Paciente 99 escrita por Elliot White


Capítulo 18
End.


Notas iniciais do capítulo

Fim!!
Finalmente *u*
Boa leitura
e agora irei me centrar só em estudos.
Aviso: está quilométrico.



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— Quem irá fazer tudo o que o Tagrus me ajudou a fazer? Nunca irei achar alguém que o substitua! – O demônio gritava, desorientado.

— Com toda certeza não serei eu. – Falei.

— Não, bruxinha insolente. Será seu filho, comigo. Ele vai demorar a crescer, mas até lá eu me viro sozinho. – Ele ironizou, malicioso, e segurou no meu braço com força. Meu estômago ainda doía.

— Me solta! – Me agitei, tentando me livrar dele, porém era muito resistente. – Eu nunca terei esse filho, não com você. Eu venci o duelo, e você prometeu me deixar ir.

— Não deveria ter confiado na palavra de um demônio, bruxa. Meu filho agora está morto, a minha única chance será eu mesmo engravidar você. – Sua voz grave soava alta enquanto sua boca se movia entre as palavras, fazendo cada cicatriz facial sua dançar. Quanto mais ele falava, mais nervosa eu ficava, e eu sabia que a minha magia responderia a isso mais cedo ou mais tarde, pois isso afetava a ela também. Meu abdômen formigava e ardia com o ferimento.

Pensar em como seria horrível ser abusada e engravidada por alguém como ele, formou uma confusão na minha mente que só parou quando um ruído soou pela sala, chamando nossa atenção. Vinha de cima. No teto, pendia um amplo lustre cheio de cristais, pelo menos parecia ser decorado de cristais e joias que reluziam e aparentavam ser muito luxuosas. Mas também deveria ser pesada a peça, porque quando caiu desceu sem delongas cortando o ar e tombando contra o chão, se partindo em bilhões de pedacinhos e causando um barulho que se expandia em ecos.

O paciente 99 se afastou de mim e essa foi a minha oportunidade para correr dele, graças aos meus poderes que causaram a queda. Não consegui ir muito longe, no entanto conseguia sentir o medo nos olhos dele. Mentalizei os cacos se mexendo sozinhos e se voltando contra ele, e deixei fluir, como se fossem ondas se movendo pelo meu corpo, fechei os olhos e quando abri, tinha acontecido – as partículas ganharam vidas indo atrás do demônio, e atingindo as paredes e a grande porta em golpeadas, o fazendo se esquivar amedrontado.

Fui rapidamente até o corpo sem vida do Tag e removi a adaga ensanguentada, lutando contra a dor estonteante na minha barriga ferida, e levei até sua garganta, o ameaçando.

— Isso não vai funcionar comigo! Pode desistir! – Surgat exclamava, eu sabia que no fundo ele temia que funcionasse. – Eu sou um demônio. Vivi séculos. Sou um imortal de verdade não sou como o Tagrus.

— Quem sabe uma arma forjada por alguém da mesma espécie que você, banhada em sangue de seu próprio filho morto, isso dê um jeito em você. – Eu falei, sem saber de onde vinham estas palavras, eu nunca estive tão confiante.

— Por favor, não. Eu irei deixa-la ir, e sua família não correrá perigo. – O pai de Tag implorou.

— Você já me enganou uma vez, não o fará de novo. – Ao dizer isso, seu rosto demonstrou mais uma vez o pavor, então apertei o punhal mais ainda em sua pele. – Mas o que eu mais quero é sair daqui. E é isso que eu vou fazer... Surgat. – Seus olhos coloridos saltaram ao ouvir seu próprio nome, e todo o cenário então se mudou. No lugar do grande salão de dois andares, decorado e luxuoso, estava um prédio antigo e sofisticado, cheio de pessoas, a maioria crianças. Do lado de fora, um playground, com escorrega, gangorra e balanços. O lugar lembrava o hospital.

Um menino de cabelos negros curtos e uma garota de madeixas ruivas arrumadas em tranças estavam isolados do resto, até que um grupo de crianças foram até o par.

“Estão namorando, estão namorando! ” Cantarolaram, rindo, e os dois logo ficaram sem jeito, corando, enquanto eram empurrados de leve, o garoto ficou sem reação e a menina revidou: “Nos deixem em paz! ”. Deixaram o local e de mãos dadas falaram um para o outro, “Não ligue para eles, Su. ” “Só você me entende, Marta. ” Su? Seria o apelido de Surgat? O moleque era o demônio quando menor?

Eu assistia a tudo como um fantasma. O pai do Tag não estava fazendo parte desta experiência. O cenário mudou para uma enfermaria, onde Marta estava deitada em uma cama hospitalar. Sua aparência estava debilitada. O jovem estava ao seu lado, enquanto do outro canto do quarto um doutor e uma freira discutiam “Ela não vai durar muito. Não sabemos que doença é essa e nem como foi contraída. A medicina não é avançada a ponto de podermos fazer alguma coisa. ” Era dia, mas de repente virou noite, e só estava o moreno e a ruiva no cômodo. O infante abriu uma sacola, que parecia pesada e tirou uma preciosidade de dentro. Lembrava um diamante, não muito espaçoso. Ele então fez a amiga engolir a joia, enquanto dormia, a força, ainda inconsciente.

