Until the very great end escrita por SheWantsDraco


Capítulo 13
I know it inside my heart forever will be ours


Notas iniciais do capítulo

Músicas:
Selena Gomez - Love Will Remember
Kelly Clarkson - Dark Side



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Um mês. Um mês se passou e as consultas com a terapeuta tinham diminuído porque Izabelly estava concentrada em dividir seu tempo com as três coisas mais especiais que ela poderia ter. Henrique, música e Augusto. O menino tinha gostado mesmo de música o que fez com que Izabelly o matriculasse em aulas particulares de violino que havia sido o instrumento que o menino mais havia gostado. O professor ia dar aula na casa de Izabelly uma vez por semana para as aulas que era quando o menino tinha autorização para sair do orfanato. 

Izabelly, no entanto, teve que dizer que estava interessada em adotar o menino porque só assim a assistente social poderia dar a permissão das saídas frequentes. Então Izabelly apadrinhou o menino, por mais que ele a chamava de mãe. 

E Izabelly não conseguia admitir ainda, mas ela adorava. Adorava o carinho que tinham um com o outro e por mais que tivessem anos de diferença, Izabelly se sentia protegida com ele embaixo de seus braços. Era quase como se sentisse em casa. Os dois faziam também questão de manter o amor de Henrique vivo. Ela sabia que o que sentia por Henrique e o que ele sentia por ela sempre seria uma coisa deles, mas ela amava partilhar isso com os outros, ainda mais se esse outros fosse o menino que havia aprendido a amar e chamar de filho.  

Izabelly sempre contava histórias do marido para Augusto que entendeu que Leo era um assunto proibido. Mas não conseguiria segurar a língua por muito tempo. Especialmente pelo o que aconteceu no mesmo dia que Izabelly teve que ir as presas para o hospital porque Henrique parecia ter melhorado mesmo que ainda tivesse dormindo. 

Augusto tinha medo de acabar perguntando sobre o menino de todas as fotos na casa de sua mãe e seu pai, mas tinha medo de falar besteira.

Quando chegou no orfanato, completamente desorientada pela notícia que havia recebido do médico ela se assustou ao ser chamada na sala da diretoria do orfanato. Augusto estava lá sentado na cadeira de frente para a mesa, e com uma cara emburrada. Izabelly sentiu seu coração bater mais rápido quando viu que ele segurava com sua mão, firmemente, o Panda de pelúcia.

— O que aconteceu? – Perguntou erguendo a sobrancelha para o menino que abaixou a cabeça, envergonhado.

— Eu lamento informar, mas terei que pedir para que Augusto devolva a pelúcia. – A diretora apontou para o Panda que Augusto segurava firmemente, e logo em seguida fez cara de choro. Não era justo. Os meninos que provocaram deveriam estar sendo punidos, não ele.

— Porque? – Izabelly perguntou confusa.

— Foi motivo de briga. Augusto bateu em dois meninos que estavam tentando brincar com ele.

— Eles estavam querendo quebrar o Panda! – Augusto rugiu irritado, de onde estava sentado e recebendo um olhar severo da diretoria em seguida. Augusto tentou justificar o motivo da agressão. Ele havia batido nos meninos mais velhos e Augusto nunca havia tido uma repreensão por mal comportamento.

— Testemunhas disseram que Antony apenas pegou o Panda para brincar e você tirou da mão dele logo em seguida. – A diretora disse.

— Testemunhas? – Foi quase que um tom debochado que Izabelly falou: - São crianças. E Augusto não tem culpa se algumas não conseguem manter as mãos longe de coisas que não são suas.

A diretora olhou furiosa. Ela odiava ser desafiada daquele jeito. Há dias vinha observando o comportamento de Augusto ao se envolver com aquela família, quebrada tanto emocionalmente quanto financeiramente. Izabelly ganhava da orquestra, porque constantemente trabalhava para o festival de outono – que ficava cada vez mais próximo. – Não era muito, mas eles tinham uma reserva. As coisas só haviam piorado porque Henrique havia perdido o emprego.

— Entenda que aqui todas as crianças têm as mesmas coisas. Desde brinquedos, serviços sociais, comunitários e comida. Tudo aqui é repartido igualmente. E quando uma criança tem algo a mais do que os outros que traz para dentro dessa instituição, as outras ficavam com inveja. É natural que queiram brincar com essa pelúcia. Eu só acho uma falta de cabimento ver a senhora e o seu marido dando atenção única para Augusto quando vem visita-los. Parece que estão esfregando o amor de vocês na cara das outras crianças que não tem para onde ir.

— É por isso que me chamou? – Izabelly perguntou. – Eu não vou pegar o Panda de volta. Não se devolve presente. – Ela se surpreendeu consigo mesma. Se fosse há semanas ela faria um escândalo por aquela pelúcia ter quase sido rasgada no meio. Talvez algo havia sido superado? Não saberia dizer com certeza, mas ela imaginava que era porque era apenas uma pelúcia. Por mais especial que fosse nada poderia ser comparado com o amor que ela guardava por Leo dentro do peito. A pelúcia era definitivamente, de Augusto agora.

A diretora mordeu os lábios, nervosa. Falar com Izabelly foi uma ideia péssima. Ela poderia ter resolvido facilmente isso e deixar a pelúcia na brinquedoteca para que todos pudessem brincar mais tarde.

