Manual de Uma Adolescente Grávida escrita por Baby Boomer


Capítulo 10
Dica 10 - Fama


Notas iniciais do capítulo

E AÍ, XENTY? PRONTOS PRA MAIS UM CHAPTER?
Love ya ♥



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POV Katniss

— Uma duquesa da Inglaterra pediu um vestido no ateliê dos seus pais? – Clove perguntou segurando Noah enquanto eu a ajudava com a louça.

— Sim, e os pais de Peeta receberam um pedido de mil e trezentos pães para uma festa aí, um piquenique, sei lá… estão todos empenhados com a padaria.

Tyler dormia em seu bebê conforto e Glimmer e Marvel brincavam com as gêmeas na sala da casa da nossa baixinha (Clove). Finnick e Annie estavam indo para o enterro da avó de Finn em Connecticut e, obviamente, não podiam estar ali conosco.

— Mas e Cato? Como vai o trabalho no Walmart?

— Indo… ele tem desconto lá, o que é uma boa – ela falou, apertando meu filho com seus braços. – É tão bom segurar o Noah, parece que a gente tá segurando uma bolinha.

— Ei! – brinquei. – Seu filho também nasceu roliço. Mas o melhor do meu é essa cara de “foda-se” que ele faz de vez em quando.

— Verdade, é uma graça.

Notei que Noah chupava a mãozinha.

— Vou já tentar dar de mamar – avisei, enxaguando um copo.

— Jura que ainda tenta? Você chora toda vez que faz isso, Kat. A amamentação não é pra ser estressante, você tem que gostar e aproveitar. Se isso não acontece é porque não é pra você, e isso é normal. A pediatra dele até receitou o mesmo leite que eu dou pro Tyler. Eu intercalo o peito e o leite de fórmula e dá supercerto.

— Acha que eu devia tentar? – perguntei, meio incerta, olhando para meu bolota.

— Eu tenho certeza – ela afirmou, alisando a cabecinha do meu filho. – O cabelo dele está escurecendo ou é impressão minha?

— É que está caindo – eu ri. – Os que estão nascendo estão vindo mais escuros um pouquinho. Ele não vai ser tão platinado como pensamos.

Então alguma coisa caiu no chão e nós percebemos que Madge nos filmava escondida.

— Clove, eu juro que não queria quebrar esse pote… desculpa.

— Ah, tudo bem, só toma com cuidado com o…

Foi a vez dela própria cair no chão, fazendo-nos rir.

—… batente.

Eu ria tanto da não-intencional abertura de pernas da minha amiga que tive que parar de lavar a louça, e quando dei por mim Noah ria também. O primeiro riso que ele dava estava sendo registrado na câmera, mesmo que em um ângulo vindo do chão.

— Meu Deus! Voxê tá rindo pa mamãe, é? O meu gordinho tá rindo pa mamãe? Mamãe se derrete todinha com essa gengiva banguela! – Ele ria ainda mais, fazendo sons estridentes e engraçados. – Meu rapazinho é muito sem-vergonha, meu Deuxio!

— Filma isso, garota! A prova de que a Katniss pode ser uma retardada.

— Filmando! Toda arregaçada e quebrada... mas filmando, firme e forte, tranquila e favorável.

 

Katniss, preciso que faça sanduíches pra Prim e Rue e que bote as roupas pra lavar. Tem uma louça que precisa ser lavada também e a sala precisa ser aspirada porque os pais da Rue vão nos visitar hoje a noite, então preciso de tudo limpo. O jantar também precisa ser feito e você pode fazer aquela lasanha mesmo.

— Tudo bem – suspirei. – Mais alguma coisa, pai?

Ah, te amo, mas disso você já sabe.

— Eu também te amo, pai.

— Eu odeio ter que te pedir isso, princesa, mas nós estamos muito abarrotados de coisas, está uma loucura aqui.

— Eu entendo, não se preocupe.

E lá ia eu. Peeta jogava videogame na sala com Noah nos braços. Não me pergunte se isso é possível, mas enfim… Pedi que Prim me ajudasse com os sanduíches e perguntei como ela gostava deles, fiz suco de laranja natural e deixei os sanduíches preparados e guardados, mas isso não foi necessário por muito tempo porque Rue não demorou pra chegar. Elas comeram e foram andar de bicicleta pelo quarteirão e eu pedi que aparecessem em casa antes do jantar.