No outro dia, Marta estava correndo pelo pátio com Su, e o doutor ainda sussurrava com a freira, segurando uma planilha. “É um milagre. Eu nunca vi coisa assim. ” Então a minha visão voltou ao quarto, como em um filme, e a ruiva estava de novo deitada na cama, porém ocupando mais espaço. Ela estava mais velha, adolescente. O seu amigo, agora mais alto e mil vezes mais atraente, ainda ocupava o posto ao seu lado.

“ É a mesma doença de novo. Ela voltou. ” Disse o médico, agora grisalho.

“ Impossível, então quer dizer que antes ela estava apenas adormecida e retornou com força total? ” A freira perguntou, nervosa, e com novas rugas no rosto.

“ Precisamos leva-la até o raio X.” O doutor afirmou.

“ O que é raio X? ” Su questionou.

“ Uma máquina nova que ajudará no diagnóstico. ”

Depois disso, o homem estava em outra sala olhando papéis.

“ É muito estranho, tem uma pedra dentro dela, como se fosse um caco de vidro. ”

“ Tem certeza que não são pedras na vesícula? ” Um enfermeiro fez a pergunta.

“ Não, eu sou formado em medicina, e pedras na vesícula não reluzem desse jeito. ”

“ Precisamos falar com você, Surgat. ” Quem falou foi um padre, juntamente à freira, e a um enfermeiro homem e uma mulher, estavam cercando o jovem. O grupo estava agora em outro lugar.

“ Você passa tempo demais com a Marta, desde que eram pequenos. ” A freira afirmou. “ Estava lá quando ela adoeceu pela primeira vez, e está aqui agora. ”

“ Do que estão falando? Eu não fiz nada! ” O moreno se defendeu.

“ Eu sempre notei o quanto estranho era, e diferente dos outros. Não devíamos ter permitido que se aproximasse tanto dela. ” O padre continuou agora indo até Su e o agarrando-o pelo braço, enquanto os enfermeiros o imobilizavam e a freira assistia tudo pelas suas lentes dos óculos, sem reação.

O rapaz gritou, mas de nada adiantou, eles o arrastaram de lá e levaram para onde eu não pude ver. “Não, não! ” Ecoava pelo local.

“Onde está Surgat? ” Marta perguntou, agora deitada de novo na cama hospitalar e parecendo pior. Sua voz saía fraca.

“Ele não pôde vê-la. Sinto muito. ” A freira a acompanhava, parecendo triste, mas a ruiva sorria mesmo aparentando estar se despedindo.

“Diga a ele que o amo, por favor. ” Depois de dizer isso, ela fechou os olhos e parou de respirar, e a mulher chorou avidamente.

O cenário mudou novamente.

Agora era um dia nublado, em uma vizinhança acolhedora. O homem que eu via era o mesmo que eu conhecera: alto, forte, tatuado e cheio de cicatrizes faciais, e olhos multicoloridos. O filho, um Tag mais jovem, quase o mesmo, o seguia.

“Eu fui mantido em uma prisão de loucos por anos, onde fui torturado. Eu não sabia que tinha nascido um demônio, mas descobri isso depois de um tempo. Também percebi que era imortal e aprendi a expandir os meus poderes. No começo eu não sabia que as pedras que eu achava poderiam curar e ao mesmo tempo amaldiçoar as pessoas. Eu sempre amei a Marta. E quando conheci sua mãe, achei que fosse ser como ela. Ou melhor que ela, já que era uma feiticeira afeiçoada com as joias também. Porém depois que ela me deu você, Tagrus, ela não sobreviveu por muito tempo depois do parto. Era a minha maldição. Os meus poderes vêm do inferno. ” Surgat discursava e o filho o ouvia.

Do outro lado da rua, tinha uma casa aconchegante com um jardim sem cerca na frente. Uma mulher saiu da porta da frente, segurando uma criança no colo, uma menina negra. A mãe era loira, com as mechas das pontas do cabelo longo pintadas de azul. E o pai, um homem alto e negro, de um corte curto e escuro. Não demorei muito a perceber que era uma versão mais jovem dos meus pais.

O bebê ficou brincando e engatinhando pelo pátio, e depois eu visualizei a criança crescer, caminhar e correr sozinha. Quando já era maior, o pai a ensinou a andar de bicicleta. O veículo deu uma volta no bairro, e minha visão passou pelos mesmos lugares que eu jovem. Em um ponto, a menina parou, e em uma rua sem saída ela desenterrou na terra uma porção de pedras preciosas. Do outro lado da rua, Tag e o seu pai a observavam. Ou melhor, me observavam.