— Pegue isso como um aviso sobre não dar mais presentes. Augusto, pode voltar para o refeitório e quero conversar com a senhora Marques por mais um tempo. – Augusto saiu, mas não sem antes de dar um beijo delicado na bochecha da mãe, ele abriu um sorriso sapeca, quase como quem estivesse aprontando, e sussurrou baixinho:

Feliz dia das mães.

Uau. Ela tinha esquecido. Com tanta coisa acontecendo aquela data comemorativa usada pela mídia para estimularem o consumismo nem se quer havia passado por sua cabeça. Mas ouvir aquilo de Augusto aqueceu seu coração e foi capaz de manter um sorriso no rosto. A diretora do orfanato observava a interação com um pé atrás. Se a mulher considerava Augusto seu filho, porque não o adotava logo?

Quando o menino já estava fora, a diretora olhou com cara de tédio para a mulher a sua frente.

— Você tem que decidir o que quer fazer, Senhorita Marquês. – Explicou a diretora. – Eu não vou mais acobertar as inúmeras saídas uma vez que o serviço social impedir. E eu fiz isso milhares de vezes com Henrique porque vi o quanto ele gostava do garoto. Você quase dormiu aqui outro dia e eu não posso permitir isso. Se o serviço social perguntar, vou dizer que está prejudicando Augusto a conviver com os outros e não estarei mentindo.

Izabelly tirou o sorriso do rosto quase que imediatamente.

— O que quer dizer com isso?

— Estou dizendo o que você interpretou. - Adoção? Arriscou-se em perguntar baixinho para si mesma em pensamento. – E depois, não diga que eu não avisei.

***

Augusto tinha acabado de sair do banho para ir se encontrar com Izabelly, ele estava ansioso, ele tinha sentido tanta falta de Henrique, que mal poderia esperar para vê-lo. Tinha passado seu único e melhor perfume, e ele estava uma graça para uma criança de 11 anos. Os cabelos devidamente penteados e os dentes escovados.   

Depois de ter saído da sala da diretora tinha ido terminar de almoçar, e torcer para que a tarde passasse logo. Izabelly tinha dito que passaria para busca-lo as 19pm. E só havia conseguido sair com ele tão tarde, porque havia ligado e dito que Henrique estava pronto para receber visitas. Quando ele acordou, só faltava Izabelly sair dançando por todo o hospital, de tão feliz que estava. Definitivamente, ter falado sobre Henrique muitas vezes e mantido a lembrança dele viva ajudou muito sua sanidade ficar intacta. Era algo que ela tinha aprendido a conviver, assim como havia aprendido a conviver com a ausência de Leo.

E enquanto terminava de conversar com Henrique sobre tudo o que havia acontecido, antes de voltar para o orfanato e ir buscar seu menino, Izabelly não conseguia acreditar.

Mas não era um conseguir acreditar em algo porque aquele tal algo era ruim e terrível. Ela não conseguia acreditar porque era bom. Era maravilhoso estar com Henrique acordado novamente depois de tanto tempo observando o marido dormir em um sono profundo. Como se fosse apenas um príncipe esperando pelo beijo da princesa para acordar, mesmo que nas histórias infantis, fosse a mulher sempre a indefesa.

— Me perdoa – Henrique pediu com tanta sinceridade que surpreendeu a si mesmo.- Eu sei que eu saí para fugir dessa conversa, mas nunca queria que descobrisse assim sobre Augusto. – Ele parou apenas para respirar e suspirar cheio de preocupação – Deus. Como ele está? 

Izabelly riu. Henrique sempre foi o pai mais cuidadoso e preocupado que ela poderia conhecer. Tinha tido uma sorte danada de encontra-lo e tê-lo para si.  

— Ele está bem, e esperando para que eu vá busca-lo daqui meia hora para trazê-lo para te ver., mas e você? Como se sente? 

— Me perdoa. Eu juro que tenho tantos defeitos que as vezes me pergunto se vale a pena ficar perto de mim. Especialmente você que merece tudo de melhor. Eu me sinto uma merda. Escondi Augusto como se fosse uma parte negra da minha vida mesmo que algumas vezes eu pensasse que ele realmente fosse por achar constantemente que estava substituindo Leo. Mas eu amo tanto aquele garoto. 

— É recíproco. Ele também ama você.   

Henrique sorriu leve.  

— Eu sinto como se nem eu conseguisse gostar de mim mesmo por ter cometido tantos erros. Desde tentar te forçar e dizer que Leo ainda estava ali. Até te esconder Augusto. Não sinto como se você ainda devesse estar aqui, amando todas as partes de mim, por mais escuras que sejam. 

— Eu estou aqui porque eu sei que você ama minhas partes feias também. Não sou uma mulher perfeita. Estou longe de ser. Mas se você prometer amar todas as partes de mim (que eu sei que você tem feito) eu amarei todas as suas também. Você vai ficar?  

— Vou – sussurrou – e você? 

— Eu estou aqui – Izabelly sorriu ainda que estivesse triste por tudo aquilo ter acontecido com eles. E também era um sorriso cansado – Não estou?  

— Está.  

Nunca que uma palavra de confirmação havia lhe deixado tão feliz quanto naquele momento... 

Henrique suspirou. Ele estava aliviado, mas cansado. Os analgésicos estavam fazendo efeito. Ele fechou os olhos e dormiu. Mas não por muito tempo dessa vez: ele ainda tinha uma família para amar. 


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