Fiz a massa da lasanha e deixei descansando, e então comecei a lavar a louça, mas no meio do processo Noah começou a chorar. Peeta, mesmo jeitoso, não conseguia fazê-lo se aquietar, então eu simplesmente larguei tudo que eu estava fazendo e preparei o leite dele, colocando a mamadeira pra esquentar em banho-maria. Era o tempo que eu esquentava o forno pra preparar a lasanha e terminava de lavar a louça.

— Ah, meu Deus! Eu esqueci das roupas! – murmurei para mim mesma. – Vão estar molhadas amanhã!

Corri pra lavanderia e joguei as roupas na máquina de lavar, pondo quantidades indefinidas de sabão ali, na doida mesmo. Corri de volta pra cozinha e percebi que a mamadeira ainda estava esquentando. Tirei às pressas e enxuguei com uma toalhinha, em seguida correndo para sala para entregá-la a Peeta. Voltando pra cozinha, queimei minha perna no forno quente e tentei terminar de lavar a louça ignorando a dor, e isso foi possível, porque minha cabeça começou a se concentrar em fazer o molho da lasanha e montar ela na forma, no exato momento em que as máquinas de lavar passaram a cuspir e jorrar espuma, sujando toda a lavanderia, invadindo até a cozinha.

— Katniss! O bebê queimou a língua! Esse leite tá quente demais, meu Deus. Como você pode errar o ponto de um leite? É só prestar atenção!

Pus a lasanha no forno no exato momento em que Peeta apareceu na porta da cozinha.

— Por que esquentou tan…?

Peeta viu a espuma, a sujeira por causa da lasanha, minha perna cheia de bolhas de queimadura e minha cara provavelmente chupada e acabada, que se somava à feiura dos meus cabelos, que deviam estar horrendos, desgrenhados e cheios de suor.

— Peeta, dá um tempo! – pedi, sentindo meu corpo quente e cheio de adrenalina. – Eu sei que sou uma péssima mãe, mas dá um tempo, por favor, eu estou exausta. Tem espuma até na minha vagina, se bobear, e eu não… a última coisa que eu preciso é um sermão. Já levei sermão o suficiente pra uma vida toda.

Ele assentiu com pesar.

Respirei fundo e fui tentar limpar a espuma dali.

— Não… deixa que eu faço isso – ele disse, me observando com cautela e atenção. – Assim que ele tomar o leite, eu ajeito isso aqui.

— Obrigada.

Eu ia me retirando quando ele me puxou pelo braço.

— Katniss, não é uma péssima mãe. E não adianta fazer essa cara de quem não acredita. Eu estou falando como primo, e eu como primo sou 100% sincero. Não é uma péssima mãe.

— Me solta – pedi delicadamente, ignorando o comentário dele. Isso era algo que eu realmente não conseguia acreditar.

Durante meu banho, já com o nível de adrenalina baixo, comecei a sentir mais a dor da queimadura. Tomei banho de água gelada pra ver se passava e tive a oportunidade, pela primeira vez no dia, de perceber o quanto estava tensa e o quanto eu prezava por um cantinho onde eu pudesse descansar as costas. Recostei-me na banheira e senti os meus músculos do corpo rígidos, doloridos e completamente travados.

Peguei meu celular em cima da tampa da privada e comecei a gravar um vídeo meu, com espuma até os seios.

— Sabe aquelas dicas que dão pra mães de primeira viagem? São inúteis. Simplesmente não dá pra usar. É tanto medo, tanta pressa, tanto… desespero que… não dá pra lembrar de usar, você simplesmente faz do jeito que pode. Sinto dizer que a maternidade não tem sido exatamente o que eu esperava. Eu amo meu filho, mas… mas é difícil demais ser quem os outros querem que você seja. Mães não são perfeitas, e sei que tem algumas mulheres que conseguem fazer isso ser inválido, só que eu não sei disfarçar, eu não sei encarar tudo com um sorriso. Acho que é só parte do que sou. Clove e Glimmer com certeza passaram pelos mesmos problemas que eu; porém, eu sei que elas estão sempre sorridentes e felizes, mesmo cansadas, mas poxa… elas são mais velhas que eu…

“Clove, Cato, Marvel e Glimmer têm dezoito anos, quase dezenove! E já não vão mais para a escola… eu e Peeta… bem, agora a pouco ele jogava um videogame do Bob Esponja e eu ainda tenho minhas bonecas! Eu ainda tenho bonecas e adoro vestir as Barbies da minha irmã. Eu tenho uma coleção de cento e poucas Barbies e livros de princesas, tipo A Seleção, e sagas infanto-juvenis… Poxa, eu sou uma criança! Eu não estava pronta pra isso! Não estava pronta para abdicar tantas coisas da minha vida, coisas que eu gostava muito de fazer. Nem meu violão eu consigo mais tocar com meu primo, nem isso! Eu me sinto uma péssima mãe, mas acho que a maternidade cai melhor pra uns do que pra outros. Eu, infelizmente, não tive essa sorte.

