Eram 19h40min quando acordei, Luan e eu tínhamos pegado no sono. Seu braço estava em volta do meu quadril. Eu tirei cuidadosamente pra que ele não acordasse.

Tomei banho e sequei o cabelo. Coloquei meu melhor vestido azul escuro, era curto rodado e o que destacava era o decote. Eu estava procurando meu salto preto quando Shelby entrou dando pulinhos de alegria.

—Então já esta pronta para seu encontro?

—Não. – levantei com as mãos na cintura – viu meu salto preto?

—Ah, espera – ela foi até sua cama. – esta embaixo da minha cama.

—O que ele esta fazendo ai?

—Digamos que peguei empestado.

Eu sorri calçando o salto, abri minha maleta de maquiagem, passei camadas de rímel.

—Batom vermelho ou roxo? – perguntei.

—Vermelho, te deixa mais sexy.

—Ok.

Eu estava quase pronta, só faltava meu colar e o anel.

—Você ainda usa o colar que seu pai te deu? Achei que não quisesse mais nada relacionado a ele.

—Shhh! Luan pode acabar ouvindo. – abaixei o tom de voz.

—Ele parece estar em coma.

—Não é bom arriscar.

—Tudo bem, não vamos mais citar seu pai.

—Isso – eu me sentei na cama dela – eu estava toda depressiva neh? – ri.

—Demaaais. – ela cantarolou.

—É, mas quer saber, vou recomeçar.

—Como assim?

—Eu te explico depois. Mas saiba que agora sim meu passado não vai mais me atrapalhar. Sou uma nova pessoa.

—Já ouvi isso.

—Agora é mais serio.

—Aonde vocês arrumam tanto assunto? –Luan se sentou na cama esfregando os olhos.

—Desde que hora esta nos ouvindo? – Shelby perguntou.

—Só ouvi suas vozes, mas nem prestei atenção nas palavras. Algo que eu não deva saber?

—Exatamente. – ela se levantou – vou encontrar o Daniel. Boa sorte Malu.

—Uau! – Luan me encarou – você esta linda anjo.

—Valeu – sorri.

—Vai sair?

—Sim, com o Brian.

Ele mudou instantaneamente sua expressão, seu sorriso se desmanchou.

—Brian Bittencourt? Por que você vai sair com aquele babaca metido?

—Primeiro, ele é legal. Segundo, ele não é um babaca metido.

—Você mal o conhece.

—E você conhece?

—Um pouco.

—Mas não o suficiente para chamá-lo de babaca metido.

—Você se animou rapidinho em.

—Queria que eu ficasse triste?

—Não, mas queria que eu fosse o motivo dessa alegria.

—Não começa Luan.

Ele ficou quieto olhando para baixo, eu percebi que ele estava nervoso, mas eu não podia deixar de sair com Brian por causa dele.

—Só quero que me apoie e fique de boa. – me sentei ao seu lado.

—Você acha que vai rolar algo entre vocês?

—Eu realmente não sei, estou conhecendo ele.

—Se ele te magoar eu juro que acabo com ele Malu.

—Eu nem sai com ele ainda e você já esta falando disso.

—É que eu me preocupo.

—Não tem motivos pra se preocupar.

—Que horas você volta?

—Eu não sei.

—Pede pra ele te deixar no meu apartamento.

—Por quê?

—Daniel me disse que Shelby vai passar a noite la.

—E você quer que passe também.

—Por favor – ele deu um meio sorriso.

—Tudo bem. – eu cedi.

Alguém bateu na porta e eu sabia que era Brian. Levantei-me ajeitando meu cabelo, mas Luan foi antes de mim e abriu a porta.

—Acho bom se comportar direito com ela. – Luan disse rígido.

—Ta bancando um de paizão? – Brian zombou.

Luan fechou os punhos e eu me apressei para impedir que ele tivesse um ataque nervoso.

—Você esta incrivelmente linda. – Brian me pegou pela mão. – vamos?

—Vamos. – olhei pra trás e dei um sorriso para Luan se acalmar.

Brian abriu a porta do carro pra mim e eu agradeci. Ele dirigia perfeitamente bem, parando onde tinha que parar e respeitando o limite de velocidade, tão diferente de Luan.

Entramos em um restaurante italiano, ele entrelaçou seus dedos no meu. As pessoas dali eram elegantes, tocava uma baixa musica calma.

—Reservei um ótimo lugar para nós. – ele me guiou até o terceiro andar em uma mesa perto da janela de vidro.

—Esse lugar é lindo – eu conseguia ver algumas luzes da cidade.

—Esse terceiro andar não é pra qualquer um, tem que reservar antes e pagar um pouco mais.

—Ah, não precisava disso tudo. – sorri.

—Precisava sim, nosso primeiro encontro tem que ser perfeito.

O garçom veio com os pratos de comida italiana e um champanhe de maçã.

Ele colocou o champanhe em nossas taças e acendeu a vela no meio da mesa.

—Vamos brindar a nós. – Brian levantou a taça.

—A nós. – eu sorri

Eu nunca tinha ido a um lugar tão incrível como aquele, Brian tinha preparado tudo do jeito mais perfeito.

—Então, me fale sobre você. – eu disse.

—O que você quer saber de mim? – ele sorriu.

