisas suas e você passa alguns dias aqui comigo... – Hermione disse.

— Tudo bem! Eu fico! – Gina sorriu.

— Que ótimo! Estou precisando mesmo disso, obrigada! – Hermione parecia feliz.

Gina ligou para a mãe e a Sra. Weasley deixou. O pai de Gina trouxe para a menina um punhado de roupas e escova de dente em uma sacola preparada pela senhora Weasley depois do jantar.

Hermione teve o dia mais agradável de suas férias de natal. Ela se sentia feliz e conseguia esquecer os problemas quando estava rindo com Gina.

— Você não sabe o que aconteceu no natal. – disse Gina,de madrugada.

— O que?

— Harry me beijou! – ela sorriu eufórica, e bateu palmas – Mas você não pode contar a ele que eu te contei...

— Fica tranqüila. MAS O QUE? COMO FOI? – perguntou Hermione, totalmente surpresa.

— Foi do nada, e eu adorei. Ele é totalmente perfeito, como eu imaginei só que ele é ainda melhor...- disse Gina.

As duas conversaram a madrugada toda, e no dia seguinte acordaram bem tarde.

Hermione, toda vez que pensava no assunto ‘volta as aulas’, ficava tensa. Preferiu não dizer nada para Gina, que só pensava na próxima vez que veria Harry. Dizia ela que queria estar totalmente fatal. Se isso fosse ainda mais possível.

No semana seguinte, Gina anunciou que tinha de ir embora, pois estava já abusando. Seu pai havia trazido para ela uma malinha para passar um tempo na casa de Mione.

— Por favor, Gina, fique... eu já fiquei muito mais tempo na sua casa!  - pediu Hermione.

— Isso mesmo querida, nós gostamos muito da sua presença! – disse a mãe de Mione.

— Tudo bem! Mas, faltam três dias para voltar às aulas. Faltando um, eu volto para casa! – ela sorriu. Hermione ficara extremamente feliz, pois tinha certeza que assim que Gina passasse pela porta, ela se sentiria triste novamente e sem nenhuma distração, o que seria péssimo.  Claro que, toda noite ela pensava em Rony principalmente, e chorava baixinho. Mas não doía tanto quando tinha uma amiga por perto. Ela se sentiu mal ao lembrar que em Hogwarts, Gina andava com Luna e pessoal do ano dela. E Hermione andava com Rony e Harry.  Mas tinha certeza que de teria de andar com Krum, o maldito filho da mãe do Vitor Krum.

As meninas passaram os dois dias seguintes fazendo diversas coisas: foram ao cinema, ao parque, comeram chocolate de montão. Comeram de montão, para falar a verdade. Foram dias divertidos e Hermione não conseguiu agradecer Gina na noite em que a amiga voltou para a casa.

— Obrigada, Gina, você não sabe como me ajudou... – Hermione sorriu, e abraçou Gina com força.

— Sempre que precisar conte comigo, garota. – ela retribuiu.

E assim que Gina partiu, Hermione tentou se distrair com musica, com computador, e até com comida. Mas aos poucos, sua mente foi enchendo de medo por ter de voltar a escola. Voltar a ver Krum.

—___

Gina chegou em casa antes do jantar. A mãe a abraçou.

— Como foi lá, querida? Ela esta bem? Harry esteve aqui, esse tempo, foi embora de manha. Conseguiu distrair Rony um pouquinho!

— Harry esteve aqui? – Gina perguntou.

— Sim, porque?

— Nada não... – ela subiu para o quarto. 

Ninguém fez nada o resto do dia. Gina arrumou suas coisas e dormiu com esperanças e certa ansiedade no coração. No dia seguinte, todos acordaram cedo. Hermione foi sozinha para a estação, tremendo. E não era do frio.

Rony e Gina foram de carro com os pais, Rony dizendo para si mesmo que tudo ficaria bem. Até mesmo Gina, percebeu que o irmão estava assustado e lhe sorriu para acalmá-lo. Ele se sentiu grato. Tinham que manter o plano funcionando, pois o que importava era proteger Mione.

Harry, que até então não tinha pensado sobre a volta, se sentia tenso logo de manha. Tinha se decidido a ignorar Gina. Mas tinha medo que seus impulsos o levassem diretamente para onde a menina estava. Era o seu maior temor, ultimamente.

Ao chegarem à estação, Rony foi se juntar a Harry que nem disse oi para Gina, e já saiu andando com raiva. Gina ficou sem reação. Hermione não estava à vista. Já estava dentro do trem,  escondida e encolhida, fazendo força para não chorar.  Pelo menos Krum tinha ficado na escola e não poderia surpreende-la no trem.

Logo todos embarcaram e mais rápido ainda chegaram novamente a escola. Foi impossível Rony e Hermione não se encontrarem. A menina procurou não fita-lo nos olhos, e passou reto por ele. E ele ficou fitando o vazio, como sempre fazia ultimamente.

— Avise se você ve-lo, ok? - Gina disse para o irmão - Vou me manter próxima de Hermione caso algo algo aconteça. O próximo turno é seu. Não deixe que ela veja que você está vigiando ela.

Quando Hermione entrou no salão principal, um garoto estava a sua espera no canto. Vitor. Ela tentou se esconder, seu coração se apertou de medo, e ela começou a tremer. Será que poderia dar meia volta e pegar o trem para casa?  Mas ele a viu e caminhou lentamente até ela. Havia um sorriso no rosto dele, mas o olhar, era de pura raiva. Ele não havia esquecido o que ela tinha feito antes de ir para casa. Ela suspirou alto,  então e caiu no chão, totalmente inconsciente.