Espero que não fiquem decepcionados comigo e espero que não desejem ser uma adolescente grávida, porque, apesar de eu ter ganhado o melhor presente da minha vida, perdi minha liberdade. O que me consola é olhar para o meu filho, é pra ele que eu olho quando tudo parece uma bagunça, então vou terminar logo este banho antes que eu fique enrugada e vou olhar pra ele, pra tentar entender esse vida maluca.

Obrigada pelas mensagens de carinho, gente. E haters, vão se foder, ok? Beijo, pessoal, vejo vocês nos vídeos.”

Hesitei muito em enviar isso, mas findei enviando.

Quando saí do banho, percebi que havia esquecido de pegar minhas roupas no quarto e fui para ele só de toalha. Peeta estava lá, colocando Noah para uma soneca. Eu percebi que meu primo havia enrijecido quando viu que eu havia tirado a toalha do corpo para secar meus cabelos e quase ri com a sua reação.

— Por que está assim? Já viu isso aqui antes, não precisa hesitar em olhar.

— Eu sei, é que… eu estou te vendo como uma prima agora.

Eu parei de enxugar as madeixas e enrolei a toalha no corpo.

— Isso é um problema, certo? – perguntei.

— Nós estamos fora de sintonia.

— E eu feia demais, com a cara de cansada… cabelo bagunçado… você deve estar com libido nível zero.

— Claro que não. – Ele me puxou para si pela cintura e eu arfei com a surpresa do toque. Andamos para trás um pouquinho e ele fechou a porta com o pé. – Acho que dá pra resolver isso, mas só se você quiser.

— Peeta, sei que não posso engravidar ainda porque acabei de ter um bebê… mas eu não quero… bem, eu estou traumatizada.

Então ele puxou uma camisinha do bolso e colocou entre nossos rostos.

— Agora estamos falando a mesma língua – concordei, rindo e beijando aqueles lábios enquanto nosso filho dormia no modo “foda-se” no berço. O mundo podia cair e ele ficava lá, todo sério, estagnado e imóvel.

De acordo com Peeta, eu podia ter parido mesmo um bebê de quatro quilos, mas não havia feito estrago. Dentro daquele mês, meu peso já estava bem menor, eu estava quase normal.

Aquele meu vídeo causou tanta polêmica que… nossa, eu devia estar milionária naquele momento. Na TV, via-se “Mãe adolescente desabafa sobre maternidade”, “famosa Youtuber fala verdades e faz muitos se identificarem”… Nas revistas, lá estava eu e Noah no parque… eu, Noah e Peeta na esquina de um quarteirão qualquer… ou o H&M inteiro numa esquina junto com os bebês enquanto Clove se esfregava num poste. Sim, ela fez isso por causa das câmeras. Bem, e em uma das edições da revista tinha Cato saindo do Walmart e levando um tropeção na calçada.

— Parecemos um bando de patetas – disse Madge. – Mas fico calada porque sou famosa graças a vocês e suas maluquices.

— Madge, querida, ainda não percebeu? – Glimmer disse. – Você está demitid… brincadeira, mas bem que eu gostaria… mais dinheiro pra nós.

— Pois é, e nós não parecemos um bando de patetas, nós somos— Cato disse sorrindo.

Clove chegou na sala (estávamos na casa de Glimmer) com Tyler dentro daqueles coletes que sustentam bebês e se esparramou no sofá com entusiasmo, logo seguida de um Marvel que limpava o gofo de Noah do chão. Peeta disse que ia limpar, mas ele insistiu para que ele não o fizesse, porque uma das gêmeas já vomitou na minha cama uma vez e eu que havia limpado, então ele queria se redimir.

—Vocês não têm medo de terem trocado de filha não? Porque elas duas são iguaizinhas! – Clove disse. – Eu já teria trocado umas mil vezes.