Era estranho estar olhando a mim mesma, em uma parte da minha vida que eu não lembrava.

A experiência se desfez, e eu voltei ao hospital. Não ao salão festivo que eu estava antes, mas em uma parte que eu lembrava de ter estado antes. Um dos muitos corredores brancos, e era dia. Não aparentava ter alguém aqui. Eu estava com o roupão padrão verde de novo, não com o glamoroso vestido laranja.

Em uma das janelas, eu vi o meu reflexo no vidro, e ao levantar de leve o tecido, notei que minha barriga ainda estava ferida. Aí que começou a ficar estranho. A pele daquela região se alterou, como aconteceu com o Tag antes de morrer, e se transformou em pequenas partículas reluzentes e coloridas, perfeitas joias se formando no meu corpo, e depois de terminado, voltou a ser a pele em tom escuro de sempre. Eu estava curada.

Victory. – Uma voz feminina me interrompeu. Virei, e não pude acreditar. Margarete, na minha frente, e falando, de pé. Como se nada tivesse acontecido. – Me acompanhe por favor, sua mãe está aqui, e quer te ver.

— Doutora, você... está viva?! – Minha voz saiu mais aguda do que o esperado e transparecendo a surpresa que eu sentia.

— Eu espero que sim. – Sua expressão demonstrava desentendimento. – Vamos, rápido. Por aqui.

Eu a segui, e ao chegar no meu quarto, o 15, minha mãe me esperava com um sorriso. Ela pegou uma torta, com dezoito velinhas acesas. Eu sabia que ela tinha acendido com magia. Meu pai também estava no cômodo, e começou a cantar o Parabéns para você.

Eu realmente havia voltado.

Depois de terminar, e eu receber muitos abraços, congratulações e beijos, resolvi perguntar:

— O Tag está aqui? – Me dirigi à doutora.

— Quem?

— O garoto com quem eu conversava. Você o conheceu.

— Eu não me lembro... não me lembro de nenhum amigo seu, Vic. E de nenhum paciente com esse nome. – Margarete respondeu à pergunta.

— E o terapeuta, a ginecologista, como eles estão? – Questionei.

— Estão bem, e trabalhando. Como deveriam estar. Você está bem? Está estranha hoje. Eu vou assinar a sua alta hoje, senhorita.

— Nós vamos para casa, filha. – Minha mãe avisou.

— Claro, mas... o que houve com minhas pedras na vesícula? – Perguntei, enquanto ia até a gaveta do meu quarto, procurando pelo baú das joias. Para minha surpresa, ele estava lá, e as peças intactas, apesar de estar faltando o mapa da clínica.

— Não eram pedras na vesícula, foi um engano, foi só uma complicação que agora se foi. Você está saudável. – A médica explicou. – Tem certeza que está bem?

— Sim. – Falei, segurando o baú que eu levaria comigo como um souvenir. – Pode me falar sobre o quarto 99?

— Não existe quarto 99. Neste hospital não. Que perguntas são essas, Victory?

— Nada. Foi só um sonho que eu tive. Estou pronta para ir embora. – Afirmei, mentindo.

Não foi um sonho.

As pedras estavam comigo, e eram os bens que provavam que foi real, mas eu estava aliviada por saber que não havia nenhum assassinato de fato.

Enquanto deixava o hospital, eu podia ouvir uma canção de aniversário.

Parabéns para você

Nesta data querida

Muitas felicidades

Muitos anos de vida

Com quem será?

Com quem será que a Victory vai casar?

Vai depender

Vai depender se o Surgat vai querer

Agora eu tenho dezoito anos.


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Notas finais do capítulo

ÚLTIMA FRASE DA FIC
"Agora eu tenho dezoito anos."
O ULTIMO CAPITULO É O 18
GENTE
—-
Bem, aqui vai os agradecimentos:
Puppy: obrigado por comentar em cada capítulo e elogiar tanto e participar, opinar, ajudou muito.
Dark paradise: acompanhou desde o começo também, serei grato eternamente.
Lady Dommenique: idem, e obrigado por me fazer conhecer a sua fic Lolita slave toy, que eu amei, aliás não é atualizada há um bom tempo, então não esqueça a fic no churrasco kkk
E todo mundo que deu review, favoritou, etc, obrigado, essa foi a fic que mais 'bombou' minha, as outras duas tem números menores em tudo kkk e essa foi muito rápido o retorno, é a história que eu considero mais bem escrita e mais criativa que já escrevi, e olha que já tinha criado a Victory há um bom tempo.
Tenho planos de escrever uma continuação, mas as ideias não são o bastante pra isso acontecer ainda.
Enquanto isso pensem se o Surgat escapou vivo ou não, e se ele irá ou não atrás da Vic! Abraços e até a próxima.