Do outro lado da mesa escrita por Margo Roth Spiegelman


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Sophie Hill.
Uma justiceira na grande cidade de Nova Iorque? Jamais. Ela só praticava o que tinha aprendido com o pai, um fiel agente do FBI até a sua morte. Não criara a filha para ser uma garota com propósitos "normais". Nunca. O que ele queria era ver a diferença em suas ações. Eu poderia dizer, com absoluta certeza, que ele estaria orgulhoso se pudesse vê-la, apesar de relutar em admitir isso.
Então, graças a ele, talvez, Sophie entrou em meu caminho. E foi assim, em uma dessas noites em que o crime continua acontecendo em Nova Iorque. Ela era especialista na arte de mostrar o rosto de caras foragidos e sumir por conta própria. E durante um longo ano foi isso o que ela fez sem deixar nenhum rastro; não poderíamos negar que todo o seu "trabalho" era de uma suma importância para a polícia, mas não era o recomendado. Ela não era policial. Não era do FBI. E, por um ano, sem sabíamos que era uma mulher.
Até a encontrarmos.
Não, até ela nos encontrar.
Depois de uma revelação sobre contrabando de armas, tivemos a maior apreensão em cinco anos. Ela deixou um recadinho com uma bela digital em uma arma. Teria ela matado um delinquente? Até hoje tento deduzir o porquê, será que o seu plano era me seduzir? Ou nunca imaginara algo do tipo? Será que sabia quem eu era, será que me queria? Ela poderia me comandar sozinha se quisesse, será que queria?
Depois que deixou a primeira digital, suas marcas continuaram em todas as outras ações. Ela passou pela sala de interrogatório, mas nunca conseguimos deixá-la lá.


"Eu não matei ninguém, Det. Flack."
Ela me encarou. Aquela delinquentezinha tinha me burlado várias vezes pelos últimos meses. E ela sabia. Não tínhamos nenhuma prova contra ela e ela não iria falar nada. E o pior de tudo? Eu acreditava.
"Eu nunca matei ninguém e nunca fiz nada que inflija a lei. Você quer a lista? Talvez eu até seja mais policial que você."
Cerrei os olhos, ela sorriu. Era tão linda, seus olhos negros que não paravam de me encarar a cada segundo, sua boca desenhada, as ondas do seu cabelo que caía sobre seu ombro esquerdo e seios marcados na blusa branca. Eu queria uma pseudo delinquente para mim e aquilo era a pior das traições contra a polícia de New York.
"Adoraria ler a sua mente agora."
Ela mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça. "E eu adoraria te beijar", penso, mas permaneço em silêncio.
"Por que faz isso?"- pergunto após um tempo.
"Porque faço o quê?"
As sobrancelhas arqueadas indicam que sua interpretação era ambígua.
"Essa coisas. Desmascara esses caras, coloca sua vida em risco, sua ficha."
"Em nenhum momento coloquei minha ficha em risco. Ela é tão pura quanto um bebê recém-nascido. - reviro os olhos - E de que vale essa vida se não for para fazer algo em pró de alguém? Eu não quero só sobreviver."
"Você pensa no bem comum então? É isso? É a versão feminina do Capitão América?"
Ela riu.
"Capitão América é inocente demais e foi criado e comandado. Ninguém me fez."
"Então não é inocente e ninguém te comanda?"
"Não até esse momento."
Ela sabia que a minha fraqueza era justamente a própria. E estava flertando comigo, então não foi nada difícil esconder, meus olhos emanavam desejo e admiração. Eu nunca seria capaz de fazer tais coisas, jamais. Talvez era fraco demais para viver, eu sobrevivia.
"Você pode ir embora. - comentei me levantando da cadeira, mas ela continuou sentada com as pernas cruzadas e olhando para as mãos.- Se quiser, te prendo. Mas na sala não terá o prazer da minha companhia."
"Uma pena. - resmungou e me encarou se levantando. Abri a porta para ela.- Talvez você ainda queira me ver."
"Pare de jogar comigo, não gosto disso."
"Não estou jogando, só trabalho com coisas reais."
Eu lutava contra meus instintos. Aquilo não daria certo, mas ao mesmo tempo queria tanto. Com certeza que a queria ver novamente.
"O que está planejando então?"- pergunto, queria respostas concretas.
"Espere."
A vejo sair. Acompanho seus passos leves até o final do corredor.
Esperar.
Mas esperar o quê? Não sei mesmo, concluo. Então espero. Espero seu próximo contato.


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Notas finais do capítulo

Até mais :3



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