— Ah, nós trocamos sim, várias e várias vezes. Nem sabemos qual das duas foi registrada como June e Maybell. Digo… pode ser que estejamos falando com June pensando que ela é a Maybell, então é meio complicado, mas isso não é importante agora. Quando elas começarem a se diferenciar um pouco, tipo pelo corte de cabelo, tudo entra nos eixos. – Glimmer falou isso com uma simplicidade e calma espantosa. Ficamos pasmos com a solução rápida que ela havia tomado.

— Ei, gente, eu lembrei de um sonho que eu tive! – Clove se exaltou – Eu sonhei que a gente usava o dinheiro do canal pra montar uma sorveteria. Cato sabe fazer sorvete e Glimmer aprendeu muita coisa no curso de mixologia, dá pra gente fazer uns sorvetes alcoólicos e sei lá... com mistura de sucos.

Nós todos rimos freneticamente. 

— Clove, nós não podemos nem manusear bebida alcoólica, somos menores de idade. Só podemos com 21 – Peeta disse.

— Eu sei! Por isso seria tudo em nome dos nossos pais. Eles lidam com a bebida alcoólica e a gente... bem... Só com as frutas.

— Eu gosto da ideia – comentei. – Eternizaremos nossa fortuna.

Noah começou a chorar nos braços de Peeta e eu tive que intervir com a famosa chupeta. O engraçado era que a chupeta dele era de dente, tinha dois dentes gigantes na frente da chupeta dele. 

— Pronto, meu amor. Quer vir pra mamãe? – Eu estendi os braços e meu filho fez o mesmo. – Ow, pronto.

Comecei a balançá-lo branda e carinhosamente.

— A Kat fica tão linda como mãe – Glimmer gemeu, acariciando a cabecinha de Noah. – Quando ele dormir, eu boto ele no berço de uma das gêmeas. 

Peeta e Clove foram brincar com as gêmeas no chão e eu fui puxada por Glimmer para o quarto dela. 

— Deixa eu segurar ele pra você provar umas roupas minhas. Em mim não dão mais. Em você eu sei que dão, você nem parece que pariu, garota! Na Clove... bem, a Clove é baixinha demais pra caber nela.

Dei Noah pra ela e provei as roupas. Das vinte, couberam dezoito. 

— Obrigada, Glim. 

— De nada, minha doidinha particular. Hm... Noah capotou. Vou colocar ele no quarto das gêmeas e eu aproveitei pra perceber o quão rica Glimmer era. 

Glimmer tinha uma casa de dar suspiros! Era um sonho! 

— Crianças, biscoitos! – a mãe de Glimmer chamou. – Está quentinho e tem achocolatado aqui.

Oba! Biscoitos! Corri que nem uma criancinha até a cozinha e sorri ao ver biscoitos fumegantes na bancada. É... eu realmente ainda tinha 15 anos.

Aqueles biscoitos estavam divinos e os eu saboreava com vigor.

— Glimmer, querida, eu e a empregada podemos cuidar dos bebês pra vocês jogarem um jogo de tabuleiro ou sei lá... conversarem.

— Sério, mãe? Obrigada! Muito obrigada!

A porta bateu e segundos depois Annie e Finnick chegaram com Hazel e Madge.

— Olha os sumidos aí! – comentei. 

Annie parecia tão abalada quanto eu, mas sorriu e nos abraçou um por um.

— Tudo bem, lindo? – Peeta brincou, fazendo uma voz suspeita.

— Gato, eu tô ótimo! – Finn respondeu com um estranho entusiasmo pra quem perdeu a avó.

— Por que não se beijam logo para a câmera? - Madge pediu, filmando.

— Hm... não sei se gosto disso - brinquei. 

Finnick agarrou Peeta pela nuca e deu um selinho nele. Nós todos rimos loucamente e eu fui limpar a boca do meu namorado com a mão, fazendo beicinho. 

Então Madge recebeu uma ligação e parou com a gravação. Ela respondia monossílabos e parecia em êxtase.

Terminei meu achocolatado delicioso e me engasguei quando Mad disse isto: 

— Querem que Katniss dê uma entrevista no Caeser Flickerman!

— Caeser Flickerman? Oi? 

— Disseram que a gente também pode ir, se quiser. 

— Eu vou pirar na batatinha – arfei.

— Eu estou pirando... na batatinha, na cenoura, no nabo, na abóbora... – Glimmer disse, batendo uma colher numa panela em cima da bancada. – Meu Deus, gente, isso é loucura! 

— Estamos famosos mesmo. Só quem vai lá são os bam-bam-bam. Katniss tá podendo! – Clove pirou

Lição: seja bam-bam-bam.


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Notas finais do capítulo

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