—Tudo o que você puder contar.

—Bom, eu estudo moda, minha família é dona da agencia de modelos da Chanel e eu amo batata frita. – ele riu.

—Seus pais são donos da agencia de modelos da Chanel? – repeti impressionada.

—Sim, eu sou um dos modelos de la.

—Legal. – tentei não demonstrar o quando eu estava impressionada.

—Eu acho que você daria uma ótima modelo.

—Acho que não. – eu ri.

—Por que não?

—Ah, não sei se sou boa o bastante pra isso.

—Você só pode estar brincando. Você é linda, espontânea, tem tudo que uma modelo precisa.

—Obrigada – fiquei envergonhada.

—Se aparecesse uma oportunidade, você se tornaria modelo?

—Talvez. Se fosse conveniente.

Conversamos por um longo tempo, o assunto nunca acabava e não fiquei entediada. Já eram duas horas da madrugada, eu nem tinha visto a hora passar.

—Acho melhor irmos. – eu disse.

—Sim. Mas antes quero te mostrar uma coisa.

Ele pegou na minha mão e fez um aceno para o garçom. O garçom sorriu como se já soubesse o que ele queria. Então ele nos guiou até o elevador.

Brian e eu entramos. Subimos ao topo do restaurante, de la dava pra ver quase a cidade inteira.

—É tão lindo – eu disse.

—Vai ficar ainda melhor.

Ele se aproximou de mim sorrindo, eu olhei seus olhos e depois seus lábios que estavam se aproximando do meu. Então nossos lábios se tocaram, o beijo dele era quente e suave, seus braços estavam na minha cintura, ele não desceu a mão nem um pouco, foi tão educado e respeitoso.

—Você conseguiu me impressionar – sorri ainda o beijando.

—É só o começo. – ele se afastou segurando minhas mãos. – eu estou feliz por você estar aqui.

—Eu também.

—Espero que esse tenha sido o primeiro de muitos encontros.

Eu apenas sorri.

Pedi pra ele me levar ao apartamento de Luan e expliquei o motivo, ele me entendeu, então percebi que ele já confiava em mim, ele não fez um escândalo e nem deu sinal que estava bravo.

Ele me guiou até a porta do apartamento.

—Pronto – ele me abraçou. – nos vemos amanha.

Dei mais um beijo nele. Coloquei a mão maçaneta pronta para abrir a porta, mas ela se abriu antes e eu quase caí para o chão, mas Luan me segurou.

—Até que enfim anjo. – ele me abraçou aliviado.

—Relaxa – eu ri.

—Malu! – Shelby saiu de trás do balcão da cozinha. – como foi?

—Incrível – comecei a dizer. – ele me levou em um restaurante italiano, reservou o melhor lugar para nós e depois me levou até o topo onde consegui ver a cidade.

—E ai? – ela pulou animada – vocês se beijaram?

—Sim. – quando concordei, Luan se sentou na poltrona reclinável parecendo decepcionado.

—Ai meu Deus! – ela me abraçou.

—Você sabia que os pais dele são donos da agencia de modelos da Chanel?

—Serio? – ela esbugalhou os olhos.

—Grande coisa – Luan bufou.

—Sim – o ignorei – e ele me disse que eu daria uma ótima modelo.

—Nisso eu concordo – Shelby disse.

—Eu conheço Brian – Daniel disse da cozinha – e se ele disse isso, talvez acabe arrumando esse trabalhinho pra você.

—Eu não sei se aceitaria, não sei se sou boa o bastante para me tornar modelo. Alias, poderia atrapalhar meu curso de medicina.

—Mas você pode dividir os tempos. – Shelby disse – sei la, mas se ele conseguir você tem que aceitar!

—Eu não disse que aceitaria. Só disse um talvez.

—E você acha que vocês dois tem futuro?

—Eu não sei. Talvez tenha. – abaixei o tom de voz olhando para Luan.

Ele se levantou e foi para o quarto, eu sabia que ele estava chateado, eu senti que deveria ir atrás dele, mas isso pioraria as coisas, eu tinha que deixar meus sentimentos por ele de lado, por mais que fosse difícil, fazer isso também o ajudaria a me esquecer.

Sentei-me, e depois de meia hora assistindo fui para o quarto de Luan, onde eu dormiria.

—Você esta bem? – perguntei.

Ele estava olhando para o teto, então se sentou na cama quando me viu entrando.

—Sim.

—Luan... – me sentei ao seu lado tirando o salto – não fica assim.

—Eu estou normal. Fico feliz que tenho se divertido.

—Eu queria que isso fosse verdade.

—E se você esta feliz, eu também estou.

Eu o abracei, ele afogou a cabeça em meu cabelo que estava caído sobre meus ombros.

—Ele foi legal? – me perguntou ainda abraçado comigo.

—Foi sim, e me respeitou também.

—Ótimo, não quero ter que acabar com ele.

Eu sorri e encostei minha testa na dele, pensando o quanto seria melhor se fosse Luan no lugar de Brian, mas infelizmente não era assim, e eu só podia o confortar e fazê-lo acreditar que eu que poderia me apaixonar por Brian. Apesar de saber que isso provavelmente não fosse acontecer, porque o que Brian despertava em mim, não chegava nem perto do que Luan me fazia sentir.