Until the very great end escrita por SheWantsDraco


Capítulo 14
Our human hearts forget how strong they are


Notas iniciais do capítulo

Música:
Wild Horses - Birdy



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Poderia ser um hospital, mas ainda era o mais perto de paraíso que aquela família poderia encontrar. Augusto estava deitado no colo de Henrique que distraidamente passava as páginas de Pequeno Príncipe para ele enquanto Izabelly controlava o rádio do quarto baixinho para uma melodia gostosa de se ouvir.

— Quando vai sair daqui pai? – Ainda era estranho ouvir aquela palavra saindo da boca daquele menino, mas como ele poderia repreender uma coisa que ele gostava de ouvir? Humanamente impossível. E Izabelly se surpreendeu com o sorriso que seus lábios formaram.

— Quando os médicos dizerem que estou bem – Henrique respondeu, fechando o livro e colocando na mesinha do lado da cama, Augusto se ajeitou em seu colo, sem ligar para os fios que prendiam seu pai a máquinas que faziam aquele bip, bip, horroroso.

Até que entre os bips, a barriga de Augusto roncou, Henrique riu.

— Parece que tem alguém com fome...

— Mass nãooo! – Augusto chorou – Mamãe disse que na hora do almoço a gente ia embora e eu só vou te ver a noite.

— Hei – Henrique disse tentando acalmá-lo – Izabelly se virou para ver a interação dos dois – Passa logo, papai promete. Você e sua mãe irão comer algo gostoso enquanto eu fico com essa comida nojenta de hospital – fez cara feia.

— Não sei quem é a criança – Izabelly riu chegando mais perto da cama – Vamos bebê, quanto mais cedo irmos, mais cedo voltamos. – Pode esperar lá fora querido, quero falar com o papai por um momento.

O menino sorriu, mas ainda estava triste por ter que deixar o pai. Deu um beijo na bochecha do homem deitado que sorriu, e saiu do quarto, deixando o casal a sós.

— Eu amo você – Izabelly disse dando um beijo em Henrique, quando se aproximou mais do marido. O beijo ficou intenso em poucos segundos uma vez que seus corpos estavam próximos demais para evitar o calor que vinha de ambos. A mão de Henrique subiu pelas costas da esposa que se ajeitou melhor na cama. Henrique deixou leves mordidinhas no lábio inferior e ao soltá-lo ouviu um leve gemido da esposa. Talvez tinham ido longe demais?

Izabelly teve que se afastar alguns milésimos de segundo mais cedo para processar aquele beijo. Ela sentia falta. Aquele contato havia se perdido desde a morte de Leo e uma cama de hospital e com um pequeno garoto esperando do lado de fora não era hora de pensar naquilo.

— Guarde suas mãos para si mesma – Henrique brincou – Mais tarde resolvemos isso. Acho que temos um problema aqui. – Henrique corou ao constatar que tinha se animado. Izabelly sentiu seu coração se aquecer. Henrique ficava tímido com situações assim, apesar de parecer ridículo isso para um homem de mais de 30 anos. Era apenas o efeito que a sua mulher tinha sobre ele. Especialmente no lugar que eles estavam no momento, hospital, não deixava a situação mais agradável.

— Mais tarde? – Henrique riu tentando desconstruir o nervosismo a fala da sua esposa.

— Quando eu sair do hospital tiramos esse atraso, amor. – E piscou. Era para tentar ser uma piscadinha sexy, mas tudo o que Izabelly conseguiu foi rir e negar com a cabeça com o jeito do marido. As coisas estavam se encaixando novamente e ela só queria que continuasse assim.

— Mais tarde amor, - Izabelly mordeu os lábios ansiosa – Definitivamente, mais tarde.  

***

Henrique não poderia pensar em algo que não fosse que as vezes, nós nos esquecemos do quão fortes podemos ser. Deitado na cama de hospital, essa conclusão parecia ser mais real ainda, visto que ele tinha sofrido um acidente feio e ainda estava aqui. Ele não se lembrava de ter pensado muita coisa, mas tinha certeza que se estava indo para o bar naquela hora era porque ele achava que não era forte o suficiente para enfrentar a situação de frente.

Izabelly tinha acabado de sair do quarto com Augusto para almoçar e eles mal tinham saído que a saudade havia começado a apertar.

Ele sempre se perguntou porque o começo deles tinha sido tão fácil. Talvez porque quem quer que tivesse começado essa palhaçada toda de resolver juntá-los estivesse apenas guardando as turbulências para o mais tardar. Ele tinha tido problemas com outras garotas, mas com Izabelly sempre havia sido tão íntimo e químico que não havia nada que pudesse evitar um casamento.

Agora que as turbulências estavam se resolvendo, por mais complicadas que elas ainda aparentassem ser, Henrique tinha um leve medo de se deixar levar de novo pelo mar de felicidade que tinha chegado junto de Augusto.

Ele achava que poderia continuar divagando sozinho com seus pensamentos, mas não foi isso que aconteceu. No primeiro momento a enfermeira trouxe o seu almoço sem tempero de hospital e ele apenas fez uma careta leve.

Quando alguém entrou no quarto sem bater, ele logo imaginou que pudesse ser Izabelly e Augusto novamente, mas era muito cedo para eles voltarem, por isso ao reconhecer quando a pessoa entrou com suas palavras rudes, perdeu o apetite completamente. Não tinha como comer depois daquela visita. E o pior não era nem que a pessoa que entrou no quarto era ruim, eram mais as palavras que havia sido obrigado a ouvir que foram.

— Mãe! – Henrique nem se quer sabia quando seus pais tinham ficado sabendo de que ele estava no hospital, muito menos que estiveram comprando uma passagem Rio de Janeiro – Nova Iorque para vê-lo o mais rápido possível.

— Eu me recuso a acreditar nessa palhaçada! – Henrique quase podia pensar que a mãe havia esquecido que estavam num hospital se não fosse pelo fato de que ela tinha mantido o tom de voz baixo ao terminar a frase.

— No que? – Henrique perguntou confuso.

— Você é um ingrato! Acha que Leo está feliz olhando essa palhaçada da onde quer que ele esteja? Eu esbarrei com sua esposinha no caminho de entrada para o almoço junto com aquela criança e é lógico que eu exigi explicações...

— E deixa eu adivinhar, tomou todas as conclusões antes que Izabelly pudesse dizer algo! Você não assustou Augus, assustou? – Henrique perguntou preocupado com o que a mãe poderia falar para o neto.

— Mãe, você tá divagando. – Henrique tentou fazer a mãe falar coisa com coisa, mas quando ele percebeu onde ela queria chegar, quis chamar os seguranças para expulsarem-na do hospital.

— Você adota uma criança qualquer quando seu filho morre e a louca sou eu?

— Não planejei isso mãe, nem Izabelly – Henrique disse, estava cansado. Se sua mãe não quisesse ficar do seu lado por causa de Izabelly, ele não faria questão de ficar do lado da mãe. Ele não imploraria por migalhas. – Mas estamos gostando de como as coisas estão indo e você devia estar feliz por isso também.

— Esse casamento tá tudo errado – Rugiu irritada ignorando o que o filho havia dito. Ela sabia que era coisa daquela mulher, que nem se quer veio no enterro da avó do filho que tanto dizia admirar. – Você nem devia ter ido embora do Rio de Janeiro para começar! Eu queria você perto de mim, e do seu pai. Sua avó morrer aqui foi o cúmulo! E se esse casamento tivesse sido tão bom assim Izabelly ao menos estaria do seu lado e não achando outra criança ridícula para substituir o filho que ela não conseguiu manter vivo.

— Mãe, quem tem que achar meu casamento certo ou não sou eu, portanto, se você não parar de falar português e várias bostas, eu vou chamar a segurança.

A mãe de Henrique o fuzilou com o olhar, e se olhar matasse, definitivamente, Henrique não teria como levar Augusto no parque quando saísse do hospital. Para a mulher era um absurdo que o filho lhe tratasse assim visto que ele obviamente estava agindo de uma maneira torpe em relação a sua família.


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